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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

VOCÊ SABIA? - Kafka por inteiro agora em Israel



Você sabia que as obras do acervo literário do escritor judeu Franz Kafka estão agora expostas na Biblioteca Nacional de Israel e serão digitalizadas e abertas ao público pela Internet?

O escritor tcheco Franz Kafka, nascido em Praga, é considerado um dos mais importantes escritores da Literatura Moderna.

“Suas obras retratam a ansiedade e a alienação do homem do século XX.”




Estátua de Kafka em Praga

Seu pai, uma figura dominadora e intimidante, foi um rico comerciante na época do Império Austro-Húngaro e o jovem recebeu influência das culturas judaica, tcheca e alemã. Em 1906 concluiu o curso de Direito em Praga onde conheceu Max Brod, que veio a ser seu grande amigo, posterior biógrafo e a pessoa de total confiança com quem deixou toda sua obra com a promessa de queimar tudo após sua morte.

Kafka trabalhou em uma companhia de seguros como inspetor de acidentes de trabalho, tendo desde muito jovem a literatura como sua grande paixão e atividade paralela. Fez parte da Escola de Praga, criação artística atraída pelo realismo, pela metafísica e por um híbrido de ironia e lucidez, sendo frequentador assíduo das reuniões dos grupos anarquistas.

Em 1917 contraiu tuberculose, afastando-se do trabalho.

Sua obra foi toda escrita em alemão e publicada, em sua maioria, após a morte do escritor.

“Seu estilo é marcado pelo realismo, pela crueza e pelo detalhamento com que descreve situações incomuns, como na obra "O Processo", de 1925, cujo personagem principal é preso, julgado e executado por um crime que desconhece.”

Apesar do desejo de Kafka de que sua obra inédita fosse queimada após sua morte, Brod nunca lhe prometeu tal coisa. Ao contrário, publicou muitos textos, cartas e romances do amigo a partir de 1925.


“No posfácio à primeira edição de O processo, Max Brod explica que, se não seguiu as ordens de Kafka, queimando sua produção inédita, é porque havia assegurado ao amigo em conversa anterior que, caso ele um dia viesse a pedir que o fizesse – mesmo em testamento –, não atenderia ao pedido. A obra do escritor tcheco veio a influenciar movimentos artísticos inteiros, como o surrealismo, o existencialismo e o teatro do absurdo.”




Em 1939 Brod fugiu de Praga para Tel Aviv levando consigo a herança de Kafka, uma bagagem repleta de seus escritos.

Ao morrer em 1968, Brod, o testamenteiro literário do escritor, garantiu à Biblioteca de Israel a posse dos documentos de Kafka através de seu próprio testamento.

Desde 2008 a biblioteca passou à busca dos mesmos. Quando os processos terminaram em 2016, a biblioteca iniciou a coleta dos papéis em Israel, Alemanha e finalmente na caixa forte de um banco suíço.

Assistamos agora a este curto vídeo contando o final feliz da trajetória das obras de Kafka:








Agora Kafka, “uma figura simbólica de sua época”, estará mais próximo de todos aqueles que apreciam seu trabalho e estudam com afinco sua obra.

Quem sabe com maior alcance do público, sua personalidade inquieta e aflita será melhor entendida através de suas cartas, palavras e desenhos inéditos?




Em seus diários Kafka confessa muito de seus pensamentos e aflições:


“Preso entre quatro paredes de mim mesmo, descubro-me um emigrante preso em um país estrangeiro... vejo minha família como alienígenas cujos costumes, ritos e linguagem estrangeiros desafiaram minha compreensão... apesar de eu não o querer, eles forçaram-me a participar de seus rituais bizarros... não pude resistir.”



A partir de agosto estaremos todos mais perto deste grande escritor.


“Recentemente, um tribunal na Suíça estipulou que a parte da herança que estava no país fosse transferida a Israel. Agora, toda a coleção de documentos de Brod está em um só lugar, na Biblioteca Nacional israelense, que anunciou que planeja disponibilizar o material na internet.”


Biblioteca Nacional de Israel

Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.

FONTES:





quinta-feira, 24 de outubro de 2019

EDITORIAL: Filtrando a História Judaica Recente


Filtrar – uma forma de separar misturas. Quanto mais fino o filtro, mais conseguimos avaliar as partes que compõem um todo.

