Por Guilherme
Susteras
Terminamos a
semana passada com a notícia de que os passageiros de um submarino
experimental, em um mórbido passeio pelas ruínas do Titanic, acabaram sendo
vítimas da força da natureza quando a embarcação em que estavam “implodiu” sob
a enorme pressão das profundezas do oceano atlântico. É claro que em tempos de
redes sociais, inúmeras críticas, comentários jocosos e memes foram produzidos,
transformando a tragédia em piada.
Mas, afinal
de contas, o que esse episódio nos revela em relação à natureza humana? Tornemos,
pois, ao trecho da Torá que está sendo lido em todas as sinagogas da diáspora
nesta semana e que foi lido em Israel na semana passada: chukat.
Chukat
significa “regra” e, uma vez que a Torá está cheia de regras, alguém poderia
achar que um trecho que se chama “regra” deveria trazer algo extraordinário,
quase que uma “regra de ouro”. Pois a regra a que o título se refere é sobre o
ritual de purificação de pessoas que entram em contato com o corpo de um
falecido e de purificação do local onde essas pessoas tenham falecido, e envolve
o uso de cinzas de uma vaca vermelha.
Assumidamente,
esta é uma das regras mais obscuras da Torá e há uma tradição rabínica que diz
que apenas nove vacas vermelhas foram preparadas desde quando a regra foi
criada até a destruição do segundo templo de Jerusalém, sendo que o Messias
preparará a décima e última vaca vermelha para purificação.
O leitor deve
estar agora confuso: se é uma regra tão obscura e tão pouco praticada, por que
eu sugeri olharmos para ela para uma reflexão sobre a natureza humana no
episódio do submarino do Titanic?
Simples: o
que a história da vaca vermelha nos ensina é como a curiosidade mórbida do ser
humano, que tende a querer se aproximar de locais de tragédias e que apresenta
uma necessidade inexplicável de “tocar nos mortos”, precisou ser prevenida de
uma forma tão extrema: uma vez que seria impossível para os israelitas
encontrarem uma vaca vermelha no meio do deserto para poderem se purificar, a
melhor forma deles evitarem uma “contaminação” seria ao não se exporem aos
falecidos e aos locais de tragédias.
Agora, de
volta ao acontecimento trágico da semana passada, o que um grupo de bilionários
fazia em um submarino experimental, a dezenas de metros de profundidade no
oceano atlântico, correndo tamanho risco desnecessário? Ao que tudo indica, se
tratava de mais um grupo de pessoas que, ao ignorarem um alerta de mais de três
mil anos sobre os perigos de se querer chegar tão perto de locais de tragédias,
se tornaram vítimas das suas próprias curiosidades mórbidas.
Uns chamariam
de ironia, outros talvez chamem de carma. Eu chamo de mais um episódio de
estupidez humana, que poderia ter sido evitado com um pouco de estudo da
sabedoria milenar da nossa Torá.
Shabat
shalom!
Estupidez não, idiotice.
ResponderExcluirTodos a bordo sabiam do risco extremo, inclusive o capitão da nave.
Então, por que embarcaram em um submarino rústico rumo a uma região extremamente profunda?
Na minha opinião, para aparecer na mídia. O que efetivamente conseguiram.
"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria "
ExcluirO contrário é a estupidez
✡🕎☦🏁
Uma tragédia anunciada!!!!
ResponderExcluirSaíram na mídia mas não puderam contemplar a fama
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