Você sabia que a série Shtisel, escrita pela dupla magistral Ori Elon - Yehonatan Indursky e dirigida por Alon Zingman, é reconhecida como uma das melhores séries da televisão israelense pela extraordinária qualidade de produção e pela projeção internacional da história?
Para os leitores desta coluna que ainda não penetraram na fantasia do mundo Shtisel, a novela gravita em torno de uma família imaginária em um bairro de Haredim, de judeus ortodoxos, em Jerusalém.
O patriarca Shulem Shtisel, professor em uma escola religiosa local, recentemente viúvo, vive com seu filho solteiro, Akiva, um rapaz frustrado, artista nato, dono de grande talento para lápis e pincéis, que não consegue conciliar seu dom artístico ao mundo religioso, estreito e cheio de leis em que foi criado. Akiva ainda debate-se com a constante interferência dos casamenteiros do bairro e parentes próximos, cheios de boa vontade, que procuram apresentá-lo a possíveis noivas, sem conhecer suas reais aspirações.
A imensa e vibrante família apresenta-nos uma simpática velhinha, Bubby, a avó, residente em um Lar para idosos após a morte do marido, onde descobre com grata surpresa a TV e seus inúmeros programas. Em pouco tempo ela se apaixona pelo novo objeto, deixa-se seduzir pelas novidades televisivas e chega ao ponto de rezar pelos personagens das novelas.
Através de suas conversas com seus filhos, netos e residentes do Lar, Bubby transmite lições de vida, aconselha os que sofrem e acrescenta humor às cenas, com suas palavras e narrativas.
Giti, a filha casada de Shulem, demonstra uma grande vontade de lutar pela dignidade de sua família e de seus cinco filhos, ao ser abandonada pelo marido que vai a trabalho para a Argentina e lá tenta abandonar a religião e o passado. Sua filha adolescente é a que mais sofre, mas mesmo assim procura aliviar as saudades que os irmãos sentem do pai distante. Dotada de um generoso coração, a jovem tenta auxiliar também um estudante de yeshiva que tem dificuldades em se concentrar nos textos sagrados.
Shulem tem outros filhos e netos, todos sujeitos às suas influências de pai, educador e personalidade dominadora. Cada capítulo nos enriquece com as relações e conversa dos familiares, as emoções dos acontecimentos diários e dos imprevistos, tudo ambientado no universo Haredi.
“A série foi ao ar pela primeira vez em Israel em junho de 2013, com ambas as temporadas alcançando sucesso e aclamação da crítica. Estes incluíram 11 Israeli TV Awards para sua temporada inaugural (incluindo Melhor Drama, Melhor Ator, Melhor Diretor e Melhor Roteiro para a 1ª Temporada), seguidos de seis prêmios em 2015 (incluindo Melhor Ator e Melhor Atriz para a 2ª Temporada)."
Durante 2 temporadas e 24 episódios, a série Shtisel virou “the talk of the town” ou seja, o assunto da cidade.
Os atores, nenhum de religião ortodoxa, durante algumas semanas observaram discretamente as atividades nos bairros de Gueula e Mea Sharim, e a movimentação de seus habitantes. Suas atuações na série são realmente dignas de louvor. Nadav Palti, o CEO e presidente da Dori Medi Group, responsável pela criação da série, ficou muito feliz ao vender Shtisel para a Netflix depois do grande sucesso nacional alcançado pela série em 5 anos.
Os dois excelentes escritores reuniram-se em um restaurante com preços módicos no bairro de Gueula para conversar. Gostaram tanto do nome do mesmo, Shtisel, que decidiram: "independente do que escrevermos, o nome será Shtisel. Este nome soa muito bem."
Ao ver as imagens do seriado, desde o final de 2018 na Netflix com projeção mundial, os espectadores pensam que imergirão em um mundo diferente, hermético, inacessível. Um mundo sem comunicação com o deles!
Ledo engano...
