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quinta-feira, 15 de junho de 2023

Acontece - As diferenças entre os povos: a importância de Israel para o povo Judeu

 

Por Raul Meyer

 



A humanidade é formada por incontáveis povos, os quais possuem suas diferenças baseadas em suas histórias, suas experiencias de vida, suas características e os locais onde viveram e vivem. Estas diferenças são muito importantes já que essa diversidade humana traz uma possibilidade de conhecimento cultural muito interessante.

Assim, todos os povos, no meu ponto de vista, devem manter suas características e tradições e devem respeitar suas diferenças já que são elas as riquezas do ser humano.  

O povo judeu foi, e ainda é, muitas vezes focado como um povo diferente com características que se diferenciam de outros povos. Esta colocação tem muito de verdade e eu gostaria de comentar algumas explicações para aqueles que não entendem do porquê esta diferença.

Inicialmente é importante colocar que “algo diferente” nada tem que ver com ser melhor ou ser pior, muito ao contrário: “algo diferente” possui alguma ou algumas características que não são comuns entre uma maioria. 

Olhando para a parte histórica deste povo milenar, devemos analisar mais de 3330 anos de cultura. Esta cultura inclui religião, inclui legislação, inclui tradições, e inclui experiências de vida ligadas a uma sequência de vivências que não são encontradas em outros povos.

Quero lembrar que o povo judeu descende do povo hebreu que no ano 1313 a.c. recebeu no monte Sinai o decálogo, ou seja, os 10 mandamentos que até os nossos dias são uma das bases da legislação humana.

Este decálogo, juntamente com tudo o que inclui o Pentateuco ou o antigo testamento (a Torah), também é a base das outras religiões monoteístas - ou seja, o cristianismo e a religião islâmica. Sim, Jesus e Maomé eram conhecedores da religião judaica e baseados nestes conhecimentos, divulgaram suas interpretações e ensinamentos.

Esse antigo testamento, ou o Pentateuco, com sua história do povo hebreu/judeu, sua organização legislativa, é mantido até hoje através das incontáveis interpretações que semanalmente são estudadas nas sinagogas nos serviços religiosos.

Esta forma de tomar um texto milenar e ler com interpretações aos dias atuais já é uma diferença entre outras religiões. Esta diferença nada tem de melhor ou pior, mas é uma simples diferença como comentei anteriormente.

A legislação judaica (a Halacha), que foi posteriormente completada ao Pentateuco, também criou tradições de vida que o povo judeu assumiu em seu dia a dia até os nossos dias. A manutenção deste ritual religioso e cultural foi inúmeras vezes perseguida, na tentativa que deixasse de existir.

A história do povo judeu teve dois alicerces físicos que foram o primeiro e o segundo templos em Jerusalém. Destruídos nos anos 586 a.c e 70 d.c respectivamente, fizeram com que, com a sua ausência, o povo fosse expulso do que hoje é Israel, e obrigado a se refugiar em incontáveis países em todo o Globo. Este povo, agora refugiado em outros países, manteve suas tradições milenares e transmitiu seus conhecimentos de geração em geração, mesmo quando nestes países tenha sido perseguido. Novamente uma diferença ou característica em relação a outros povos na história humana.

Estas perseguições levaram ao extermínio de milhares, ou melhor, milhões de judias e judeus que foram mortos: nos pogroms (perseguições na Europa Oriental), na Inquisição (na Idade Média} e no Holocausto {durante a segunda guerra mundial), além de serem expulsos da Inglaterra, de Portugal, da Espanha, dos países árabes... enfim, a história deste povo tem lamentavelmente muito de extermínios e perseguições. Falo de milhões de seres humanos que foram mortos pelo simples fato de serem judias ou judeus. Um exemplo foi o Holocausto no qual 6 milhões de judias e judeus foram exterminados pelos nazistas, ou seja, 1/3 do povo judeu foi simplesmente aniquilado num programa chamado “solução final”: outra triste e lamentável diferença na história dos povos na humanidade. Isto não é passado distante... não... isto aconteceu há só 80 anos atrás… vemos isto nos depoimentos de sobreviventes, filmes, fotos, exposições em museus e em programas de televisão. 