            
Esta semana a nossa colaboradora Ita Heineberg escreveu sobre a Quatro Irmãos, a Colônia Judaica no Rio Grande do Sul criada pela Associação de Colonização Judaica. Esta associação, fundada em Londres em 1891, foi criada pelo Barão de Hirsch (1831-1896) que tinha como objetivo transferir os judeus da Rússia Czarista para terras compradas no Canadá, Estados Unidos, Argentina e Brasil. A compra de terras foi iniciada no hemisfério norte e o Brasil (Rio Grande do Sul) foi a última das terras compradas. 
      
Muito há o que contar sobre este homem de grande porte, filho de uma família de banqueiros e casado com Clara Bischoffsheim, belga, também filha de banqueiros. Maurice Hirsch, nascido na Alemanha, de origem Húngara, formado na Bélgica e tendo estabelecido casas bancárias em Paris e Londres, foi um empreendedor no mundo das finanças, comunicação e filantropia. A construção da Estrada de Ferro do Oriente que liga Viena a Istanbul também foi seu feito - lembrado por muitos como o construtor da Estrada de Ferro do Oriente; a estrada que permitiu integração do Império Otomano à Europa. Ao conhecer como viviam os judeus no Pálio (região que abrange Lituânia, Rússia Branca, Ucrânia e Moldávia), criou mecanismos para deslocar um grande número de judeus pobres para as terras que adquiriu. Antes da imigração, os candidatos e suas famílias recebiam cursos de idioma e de práticas agrícolas, e estas eram as escolas da Aliança Francesa. Após a imigração, recebiam suporte para garantir o sucesso da empreitada. Sobre este tema, leia a sessão "VOCÊ SABIA?" desta semana.

Nesta mesma época, no final do século XIX, também nas terras russas localizadas acima do Mar Negro conhecidas como O Pálio, surgem vários outros movimentos dentro das comunidades judaicas. As perseguições da época czarista geram um enorme número de movimentos dentro das comunidades judaicas. Estas comunidades não eram de forma alguma homogêneas. Havia os ricos e os pobres, os que habitavam cidades e os camponeses mais simples. No que tangia à religião judaica, como acontece hoje, havia os judeus ateus e os que seguiam diferentes ritos, desde os mais conservadores até os mais liberais. Também como hoje tinham os que se misturavam com a população maior e os que se distinguiam através de vestimentas e costumes. 

Nesta época surgem importantes movimentos dentro das comunidades judaicas, mas um fato que chama a atenção é que em todos eles o ensino e instituições acadêmicas que estimulavam o debate eram pedras fundamentais. Entre os movimentos dos que se organizavam nas terras do Czar há de um lado o grupo dos socialistas e do outro o grupo dos religiosos. Entre os que entendiam que os tempos para ficar na Rússia estavam chegando ao final estavam os que seguiam a proposta do Barão Hirsch de seguir para novas terras nas Américas e os que consideravam que havia chegado a hora do Povo Judeu passar a ter um país de fato. Desta forma surge o movimento sionista. 

O movimento sionista, criado nas pequenas cidades e nas vilas (shtetls) do Pálio no século XIX tinha um objetivo comum. Olhar para Tzion – Olhar para Jerusalém – Viver em Terra de Israel.  Mas, seguindo à tradição judaica não escrita e muitas vezes nem comentada, admitia muitas nuances, incluindo movimentos religiosos e políticos. O movimento sionista teve muitos patronos, entre eles a famosa família de banqueiros, os Rothschilds, que tinham casas bancárias na França e na Inglaterra. Estes compraram terras em Israel para que os judeus vindos da Europa se instalassem, e como havia um grande número de judeus do Pálio que era agricultores e no seio destes que surgiu o movimento sionista as primeiras terras a serem adquiridas eram para o desenvolvimento de colônias agrícolas. Neste contexto, a história também se entrelaça. Os judeus do shtetl, seguindo o movimento socialista que nascia na Rússia, criam o conceito de colônia agrícola coletiva – Kibutz. Este era um movimento focado na elaboração de uma nova cultura, e que  teve papel de grande relevância nas escolas judaicas destas pequenas vilas. Importante lembrar que estas vilas eram formadas apenas por judeus e que estes mantinham de forma independente a formação inicial. Após os 12 anos, muitos jovens passavam a frequentar escolas (ginásios) em cidades vizinhas.

Estes movimentos migratórios que tinham destinos tão diferentes tiveram como objetivo comum mobilizar minorias que viviam perigosamente num determinado contexto histórico. Olhando pelo retrovisor da história entendemos que ambos foram importantíssimos para reduzir o número de judeus alcançados, anos mais tarde, pelo Holocausto.

