Hanukkah já chegou e o Dia das Meninas, Eid- al Banat, também!
Por Itanira Heineberg
Você sabia
que o Dia das Meninas, também conhecido como Rosh Hodesh L'Banot, tem sido
celebrado em Israel por mais de uma década em uma variedade de configurações e
geralmente em grandes agrupamentos?
Antigamente
este dia era celebrado no norte da África, e agora está sendo renovado em
Israel. Muitos eventos de poesia e estudos são realizados para comemorar a
fraternidade e o poder femininos.
A origem da
festa atribuída à Torá foi observada modernamente no norte da África e no Oriente
Médio em países como Tunísia, Líbia, Marrocos, Argélia, Turquia e em Tessalônica,
na Grécia.
As
comunidades que preservam o festival repetem as requintadas e múltiplas tradições
que envolvem este dia. A princípio, as práticas eram como um segredo de posse
apenas das mulheres das comunidades observadoras - porém rapidamente as
celebrações passaram ao conhecimento de todos e as famílias começaram a
participar publicamente das cerimônias sem os mistérios do passado.
*Na
Tunísia, uma celebração conjunta era realizada neste dia para as meninas que
faziam o Bat Mitzvá naquele ano. Todas as meninas da mitzvá se reuniam,
agradeciam suas mães e avós, recebiam presentes e, dentre eles, o grande
presente - a mitzvá.
*Em
Salonica, Grécia, as mulheres pediam perdão umas às outras animadamente, como
na véspera do Yom Kippur. Em Djerba, era considerado o dia das solteiras, que
se reuniam para comemorar. Participar do evento era considerado uma virtude
para se casar naquele ano.
Miriam Peretz
falou sobre esta noite em sua infância no Marrocos:
"Parávamos
a vida por causa de um dia cheio de mim e você, um dia de saudação ao heroísmo
feminino diário. O heroísmo não está apenas no campo de batalha, mas também na
educação de crianças, na comunidade. Era o dia de todas as heroínas do dia a
dia.”
Existe uma
lenda antiga sobre esta data que se refere aos dias do Segundo Templo, os dias
de Ezra e Nehemia, em que os casamentos mistos aumentavam consideravelmente.
Assim, neste mesmo dia Ezra exigiu que a assimilação acabasse e os homens
parassem de se unir a mulheres estrangeiras e se casassem com as filhas de
Israel.
Este feriado
observado na sétima noite de Hanukkah acontece às vésperas do primeiro dia do
mês hebraico de Tevet. Assim sendo, este dia lembra também a coroação da Rainha
Ester ocorrida no dia primeiro de Tevet.
Não podemos
esquecer que o Dia das Meninas não homenageia uma única heroína judia e sim todas
judias valorosas que se destacaram: Esther, com certeza por salvar os judeus da
Pérsia; Judith, que matou Holofernes, o terrível general de Nabucodonosor; e
Hannah, filha de Matatias, que encorajou seus irmãos contra os gregos - o que
provocou a Revolta dos Macabeus!
A escritora
Esther Dagan Kaniel relata com saudades seus dias de criança no Dia das Meninas
na Tunísia, lá denominado em francês “La
fête des filles”:
“Segundo a
tradição, os sacerdotes exilados do Primeiro e do Segundo Templos chegaram à
ilha de Djerba trazendo consigo suas antigas tradições, entre elas a celebração
do Eid al-Banat. Isso é o que há de belo nas tradições judaicas da Tunísia;
tradições como os rituais do Dia das Meninas não se desenvolveram na Diáspora,
mas remontam à época do Templo.
No Dia das
Meninas, a mãe contava o heroísmo de Judith, que salvou o povo de Israel, e
Yael e a rainha Ester, que foi coroada rainha neste dia. Não era diferente dos
outros feriados, pois a mãe associava cada feriado a um caráter diferente. Por
exemplo, ela dizia que a pessoa que jejuou no Jejum de Ester foi capaz de
“provar” um pouco do que Ester experimentou.”
A estudiosa
Yael Levine relata como cada comunidade judaica do norte da África celebrava o
empoderamento feminino:
“Na
Tunísia, as meninas judias trocavam presentes e comida e abstinham-se do
trabalho neste dia. Na Líbia, as meninas se visitavam e davam uma festa alegre.
Na ilha de Djerba, na Tunísia, mulheres solteiras também comemoravam o feriado,
que se pensava trazer boa sorte para um casamento bem-sucedido. Além disso, uma
comemoração especial era realizada para os noivos: à tarde, a família da noiva
trazia uma bandeja de doces para a família do noivo e, à noite, o noivo
retribuía trazendo presentes como perfume e joias para a casa de sua noiva.
Mais tarde, seus parentes se juntariam e as duas famílias concluiriam a noite
com uma refeição festiva compartilhada. Também era costume na Tunísia celebrar
festas conjuntas de bat mitzvah no Dia das Meninas. Alguns até se deliciavam
com refeições de leite e laticínios, presumivelmente para comemorar o heroísmo
da heroína bíblica Yael, que matou o general cananeu Sisra depois de sedá-lo
com leite.”
A contadora
de histórias Shoshana Krebsy nos contou sobre o significado do feriado no
Marrocos:
“As comemorações do Dia das Meninas no dia
primeiro de Tevet eram menos comuns nas comunidades marroquinas pela simples
razão de que uma celebração semelhante era realizada no primeiro dia de cada
mês do calendário hebraico. Nas sociedades e famílias patriarcais, as mulheres
precisavam ser capazes de expressar seus sentimentos, e os círculos femininos
se formavam como grupos de apoio para as mulheres, especialmente para as jovens
noivas. Pensando nessa cerimônia, é realmente uma espécie de contrato entre as
mulheres – uma irmandade.”
Como vemos, o
feriado é para todos mas teve inspiração no desempenho das mulheres em tempos
difíceis em que a fé era muito importante.
Já no
acontecimento do bezerro de ouro as mulheres demonstraram a força de sua fé inabalável
ao se recusarem a doar suas joias para um ídolo no qual não acreditavam.
Comemora-se
este dia com um gostoso Rosh Hodesh, ou seja, Um Bom Ano, quando as mulheres
diminuem seus trabalhos caseiros e todos reunidos ao redor da mesa proferem
orações especiais agradecendo pelos alimentos e a grande bondade de D’us. Esta
é uma refeição mais festiva com música, pão, vinho e outras iguarias de acordo
com as receitas das famílias.
Eid al-Banat
em Israel |
A grande
mudança na celebração desta festa ocorreu num dos jogos favoritos das crianças,
o jogo dos piões de quatro faces, que sempre joguei com meus alunos nesta época
do ano.
Em Israel
após a Guerra dos Seis Dias os sevivonim, ou piões, que as crianças usam
passaram a ter uma pequena diferença: ao invés da letra shin (para designar
sham, 'lá') em uma das faces do pião, aparece a letra pei, de pô, 'aqui'. Assim
as letras do sevivon formam a frase: "Um grande milagre aconteceu
aqui", isto é, aqui em nossa Terra de Israel.
FONTES:
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid036HB6xyvtk5mpZTk7Vz8WRJTeHo25fjyqV4mmdBRj2E
http://www.morasha.com.br/chanuca/chanuca-atraves-do-mundo.html
http://www.institutobrasilisrael.org/2018/09/09/como-o-rosh-hashana-e-comemorado-em-israel/
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