VOCÊ SABIA que o escritor americano Stan Lee,
criador de mais de 361 personagens de quadrinhos - entre eles Spider Man - era
filho de judeus romenos, um menino pobre nascido em Nova York que desde cedo teve
de encarar as dificuldades da vida e as consequências da Grande Depressão?
Stanley Martin Lieber, o famoso e genial Stan Lee, produziu
uma gama incrível de personagens - seres notáveis, humanos com poderes, anti-heróis,
jornalistas mal-humorados - criando a satisfação e produzindo a tão valorizada
catarse do teatro grego no espírito de seus admiradores.
Stan Lee nasceu em 28 de dezembro de 1922 de pais
recém-chegados da Europa: o pai um competente alfaiate e a mãe uma dedicada
dona de casa. Viviam em um pequeno e acanhado apartamento que teve de ser substituído
por algo menor ainda com a chegada da crise em 1929 e o consequente desemprego
de seu pai.
Aos 9 anos nosso quadrinista ganhou um irmão,
acontecimento que deixou a família ainda mais abalada financeiramente.
Em sua autobiografia “Excelsior” (“Majestoso”, um
termo que Lee colocava em tudo que apreciava), ele descreve o sofrimento que
esta situação de pobreza lhe infringia:
“É um sentimento de que a coisa mais importante
para um homem é ter trabalho pra fazer, estar ocupado, ser útil”.
Aos 16 anos obteve seu primeiro emprego escrevendo
desde obituários para jornais até propagandas para hospitais.
“O primeiro grande
serviço foi fruto de sorte: uma prima havia acabado de se casar com Martin
Goodman, dono da Timely, uma editora que estava surfando na nova onda dos
quadrinhos que começava a ser formada. Passou a escrever roteiros para a
empresa, assinando Stan Lee.
Pegou o gosto. Começou a
observar quadrinistas que estavam desenvolvendo trabalhos interessantes:
Carl Burgos havia criado
uma história sobre um homem que pegava fogo, apelidado de Tocha Humana, Bill
Everett escreveu sobre Namor, um príncipe submarino, Joe Simon e Jack Kirby
contaram a história de um soldado que lutava contra o nazismo: Capitão América.
Só que a dupla se
desentendeu com Goodman. O chefão acabou sem ninguém para cuidar do
departamento de quadrinhos da Timely. “Ele virou pra mim e perguntou, ‘Você
consegue fazer isso?’. Eu tinha 17 anos. O que você sabe quando tem 17 anos?
Falei ‘Claro, eu consigo.” “Martin deve
ter esquecido de mim, porque ele simplesmente me deixou por lá. E eu amei ser o
novo editor”.
A questão é que a Timely
não era exatamente fãs de super-heróis. Goodman era fã mesmo de dinheiro e
usava os quadrinhos para ganhar uma grana com cada tendência que aparecia. A
concorrência começava a vender bem gibis sobre faroestes? Lee tinha que bolar
um bang bang em suas páginas. Histórias de terror estavam lotando bancas? Então
Stan tinha que assustar alguns leitores por aí. Lee não amava essas tramas –
mas tinha o dinheiro, e não queria sair para ficar desempregado (vale lembrar
aqui o trauma que o pai sem trabalho lhe deixou), então segurou a bronca. Por
20 anos. E aí realmente ele cansou.”
Lee falou à sua esposa que ia se demitir e ela o aconselhou
a escrever suas próprias histórias como sempre desejou e esperar ser demitido. Ele
concordou, criou livremente, e nunca foi demitido, pelo contrário!
Criou sua equipe, o Quarteto Fantástico,
apresentando heróis já não tão super heróis, humanos com poderes, uma família
disfuncional.
Vendeu excepcionalmente bem, estímulo que levou Lee
a criar novos valentes como Hulk, X-Man, Homem Aranha - personagens estes que o
levaram à fama.
Martin então trocou o nome da empresa para Marvel,
inspirado em uma de suas HQs, “The Marvelous Tales”, com a figura mitológica de
“Tocha Humana”.
Mais tarde Martin decidiu parar e vendeu a empresa,
mas os acionistas exigiram a presença de Lee como o grande chefe da principal
editora de quadrinhos do país.
Lee agora era dono de sua criatividade, livre para soltar
as rédeas de sua imaginação.
Tudo isto em paralelo com seu casamento com Joan
Clayton, nascimento de sua filha Joan Celia e sua participação na Segunda
Guerra em 1941, após seu país ter sido atacado mortalmente em Pearl Harbor.
Stan Lee com filha e esposa.
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Apesar de seu sucesso indiscutível, Lee teve
dificuldades com seus desenhistas que o acusavam de receber todos os créditos
por seus trabalhos. Ao ser entrevistado pela BBC em 2007, Lee expôs sua opinião:
“Eu
realmente acredito que o cara que sonhou com algo, é seu criador! Você idealiza
isso e pede para alguém desenhá-lo...”
Ao que o repórter sugeriu: e se outra pessoa
tivesse desenhado os personagens e eles não tivessem obtido o sucesso que
alcançaram? “Então eu teria criado algo que não fez sucesso”, foi a resposta de
Lee.
Falar em Lee é falar também nos bilhões de dólares que recebeu com sua
arte e dedicação.
Ele viveu 95 anos sempre encantado com seu trabalho, sempre disposto a
inovar, sempre presente quando necessário, sempre feliz ao receber o reconhecimento
dos críticos e de seus fãs.
Participou também em vários de seus filmes como “cameo role”, ou seja, participação
especial em que uma pessoa importante e famosa vive um pequeno papel.
Stan Lee com seu indefectível e vasto bigode, sempre
acompanhado por um elegante par de óculos de sol, num “cameo role” no filme
Guardiões da Galáxia.
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E assim, Stan Lee viveu e atuou por quase um século
alterando definitivamente os anais do Entretenimento!
Iron Man (Homem de Ferro), Stan Lee e Spider Man (Homem
Aranha).
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Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá Na Mídia.
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