Assistamos a este curto vídeo de introdução de Shtitsel acompanhado da bela melodia, criada pelo diretor Alon, um “niggun" - peça musical que, para a alegria de seu compositor, encanta tanto Haredim como não-religiosos:
É quando, para surpresa de todos, surgem as cenas familiares cheias de amor e companheirismo, as disputas entre irmãos, a luta pela sobrevivência digna, tristezas e muita música para celebrar os momentos importantes do dia a dia.
Como expressou um amigo meu, esta série mostra que atrás das barbas e “peiot”, cachos laterais dos judeus, há modernidade, jovens em desenvolvimento, internet, negócios e assuntos de coração. Gente como a gente, os Haredim apreciam sua maneira de viver, seus descendentes e amigos. Valorizam suas famílias, suas conquistas, seus sucessos. São simplesmente humanos.
A religião não desponta como um problema, eles obedecem suas leis, fazem suas orações e mitzvot (boas ações), apaixonam-se, casam, têm filhos e acesso ao divórcio.
A série pode ter alguns exageros, mas consegue mostrar fortalezas de debilidades de um setor da sociedade como em qualquer outro.
Segundo a Torah, há 613 mitzvot - mandamentos - ordenados por Deus.
Na tragédia de Brumadinho, várias pessoas não entenderam a ação de Israel ao enviar mais de 130 especialistas em resgate em inundações à área da catástrofe ambiental. Alguns até criticaram, outros ridicularizaram o trabalho e os equipamentos utilizados pelos israelenses. Houve quem ousasse servir-se da situação dramática para trazer a política à tona.
Israel estava simplesmente cumprindo uma mitzvá ao ajudar seres humanos em hora de dor e necessidade.
Shimon, o Justo, afirmava: “Sobre três coisas se sustenta o mundo: o estudo da Torá, o Serviço Divino e os atos de bondade."
Pirkei Avot
Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.
FONTES:
https://pt.chabad.org/library/ article_cdo/aid/3128097/ jewish/Conceitos-Os-Trs- Pilares-do-Judasmo.htm
acho o mundo dos ultra ortodoxos muito fechado, muito pouco ligado a vida civil dos demais, quase num nível de doença coletiva, pois muitos seguem vivendo como se vivia no século 19 e isto não cabe mais nos dias de hoje. Falta interação com o mundo fora de seus muros. Akiva e a avó representam um pouco do mundo externo num Israel do século 21. Só eles. finalmente o Shulem tem um nivel de tolerância bastante amplo o que atenua o ultra ortodoxismo da comunidade. Seria melhor ver os haredim servindo ao exército, se comunicando com os diferentes, enfim......saíssem de seus muros e se abrissem pros judeus em geral já que chegam a considerar que não são judeus os que não o fazem como eles.
ResponderExcluirIvone, não quero argumentar contigo, porque apenas estaríamos fazendo contrapontos. Os haredims existem, e como todos os blocos fechados, as nuances internas que permitem pontos de aproximação nunca são revelados. Este filme traz um pouco de um outro olhar desta sociedade que ganhou relevância à medida que tem expressão política. Muito bom ter sua opinião neste blog. Vamos continuar nos lendo no mesmo "bat canal".
ExcluirEU ADOREI O SERIADO, SEM DÚVIDA, ADOREI!
ResponderExcluirSérie sensacional. Sensível e inovadora. Ótimo roteiro e fotografia impecável!
ResponderExcluirDesculpem-me por minha ignorância, mas eu gostaria de saber por que um ortodoxo pode fumar. A mim parece incoerência, já que nem os não-ortodoxos deveriam fumar, pelos males que isto causa aos fumantes e aos outros próximos.
ResponderExcluirCesar, nós do EshTanaMidia temos uma postura religiosa liberal, chamada “reformista” e portanto não respondemos em nome das posturas incluídas no que denominamos de “ortodoxia” ou "ultraortodoxia", há uma grande variedade de posturas religiosas dentro do próprio judaísmo ; dito isto, não há proibição a fumar em nenhuma fonte judaica - apenas no Shabat não seria coerente porque os “ortodoxos” não acendem, nem apagam, fogo ou luzes. Caso seja do teu interesse, podemos indicar instituições que lhe podem introduzir ao pensamento que denominamos de “ortodoxo”. Abraço
ExcluirSerie muito sensível e inteligente com atores de primeiríssima linha. Recomendo fortemente.
