Shana Tova u Metuka - UM ANO BOM E DOCE
Regina P Markus 18/09/2025, 25/Elul/5785
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| Iniciando um novo Ciclo SHANA TOVA |
Em quatro dias começará o ano de 5786. Uma época em que o BOM e o DOCE são desejados de forma protocolar e este ano com especial avidez. Época de introspecção. Contabilizar a vida pregressa com o objetivo de pavimentar o futuro. A experiência de sentar com amigos, comunidade e família em diferentes momentos protocolares é algo que permite parar momentaneamente o ciclo da vida.
O ritmo que no dia a dia é revestido de uma imponente regularidade. A noite que pode ser muito escura, um breu, como diziam os antigos aqui de São Paulo, ou estrelada e brilhante transmitindo mensagens coletivas e privadas. Um céu que fala ao coletivo e ao indivíduo.
Romper o ritmo. Fatos marcantes que abalam o dia a dia de cada indivíduo, comunidade, vizinhança, país e povo. Fatos marcantes que encerram a vida, ou que alteram o seu rumo. Para lidar com tanta variabilidade é necessário ter marcos em que cada ser vivo possa reajustar sua trajetória. A natureza nos premiou com o ciclo anual que rege a disponibilidade de alimentos, as estações do ano e ciclos mensais regidos pela dança dos astros. As fases da lua.
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. A imagem inicial mostra dois fatos que permitem seguirmos em frente. Quando imaginamos uma palmeira, vem em nossas mentes um caule reto, cuja altura permite calcular a idade da planta. Mas, ao olhar a fotografia acima, deparamos com um indivíduo que enfrentou intempéries e foi adaptando o seu crescimento. As curvas do caminho. Olhando o ano que se encerra, fica fácil entender o que são os empecilhos que fazem com que devamos nos adaptar para sobreviver.
A figura acima também traz uma segunda mensagem. Uma escultura feita de fios de prata entrelaçados com uma técnica milenar. Uma vestimenta que remonta a tempos antigos, longe da cultura ocidental. Segurando uma Torah dentro de uma caixa de prata e cantando. Podemos imediatamente identificar a Torah com um rito oriental. Sabemos que pequenas variações podem existir nos textos. Apesar de estarem presentes em comunidades muito diferentes, a base comum é mantida e segue em frente há milênios.
O Rabino Lord Jonathan Sacks disse: "O Povo Judeu é um povo disperso geograficamente, desunido por muitas opiniões divergentes dentro de cada ambiente." Como sobreviveu a tantos milênios, apesar das divergências? A resposta é a mesma dada por muitos e é brilhante! "Judaísmo é a única religião no mundo, única cultura, em que os textos canônicos são antologia de argumentos!"
Avraham, Moisés e os profetas desafiaram D'us. O que manteve o povo unido não foi a concordância, mas sim o comprometimento de manter a conversa. União não precisa ser baseada na uniformidade, mas sim na capacidade de não abandonar a discussão. Podemos ir mais além, a capacidade de criar argumentos novos a partir das discussões e mais ainda, registrar estas na forma de livros sagrados.
Rosh ha Shana, o momento em que usamos toda esta habilidade para discutir internamente e aprovar ou redirecionar trajetórias. Este período se estende até o final de Iom Kipur, o dia da Expiação, e um pouco mais, até Sucot e Simchat Torá quando são recebidos os Dez Mandamentos, é individual. A frequência nas sinagogas aumenta de forma exponencial, reunindo os que seguem regras montadas ao longo dos séculos e os que vivem de forma laica. Chama atenção que os judeus que rejeitam os princípios consideram que estes são dias para manifestarem-se. Argumentar e discutir! Não deixar de opinar!
Aqui vem a grande diferença dos que fazem a contabilidade individual de forma isolada. Ou em retiros em que a comunicação com outro ser humano é vetada. Rosh ha Shaná e Iom Kipur acontecem nas sinagogas para que possamos estar "ao lado de". A tradução para o hebraico é Al Iad. A última palavra significa mão. Portanto, estamos muito perto uns dos outros e mesmo assim mantemos a nossa individualidade.
Será este o grande segredo do Povo Judeu? Um povo que sobrevive há milênios. Um povo que sofre constantes perseguições e ataques. Um povo que teve a sua capital destruída pelos romanos no ano 70 da era comum e que desde então, por todos os países do mundo, tem um olhar para Jerusalém. Jerusalém, a Cidade Eterna, a cidade que pode a todos receber, mas que continua sendo a Capital Eterna do Povo Judeu. Assim, como é respeitada a individualidade entre as pessoas, a Muralha de Jerusalém tem várias portas que contam a sua história.
Vejam a imagem abaixo!
| Venham! Entrem nesta cidade que navega o tempo |
E nestes dias lembramos de nossos soldados (Raialeinu) e Ratufim e de todos que sofrem nesta guerra desencadeada em 7 de outubro de 2023. Que as portas do entendimento possam ser abertas e que, a exemplo do que foi declarado pelo Japão esta semana, seja dado o direito ao Povo de Israel de manter a sua terra ancestral.


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