Um Povo Entre os Povos - Cultura X Ideologias
Estamos a 11 semanas do dia 7 de outubro de 2023. O dia em que Israel foi invadido e que moradores dos arredores da Faixa de Gaza foram assassinados, torturados e sequestrados. Dia que foi um chamamento para a guerra. E, bastaram dois ou três dias, mas certamente 10 dias após o início governos do mundo e a ONU se voltam contra o Estado de Israel e emerge uma reação antissemita que não estava no radar da maioria das pessoas. Hoje vamos acontecer como POVO, como Povo Entre os Povos que tem desde seu estabelecimento uma missão. Esta pode ser traduzida e interpretada de mil maneiras. Hoje vamos conversar sobre como sobrevivem CULTURAS, apesar de IDEOLOGIAS esterelizantes.
Dois meses e meio de um conflito que traz surpresas e confirma suspeitas. O Hamas ter a capacidade de invadir Israel com a eficiência e crueldade constatadas estava além da imaginação de muitos. As reações heróicas do dia de civis e militares que chegaram ao local continuam nos surpreendendo a cada dia. Os depoimentos dos que estavam nos kibutzim, nas cidades, vilarejos e na grande festa que acontecia no Deserto do Neguev são impressionantes. Vejam o que aconteceu com a cidade de Sderot, que tinha 35.000 habitantes. Judeus, árabes, beduínos e também muitos estrangeiros que vieram para a grande festa. Muita música, comida e alegria. O mundo noticiou de forma parcial e Israel ficou estarrecido. Este dia presenciei "in loco" a surpresa, a falta de notícias...
Ainda no dia anterior o país estava dividido, ou melhor, rachado. Dividido por motivos políticos / ideológicos, o país voltou para suas origens culturais. Toda a população se mobilizou como uma grande família. Toda a população incluindo judeus, mulçumanos, cristãos, laicos e as várias minorias. Os reservistas apresentaram-se e os demais assumiram como voluntários diferentes papéis. Há vários exemplos de ajuda a desabrigados e pessoas deslocadas. O mundo mal percebeu como estes foram tratados não apenas com dignidade, mas com amor, com fraternidade, com mimos. Hoje não vou tratar de números, mas é importante lembrar que a maioria dos habitantes das cidades, vilarejos e kibutzim atingidos pelo terrorismo foram evacuados, ao menos temporariamente. A zona atingida é a grande produtora agrícola de Israel. Lá nasceu o tomate cereja, que correu o mundo. A vida flui em meio ao caos.
O tema "cultura e ideologia" pode ser tratado por vários ângulos. A cultura se forma ao longo dos anos e de gerações que transmitem de pais para filhos conhecimentos e hábitos de vida. A ideologia é baseada em ideias ditas revolucionários, inclusivas, distributivas, e que visam tirar de uns para dar para outros. Seguindo o princípio que aquele que é privado de suas conquistas vive às custas dos demais.
A cultura judaica, desde seus primórdios, tem sido baseada na contagem das gerações e no estabelecimento de hábitos que vão sendo transmitidos ao longo de gerações. Esta semana a porção da Torá chama-se Vaigash (ויגש) (Aproximou-se). É a última das Parashiot que contam a história de José. Nas anteriores foi contado como José, filho de Raquel e Jacob (Israel) nasceu, foi vendido pelos irmãos para ser servo no Egito, chega à casa de Potifar, é preso, interpreta sonhos na prisão e é chamado pelo Faraó para interpretar o sonho das 7 vacas magras e das 7 vacas gordas, seguido pelas 7 espigas de trigo maravilhosas e das 7 que não mais serviam para alimentação. Ao interpretar os sonhos e dar uma solução de estadista ao problema que iria chegar, torna-se o segundo homem do Egito, abaixo apenas do Faraó. Chegamos então à parashá desta semana. Vaigash - Aproximou-se.
A palavra solta tem um tom conciliador. Aproximar é uma forma de partilhar, unir... será? A frase mostra algo completamente diferente. No final da última parashá, Benjamin, o irmão mais novo de José e o segundo filho de Raquel, o filho caçula de Jacob, é preso e todos os irmãos estão em frente ao Vice-Rei do Egito. Judá se aproxima e diz que ele quer ficar preso e ser punido no lugar de seu irmão. Após idas e vindas e contando o que passaria com Jacob - um pai idoso - se o filho predileto não voltasse, o único filho de Raquel, pois o irmão mais velho estava morto, José decide se revelar aos irmãos. Jacob é trazido para o Egito, com todo o seu gado e seu povo e, encurtando muito, chegamos ao final quando são compradas as terras de Goshen onde se instala o clã de Jacob. Este é um texto muito longo e contém a descrição de todos os descendentes dos filhos de Jacob. É nesta cadeia de gerações que são vislumbradas gerações futuras.
Fazer parte de uma grande família que passa da condição de estar ligado ao Vice-Rei do Egito para alguns séculos depois virar uma população escrava é parte da história judaica ao longo dos milênios e em todos os confins da Terra.
