Por Raul
Meyer
A
humanidade é formada por incontáveis povos, os quais possuem suas diferenças
baseadas em suas histórias, suas experiencias de vida, suas características e
os locais onde viveram e vivem. Estas diferenças são muito importantes já que essa
diversidade humana traz uma possibilidade de conhecimento cultural muito
interessante.
Assim,
todos os povos, no meu ponto de vista, devem manter suas características e
tradições e devem respeitar suas diferenças já que são elas as riquezas do ser
humano.
O
povo judeu foi, e ainda é, muitas vezes focado como um povo diferente com
características que se diferenciam de outros povos. Esta colocação tem muito de
verdade e eu gostaria de comentar algumas explicações para aqueles que não
entendem do porquê esta diferença.
Inicialmente
é importante colocar que “algo diferente” nada tem que ver com ser melhor ou
ser pior, muito ao contrário: “algo diferente” possui alguma ou algumas características
que não são comuns entre uma maioria.
Olhando
para a parte histórica deste povo milenar, devemos analisar mais de 3330 anos
de cultura. Esta cultura inclui religião, inclui legislação, inclui tradições,
e inclui experiências de vida ligadas a uma sequência de vivências que não são
encontradas em outros povos.
Quero
lembrar que o povo judeu descende do povo hebreu que no ano 1313 a.c. recebeu
no monte Sinai o decálogo, ou seja, os 10 mandamentos que até os
nossos dias são uma das bases da legislação humana.
Este
decálogo, juntamente com tudo o que inclui o Pentateuco ou o antigo testamento
(a Torah), também é a base das outras religiões monoteístas - ou seja, o
cristianismo e a religião islâmica. Sim, Jesus
e Maomé eram conhecedores da religião judaica e baseados nestes conhecimentos, divulgaram
suas interpretações e ensinamentos.
Esse
antigo testamento, ou o Pentateuco, com sua história do povo hebreu/judeu, sua
organização legislativa, é mantido até hoje através das incontáveis
interpretações que semanalmente são estudadas nas sinagogas nos serviços
religiosos.
Esta
forma de tomar um texto milenar e ler com interpretações aos dias atuais já é
uma diferença entre outras religiões. Esta diferença nada tem de melhor ou
pior, mas é uma simples diferença como comentei anteriormente.
A
legislação judaica (a Halacha), que foi posteriormente completada ao Pentateuco,
também criou tradições de vida que o povo judeu assumiu em seu dia a dia até os
nossos dias. A manutenção deste ritual religioso e cultural foi inúmeras vezes
perseguida, na tentativa que deixasse de existir.
A
história do povo judeu teve dois alicerces físicos que foram o primeiro e o
segundo templos em Jerusalém. Destruídos nos anos 586 a.c e 70 d.c
respectivamente, fizeram com que, com a sua ausência, o povo fosse expulso do
que hoje é Israel, e obrigado a se refugiar em incontáveis países em todo o Globo.
Este povo, agora refugiado em outros países, manteve suas tradições milenares e
transmitiu seus conhecimentos de geração em geração, mesmo quando nestes países
tenha sido perseguido. Novamente uma diferença ou característica em relação a
outros povos na história humana.
Estas
perseguições levaram ao extermínio de milhares, ou melhor, milhões de judias e
judeus que foram mortos: nos pogroms (perseguições na Europa Oriental), na
Inquisição (na Idade Média} e no Holocausto {durante a segunda guerra mundial),
além de serem expulsos da Inglaterra, de Portugal, da Espanha, dos países
árabes... enfim, a história deste povo tem lamentavelmente muito de extermínios
e perseguições. Falo de milhões de seres humanos que foram mortos pelo simples
fato de serem judias ou judeus. Um exemplo foi o Holocausto no qual 6 milhões
de judias e judeus foram exterminados pelos nazistas, ou seja, 1/3 do povo
judeu foi simplesmente aniquilado num programa chamado “solução final”: outra triste
e lamentável diferença na história dos povos na humanidade. Isto não é passado distante...
não... isto aconteceu há só 80 anos atrás… vemos isto nos depoimentos de
sobreviventes, filmes, fotos, exposições em museus e em programas de televisão.
