Por Raul Meyer
Manifestação em Buenos Aires em memória das vítimas do atentado contra a sede da AMIA, ocorrido em 18 de julho de 1994 (irina dambrauskas) |
No último dia 18 de Julho foi lembrado o 30o aniversário do trágico atentado à AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina) em Buenos Aires com um emotivo ato, que teve a participação de representantes dos diversos setores da Argentina,inclusive o Presidente Javier Milei.
85 pessoas que
perderam a vida e mais de 300 feridos foi o resultado daquele fatídico evento,
que aliás tinha sido precedido pelo atentado à Embaixada de Israel dois anos
antes, também na capital Argentina.
O
acompanhamento dos acontecimentos levou a indicar o Irã como o mentor de ambas
as iniciativas.
Mas... tudo
muda... nada muda...
Em 22 de Julho
da semana passada o centro de Tel Aviv foi atingido às três horas da madrugada
por um drone de grande porte proveniente do Yêmen, que atingiu um prédio
mantando um israelense e ferindo dezenas.
Mas o que é
que o Yêmen tem contra Israel com o qual nem fronteiras possui e está a mais de
1800 km de distância?
Outra questão:
o que o Irã tinha contra a AMIA, contra a comunidade judaica argentina, contra
a sociedade “Portenha” (quem vive em Buenos Aires)... derrubando um edifício no
meio da cidade de Buenos Aires... atingindo a população que circulava na rua...?
Uma emissora
de rádio comenta que “em um minuto tudo pode mudar”... e é o que vivemos nos
últimos tempos.
A AMIA foi escolhida
pois a Argentina possuía naquela época (1994) a maior população judaica da
América Latina, com mais de 500 mil integrantes.
Hoje, a
comunidade judaica argentina é formada por aproximadamente 250 mil pessoas - o
que, aliás, continua sendo uma importante comunidade.
Embaixada de
Israel na Argentina em 1992; AMIA 1994; diversas instituições judaicas atacadas,
como sinagogas, nos últimos tempos... o que acontece com a humanidade?
Então a
pergunta... o que o Irã tem contra Israel com o qual também não tem fronteiras –
considerando que Israel nunca fez nada contra o Irã?
Outro dia
escutei um Sheik do Irã comentando que o país “nada teria contra Israel e sim
contra os Estados Unidos”... e que Israel é um exemplo da cultura
norte-americana no Oriente Médio, e que isso deveria ser eliminado. Uma simples
resposta possível é: o que é diferente da cultura iraniana pode ser um risco
para ela... e como solução, então deve ser eliminado.
O Irã é um
país muçulmano chiita e possui em sua cultura religiosa severidade e radicalismo. Pretende se impor sobre
todos os países árabes com sua filosofia religiosa e política. É um dos maiores
financiadores do terrorismo mundial, abastecendo o Hamas, o Hezbolah e os
Houties no Yêmen com armas.
Na última
semana foi reimplantada a lei da obrigatoriedade da cobertura das mulheres em
suas cabeças, que aliás já custou a vida de muitas que no passado tinham se
oposto à sua aplicação.
Mas o que há
contra a diferença cultural que leva radicais islâmicos a atacarem alvos diferentes
de sua cultura? O que faz que haja um movimento para a simples destruição de
Israel com o slogan “do Rio ao Mar”...
A cultura muçulmana
é uma cultura bastante diferente da cultura ocidental, seja no comportamento humano
entre os sexos, seja na atuação da religião. Ela não se identifica com a
ocidental - tal é o caso que diversos países europeus como França, Bélgica,
Alemanha e Holanda já possuem uma importante parcela de sua população
pertencente à cultura muçulmana que já reivindica a aplicação da Shaaria, a
legislação muçulmana no seu dia a dia.
Isto está
criando uma reação islamofóbica por parte da população que pertence a outras
religiões e luta pela liberdade democrática de culto. Na Alemanha, dias atrás o
governo fechou institutos islâmicos e mesquitas que propagavam movimentos de
ódio.
O movimento
contra Israel por parte de radicais islâmicos arrastou milhares de pessoas no
mundo inteiro, especialmente estudantes universitários que absolutamente sem
conhecimento de causa aderem às mensagens antissemitas, anti-israel, inclusive contra judeus que vivem espalhados
pelo mundo.
A razão desta
“aderência ao radicalismo islâmico” certamente é “proforma” - pois são pessoas
vivendo em países democráticos onde podem ter a liberdade de aderir à mensagens
antissemitas, mas não se mudariam para o oriente médio radical.
Assim, vivemos
num paradoxo... o que nos obriga a ficarmos mais atentos do que nunca.
Israel tomou
a iniciativa de combater com mão forte aqueles que pretendem destruí-lo (o
grupo terrorista Hamas na faixa de Gaza) e isto está sendo combatido pela
maioria dos países da ONU, que aliás são da cultura árabe e não permitem uma
liberdade religiosa.
O paradoxo é
que os imigrantes muçulmanos requerem que sua cultura seja implantada em países
para onde migraram, mas que a recíproca não é verdadeira - ou seja, em seus
países de origem não são permitidas culturas ou religiões diferentes.
Perguntei
antes: o que está acontecendo com a humanidade? Embora sua evolução na técnica,
na medicina, na agricultura, nas artes, na música... etc tenha criado um mundo
que eu chamaria de “moderno”, estamos regredindo no aspecto humanitário. O
radicalismo evolui a passos largos, mas o relacionamento humano aos tropeços.
A lembrança
dos atentados em Buenos Aires serve apenas como uma recordação de uma tragédia
e a incessante procura por respostas a milhares de perguntas. O passado não
pode ser esquecido com tanta facilidade.
Entre as perguntas
que eu gostaria deixar para o leitor tentar responder, coloco aqui algumas:
- Onde estão
os movimentos feministas que se lutam contra o estupro e nada, repito, nada
fizeram quanto aos acontecimentos de 7 de Outubro passado em Israel?
- Quem é
realmente a ONU que reivindica ser uma organização que visa o relacionamento
fraterno entre as nações “Unidas”?
- Onde estão e
como opinam instituições e países que fizeram doações bilionárias a entidades
como Hamas, Hezbolah e Houties dando o título de ajuda humanitária?
- Onde está a
justiça em países onde houve atentados e estes foram “varridos para baixo de tapetes”?
- Onde estão
países que não se manifestam para que sua cultura seja preservada quando seus
governos estão sendo guiados a absorver culturas diferentes e radicais?
Onde está a
maioria silenciosa que prega a liberdade mas nada faz para que ela seja o foco
diário em suas vidas?
Acredito que
a humanidade precisa urgentemente acordar, antes que a evolução do radicalismo
terrorista islâmico atinja todos os demais países.
Sei
perfeitamente que não todos muçulmanos são terroristas, muito ao contrário, só
uma grande minoria da população adere ao radicalismo, mas a maioria islâmica se
cala, e muitas vezes é subjugada. Cabe a cada um de nós aproximarmos desta
maioria e mostrar que nosso pleito é que se unam pela liberdade de religião, aliás,
de todas as religiões pois qualquer radicalismo religioso induz à eliminação da
liberdade humana.
Não é fácil
no presente combater o radicalismo, não será fácil no futuro acredito, mas não
temos outra saída... pois nada parece mudar... lamentavelmente.
Shabat Shalom!
Raul Meyer