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quinta-feira, 29 de junho de 2023

ACONTECE - Chukat e as vacas vermelhas

 

Por Guilherme Susteras

 


Terminamos a semana passada com a notícia de que os passageiros de um submarino experimental, em um mórbido passeio pelas ruínas do Titanic, acabaram sendo vítimas da força da natureza quando a embarcação em que estavam “implodiu” sob a enorme pressão das profundezas do oceano atlântico. É claro que em tempos de redes sociais, inúmeras críticas, comentários jocosos e memes foram produzidos, transformando a tragédia em piada.

Mas, afinal de contas, o que esse episódio nos revela em relação à natureza humana? Tornemos, pois, ao trecho da Torá que está sendo lido em todas as sinagogas da diáspora nesta semana e que foi lido em Israel na semana passada: chukat.

Chukat significa “regra” e, uma vez que a Torá está cheia de regras, alguém poderia achar que um trecho que se chama “regra” deveria trazer algo extraordinário, quase que uma “regra de ouro”. Pois a regra a que o título se refere é sobre o ritual de purificação de pessoas que entram em contato com o corpo de um falecido e de purificação do local onde essas pessoas tenham falecido, e envolve o uso de cinzas de uma vaca vermelha.

Assumidamente, esta é uma das regras mais obscuras da Torá e há uma tradição rabínica que diz que apenas nove vacas vermelhas foram preparadas desde quando a regra foi criada até a destruição do segundo templo de Jerusalém, sendo que o Messias preparará a décima e última vaca vermelha para purificação.

O leitor deve estar agora confuso: se é uma regra tão obscura e tão pouco praticada, por que eu sugeri olharmos para ela para uma reflexão sobre a natureza humana no episódio do submarino do Titanic?

Simples: o que a história da vaca vermelha nos ensina é como a curiosidade mórbida do ser humano, que tende a querer se aproximar de locais de tragédias e que apresenta uma necessidade inexplicável de “tocar nos mortos”, precisou ser prevenida de uma forma tão extrema: uma vez que seria impossível para os israelitas encontrarem uma vaca vermelha no meio do deserto para poderem se purificar, a melhor forma deles evitarem uma “contaminação” seria ao não se exporem aos falecidos e aos locais de tragédias.

Agora, de volta ao acontecimento trágico da semana passada, o que um grupo de bilionários fazia em um submarino experimental, a dezenas de metros de profundidade no oceano atlântico, correndo tamanho risco desnecessário? Ao que tudo indica, se tratava de mais um grupo de pessoas que, ao ignorarem um alerta de mais de três mil anos sobre os perigos de se querer chegar tão perto de locais de tragédias, se tornaram vítimas das suas próprias curiosidades mórbidas.

Uns chamariam de ironia, outros talvez chamem de carma. Eu chamo de mais um episódio de estupidez humana, que poderia ter sido evitado com um pouco de estudo da sabedoria milenar da nossa Torá.

Shabat shalom!


4 comentários:

  1. Estupidez não, idiotice.
    Todos a bordo sabiam do risco extremo, inclusive o capitão da nave.
    Então, por que embarcaram em um submarino rústico rumo a uma região extremamente profunda?
    Na minha opinião, para aparecer na mídia. O que efetivamente conseguiram.

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    Respostas
    1. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria "
      O contrário é a estupidez
      ✡🕎☦🏁

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  2. Uma tragédia anunciada!!!!

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  3. Saíram na mídia mas não puderam contemplar a fama

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