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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: O passeio

 



         Sexta-feira. Calor de dezembro. O Sol já buscava abrigo para deixar a Lua e as estrelas reinarem. Moyse pediu licença para seus amigos e começou a se aprontar. Era um passeio que tinha sido meticulosamente planejado.

Lembrou do que sua avó sempre falava: “Quando o Homem faz planos, D´us ri!”.

Será que vai dar certo? Será que a gente deve? Será que não tem problema? Sua esposa, Chaya, ia se questionando em voz alta enquanto arrumava o comboio.

Daniel ainda queria terminar a partida de videogame. Moyse ralhou. Você nem devia ter ligado isso! Vá para o carro, já!

O pequeno Benny, coitado, ainda estava na idade de ser só conduzido, nunca conduzir.

A dona Rivka, avó de Chaya, estava receosa... Será? Por outro lado, tudo é tão lindo, tão mágico... O Altíssimo não ia permitir tanta Beleza se não fosse boa... Muito boa...

Todos no carro. Dúvidas e expectativas. Moyse afirmava que ia ser muito bom. Ele era a animação em pessoa. Comerciante da Santa Efigênia, já tinha vislumbrado alguns daqueles enfeites... Queria, muito, mostrar aquele deleite para os seus!

Quem quer compartilhar a Beleza deve entender que ela está no coração de quem vê! Ela não é externa, está dentro de nós.

Seu avô sempre contava de um rabi, há milênios, que andava pela Terra Santa. Na beira do caminho, a carcaça em decomposição de um cachorro. Todos os seus companheiros de viagem se enojavam. Terror! Que cena horrível! Ele apenas olhou... Nunca se viram dentes tão alvos e lindos em todo o Reino!

As saudades perfumaram suas memórias... Pensou na avó e no avô uma vez mais... Será que eles gostariam do passeio? O que falariam?

Moyse entendeu, como seu pai sempre ensinava, que se ele quisesse que todos gostassem, deveria, ele mesmo, gostar antes e dar o exemplo! A vida é assim! Quem quer iluminar deve ser Luz, e aí, ver o milagre acontecer... Um... Dois... Três... Oito...

No carro, ainda na Brigadeiro, rumo à Paulista, dona Rivka olhou para os carros presos em um engarrafamento e exclamou com a Beleza iluminada da cidade nessa época. Luzes por todos os cantos! Um turma de médicos e enfermeiros vinha descendo... Jalecos brancos lembravam a neve da Bessarábia!

Uma lágrima escorreu... Ela pensou em como Aram a fizera feliz naqueles bosques gélidos como algodão... Depois, o cinza e o vermelho emporcalharam a paisagem e causaram tanta dor, tanto sofrimento...

Mas a memória de Aram continuava limpa e pura...

Muito obrigado, Moyse! Amo você! Amo todos vocês, minha família!

Paulista iluminada! Beleza enorme! Gente na rua! Gente cantando! Benny chora! É a fome! Será que não teria sido melhor ficar em casa? Eles não estariam presos num carro congestionado por tanto tempo... Chaya estava feliz mas receosa... Ela abriu a bolsa... Serviu umas bolachas e um pouco de água para Benny.

Prefeitura iluminada. Praça da Sé irreconhecível de tão linda... A família estava feliz mas com um pé atrás... Sempre uma pulga atrás da orelha ficava... Será que poderiam gostar de tudo o que viram? Será que era lícito, justo, se esbaldar com as Luzes?

Voltando para casa ainda passaram pelo Higienópolis. Brilhava como um diamante entalhado a ouro por mãos de fadas e duendes.

Moyse olhou pelo retrovisor. Seu olhar se demorou em Chaya. Sorriram e souberam: aquela era a Liberdade. Nada mais importava. As dúvidas foram embora. Estavam juntos.

Daniel, Benny e d. Rivka dormiam...

Sonhavam...

André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política - PUC/SP. Cientista Político - Hillsdale College. Doutor em Economia - Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com
Instagram: @andrenaves.def

 

ACONTECE: As Luzes de Chanuka - 164 anos AEC (antes da era comum)

 AS LUZES DE CHANUKÁ - uma viagem por milênios

 Por Regina P. Markus - 11/12/2025 - 21 de Kislev de 5786


Dezembro 2025 - Réplica da Chanukiá do 2o Templo colocada no Kotel haMaaravi. As famílias dos reféns estarão comemorando a celebração de Chanuká 

Por que Chanuká este ano (5786) é diferente de todas as comemorações feitas nos últimos 2.188 anos (2025+163)? Esta é uma pergunta que vem reverberando em muitos judeus ao redor do mundo e muitos israelenses não judeus. Hoje (11/12/2025), ainda não está de volta o policial Ran Gvili, uma das 251 pessoas levadas para Gaza pelos invasores em 7 de outubro de 2023. A Chanukiá de 2 metros de altura e 2 metros de largura feita em bronze pesa aproximadamente uma tonelada. A Fundação do Patrimônio do Kotel haMaharavi doou a Chanukiá e este ano haverá uma comemorção em todos os dias com a participação das famílias enlutadas e dos feridos das Forças de Defesa de Israel (IDF). 

Sim, esta Festa de Chanuká é diferente de todas as outras. É uma Festa em que a alegria será redobrada pela expectativa de tempos iluminados. Assistir aos vídeos em que famílias se reúnem. Feridos superam os traumas visíveis e um enorme contingente de pessoas se envolve no acolhimento e acompanhamento - é realmente edificante e merece ser comemorado com alegria. Mas, em tempos muito próximos, por exemplo, 2022, apesar reconhecermos as dificuldades e as tensões jamais imaginamos o que viria a acontecer. Neste ACONTECE vamos dar uma volta no tempo e entender por que Alexandre o Grande, o famoso imperador grego, não destruiu Jerusalém quando lá esteve em 332 AEC. Uma viagem usando Inteligência Artificial! Leiam e Comentem...