A
experiência humana de ser perseguido, de ser exterminado, levou este povo a
buscar um lugar onde pudesse vivenciar suas tradições sem o risco de estar em
perigo de ser morto ou perseguido. Assim nasceu a ideia de encontrar um lugar,
uma área onde pudesse vivenciar e defender sua cultura milenar, que resultou no
sionismo.
Que
lugar foi escolhido? O mesmo lugar onde se originou a sua cultura, sua
religião, sua história (Sion). Israel é fisicamente o lugar que, de acordo com
o relato bíblico, Deus deu ao povo judeu quando foi libertado do cativeiro
egípcio - ou seja, quando deixou de ser escravo e lutou por sua liberdade de
existência: a Terra de Canaã.
Novamente
aparece uma diferença, neste caso a história de um povo e um lugar físico
especifico e histórico para viver: Israel.
Na
atualidade, o povo judeu consiste em aproximadamente 15 milhões de pessoas em
todo planeta, ou seja, apenas 0,2 % da humanidade - sendo que a metade vive em
Israel e a outra metade em diversos países ou o que chamamos da diáspora. A
metade que vive em Israel tem sob seus pés o que os une, o estado judaico, além
de sua vivência cultural/religiosa do dia-a-dia num país com total liberdade religiosa.
A outra parte do povo judeu, distribuída em inúmeros países, mantém-se unida
através das tradições religiosas e culturais judaicas.
Qualquer
minoria que se vê acuada tende a se unir. Isto é um fato sociológico; desta
forma os integrantes do povo judeu se mantém unidos por suas tradições
religiosas e culturais.
Mas,
voltando a Israel, ele é diferente também em relação a todos os países no Oriente
Médio. Israel é um país onde a democracia é a base política enquanto países que
o rodeiam são dirigidos por ditaduras. E essa liberdade democrática produz as
manifestações que estamos vendo hoje. Tomara que consigamos manter essa
democracia exemplo de todas nossas diferenças.
Sim,
Israel é diferente também de muitos países por ter uma população formada de
diversas imigrações de judeus perseguidos e outros povos como por exemplo
árabes e cristãos, neste sentido incontáveis culturas e religiões vivendo em
paz e respeito mútuo.
Uma
outra diferença importante entre Israel e os outros países da área é a sua
pujança econômica e tecnológica, lembrando que este é um país menor do que o
estado de Sergipe e que só possui 75 anos de independência.
Sim,
muita inveja é criada pela diferença cultural existente entre as populações de
Israel e os países vizinhos, e em relação a outros países do globo.
Esta
inveja criou e cria constantemente um movimento de ódio contra Israel e seus
habitantes, bem como aqueles que mantém a cultura judaica. O chamado
antissemitismo e o anti-Israel ou antissionismo lamentavelmente estão novamente
em franco desenvolvimento em diversos países. Muitos judeus deixaram os seus
países ultimamente por serem perseguidos como é o caso de franceses.
Assim,
é perfeitamente entendível que para a metade dos judeus que não vive em Israel,
este país é um local de eventual refúgio no caso de que a história de
perseguições se repita da mesma maneira. Um judeu ou uma judia, brasileiros,
argentinos, alemães, norte americanos, ou de outros países, sempre terão em
Israel um país onde poderão encontrar um local e ambiente onde a maioria da
população vivencia o Judaísmo nas suas mais diversas tradições.
Isto
não quer dizer que judeus ou judias que mantêm suas tradições judaicas
milenares enquanto vivem em outros países, não se integram aos costumes destes
países, muito ao contrário: os judeus fazem parte da área politica, área
educacional, área cultural, área empresarial em inúmeros países, inclusive no
Brasil.
Os
que possuem raizes judaicas e conhecem sua história, suas tradições, embora
tenham nascido em outro país e não Israel, sempre se sentem ligados a Israel
pelos motivos que acabei de comentar anteriormente. Outra diferença em relação
a outros povos...
Também
este povo, o povo judeu, possui diversas diferenças entre si… mas como dizia um
popular historiador do passado, “esta é uma outra história e que fica para
outra vez”…
Para
finalizar, resgato que as diferenças nos fazem aprender dos outros e que os
outros aprendam de nós.
Shabat
Shalom