Por Regina P. Markus
Mayim Achronim (Últimas Águas) é um site de propriedade de Efraim Palvanov um divulgador de judaísmo no You Tube, tendo escrito alguns livros sobre judaísmo. É professor em Toronto na Yeshivá Or Chaim e no Ulpan Orot. Nasceu na Rússia, emigrou para Israel e depois para o Canadá. Família judia, de origem sefaradi proporcionou uma vivência não ortodoxa. Sempre interessado em estudar e pesquisar, graduou-se em ciências e a seguir formou-se médico. O interesse pelo judaísmo e Kabalah aumenta com o correr dos anos. Compartilha com milhões de pessoas seus conhecimentos via YouTube.
Ao estudar a Parashá de Yitró (Shemot, Êxodos 18:1; 20:21) decide unir os dois conhecimentos de forma brilhante. Unir as Sefirot da Kabalah ao nosso organismo via moléculas que conversam entre si e dão um saber especial ao nosso ser é algo inspirador. É algo que une o sonho e a realidade.
Os neurotransmissores presentes em maior quantidade são glutamato e gaba. O primeiro responsável por ações positivas, excitatórias e o segundo como um regulador negativo, inibitório. Estes foram colocados na parte central nas sefirot Chessed e Guevura. Para balancear entre o que excita e o que inibe há necessidade de uma ação motora consciente. A acetilcolina que é o transmissor que promove a atividade dos músculos esqueléticos, que permite nossa locomoção controlada pela vontade e pelo querer faz o balanço entre excitar e inibir de forma inconsciente. A vontade e a presença são capazes de balancear. Ampliando a conexão entre o involuntário e o voluntário, a própria acetilcolina é o neurotransmissor que reduz a frequência cardíaca, com isso modulando o coração.
Descendo em direção ao Reino Terrestre encontramos a norepinefrina e epinefrina, mais conhecidas no Brasil como noradrenalia e adrenalina. Força, energia, alerta. No lado esquerdo vemos um neurotransmissor que leva as mensagens do sistema nervoso simpático e que envia mensagens do cérebro para todos os órgãos vitais, adaptando nosso organismo para a atividade. Já a adrenalina é um hormônio, liberado no sangue para energizar todo o organismo. Netsar (Vitoria) e Hod (Glória).
Quanta agitação, quanta energia sendo produzida e gasta! Para balancear este momento, e para podermos entrar com calma no Reino terrestre chega a endorfina, a morfina produzida pelo nosso organismo. Reduz a dor, acalma e ajuda a focar (Yessod).
Chegamos à sefirá Malchut, que representa o Reino Terrestre. O neurotransmissor dopamina, que está conectado a aprendizado, memória e integração. Disfunções dopaminérgicas podem ser a base de depressão.
Olhamos para cima e vemos Keter - a coroa, o reino dos céus. Como partimos das Sefirot Guevurá e Chessed, as regidas pelos neurotransmissores GABA e glutamato, temos que passar por Biná e Chochmá (Rormá). Biná foi traduzida biologicamente pelo hormônio de tecido / neurotransmissor ocitocina. Esta é a subtância liberada na hora do parto, regendo a saída do feto do útero materno e sua entrada no mundo terrestre. Esta é a substância que promove a produção e liberação do leite. Esta é a substância que traz o novo ser ao mundo e que provê sua alimentação no início da vida. De geração em geração, aleluia.
No lado direito, na sefirá dedicada aos pais, encontramos a histamina. Por muitos anos ligada apenas aos processos alérgicos, hoje sabemos que é um importante neurotransmissor relacionado com a ereção. E muito mais. Nestas duas sefirot vejo o quanto o homem e a mulher formam uma dupla que unida é capaz de alcançar o nível mais alto. E para tanto vejo reservado a neurotransmissor serotonina, que é o precursor da melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal.
Este hormônio tem um tempo de vida muito curto, o que é muito adequado para um mensageiro do tempo e um equalizador. Sua síntese é controlada por muitos fatores e deve aparecer e desaparecer rapidamente. Um mensageiro que entrega a informação e sai de cena. Conecta os dias, conecta as estações do ano e participa de processos de defesa. Melatonina é produzida por todas as células do organismo, exercendo funções locais importantes. E é produzida à noite pela glândula pineal.
Dando um salto do texto do Professor Efraim Palvanov para os textos encontrados no site Sefaria, produzido em homenagem ao Rabino Jonathan Sacks encontro o seguinte:
Superinteressante Re! Conectando conexões e a vida é isso...
ResponderExcluirOi Marcela - super obrigada - este tema foi fascinante e hoje estou no outro lado do planeta. Em Campina Grande, Paraíba, para assistir o Shabat na Sinagoga Branca Dias. Um centro de Bnei Anussim.
ExcluirGrande texto. Sempre descobrindo novos horizontes com você, Regina. Parabéns Ita
ResponderExcluirAqui Mauro: estou impressionado! Eshtanamidia é cultura na veia! Mas fica uma pergunta: por que a melatonina costuma ser associada ao sono, além do fato de ser produzida à noite?
ResponderExcluirMauro, em humanos e outros animais de hábito diurno, a melatonina abre os chamados "portões do sono". Uma sequencia de neurônios que comunicam os dois hemisférios cerebrais. Com isso facilita que os sinais que iniciam o sono e facilitam a sequencia eo mesmo possam atuar com mais eficiência. No entanto, excesso de melatonina promove o efeito contrário e pode apresentar vários efeitos colaterais. O mecanismo está relacionado com a dessensibilização dos receptores de melatonina.
ExcluirAlô Regina, que texto legal e instigante, aliás muito instigante, digno de uma cientista, parabnes!! Gostei bastante!! ( Saul F. Bekin)
ResponderExcluirSaul, este texto foi realmente a união dos meus dois mundos. Estava em um Congresso do Clube das Purinas. ATP, a grande invenção do vivo para produzir e gastar energia sem gerar calor excessivo foi a inspiração. Encontrar os escritos de Efraim Palvanov foi uma sorte.
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