O Segundo Templo de Jerusalém foi consagrado por volta de 516 a.C., após o retorno dos  judeus do exílio babilônico, com as fundações lançadas por volta de 535 a.C. e a construção retomada em 521 AEC sob o reinado de Dario I da Pérsia. A estrutura do Templo foi ampliada por Herodes. A destruição aconteceu no ano 70, quando Roma já era o grande império conquistador. Entre o Império Persa e o Império Romano, os gregos avançaram e conquistaram o mundo. Mas uma das importantes características dos gregos foi não destruir culturas e civilizações. Incorporaram vários dos conhecimentos e procedimentos de muitos povos na sua forma de atuar. No caso de Israel não foi diferente. Conta a inteligência artificial que Alexandre, o Grande, esteve em Jerusalém por volta de 332 a.C., após conquistar Tiro, sendo recebido pacificamente pelo Sumo Sacerdote Iado, que lhe mostrou profecias do livro de Daniel sobre seu império, levando Alexandre a respeitar a cidade e seus costumes. 

IADO é a abreviatura de "ao lado de Dús". Jerusalém e o Monte do Templo enfeitaram-se para receber o Imperador Grego. O profeta Daniel conta que IADO colocou suas melhores vestes, as que usava para entrar uma vez por ano no local mais sagrado do Templo, onde eram guardados os rolos de Torah que chegaram com Moisés. Alexandre o imperador sentiu-se honrado, reverenciou IADO e HaSHEM (O NOME). E foi neste momento que IADO sugere que todo o menino que nascer naquele ano em Israel deveria chamar ALEXANDER. Até hoje é tradição em muitas comunidades judaicas dar o nome de Alexandre ou Alexander a um de seus filhos. 

Quando o Imperador Alexandre falece aos 32 anos na Babilônia, não deixa herdeiros. Seu filho com Roxana era um bebê e foi morto. O vasto império foi dividido entre seus generais (Ptolomeu, Seleuco, Lisímaco e Cassadro) e surgem os Reinos Helenísticos (Egito, Síria e Macedônia). O Reino da Síria invade Judá e Shomron e conquista Jerusalém. O Templo é transformado em um local de adoração a Zeus. E é neste contexto que os irmãos Macabeus organizam a retomada do Templo. Yehudá ha Macabi - entra no Templo, levanta a luminária e havia óleo para apenas 1 dia. No entanto, este óleo dura 8 dias, até que fosse terminada a prensa de mais óleo de oliveira. Este é o milagre de Chanuká. 

Enquanto trabalhamos com afinco para ligar o passado ao futuro, também conseguimos sobreviver ao presente!

CHAG SAMEACH!

E aqui vão alguns detalhes do presente que não podem ser esquecidos.

Neste período de trégua foi muito grande o número de refugiados palestinos acolhidos em países europeus e nas américas. Enfim, no mundo ocidental. Muitos indicam mudanças relevantes nas populações ocidentais. Sem repetir estatísticas, que não temos como validar, podemos avaliar esta transformações observando os políticos eleitos nos grandes centros como Londres e Nova York. Impossível ligar de forma generalizada este fato com antissemitismo, porque entre os cidadãos de origem árabe ou de fé mulçumana e cristã há aqueles que não cultivam o ódio aos judeus. Mas... é sempre preciso estar alerta.

Vejam a foto distribuída nas últimas semanas, onde foi identificado um dos que atacaram Israel no dia 7 de outubro de 2023 em um bazar de Natal na Bélgica. 

E o contraponto vem de Israel moderno. Terceiro Estado Livre de Israel. OLHEM COM CUIDADO A FOTO ABAIXO:


Árabes-israelenses cumprindo seu dever com o Estado de Israel, como nunca antes!

"O alistamento de Drusos nas Forças de Defesa de Israel (IDF) atingiu 85%. O serviço militar entre Beduínos ultrapassa 60%. O alistamento de árabes-cristãos triplicou no último ano. Lembrando que árabes israelenses não são obrigados a prestar serviço militar. Alistam-se como voluntários."

Judeus, cristãos, drusos e muçulmanos não lutam entre si em Israel. Todos lutam juntos para proteger Israel.

O que acontece na GALUT?
Estamos sempre olhando para os prováveis inimigos externos - e os amigos?

No dia 10 de dezembro de 2025 em uma reunião da "Israel Allies Foundation, IAF" em Washington, foi assinada por 35 países uma resolução denominada "Standing United for Thruth, Justice, and the only Jewish State". O Brasil também foi um dos signatários desta resolução.

Encerrando este texto da mesma maneira que comecei. Ao contar a história da construção do 2o Templo é mandatório falar de Dario I (521 AEC) da Pérsia. E agora, um dos signatórios desta resolução foi o Xá Reza Pahlevi da Pérsia que tem uma importante liderança em seu país! AO FUTURO 💝💝💝💝💝💝💝💙💙💙💚💚💚🙌🙌🙌🙌🙌🙌🙌

Xá Reza Pahlevi (esquerda); Ric (direita)



CHAG SAMEACH - AM ISRAEL CHAI
Regina P Markus.






quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

ACONTECE: Imagens que fascinam





Por Juliana Rehfeld


Vivemos em um tempo de imensa disponibilidade de informações, tanto em forma de texto como de imagens. Na verdade, há um excesso disso, uma profusão que nos sobrecarrega, nos invade e nos ofusca. Não só é difícil distinguir entre as palavras ou as fotos e vídeos, como se torna quase impossível processar e entender seu significado. Como, portanto, perceber o que é fato, o que é verdade, o que é significativo? 

