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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

VOCÊ SABIA? - Barão Moritz von Hirsch


Você sabia que o Barão Moritz von Hirsch, maior filantropo judeu de todos os tempos, responsável por ter salvo um número expressivo de judeus das misérias e perseguições religiosas na Europa, ao perder seu filho Lucien por problemas pulmonares aos 31 anos de idade, declarou: “Meu filho eu perdi, mas não meu herdeiro. A humanidade é minha herdeira!”?
Barão Hirsch e sua esposa Clara dedicaram-se com empenho a causas sociais, condoídos com a miséria e os sofrimentos dos judeus desamparados e sujeitos a perseguições religiosas pelos governantes das terras onde se encontravam.

Esta é a história de um homem dinâmico, inteligente, milionário e empreendedor que soube compadecer-se de seus semelhantes injustiçados, carentes e sem perspectivas de uma vida melhor, mais digna e humana.


“Maurice de Hirsch nasceu a 9 de dezembro de 1831 em Munique. A situação de sua família contrastava com a pobreza e as limitações impostas à grande maioria das comunidades judaicas da Europa do século 19.
O avô entrou para a história como primeiro judeu a possuir terras na Bavária; seu pai, banqueiro, recebeu o título de barão em 1869. A mãe, Karoline Wertheimer, responsabilizava-se por supervisionar que o filho recebesse aulas densas de hebraico e de judaísmo.
Hirsch ampliou os horizontes financeiros de sua família e segundo algumas estimativas, chegou a ter uma das cinco maiores fortunas da Europa naquele momento. O século 19 apresentava como um dos empreendimentos mais cobiçados e rentáveis a construção e exploração de estradas de ferro. E, dono de visão aguda, o barão Hirsch percebeu uma oportunidade dourada em paragens orientais do continente. Mergulhou, em 1869, na construção de uma ferrovia entre duas importantes capitais imperiais: Viena e Istambul (Constantinopla).
O grande empreendedor judeu se aproximou muito das autoridades otomanas.
Além dos recursos acumulados nas finanças e no mercado de açúcar e de cobre, o patrimônio do barão Hirsch listava a administração de ferrovias que incluiu a origem da lendária Orient-Express.”

E foi em suas andanças pela Turquia que ele percebeu com tristeza e aflição a miséria de seu povo, o povo judeu. Ao contrário do que se esperaria, Hirsch compadeceu-se mais com a vida miserável dos judeus da Turquia do que com os da Europa do Leste e Central.
Também sua preocupação cresceu ao perceber as perseguições cometidas pelas tropas do Czar às pequenas aldeias russas, os shtetls.
Em 1881, o Czar Alexandre II foi assassinado e como consequência ocorreram terríveis progroms, levando os judeus russos a fugirem desesperadamente para as fronteiras alemãs.
Constatando o que acontecia na Rússia, o Barão Hirsch cada vez mais procurava soluções para os sofrimentos de seu povo. Iniciou-se assim a sua grande ajuda filantrópica em prol deste povo.
Tentou negociar repetidamente com o poder czarista, com o intuito de melhorar a vida dos judeus na Rússia e como não obtivesses resultados satisfatórios, passou a acreditar que não havia mais chances para os judeus no Velho Mundo, voltando então seus olhos para as Américas.
Em 1889 foi fundada a colônia de Moisesville (homenagem ao Barão, cognominado o Moisés das Américas) em Santa Fé, Argentina, em terras adquiridas por Hirsch em parceria com o projeto colonizador de um otimista judeu lá radicado, Wilhelm Loewenthal.
Em 1890 havia na nova colônia argentina 68 famílias emigradas ocupando 4350 hectares de terras adquiridas pelo Barão Hirsch.



No livro “Em terras gaúchas -  A história da imigração judaico-alemã”, Gladis Blumenthal relata que a imigração judaica no Brasil teve início em 1904, cinco anos após a proclamação da República.
Por via marítima, com o auxílio financeiro, interesse, determinação e repetidos esforços do Barão Hirsch, chegam ao sul do país os primeiros membros da comunidade judaica e logo são alocados no centro do estado do Rio Grande do Sul, criando a colônia judaica “Philippson“, em terras compradas pela Jewish Colonization Association – JCA.


Entre 1911 e 1912 é fundada a colônia Quatro Irmãos, com famílias advindas da Argentina e outras emigradas da Bessarábia. No ano seguinte, cento e cinqüenta famílias da Rússia unem-se aos habitantes de Quatro Irmãos.
Em 1926 surge a colônia Barão Hirsch com judeus da Lituânia e Polônia.
Logo em seguida, outras colônias foram fundadas: Clara, com aproximadamente 60 famílias também vindas da Polônia e Lituânia, e colônias Pampa e Rio Padre com famílias da Lituânia.
Entre os anos 1920 e 1930 vieram contingentes de Sefaradis de origem turca que se estabeleceram em núcleos urbanos, assim como grupos de jovens solteiros, do sexo masculino, vindos da Europa Oriental, radicando-se nas mesmas áreas.


 A jovem JCA acreditava nas chances de reabilitar os judeus do leste europeu, seguindo cuidadosamente o objetivo definido em seu estatuto:
“Ajudar e promover a emigração de judeus de qualquer parte da Europa ou da Ásia – e principalmente de países nos quais eles podem estar sujeitos a qualquer tributação especial ou limitações políticas ou de outra natureza – para qualquer parte do mundo, e formar e estabelecer colônias em várias partes da América do Norte e do Sul e outros países, para fins agrícolas, comerciais ou outros”. 
Ao criar colônias agrícolas em terras por ele compradas, os objetivos de Hirsch nada mais eram do que contribuir para a “regeneração” do povo judeu e acabar com o antissemitismo.
“Maurice de Hirsch patrocinou um amplo leque de iniciativas filantrópicas responsáveis pela construção de comunidades e escolas judaicas a partir do século 19 em locais tão distintos como Brasil, Israel, Estados Unidos, Turquia, Argentina e Canadá. Uma trajetória impressionante que lhe valeu o epíteto de “o Barão da Tzedacá”.
A mão do barão Hirsch deixou marcas indeléveis na história da comunidade judaica brasileira.
Fundou em 1891, na capital britânica, a Jewish Colonization Association, conhecida pela sigla JCA, envolvida na imigração de judeus da Europa oriental, para viver no Rio Grande do Sul no começo do século passado.”


Após muitas viagens, projetos, estudos e trabalhos, em 21 de abril de 1896 o Barão Hirsch faleceu na Europa.
Nas Américas, o jornal The New York Times deu a notícia de sua morte, ressaltando a sua generosidade e obstinação:
 “Sua filantropia era tão ilimitada quanto sua fortuna.”


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do grupo Esh Tamid.

FONTES
Pierre Assouline "A Megillah do Barão M. de Hirsch ou a Glória da Filantropia"
Dominique Frischer "Le Moise dês Ameriques – Baron de Hirsch" - 2002
Gladis Blumenthal "Em terras gaúchas – A História da Imigração Judaico-Alemã"

Um comentário:

  1. Tem algum livro publicado sobre a família do Barão?
    ladislau@brett.com
    Grato
    Ladislau

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