“INTOLERÂNCIA
RELIGIOSA E ANULAÇÃO DO DIFERENTE”
Este foi
o tema de um encontro realizado na PUC no último dia 7 de Novembro.
Na
oportunidade éramos 3 palestrantes representando a Igreja Católica, a religião
Bahai e eu, o Judaísmo, para comentar o que acontece em nossos dias nas 3
religiões no que toca à intolerância.
A
realidade mostra que vivemos num mundo em que cada vez mais a intolerância
cresce entre as mais diversas culturas humanas - e as religiões são um dos
focos mais visados.
Outro
foco visado pelos radicais da intolerância é a diferença cultural. Esta
diferença cultural entre os seres humanos é uma das bases do desconhecimento; e
este desconhecimento da outra cultura, o alicerce da ignorância.
Tanto a
Igreja Católica como a religião Bahai, além, claro, do Judaísmo, são alvos de
perseguições em nossos dias e da tentativa de anulação do diferente. Aliás, a
mesma realidade acontece com outras religiões em outros países e locais do
globo.
O que me
chamou a atenção foi o relatório da representante da religião Bahai comentando
que no Irã, um país de maioria muçulmana Xiita, a perseguição a participantes
da sua religião está tomando aspectos dramáticos e extremamente preocupantes. Dezenas
de participantes da religião Bahai são presos semanalmente. Aliás, temos
acompanhado o movimento do povo Iraniano contra o radicalismo religioso dos
seus dirigentes.
Demonstrações
a favor da liberdade acontecem por iranianos em várias partes do mundo contra a
tentativa de anulação do diferente em seu país como, por exemplo, na copa do mundo
no Catar.
A
representante Bahai no evento comentou que o país de maior liberdade religiosa
é Israel, onde se situa um dos maiores e mais bonitos templos Bahai do mundo,
na cidade de Haifa.
A
representante da Igreja católica, aliás da “Igreja que Sofre” uma das correntes
com sede no Vaticano, também comentou as perseguições que acontecem a
seus participantes.
Acabo de
ler na internet sobre o sequestro no Mali do padre Hans-Joachim
Lohre, também conhecido entre os amigos como Ha-Jo, que desenvolvia um
importante trabalho ao nível do diálogo inter-religioso, lecionando no
Instituto de Educação Cristã-Islâmica.
Perseguições
a judeus fazem parte, lamentavelmente, do dia a dia em alguns países – inclusive
os muito desenvolvidos como a França, como por exemplo.
Em nosso
país, incontáveis mostras de intolerância permeiam o noticiário.
Assassinatos
em escolas por jovens ainda em idade de formação, ataques a templos de
religiões de raízes africanas, demonstrações nazistas em crescimento...
enfim... lamentavelmente.... demais.
Pergunto
aos “meus botões” o porquê desta intolerância com o alvo de anulação do
diferente em nossos dias, quando o conhecimento da cultura ou da religião “do
outro” não é difícil...? É só consultar o Dr Google... lá tem praticamente
tudo...
Será que
a história humana já não tem exemplos suficientes de tragédias humanas, como
por exemplo a tentativa de aniquilar a cultura judaica na Europa pelo regime
nazista, que para tal criou uma “máquina de morte” sistemática? A ideia nazista
de criar uma raça superior e, havendo uma superior haveria uma ou várias
inferiores... não foi o suficiente?
No
evento da PUC pude mostrar que no judaísmo o respeito pelo ser humano de
religião ou cultura diferente, qualquer que seja a sua origem, faz parte de
nossa religião. O falecido e conhecido rabino Henry Sobel costumava falar uma
frase que ficou na minha memória: “A missão de um judeu não é fazer o mundo
virar judeu, a missão de um judeu é fazer o mundo melhor”.
No
Judaísmo o conhecimento do diferente é importante... para podermos avaliar a
nossa religião devemos conhecer as dos outros, e o conhecer não é mostrar as
diferenças religiosas ou culturais, muito pelo contrário, é mostrar o que temos
de semelhanças.
Finalmente
as religiões abraâmicas – ou seja o Judaísmo, o Cristianismo e a religião
islâmica - todas têm profundas raízes no judaísmo.
Finalizando,
iniciativas como a da PUC permitem a troca do conhecimento da realidade de
outras religiões e culturas que nos possibilitam unirmo-nos para o trabalho de
divulgação de nossas raízes e com isto criarmos um mundo melhor, mais humano e
respeitoso.
Em
poucas semanas teremos a festa de Chanuká, onde acenderemos um candelabro de 9
braços para 9 velas relembrando a reinauguração do Templo de Jerusalém que
tinha sido profanado pelos Gregos-Sírios no passado, e por outro lado nossos
irmãos cristãos farão a festa do Natal onde a árvore de natal é um dos
símbolos. Ambos os símbolos têm como a base as Luzes.
Que cada
um seja uma luz forte num mundo tão escuro dos nossos dias,
Shabat
Shalom
Raul Meyer
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