Se tivéssemos mais tempo e vontade de refletir no que aparece poderíamos ir segmentando, organizando e alinhando o que lemos e vemos em uma sequência que trouxesse o “fio da meada” e desenrolasse as causas e efeitos que se amontoam produzindo a história em que vivemos… mas não temos tempo e, muitas vezes, nem a vontade de nos debruçarmos sobre esta enorme “pilha” de dados, e fatos, e relatos, e opiniões, e tantos outros pedaços de informação, então, eles e elas vão se acumulando à nossa volta, captamos e consumimos e combinamos as mais marcantes, mais chamativas e impactantes, e as digerimos ao molho do dia, sob o sol de mais de 30 graus, o ar condicionado do carro ou metrô, ou, cada vez mais, abrigados de chuvas torrenciais ou ciclones cada vez mais velozes. E aí, estamos prontos para a próxima avalanche. Prontos? 

Que imagem combina com isso? Pensei em pedir à inteligência artificial que montasse uma imagem para expressar esta nossa sobrecarga, mas antes que eu o fizesse me apareceram as imagens da semana! O que poderia ser mais significativo? 

Ontem foi publicada uma fotografia do espaço cheio de linhas retas, desencontradas, parecendo um “pega-varetas” (lembra?) sideral, ilustrando a “proliferação de satélites que ameaça a observação do céu com telescópios“.  “As luzes geradas pelo meio milhão de satélites previstos para entrar em órbita nos próximos anos podem ameaçar no futuro as imagens captadas pelos telescópios espaciais, alertaram astrônomos da Nasa”. O que primeiro chamou minha atenção foi a grande semelhança desta imagem com o desenho que meu neto de 10 anos fez este mês no meu IPad - parece que isto já naturalmente passeia pela mente das crianças, muito melhor “equipadas” do que nós para o consumo, sem indigestão, desta parafernália de imagens. 



Mas pensei um pouco mais e achei incrível a mensagem que isto traz, a horrível mensagem: a busca e transmissão de tanta informação cada vez mais nos impede de observar, “a olho nu”, isto é, por nós mesmos, sozinhos, o céu! Aquilo que sempre nos fascinou, os poetas, os seresteiros e os amantes, como diz uma música popular, para onde os olhos e a inspiração nos levam a sonhar na grandeza do universo, na possibilidade de não estarmos sozinhos, nós e nosso planeta… este grande espaço vazio está cada vez mais cheio de equipamentos, acessórios, robôs, e, porque não dizer, lixo tecnológico que nós mesmos colocamos lá. 

É por causa destes objetos, na verdade impressionantes, que somos capazes de receber tantas informações em velocidade cósmica, conseguimos saber o que está acontecendo, em tempo real em qualquer canto deste mundo sem cantos, mas é isso, também, que está nos cegando, ensurdecendo, enlouquecendo?

Não, não nos rendemos, vocês e eu, e perseguimos, incansável e inexoravelmente, o sentido disso tudo, porque só assim funcionamos direito, ressignificando, continuamente, e muitas vezes, coletivamente, o que se nos apresenta. 

Mas, por fim, não só o raciocínio ou a memória e a estatística nos ajudam nesta avaliação do que está por aí. A imaginação e a poesia nos proporcionam no meio desse turbilhão momentos de rara beleza. Também ontem, olha só a coincidência, (será que existe?) foi publicada uma outra imagem do espaço - “Telescópio no Chile registra imagem inédita de “borboleta cósmica”! E informa que o registro revela detalhes do fim violento de uma estrela que colapsou e espalhou gás quente pelo espaço ao seu redor. Pobre estrela, azar… a imagem é lindíssima, colorida e etérea, assim como são muitas imagens de sonhos que temos, quando conseguimos nos lembrar deles. Lindos, brilhantes, tantas vezes nos enchem de esperança, nos inspiram, e aí respiramos fundo para encarar a próxima semana!



 

Shabat Shalom!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Dalila e Sansão

 



          Sentado. Cadeira numerada. Lima. É... Dalila ficou lá... Eu aqui! O show do início ia terminando. A barba coçava. O cabelo incomodava.

Ele pensou na promessa...

Só mais um sacrificiozinho até o Fla ser Tetra! E Dalila, como será que tava? Como ela pôde cometer tanta traição? Jogar fora meu manto da sorte? A camisa com que o maestro Júnior regeu aquela vitória...

          Tetra de novo...

          Lembrou daquela televisãozinha preto e branco de Caraguá... Era só chuvisco... Ele e o pai... Tantos anos... E a camisa da vitória... Era o tio que tava lá no Maraca! Ele tinha me dado no fim daquele ano...

          Saudades... Tempo bom!

          Ela casou comigo já sabendo da minha paixão pelo Fla! Doença rubro-negra! Não tinha o direito de ficar fula com minha promessa... Eram só uns mesezinhos até o Fla ser tetra! Que custava aceitar que eu não ia cortá o cabelo nem fazê a barba? E Lima então? Só um pulinho pra ver a final! Precisava ficá sem falá comigo? Quanta ignorância...

          Saudades... Queria ela ali, do lado!