ResponderExcluirSÉRIE NOTÁVEL... DRAMATICIDADE IMPECÁVEL. CERTAMENTE FOI UM TESOURO QUE ACHEI NO MEIO DAS SÉRIES NETFLIX E FIQUEI HORAS VENDO E ADMIRANDO A PRODUÇÃO. MAS FIQUEI DESOLADA QUANDO VI AKIVE E LIBBI SENTADOS NO BANCO E FOI O FIM DA SÉRIE. FIQUEI PROCURANDO EM TODA NETFLIX, MAS VI NO GOOGLE QUE AINDA ESTÃO NOS ULTIMOS ACERTOS PARA A 3º TEMPORADA
ResponderExcluirAssisti recentemente essa série maravilhosa! Produção impecável, roteiro e atores que proporcionaram um aprendizado sensível e profundo e uma imersão numa cultura que admiro muito. Adorei! Fiquei com gostinho de quero mais!
ResponderExcluirLinda série, sensivel. Gostaria de saber o que aconteceu com o CACHORRINHO.
ResponderExcluirEsta série é realmente muito boa e recomendo que assistam na sequência a minissérie "Nada Ortodoxa", onde podemos acompanhar a evolução da atriz Shira Haas.
ResponderExcluirAmei a série, conhecer culturas diferentes, esperando nova temporada!!!
ResponderExcluirSerie muito interessente, não consegui parar de assistir. Fiquei muito ansiosa pela continuacao, espero que não demore. Atores com atuação impecável, me.senti dentro do filme.
ResponderExcluirSérie leve e feita para todas as idades.sem cenas inadequadas.
ResponderExcluirGostei muito de conhecer parte dessa cultura.
ResponderExcluirAguardando terceira temporada !
Gostaria de saber qual é o nome da canção que a Giti toca no acordeon numa cena em torno da mesa com o pai, kiva e filhos.
ResponderExcluirAcabei de ver. Como é bom conhecer outra cultura sem a preocupação de criticar ou julgar. Ultraortodoxos tão rigorosos, mas com seus sentimentos e sujeitos a erros com qualquer humano. Amei!....
ResponderExcluirExcelente mesmo essa Série. Estou assistindo agora a terceira temporada.Mas, gostaria de saber qual o nome da valsinha que Giti executa no acordeon, na segunda temporada.
ResponderExcluirEstou viciada nesta série. Achei esse tesouro na NETFLIX. Me identifico muito ali naquela familia, ainda que distante da região Israel mas nos valores e vivencias
ResponderExcluirGente mudaram a atriz que é a mãe do Shulem da segunda temporada?
ResponderExcluirAcabei de perceber isso agora! Sim
ExcluirQual o pintor dos quadros da série?
ResponderExcluirSem dúvida, uma obra prima em se tratando de dramaturgia, diálogos, sentimentos implícitos, troca de olhares, toca o coração em muitos aspectos.
ResponderExcluirGostaria muito de saber qual é o nome do pintor que fez os quadros lindos do Hakiva.
ResponderExcluirMaravilhosa. Humana.
ResponderExcluirSuper recomendo! Sentimentos universais e dilemas humanos com toque de cultura milenar; parabéns a todos
ResponderExcluirPorque trocaram a avó nde Akiva? A outra era melhor. Estou amando a série.
ResponderExcluirMaravilhosa a série, muito sensível, detalhista e com uma linda trilha sonora. Alguém sabe dizer porque no episódio em que Shulem visita a filha na cidade vizinha o genro afirma da impossibilidade da restauração do pergaminho da tora (Shulem chamava de bebê) e que aquilo seria sem efeito?!?
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