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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

EDITORIAL - 100 anos da Declaração Balfour




02 de novembro de 1917



Prezado Lord Rothschild,
        É com grande prazer que envio a Vossa Senhoria, em nome do Governo de Sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia com as aspirações judaico-sionistas, que foi submetida e aprovada pelo ministério.
        "O Governo de Sua Majestade vê com bons olhos o estabelecimento na Palestina de um Lar Nacional para o Povo Judeu e fará seus melhores esforços para facilitar a realização deste objetivo, ficando claramente entendido que nada deve ser feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na Palestina, ou os direitos e status político disfrutado pelos judeus em qualquer outro país." 
        Ficaria agradecido se Vossa Senhoria levasse esta Declaração ao conhecimento da Federação Sionista.


Sinceramente,
Arthur James Balfour



A Declaração Balfour, de algumas poucas linhas, que ao final da Ia Guerra Mundial dava esperança a um povo que quase dois mil anos antes havia sido levado ao exílio pelos romanos, e ao contrário do todas as probabilidades, sobrevivera disperso no seio de muitas nações.
Perseguições e discriminações serviram de energia para um empoderamento baseado na transmissão de conhecimento de geração em geração e, principalmente, na capacidade de se adaptar.


Por todos estes milênios, uma frase era repetida ao longo dos anos, e a cada ano ao redor da mesa em cada casa judia: "O Ano que vem em Jerusalém". Um olhar para Sion, um olhar para a Terra de Israel. No final do século XIX, com o recrudescimento das perseguições, surge com Theodor Herzl o sionismo político que visa o restabelecimento de um Lar Judaico. Um local onde os judeus pudessem definir o seu destino, um lugar que lhes permitisse pudesse ser chamado de uma nação com território chamada de estado e assim, compor com os demais estados do mundo.


Entre as lideranças que iniciaram ou se juntaram a este movimento muito no início do século estavam o banqueiro e zoólogo Barão Lionel Walter Rothschild de Londres e o cientista e sionista Chaim Weizmann, que como químico desenvolveu o processo de obtenção de acetona através da fermentação bacteriana, e que mais tarde no futuro foi um dos criadores do Instituto de Pesquisa Weizmann de Israel e seu primeiro Presidente. Weizmann também foi um personagem muito importante para conseguir que o Ministério do Exterior Britânico emitisse esta declaração pelo jornalista Nahum Sokolov. Como Weizmann, vindo do leste europeu, Sokolov foi uma dos primeiros jornalistas a escrever em hebraico; Ha-Zefirah fez parte do renascimento do hebraico como idioma vivo. Avenida Sokolov: israelenses de várias cidades conhecem uma avenida com este nome, mas a maioria não sabe que este poliglota conversou com diplomatas franceses, italianos e americanos, com o Papa Bento XV e com várias lideranças para permitir que fosse redigida de forma sucinta e direta a carta que Balfour encaminhou para Lord Rothschild contendo o compromisso britânico com o futuro Lar Judaico.


Nestes anos já se discutia os tratados do final da 1ª guerra mundial e a divisão das terras do Império Otomano. Terras que iam da Turquia ao Iraque, incluindo o que hoje conhecemos como Síria, Líbano, Jordânia, Iraque, Iêmen, Arábia Saudita, Emirados Árabes e o Estado de Israel. Todas estas terras foram divididas entre a França e a Inglaterra, e foi um pouco mais tarde criado o Mandato da Palestina, sob domínio inglês e os auspícios da Liga das Nações. Sem a pretensão de refazer uma história que tem sido objeto de muitos estudos, esta semana quando se comemora 100 anos da Declaração Balfour queremos lembrar de dois pontos: o primeiro é que foi a primeira declaração oficial que reconhecia a importância de um Lar Nacional Judaico, e o segundo é que esta declaração feita em 1917 mostra que o mundo espreitava que a situação política judaica deveria ser modificada.
Apesar de não ter sido suficiente para evitar a tragédia do Holocausto, foi um passo relevante para a criação do moderno Estado de Israel. Revisitando e reverenciando atos passados, e avaliando suas consequências, podemos desenhar perspectivas futuras.








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