          Mas a camisa era demais! Tá certo que nem cabia! Tava desbotada, desbeiçada mesmo. E daí? Precisava jogar? Agora, sem o amuleto, sem a minha força, é capaz do Fla perdê... Num quero nem vê...

          Apita o juiz! Jogo que começa!

***

Sentada. Sofá. TV ligada em Lima. É... Sansão tava lá... O show do início ia terminando. Será que tá tudo bem? Aquela barba? Aquele cabelo? Onde já se viu? Um juiz se portando assim! Que vergonha!

Ainda bem que o seu Manoá não tava mais aqui... Imagina ele vendo essa depravação do filho? Barbudo? Cabeludo? Falando tudo errado? Beberrão? Seu Manoá que era boa gente. Tá certo... Gostava do flamengo... Metade do Brasil também gosta. Normal...

Eu era pequenininha mas lembro do sacrifício que foi pra colocar o Sansão no Colégio Militar...

Que vergonha!

E agora ele tirou férias... Achei que ia ficar comigo... Era nosso aniversário! Todo mundo sabe! Até a dona Hazel trouxe um bolo pra gente! Mas ele foi pra Lima... Não devia estar aqui, do meu lado? Cadê o foco?

E aquela camisetinha? Pra que tanto drama? Tava toda desbotada... Desbeiçada... Como eu ia saber do valor sentimental? O menininho que ganhou tratou ela com tanto luxo, tanta emoção! Era um troféu! Ele vibrava! Deu tanto gosto de ver...

Sansão devia ter visto... Sansão... Saudades...

***

Num falam que a vida é uma caixa de chocolates? Tô aqui, sozinho, com a cabeça a mil, sabe? Dalila... ah, Dalila. Ela é a Luz! A minha Luz! Quando chega, ilumina tudo! Mais até que o gol do Danilo!

E agora, aqui... Sozinho... Presepada!

Tudo tem limite, sim. Não é só município, não! O sacrifício tem que ter propósito, objetivo. Não é um poço sem fundo. E o sagrado? Não era minha força, o meu poder. Tava no amor dela, na pureza, e eu troquei isso por uma superstição boba. Eu nunca devia ter gritado! Ter vindo! O amuleto era só um pedaço de pano...

Agora, aqui, nessa solidão que dói... Eu queria tá lá com ela...

O bom é que agora, aqui a gente começa a enxergar... A Luz, a verdadeira Luz, só aparece depois que a gente passa pelas trevas. É como se a gente precisasse de uma faxina interna, sabe? Tirar a poeira, o ego, as bobagens que a gente acumula. É preciso se esvaziar pra poder se encher de novo. E aí, a gente percebe a diferença entre ter a Luz e não ter... Entre a presença dela, o carinho, o riso, e esse vazio que me consome.

A bênção verdadeira não é ganhar tudo, não é ter a força de um touro. É ter paz, é ter amor, é ter a consciência tranquila. É saber que você fez o certo, mesmo que doa.

E a música... ah, a música do estádio, a torcida cantando, aquilo é um louvor a D'us, sim! É a alegria, a paixão, a união de milhares de corações batendo juntos. É a manifestação do divino no cotidiano, na paixão!

Eu não soube o tempo certo de cada coisa. O tempo de amar, o tempo de lutar, o tempo de refletir. Eu misturei tudo, e deu no que deu. Mas agora, a ficha caiu. Amanhã cedinho a cabeça vai tá raspada, a barba feita...

É hora de recomeçar, de mostrar que a força não tá no cabelo! A gente ganhou na raça, no coração!

***

Aeroporto lotado! Que ideia de gerico viajar nessa época!

Vozes, mala... Eu sabia que ela jamais ia tá lá... Mas não custa nada ter Esperança! Eu já era outro, sim. Sansão tá de volta pra sua Dalila! O cabelo já tava bem curto, quase raspado. A barba tinha sumido. Eu voltei mais... eu.

Nas mãos, flores. Um presentinho de saudades...

Inacreditável! Ela tava lá! Dalila. Minha Dalila! Linda! Mas ela não tava sozinha...

Do lado dela, em cima da mesinha, uma réplica da taça Libertadores e uma camisa retrô do Flamengo, autografada pelo Júnior. Eu não acreditava! Ela sabia. Ela sempre soube.

Nossos olhos dançaram e o mundo parou. Éramos só nós. E fui... Ela riu!

Perdão! Esperança! Tudo!

***

E foi ali, exatamente ali, que eu soube. Não é um raio nem um trovão! É energia! É a Força Divina, sim! Mas ela não tá lá fora, não tá em nenhum amuleto ou ídolo! Era a Força do Perdão. A força que brota quando dois corações se abrem, se reconhecem, se aceitam.

Era a centelha de D'us! Sempre ali, dentro de nós! Não no meu cabelo, não na taça, não na camisa autografada, mas na capacidade de amar, de errar e de recomeçar.

Nossos lábios se encontraram em um beijo que era promessa, que era recomeço, que era a certeza de que, juntos, a gente podia ser mais forte, mais sábio! A verdadeira força estava ali, no amor que renascia, purificado e eterno.

André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política - PUC/SP. Cientista Político - Hillsdale College. Doutor em Economia - Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com
Instagram: @andrenaves.def

 


VOCÊ SABIA? - Charlie Kirk

 

Por Itanira Heineberg


Charlie Kirk, Universidade de Utah Valley, Orem, USA, 10 de setembro 2025


Você Sabia que um palestrante, ao ser convidado para expor suas ideias, mesmo em um país democrático, nunca poderá ter certeza de que suas vozes serão ouvidas?

