Escrever
me faz muito bem...
É que a literatura é uma Arte e, assim,
abençoada. Quando a gente fala que uma criança “pinta o 7” ou é “arteira”, a
gente tá falando, na verdade, que ela recebe uma chuva abençoada toda vez. Mas,
o que é Arte e por qual motivo ela é tão importante?
A
Arte é tudo que faz a gente ENXERGAR!
Enxergar é perceber a essência das outras
pessoas com a nossa alma. A poluição cotidiana, o corre-corre da vida, o
barulho, buzinas, o “pega pra capar”... Frenesi! Por vezes, nós acabamos
ficando, por conta da poluição do dia a dia, meio que insensíveis aos dramas
que não são nossos.
A Arte, então, é esse azeite que lubrifica
nossa insensibilidade, limpa nossas sujeiras e ferrugens, e abre nossos olhos
da alma.
Tudo
aquilo que abre nossa percepção para as outras pessoas... Arte! Eu já falei,
mas não custa repetir, de uma crônica do Rubem Alves em que ele fala que hoje
todo mundo quer fazer cursos de oratória, mas ninguém quer aprender, nem
praticar, a “escutatória”. Arte é isso!
“Escutatória” pura!
Por isso que todo trabalho bem feito, por
mais simples ou complexo que seja, é artístico. Se o trabalho faz com que a
gente enxergue... BINGO! É Arte!
Por isso que eu sempre sorrio quando ganho
novos leitores. Quando eu tô caminhando e alguém vem comentar de um texto que
escrevi, isso é o meu maior lucro. Comentários, críticas... Virtuais ou reais.
Elas que me lembram que o Universo é muito maior que meu umbigo!
É engraçado... A maioria desses comentários
que recebo é de mulheres... Um leitor me disse uma vez que era por causa da
minha sensibilidade feminina. Esse comentário acabou alugando um triplex na
minha cabeça... Não que eu fique ofendido! Pelo contrário! É uma honra enorme!
É que eu acredito que não exista
sensibilidade feminina, assim como não há sensibilidade masculina. Só temos
sensibilidade! Escutamos! Enxergamos! Será que todo homem, mulher, pessoa
enfim, não carrega dentro de si uma sensibilidade gritante?
É igual falar de mulheres fortes... Não seria
melhor falar só de mulheres?
Minha vó Tereza teve 6 filhos. Criou mais 6,
da irmã dela. Meu avô, de memória extremamente abençoada, morreu quando meu
pai, o caçulinha, tinha 6 anos... Criou sozinha 12 filhos. Isso é uma mulher
forte ou uma mulher?
Minha avó Rosinha teve “só” 5 filhos... Isso
faz dela menos forte, por acaso? Aliás, a força tem de ser algo que a gente vê?
Será que toda mulher, homem, pessoa enfim, não carrega dentro de si uma
fortaleza gigante?
A Força não seria inerente a toda pessoa
humana, igualzinho à sensibilidade? Não estariam elas ali, à espreita, só
esperando a hora certa de aflorar?
De repente a lágrima escorre, tão sensível e
forte quanto o mar!
Aliás, não estariam todas as características
humanas, tudo junto e misturado, dentro de cada pessoa, de cada indivíduo? Cada
uma delas mais ou menos desenvolvida, mas todas elas ali. É por isso, acho, que
a gente precisa do outro... De mãos dadas, todos juntos!
Lembra daquela musiquinha dos Saltimbancos,
Todos Juntos? Cada pessoa tem seus pontos fortes, mas também tem os seus pontos
fracos, e juntos, de mãos dadas, a gente consegue superar as questões da vida.
Ter fragilidades não é vergonha! Não oferecer
a mão que é!
Durante nossa existência cada uma dessas
nossas qualidades vai sendo desenvolvida, e, de acordo com o que a gente passa,
vai tomando protagonismo. Ou seja, elas vão dominando a nossa vida!
Durante a vida a gente tem várias vidas!
Não falam que cada dia tem sua agonia? Mas
esquecem de falar das delícias da superação. Agonia superada é alívio na
aflição. É vida... Cada dia tem sua agonia: uma oportunidade coletiva para as
delícias da vida!
Sempre penso muito em várias coisas...
A minha Ana Rosa vive reclamando que eu adoro
ficar no sofá, na quietude escura da meditação... Ela não! Ela é luz, é
bagunça, é música... E perfeitamente, como as peças de um quebra-cabeças que se
encaixam, nós fomos feitos um para o outro...
Vidas dentro da vida...
Sara foi filha, amiga, irmã, líder, madrasta
e mãe...
Ela teve, e tem, várias vidas dentro da
vida...
Várias existências dentro da existência que
ganham novos, e melhores, sabores quando de mãos dadas: uma filha precisa de um
pai assim como uma mãe precisa de um filho, e assim por diante!
Sara sempre esteve viva!
Sara sempre esteve de mãos dadas!
AS VIDAS DA MATRIARCA!
André
Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão
Social – FDUSP. Mestre em Economia Política - PUC/SP. Cientista Político -
Hillsdale College. Doutor em Economia - Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com
Instagram:
@andrenaves.def
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