Chegando aos dias de hoje o Povo Judeu continua sendo diverso e continua sendo um povo entre os povos. Se na diáspora é sempre minoria, em Israel constatamos que há cidadãos israelenses de todas as matizes e que estes estão integrados à sociedade em geral. Mantém seus hábitos e costumes, não sendo obrigados e nem mesmo tentados a integrar o Povo Judeu. A cultura de ser um Povo entre os Povos permite que seja gerada uma convivência que não rouba a identidade dos diferentes. Frente às atrocidades que vêm sendo cometidas pelo Hamas, aos mísseis diários que são detonados de Gaza, do Líbano e de alguns outros pontos vizinhos, encontramos uma população com grande resiliência. Uma população que estava dividida pela política e se juntou na adversidade. Uma população dividida entre reservistas e voluntários. Voluntários que cobrem os trabalhos dos que estão no exército. Uma voz corrente - a adversidade fortalece! Isto faz parte da cultura.
No dia 20/12 a mãe de um dos 3 reféns, mortos por soldados israelenses ao confundirem com pessoas do Hamas, escreveu uma mensagem emocionante aos soldados:
"Queria que soubessem que amo vocês, e abraço a cada um à distância. Sei que o acontecido não foi por culpa de vocês, mas sim do Hamas. Quero que lembrem que estão fazendo a coisa certa, aquilo que nós, Povo de Israel, precisamos. Vocês têm que proteger-se. Esta é a única forma com que podem nos proteger. Nós não estamos julgando e não estamos bravos, assim que tiverem chance são muito bem vindos à nossa casa. É muito difícil falar isso, mas vocês fizeram aquilo que era certo no momento."
SIM - uma mãe em Israel, é mãe do seu filho e de todos os outros. Este sentimento de pertencimento é único e dá a força necessária para resistir às adversidades.
O antissemitismo atinge o mundo de forma não prevista. Sempre sabemos que existe um antissemitismo de base, mas agora... Sim, todos têm visto, até na mídia nacional e no Brasil. Na França, este aumento foi exponencial e a resposta foi um aumento significativo da imigração para Israel a partir de outubro de 2023.
StandWithUs Brasil |
Olhando pelo lado da ideologia, surgem mitos transformados em verdades e que voltam a ser mitos e que hoje criam a base para condenar Israel. Esta é uma esteira cheia de mercadorias, mas, como toda mercadoria que exala um odor desagradável, o melhor é não publicizar! Assim, vamos deixar de trazer fatos e boatos. Apenas deixar registrado que o número dos que se intitulam palestinos aumentou exponencialmente desde 1967. Oops, por que 1967?
Durante o Mandato Britânico da Palestina, que se encerrou em 1948 com a criação do Estado de Israel, todos os habitantes da área eram palestinos. Os judeus que nasceram até aquela data tinha certidão de nascimento e passaporte palestinos. Entre 1948 e 1967 os territórios que hoje são considerados palestinos eram parte integrante do Egito e da Jordânia. No ano de 1964, Iasser Arafat em uma reunião na Cidade Antiga de Jerusalém, que ainda era parte da Jordânia, cria a Organização de Liberação da Palestina. Segundo a Wikepédia o estatuto original da OLP, promulgado em 28 de maior de 1964 declara que:"A Palestina com as fronteiras que existiam no tempo do Mandato Britânico é uma unidade regional integral e o objetivo da organização é proibir a existência e a atividade do sionismo."
Início de um mito!
O Estado de Israel já era uma realidade política desde 1948, e esta realidade política é a continuação do Estado de Israel que foi varrido do mapa pelos romanos - no ano 70. O Povo Judeu disperso continuou tendo a sua vista voltada para Jerusalém!
O que acontecerá após esta guerra acabar? Esta é um equação complexa com muitas incógnitas. Esperamos recuperar os entendimentos que levaram aos Acordos de Abraão e que vinham integrando Israel com os países árabes. Vamos voltar a cantar A ESPERANÇA juntos.
Apenas uma das constantes da equação já pode ser adiantada. O Povo Judeu segue pelos próximos milênios.
Am Israel Chai
Regina P. Markus
A vida em Israel pode ser relatada por um telefonema que recebi hoje, dia 21 de dezembro de 2023. Em um grupo de amigos e familiares estão se acumulando as fotos de viagens. Uma pessoa de Israel enviou uma mensagem pessoal dizendo. "Hoje comecei a rir sem parar." Passei horas vendo os diferentes cantos do mundo em que todos estão, e pensei... pq viajaram todos ao mesmo tempo? E aí... comecei a rir". Tinha esquecido que estamos no fim do ano! As bombas caindo toda hora e todos os dias tirou a noção do tempo - 710 - soma 8 e 8 deitado é infinito. A Esperança é que possa ser somado 2023 = 7 a esta data ou que possa virar 7102023=15 e ficar mesmo num passado.
ResponderExcluirtestando....
ExcluirOtima reflexão Re.
ResponderExcluirobrigada Claudia
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