Infelizmente foi isso o que aconteceu com Kirk em setembro de 2025, ao se dirigir a um grupo de estudantes na Universidade de Utah.

Chegou ao evento acompanhado de sua esposa e dois filhos, cheio de energia e vontade de iluminar e inspirar os jovens de sua nação - mas não foi muito adiante.

Logo no início, uma pessoa na plateia perguntou a Kirk: "Você sabe quantos atiradores em massa existiram nos Estados Unidos nos últimos 10 anos?"

 Kirk respondeu: "Contando ou não a violência de gangues?"

Foi quando um forte tiro foi ouvido e Kirk caiu em seu assento, sangue já escorrendo pelo pescoço...  e a multidão de 3 mil pessoas correu em desabalada carreira, sem entender o momento que viviam, sem saber para onde deveriam fugir em busca de sua própria proteção...



Kirk era conhecido por conduzir debates ao ar livre em universidades dos EUA.

Ele liderava o grupo de estudantes conservadores Turning Point USA e tinha um podcast, além de milhões de seguidores nas redes sociais.

A organização afirma que sua missão é "identificar, educar, treinar e organizar estudantes para promover os princípios da liberdade, do livre mercado e do governo limitado". A TPUSA possui núcleos em mais de 850 campi universitários que cadastram estudantes para votar, além de milhões de seguidores nas redes sociais.

Charlie Kirk, cristão evangélico, 14/10/1993  -  10/09/2025, é considerado um ícone do conservadorismo contemporâneo.

Nasceu em Arlington Heights, Illinois, e cresceu em Prospect Heights.

Sua mãe é conselheira de saúde mental, enquanto seu pai é arquiteto.

 Kirk foi membro dos Escoteiros da América e alcançou o posto de Escoteiro Águia. Em 2010, durante seu terceiro ano na Wheeling High School, ele foi voluntário na bem-sucedida campanha para o Senado dos Estados Unidos do republicano Mark Kirk (sem parentesco), de Illinois. Em seu último ano do ensino médio, Kirk criou uma campanha para reverter um aumento no preço dos biscoitos em sua escola. Ele também escreveu um artigo para o Breitbart News alegando parcialidade liberal nos livros didáticos do ensino médio, o que levou a uma aparição na Fox Business.

Sempre ativo e inquisidor em suas atividades, sempre em busca de uma vida melhor e mais justa para todos.


Kirk e sua esposa Erika



Parece-me impossível que se possa ceifar uma vida jovem, cheia de entusiasmo e envolvimento com o outro e seu país, com um simples capricho de uma mente desinformada.

O assassino, Tyler Robinson, de 22 anos, indiciado dois dias após o crime pela Justiça dos EUA, simplesmente escreveu para sua namorada:

 “Tenho a oportunidade de eliminar Charlie Kirk e vou aproveitá-la.”

Isto demonstra quão frágeis somos, suscetíveis a maníacos, lobos solitários, ou simplesmente egoístas que povoam nossa sociedade.

Caso Tyler seja condenado, ele pode enfrentar a pena de morte. O jovem também foi acusado de lesão corporal gravíssima, obstrução da Justiça, coação no curso do processo e agressão violenta cometida na presença de uma criança.

Um disparo, um único disparo que parece ter sido feito de uma "posição elevada em um prédio acadêmico", a cerca de 90 a 180 metros de distância, calou a voz de Kirk diante de sua esposa e filhos.

Como julgar esta situação?

Como sobreviver a este atentado fatal?

Devemos expor nossas ideias e pensamentos? Nossas aspirações para um mundo melhor? Que segurança nos oferece a democracia?

Quantos mais serão vítimas de seres ignorantes e desequilibrados?

Quantas famílias chorarão a dor da perda de um membro querido eliminado por  um terrorista?

Aqui fica um alerta para todos os sonhadores por um mundo mais digno, altruísta e humano.

Este jovem visionário de fé cristã, sempre disposto a conquistar a verdade e a justiça, apoiava muito Israel.

Durante uma visita a Jerusalém em 2019, ele disse a uma audiência: "Sou muito pró-Israel ... e defendi Israel durante toda a minha vida". Em agosto de 2025, ele disse: "Tenho um currículo à prova de balas mostrando minha defesa de Israel... Acredito nos direitos de terra bíblicos dados a Israel. Acredito no cumprimento da profecia ", e acrescentou que "lutaria por" Israel.

Kirk frequentemente repetia pontos de discussão pró-Israel sobre a guerra de Gaza. Contrário à mídia dominante ele culpou o Hamas pelas mortes de civis em Gaza e negou que Israel esteja matando os palestinos de fome.


Kirk com Simone Gold, fundadora da America’s Frontline Doctors – fórum da TPUSA em 2020


 

 

FONTES:

 

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/turning-point-criada-por-charlie-kirk/

https://unitedwithisrael.org/jerusalem-memorial-for-charlie-kirk-becomes-call-to-defend-israel/

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cp8wk54nx0go

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/16/tyler-robinson-principal-suspeito-de-assassinar-charlie-kirk-e-indiciado-por-homicidio-e-outros-crimes.ghtml


quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Aos olhos meus...

 



          Dizem que em Portugal, o filme “Psicose” se chama “O Filho que era a Mãe”. Piada de mau gosto, tá na cara. Lá ele se chama “Psico”. Aliás, falando em Hitchcock, o “Festim Diabólico” é uma tradução brasileira muito mais carnavalesca que a portuguesa “Corda”... No original, o filme se chama “Rope”...

