Por Juliana Rehfeld
Olhando o que está acontecendo à nossa volta, há uma sensação de que caminhamos muitas vezes em zigzag, ou em círculos, porque embora pareça que coisas novas nos encontram a cada dia - como as produzidas pela ciência ou tecnologia - as coisas velhas, que já teriam sido superadas, insistem em se reapresentar: preconceitos e ódio ao diferente com radicalização e crescentes manifestações, reacendimento de conflitos sangrentos na África, ameaça nuclear envolvendo as grandes potências e o Irã…
A falta de diálogo entre as pessoas e entre as nações leva inexoravelmente a momentos de tensão e crise. O diálogo pressupõe que se fale e que se escute mas temos tido dificuldade, tanto na escala do indivíduo como na dos países: de um lado na expressão do que se precisa e do que se quer; do outro, na capacidade de escutar com atenção para poder entender e processar. Esta deterioração na comunicação nos carrega claramente a um destino perigoso, de destruição de patrimônio humano.
Com a evolução galopante da tecnologia chegamos nesses últimos meses à impressionante e assustadora Inteligência Artificial (IA) de última geração - ela vem demonstrando a magnitude e a abrangência de suas habilidades.
O que mais preocupa em relação à IA é sua potente ameaça de substituir a capacidade humana de comunicar-se. A base da evolução da IA sāo os algoritmos que possibilitam o processo de “machine learning”.
É isso: as máquinas aprendem! E com esse aprendizado, se aperfeiçoam.
O que fazemos nós humanos? Aprendemos apenas às vezes, e com dificuldade, porque não estamos tão atentos ao que ouvimos e em poucas situações nos corrigimos e aperfeiçoamos.
IA assusta porque é cada vez melhor naquilo que não somos bons. Ela vai, sim, comer empregos, e dessa vez, ao contrário dos trabalhos braçais, repetitivos que os robôs invadiram, IA mira funções mais sofisticadas e está subindo no chamado C- level; a alta administração.
A grande discussão que acontece atualmente nos mais diversos foros é como avançar e usar IA de forma ética, que limites não cruzar, como regulamentá-la - há um projeto de lei no Congresso brasileiro e a maioria dos países definiu suas políticas nessa área. Israel discutiu IA em 2019, decidiu não dar prioridade em investimentos nessa área... e está ficando atrasado… 2023 está sendo considerado o ano da IA.
A velocidade com que a IA vem se reproduzindo e a percepção de que nossas instituições humanas não estão preparadas para este tsunami fez importantes vozes do setor pedirem abertamente que se tente frear esta evolução. O Instituto Futuro da Vida escreveu uma carta aberta solicitando que os laboratórios de pesquisas em IA interrompessem por seis meses seu trabalho! E esse movimento de freio já está acontecendo em vários países, o que deverá permitir uma melhor regulamentação antes da implantação.
Precisamos sim de tempo, mas para adaptar algoritmos de percepção de erros e aperfeiçoamento nos humanos em todos os níveis de poder que têm responsabilidade sobre o rumo das leis, e sobretudo, das armas.
Será que usar cada vez mais IA como assessoria política não pode ajudar a construir diálogos e pontes para “melhorar o mundo?”
Desde a Idade da Pedra o homem se defrontou com inovações, desafios e questionamentos quanto ao futuro. Assim foi com a maquina a vapor que iria tirar empregos, assim foi com o avião que serviu a ataques nas guerras, assim foi com o computador, e mais recente substituição de usinas nucleares por geradores eólicos e solares. E agora está sendo com a IA. Não devemos ter medo, a evolução será natural, logicamente sempre haverá tendências negativas, a inteligência humana, sua criatividade e a utilização positiva dirá o caminho da evolução. Claro que como as etapas são cada vez mais curtas, o que nos beneficia, freá-la significa retroceder a aprendizagem, e medo do novo.
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