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quinta-feira, 28 de março de 2024

Acontece - a cada Shabat, rezando para que seja o último nestas circunstâncias

 


Nesta semana, mais uma vez, uma subida e descida na montanha russa que vem se desenrolando na guerra entre Israel e o Hamas. Estavam chegando a possíveis resultados envolvendo reféns… ainda longe de satisfatórios, negociadores de Israel voltaram para casa… e então, pela primeira vez em muito tempo, os EUA, ao invés de vetarem o voto dos demais, se abstiveram. Os EUA só não aprovaram a Resolução porque - pasmem - ela não continha uma condenação do Hamas no processo! Como é possível governos não condenarem uma organização, que, se não era considerada terrorista antes, assim definitivamente tornou-se em 7 de outubro de 2023, numa sequência de eventos complexos como a dos últimos 5 meses?

Com isso passou a resolução de imediato cessar-fogo e devolução de reféns. 

Qual o valor das palavras e das decisões? O que significa isso? Hamas e Irã, que nem eram próximos, comemoram o crescente isolamento de Israel enquanto não há nenhuma aparente possibilidade nem de listarem os reféns ainda vivos, e do outro lado, Israel volta a atacar alvos localizados identificados como bases do Hamas e não sente nenhuma garantia de governança no território que já havia desocupado em 2005… qual o poder deste Conselho sobre a realidade local? Para além da efervescência das narrativas e vendas de publicidade nas mídias, qual a utilidade destas custosas reuniões no lindo prédio em Nova York? E, acima de tudo, como vão suportando o passar do tempo os corações dos familiares israelenses que perderam seus queridos ou estão para perdê-los a qualquer momento? Ou os corações palestinos que se encontram em locais restritos pelo Hamas, com suas famílias há décadas empobrecidas pelo mesmo Hamas, e com fome e medo, correndo risco iminente de bombardeio?

A cada Shabat nos unimos e rezamos para que seja o último nestas circunstâncias, e falamos o Kadish pelos que perderam a preciosa vida na semana…  

Neste Shabat, quando interrompermos nossas regulares ocupações, e lermos a Parashá Tzav, onde são descritos os diferentes tipos de oferendas ou “sacrifícios” que Moisés instrui aos sacerdotes a comando de Deus, será inevitável pensar nos diversos tipos e intensidades dos sofrimentos que se somam nas guerras humanas. Nos complexos indesejáveis conflitos em que tantos estão envolvidos, nos vários cantos do planeta, mesmo que repetidamente ao longo da história os que envolvem o povo judeu sejam os mais ruidosos, mais destacados…

Neste Shabat é um dever, uma responsabilidade, refletirmos como podemos, no nosso canto do mundo, com as condições e o poder que temos, individual ou coletivamente, aliviar ou evitar estes sofrimentos que percebemos, e com os quais convivemos, para de fato contribuirmos em um desejável desvio de rumo destas situações humanas, a caminho do Tikun Olam, a comando… de Deus, ou do que acreditamos…

Shabat Shalom


Juliana Rehfeld

Um comentário:

  1. Excelente artigo e maravilhosa reflexão! Parabéns, Juliana, pela clareza e brilhantismo!

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