          Diriam os italianos, “traduttore, traditore”...

          A Bárbara Heliodora, quando traduzia “O Mercador de Veneza” de Shakespere, estudava a cultura e o idioma do Vêneto, ainda que os originais da peça fossem ingleses... Ela aprendeu usos, costumes, palavras do dialeto...

Tudo para traduzir...

          Dan Stulbach falou, inclusive, que só um judeu poderia dar um tempero especial no Shylock... Conhecer os pequenos gestos, as risadas, as mãos, o andar, dava um sabor especial pra peça...

          É que cada um de nós já vem de fábrica com uma série de características. Essas, inclusive, vão se incrementando com o nosso caminhar. Sabe, ganhando mais sabor, mais tempero, mais vida...

          Pensa numa comida bem aconchegante. Aquela da sua vó... “Cê” acha que o tempero dela veio da noite pro dia? Foi uma vida inteira de tentativa e erro. Alguns acertos e muitos enganos! Mas depois de tanto tempo, de tanto erro e de tanta delícia, um sabor único e especial vai surgindo. Só ela, depois de tanto caminhar, depois de reforçar as características do caminho, consegue fazer assim...

          Ou seja, pra cozinhar, pra traduzir, pra escrever, pra rezar, pra viver... A gente precisa viver! Caminhar! Só assim os melhores temperos vão sendo colocados na nossa mochila, e os piores vão sendo despejados. Cada indivíduo com sua individualidade, ao longo do caminho!

          É como dizem: o erro é o ensaio do acerto! É assim que nossa individualidade vai se aprimorando!

          Agora, pensa numa coisa legal! É essa: pra gente conseguir ser a melhor versão da gente, é necessário olhar para o Outro! Alteridade!

          Não sou a Bárbara Heliodora, mas vou tentar traduzir isso: O INDIVÍDUO SÓ SE REALIZA NA COLETIVIDADE. É que todos nós temos vantagens e limitações: a limitação do outro se completa na nossa vantagem, e vice-versa. Ao mesmo tempo, convivendo, assistindo à vida e aos exemplos, vamos, aos poucos, ganhando novos sabores na nossa essência.

          Egoísmo é o contrário disso.

Quando a gente rompe os laços coletivos e sociais, a gente cai no poço sem fundo da solidão. A gente vai se seduzindo com nossos próprios vícios. A gente termina na armadilha da idolatria. Ídolos de barro ou de ouro: todos desviam nosso olhar do que importa de verdade! A gente termina pior, menos interessante, menos complexo, mais frágil! Na sarjeta! Imundo!

Mas é aí que mora o mistério: será que a coletividade é só a soma dos indivíduos, ou ela é algo maior? Sabe quando a soma das partes ainda não é tão grande e especial como o todo? Eu acho que a coletividade é assim: maior que a soma dos indivíduos!

Mas sem indivíduo não tem coletividade! Sem diversidade, sem pluralidade, a gente não tem nada. Pra ser coletivo, tem de ser diverso! Ou seja, a coletividade, que exalta o indivíduo, é o contrário do coletivismo, que esmaga a individualidade...

No coletivismo “Narciso acha feio o que não é espelho”! Narciso é o ídolo de Narciso!

Essa é a nossa responsabilidade individual! A gente, enquanto pessoa que é, não fica à toa, sendo manipulado pelo coletivo. Pelo contrário, a cada momento a gente tem de escolher e decidir quais dos nossos valores fortalecer. É assim que o indivíduo molda a coletividade, ao mesmo tempo em que é moldado por ela.

E nesse baile da vida, em que os indivíduos atravessam caminhos e são atravessados por eles, em que eles dão tempero à coletividade enquanto ganham novos sabores dela, é nesse baile que a música Divina toca e as lágrimas sempre vêm antes e depois dos risos!

É nesse baile, ouvindo essa música, atravessando os caminhos da vida e sendo atravessado por eles, que escrevo essas pequenas crônicas.

Na verdade, não eu... Nós... Juntos... Mas aos olhos meus...

André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais e Inclusão Social. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com | Instagram: @andrenaves.def

 

         

 


ACONTECE: Naftali Bennett: Venceremos – Vencemos


Por Regina P Markus

A person in a suit

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Na noite de 26 de novembro de 2025, no auditório Marc Chagal da Hebraica, tive a oportunidade de estar com o ex-primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. A atividade foi patrocinada também pelo Beit Halocheim, Universidade de Haifa e as lideranças judaicas no Brasil e em São Paulo. Avi Gelberg apresentou ambas as instituições. Acompanharam toda a sessão dois israelenses que são atendidos pelo Beit Halocheim: uma moça nos seus 20 e poucos anos que fez reconhecimento de corpos - as marcas foram deixadas e ela busca as melhores formas para encarar o futuro, sem ter imagens vívidas e desconcertantes do passado; e um rapaz, que assim chamo por ser muito jovem e ter uma atuação entusiasmada. Foi comandante em Gaza, muito jovem viu seus companheiros serem mortos e feridos. Voltou ao local de batalha várias vezes, até que foi ferido a tiros e agredido. Foi tratado no Beit Halochem, mas com sua personalidade pró-ativa, assim que se sentiu melhor, e mesmo sem alta, fugiu e voltou à batalha. O rosto é sereno, mas disse que naquele momento era muito necessário estar com os companheiros. Um comandante. A reunião continuou e quando Bennett falava dos dois presentes, que ele havia encontrado aqui no Brasil, pediu uma salva de palmas. Comentou que não ia contar nada que eles já tivessem falado, mas acrescentou algo importante. O comandante jovem estava cursando a Universidade de Haifa quando foi chamado. Seu interesse era em inovação e inteligência artificial. No ano passado, pediu uma entrevista com Bennett e este, ao ver o seu CV, apressou-se em atender. Qual não foi sua surpresa quando, em vez de solicitar fundos ou auxílio para continuar sua carreira como inovador, disse que estava redirecionando sua vida, ao menos por agora, para melhorar e percepção do mundo sobre Israel. Queria entrar em contato com judeus e não judeus de outros países para melhorar a percepção do que é o Estado de Israel. Neste momento, Bennett inicia a sua fala com o mote: “em 2023, 2024 dizia que venceríamos e em 2025 digo que vencemos”.