A experiência humana de ser perseguido, de ser exterminado, levou este povo a buscar um lugar onde pudesse vivenciar suas tradições sem o risco de estar em perigo de ser morto ou perseguido. Assim nasceu a ideia de encontrar um lugar, uma área onde pudesse vivenciar e defender sua cultura milenar, que resultou no sionismo.  

Que lugar foi escolhido? O mesmo lugar onde se originou a sua cultura, sua religião, sua história (Sion). Israel é fisicamente o lugar que, de acordo com o relato bíblico, Deus deu ao povo judeu quando foi libertado do cativeiro egípcio - ou seja, quando deixou de ser escravo e lutou por sua liberdade de existência: a Terra de Canaã.

Novamente aparece uma diferença, neste caso a história de um povo e um lugar físico especifico e histórico para viver: Israel.

Na atualidade, o povo judeu consiste em aproximadamente 15 milhões de pessoas em todo planeta, ou seja, apenas 0,2 % da humanidade - sendo que a metade vive em Israel e a outra metade em diversos países ou o que chamamos da diáspora. A metade que vive em Israel tem sob seus pés o que os une, o estado judaico, além de sua vivência cultural/religiosa do dia-a-dia num país com total liberdade religiosa. A outra parte do povo judeu, distribuída em inúmeros países, mantém-se unida através das tradições religiosas e culturais judaicas. 

Qualquer minoria que se vê acuada tende a se unir. Isto é um fato sociológico; desta forma os integrantes do povo judeu se mantém unidos por suas tradições religiosas e culturais.

Mas, voltando a Israel, ele é diferente também em relação a todos os países no Oriente Médio. Israel é um país onde a democracia é a base política enquanto países que o rodeiam são dirigidos por ditaduras. E essa liberdade democrática produz as manifestações que estamos vendo hoje. Tomara que consigamos manter essa democracia exemplo de todas nossas diferenças.

Sim, Israel é diferente também de muitos países por ter uma população formada de diversas imigrações de judeus perseguidos e outros povos como por exemplo árabes e cristãos, neste sentido incontáveis culturas e religiões vivendo em paz e respeito mútuo.

Uma outra diferença importante entre Israel e os outros países da área é a sua pujança econômica e tecnológica, lembrando que este é um país menor do que o estado de Sergipe e que só possui 75 anos de independência.

Sim, muita inveja é criada pela diferença cultural existente entre as populações de Israel e os países vizinhos, e em relação a outros países do globo.

Esta inveja criou e cria constantemente um movimento de ódio contra Israel e seus habitantes, bem como aqueles que mantém a cultura judaica. O chamado antissemitismo e o anti-Israel ou antissionismo lamentavelmente estão novamente em franco desenvolvimento em diversos países. Muitos judeus deixaram os seus países ultimamente por serem perseguidos como é o caso de franceses.

Assim, é perfeitamente entendível que para a metade dos judeus que não vive em Israel, este país é um local de eventual refúgio no caso de que a história de perseguições se repita da mesma maneira. Um judeu ou uma judia, brasileiros, argentinos, alemães, norte americanos, ou de outros países, sempre terão em Israel um país onde poderão encontrar um local e ambiente onde a maioria da população vivencia o Judaísmo nas suas mais diversas tradições.

Isto não quer dizer que judeus ou judias que mantêm suas tradições judaicas milenares enquanto vivem em outros países, não se integram aos costumes destes países, muito ao contrário: os judeus fazem parte da área politica, área educacional, área cultural, área empresarial em inúmeros países, inclusive no Brasil.

Os que possuem raizes judaicas e conhecem sua história, suas tradições, embora tenham nascido em outro país e não Israel, sempre se sentem ligados a Israel pelos motivos que acabei de comentar anteriormente. Outra diferença em relação a outros povos...

Também este povo, o povo judeu, possui diversas diferenças entre si… mas como dizia um popular historiador do passado, “esta é uma outra história e que fica para outra vez”…

Para finalizar, resgato que as diferenças nos fazem aprender dos outros e que os outros aprendam de nós.

Shabat Shalom

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