Sam Shulman: Tripulante voluntário do “Exodus 1947”, navio histórico
que tentou furar o bloqueio naval na Palestina levando sobreviventes do
Holocausto à terra prometida.
Você sabia que Sam Shulman, o último tripulante
sobrevivente do famoso e lendário navio “Exodus 1947”, morreu recentemente, em julho
de 2019, aos 91 anos de idade?
Após sobreviver ao Holocausto, depois de encerrada a
Segunda Guerra, Shulman dedicou-se à voluntária tarefa de resgatar milhares de
judeus da Europa tentando levá-los para a Palestina, ainda antes da criação do
Estado de Israel.
Ao ouvir falar do navio que partiria de Baltimore para
levar os judeus sobreviventes à Palestina, Shulman se apresentou no porto e
começou seu trabalho já ajudando nos consertos da velha embarcação. Outro
detalhe significante foi a construção de mais de 4.500 beliches para
passageiros poderem dormir com conforto durante a viagem. Finalmente o barco
estava pronto para sua missão.
Sam Shulman em 1947
|
Ao acabar a Guerra em 1945, a imigração ilegal foi a
maneira de burlar a severa política do Reino Unido que permitia a entrada de
apenas algumas centenas de refugiados judeus por mês na Palestina, controlada
por eles, britânicos.
Assim, entre 1946 e 1948, aconteceram mais de 60 Aliya Bet - assim foi chamada a
operação de trazer imigrantes ilegais para Israel – apesar de poucos refugiados conseguirem chegar
à terra. Os passageiros eram apreendidos antes de descer dos barcos e enviados
para campos de detenção no Chipre.
Os refugiados do Exodus, mais de 4500 sobreviventes do
Holocausto, viveram perigosas peripécias marítimas e ataques dos britânicos e ao
chegarem ao seu esperado destino, foram colocados em 3 navios de prisioneiros
em Haifa e enviados de volta à Europa. Na França, em Séte, lugar onde haviam
embarcado, todos se recusaram a desembarcar. Após um mês, foram enviados para
Alemanha, onde desembarcaram e foram colocados em campos de detenção. Porém, com
a declaração do Estado de Israel, muitos passageiros do Exodus conseguiram
voltar a Israel como imigrantes legais e entrar no país.
Ruth Gruber, jornalista americana, autora de “Exodus
1947: O Navio que Lançou Uma Nação”, revelou ao mundo o drama triste dos
imigrantes e mostrou as dificuldades dos tripulantes do Exodus para furar o
bloqueio naval e as atrocidades cometidas contra os indefesos passageiros,
influenciando os acontecimentos que levariam à criação do Estado de Israel em
1948.
Como todo sobrevivente do Holocausto, Shulman tinha uma
história grandiosa para contar.
Filho de pais judeus poloneses, nasceu em 1928 em
Indiana e ao morrer seu pai, seguiu para Varsóvia com a mãe Sarah que desejava
ficar perto de sua família. Com o novo casamento da mãe foram os três para
Paris, na França. Em 1939, quando a guerra estourou e os alemães invadiram a
Polônia, Sam tinha 11 anos e frequentava a escola francesa. Em 1940 os alemães
invadiram a França, apoderando-se de Paris. O padastro de Sam estava em viagem
de negócios e não pôde voltar para a Europa. Devido às dificuldades e
humilhações impostas aos judeus pelos nazistas, Shulman e Sarah, com a ajuda de
uma agência judaica, esconderam-se em uma cidadezinha rural chamada Pionnat
onde residiram por 3 anos, encobertos pelo pároco e habitantes locais até o fim
da guerra.
De volta aos Estados Unidos, agora em Nova York, mãe e
filho recomeçaram a vida. Sam alistou-se ao grupo de voluntários que tentava
levar os refugiados europeus para Israel.
Quando sua mãe soube de seu intento tentou demovê-lo: “Por
que vais te voluntariar, sabes que podes não voltar, és meu único filho!”
Mas Sam sabia o que queria. Ele sabia que desejava
ajudar seu povo, sentia que devia ir.
Assim ele partiu, e além do Exodus 1947, Sam participou
de tentativas similares nos barcos Pan Crescent e Pan York.
Após um ano em Israel onde lutou junto aos seus irmãos
na Guerra da Independência, ele retornou ao seu país de nascimento onde
continuou a ser o generoso homem que sempre foi.
Uma vez referindo-se à sua função de ajudar os imigrantes
judeus a entrarem em Israel, ele falou:
“Tenho orgulho
do papel que eu desempenhei. Aqueles foram dias importantes de minha vida.”
Sam Shulman é o da esquerda |
Assistamos agora a este pequeno vídeo de 4 minutos onde
com muita clareza e determinação Shulman narra os acontecimentos que vivenciou
em sua missão junto aos sobreviventes do Holocausto.
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os nossos canais.
FONTES:
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