A vitória militar é evidente, mas disse que as guerras não são vencidas pelas vitórias militares, estas muitas vezes podem ser um tiro pela culatra! O que aconteceu? Fez parte dos muitos que apontaram a lentidão com que as autoridades e forças armadas responderam ao ataque de 7 de outubro. Neste dia ocorreram 4 “pogroms”. Kibutz Kfar Aza, kibutz Be’eri, kibutz Nir Oz e o Festival Nova. Houve uma falha muito grande e não foi pior porque o país reagiu de forma rápida e decisiva.

Jovens, dos 20 aos 60, do norte ao sul, cidadãos israelenses (judeus, árabes, drusos, etc.) foram os responsáveis pela vitória. Conforme começou a relatar aquela manhã (6h25min) em que o alerta foi dado no país inteiro, lembrei do que aconteceu à minha volta. Mas, quero relatar o que escutei de Bennett e que não foi diferente do que vivi naquela manhã. Em todo o país, soldados que estavam de folga, ou reserva (miluim), ou pessoas que teriam alguma possibilidade de ajudar organizaram-se rapidamente. Seguir para a frente de batalha, organizar formas de enviar suprimentos para as regiões atingidas, iniciar um processo de recepção para os desabrigados, órfãos, feridos etc. Vi no nicho do movimento de escoteiros todo um processo de fazer acolhimento com reuniões, brincadeiras e ... Bennett disse que no dia 8 de outubro tinha a certeza de que venceríamos e que hoje tem a certeza de que vencemos.

E lá estava o ex-Primeiro-Ministro, Naftali Bennett, que renunciou ao gabinete quando foi rompida a união de partidos que sustentava o seu governo. Críticas à parte, hoje estamos no momento propício para uma nova era, em que será possível olhar o Estado de Israel e não apenas cada nicho. Olhar o coletivo sem desprezar o indivíduo.

Recebemos esta semana os restos mortais de Dror Or z’l, responsável pela cozinha e queijeiro do kibutz Be’eri. Morto no próprio 7 de outubro, junto com sua esposa. Seu corpo foi levado para Nuseirat, em Gaza, pela Jihad islâmica palestina e sua morte informada em 2 de maio de 2024. Lendo com atenção a frase fica evidente o que Bennett analisou com muita ênfase: os grupos que querem a destruição da atual nação judaica se prepararam com afinco para obter o êxito. O preparo envolveu não apenas ações de sabotagem militar, como também o preparo da opinião pública internacional para calar-se frente ao pogrom de 7 de outubro de 2023.

Como dizia Rav Kook a respeito da Parashá Vaietzei (Ele saiu) que representa sair no sentido de mudar. Mudar fisicamente, mudar de atitude ou mesmo ir atravessando os tempos e os dias. De acordo com o Talmud (Berachot 26b), os Avot (antepassados) instituíram as três orações diárias: Abraão — Shacharit, a oração da manhã, iniciando o processo. O primeiro patricarca. Isaac — Minchah, a oração da tarde. Escolhendo, com o auxílio de sua esposa, Rivka (Rebeca) quem seria o próximo patriarca. Jacob — Ma'ariv, a oração da noite, encerrando o ciclo dos patriarcas. Um ciclo composto por 3 estágios!

Falando em ciclos, a história registra três ciclos em que Jerusalém foi capital de nações soberanas. Os dois primeiros foram na época do primeiro e segundo Templos e seu fim estava ligado com desentendimento na Casa de Israel. O terceiro período é o que estamos vivendo. Observamos que desentendimentos internos podem ser a causa de derrotas, e que união do povo é a razão de vitórias. Como bem enfatizou Bennet, foi o povo que, independente de autoridades atuais, desencadeou um processo de resiliência e soberania. Juntando o ciclo dos patriarcas, com o ciclo dos reinados, podemos deduzir que estamos entrando em uma nova era. Em uma era em que o Povo Judeu e o Povo de Israel seguirão de forma conjunta a busca da eternidade.

Para subsidiar esta afirmação que faz parte de uma previsão ou de um sonho, hoje está acontecendo o repatriamento de um grupo de habitantes da Índia conhecidos como Bnei Menashe. A publicação online de responsabilidade da Revista Brasil.Il relata que:

“O governo de Israel aprovou um plano para trazer os últimos 6.000 membros da “tribo perdida” de Menashe para Israel em cinco anos. Embora cerca de 5.000 Bnei Menashe vivam atualmente em Israel, tendo chegado aos poucos nos últimos 20 anos, eles têm tido grande dificuldade em trazer o restante da comunidade, que está nos estados indianos de Mizoram e Manipur. O plano permitirá que cerca de 1.200 imigrantes cheguem até o final de 2026.” Serão alocados em regiões onde já existem conterrâneos e o projeto prevê cursos de hebraico em ulpans bem como a integração ao judaísmo.

A volta de muitos dos que se perderam em tempos remotos e durante a inquisição é a demonstração que estamos unidos por ideias que podem sobreviver e brotar porque pertencem a uma árvore de raízes fortes.

 

AM ISRAEL CHAI VEKAIAM. Povo de Israel vive eternamente.

 

Regina P. Markus

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

ACONTECE: Esperança e construção falam mais alto que barulho autoritário

 

Esperança e construção falam mais alto que barulho autoritário 




Esta semana foi mais uma repleta de acontecimentos, globais e locais. Foi histórica (diferente, não mais do mesmo) a votação na reunião de segunda-feira do Conselho de Segurança da ONU quando foi aprovada a resolução americana para estabilização de Gaza por 13 votos a favor e duas abstenções: Rússia e China. O poder de veto não foi utilizado. 

Ou seja, foi endossado o “abrangente plano para o fim do conflito em Gaza”, foi acolhido o estabelecimento do Conselho de Paz, e este foi autorizado, junto com os países-membros, a trabalhar para criar, em Gaza, uma Força Internacional de Estabilização. Foi autorizada também a criação de um Comitê Executivo Palestino para gerir a governança cotidiana da Faixa de Gaza. 

De maneira inédita, esta resolução fornece uma estrutura e um mecanismo para uma possível paz, mas é claro que sua eficácia depende fortemente do compromisso e da cooperação de várias partes interessadas, o que permanece altamente incerto.

Quem não estava lá? O Hamas que até agora não só não entregou suas armas como garante que não irá fazê-lo. Há notícias contraditórias sobre a posição da população de Gaza: há muitos relatos na imprensa israelense, quase nada na mídia geral e, menos ainda, aqui no Brasil, de numerosas e visíveis execuções, pelo Hamas, de civis “por terem sido informantes ou colaboradores do inimigo”; mas há estatísticas produzidas por um tal de “Centro Palestino de Pesquisa Política e de Opinião Pública” que afirma que ”mais de 50% dos gazenses apoiam a condução do Hamas na guerra e se opõem a qualquer tentativa de desmantelar ou desarmar a organização.” 

Mais que isso, diz que “44% dos gazenses e 59% dos árabes de Judéia e Samaria afirmam que a decisão do Hamas de lançar o ataque de 7 de outubro foi a correta”. 

E um veículo como o Wall Street Journal replica esta pesquisa, isto é, a legitima. Assim como a própria ONU tantas vezes reproduziu números de mortos na guerra criados pelo Ministério da Saúde de Gaza, números repetidos continuamente pela mídia, gravados na mente de tantos, e que ela própria, ONU, teve de corrigir e justificar porque eram falhos. Falhas quantidades e classificação civis X terroristas, mulheres e crianças X combatentes, falhas fontes de bombardeios IDF X mísseis palestinos errados, e assim por diante… Mesmo assim, mesmo que técnica e juridicamente a etiqueta de genocídio absolutamente não se aplique, são números assustadores de mortos, feridos, desabrigados, famintos, registros que nunca se apagarão da história de Israel. E, tenho certeza, terão impactos no próprio comportamento futuro das forças de defesa de Israel, nas responsabilizações, nas próximas gerações de soldados. E, espero, otimista que estou à luz da nova resolução n. 2803 da ONU, números que já têm impacto nos próximos passos a caminho da construção de uma paz na região. 

Apesar desta mancha no seu diário, o Estado de Israel deve, e acredito que vai, “sanear o terreno, descartar resíduos contaminantes, lamber as feridas”, e seguir em frente para esta tão esperada paz. 

Foi com esta perspectiva que André Lajst, diretor do StandWithUs Brasil iniciou sua fala na Conversa sobre o Mundo na Faculdade de Direito da USP, ao mesmo tempo que o Conselho de Segurança da ONU votava para esta paz. 

Mas André praticamente não mais conseguiu se fazer ouvir até que a “conversa” fosse encerrada por impossibilidade de continuar: manifestantes ruidosos, de diferentes idades, “estudantes” e ativistas, com bandeiras e cartazes, brutal e autoritariamente, se revezaram emitindo slogans como “genocidas”, “nazistas” e declamaram o já batido “Palestina livre, do Rio ao mar”. Há um vídeo do dia seguinte, no qual André diz, e eu concordo, que “foi mais uma prova de que estas pessoas não estão interessadas em ouvir, debater, buscar soluções” para o futuro. Estive lá e a sensação de frustração por não conseguir impedir que atrapalhassem, por não ser ouvida em tentativa de conversa lateral, e finalmente, pelo fato de que não havia segurança para a continuidade da conversa, única forma legítima de seguir em frente. Como cidadãos que se dizem democráticos, progressistas, pela liberdade de expressão, podem defender este comportamento? Quem, numa Universidade decente pode defender este tipo de comportamento? 

E no entanto manchetes posteriores, maliciosa e mentirosamente construídas, enganam o leitor desavisado e apressado, como o são a maioria dos leitores de já há algum tempo…

Concluindo: é fundamental fazer o dever de casa, assumir erros de modo transparente, e assumir compromisso de construção de um futuro compartilhado. MAS, é missão contínua explicar, educar, denunciar à sociedade desinformada, a manipulação e deturpação de fatos, fazendo-se ouvir por cima do barulho e do desrespeito. 

E, é muito importante dar uma chance à esperança nas novas participações de países árabes no plano de paz, na nova resolução, nas novas gerações! 

Bom feriado e Shabat Shalom.

Juliana Rehfeld