FILTRAR – separar os componentes – é uma forma muito fácil de entender o que forma uma mistura, mas, na maioria das vezes, possuir todos os ingredientes separados não é suficiente para restaurar a mistura original. Quando avaliamos cada um dos movimentos de migração iniciados na segunda metade do século XIX, tendemos a fazê-lo de forma isolada e assim perdemos a visão que tudo estava acontecendo ao mesmo tempo e que o atrator comum era a dificuldade em se continuar vivendo aquele presente.

FILTRAR – reconhecer os componentes – também é um forma de avaliar se o cenário externo está gerando condições para voltar ao contexto anterior – seria esta a espiral da história? Seria possível repetir a história de discriminações e perseguições? 

Como é dito: Entre a Benção e a Maldição – escolha A VIDA (Dvarim, Deuteronômio 30:19) – Le Chaim

Regina P. Markus

terça-feira, 22 de outubro de 2019

VOCÊ SABIA? - “Barão Hirsch, O Judeu de Quatro Irmãos”, o filme



VOCÊ SABIA que a história dos judeus de bombacha, trazidos ao Brasil pela obra filantrópica do Barão von Hirsch no intuito de salvar seu povo, está agora sendo registrada num filme rodado em Quatro Irmãos, Rio Grande do Sul, o povoado onde aqui se estabeleceram em 1911?

Enquanto o Barão de Rothschild, outro magnânimo judeu, se preocupava em salvar seu povo no leste europeu apoiando o movimento sionista e financiando as viagens dos perseguidos para a terra de Israel, Hirsch tentava garantir a sobrevivência deles, comprando-lhes terras e levando-os ao chamado Novo Mundo.

Para os judeus europeus em perigo alcançarem o sonho de uma vida melhor havia, naqueles tempos, duas oportunidades: a Aliá, imigração judaica à Terra de Israel, ou a emigração para a América do Sul.
Em 11 de setembro de 1891 Moritz Hirsch criou a JCA - Associação de Colonização Judaica.

Esta associação estabeleceu colônias na Argentina e na região sul do Brasil.





E foi assim que o “Shtetl” gaúcho se iniciou em Quatro Irmãos, entre 1911 e 1914.

Em Quatro Irmãos, a aldeia prosperou, permitindo que se desenvolvesse algo comparável aos shtetls. Tornou-se comum a imagem de judeus vestindo botas e bombachas. Foram erguidas sinagoga e escola, e havia dois cinemas. No total, mais de 400 famílias chegaram em diferentes levas. A permanência no povoado, porém, enfrentou empecilhos. O primeiro foi que a maioria dos judeus tinha pouca intimidade com o trabalho rural. Em razão das perseguições, não podiam ter sua própria terra na Europa, o que lhes limitava as opções profissionais, como ás áreas médica, comercial e financeira, todas atividades urbanas, e algumas não praticadas por cristãos.”

Ao final do século XIX o Barão comprou uma fazenda de 93.985 hectares da família Santos Pacheco no município de Passo Fundo. Estas terras pertenciam aos quatro irmãos Santos Pacheco, Clementino, David, José Gaspar e Antônio, sendo esta a origem do nome da colônia Quatro Irmãos.
Este foi o lugar de onde saíram os judeus para o resto do Brasil. De lá muitos foram para Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, porém a cidade de Quatro Irmãos será sempre o símbolo da colonização judaica no país, também conhecida como “a capital brasileira dos judeus.”




Agora, após mais de cem anos de história, a Quatro Irmãos será a sede das gravações do longa-metragem contando a história de Barão Hirsch, o Moisés das Américas, herói que salvou milhares de judeus da Bessarábia e de todo o Leste Europeu no último século.


A cidade com pouco mais de mil habitantes receberá os artistas nacionais participantes das filmagens dirigidas pelo gaúcho Osnei de Lima, diretor e roteirista de cinema, produtor de mais de 30 filmes, vários já premiados, e diretor de 3 produções ítalo-brasileiras.

O filme de 115 minutos será rodado em 4K.


Osnei de Lima

“No roteiro de “Barão Hirsch – O Judeu de Quatro Irmãos” está a trajetória do banqueiro e filantropo alemão Moritz Von Hirsch, casado com uma das mulheres mais ricas do mundo que decidiu patrocinar o envio de judeus para vários lugares do mundo, inclusive ao Rio Grande do Sul, a fim de que fugissem da opressão e discriminação no Velho Continente.

A produção contará com a participação especial do húngaro Andor Stern, 93 anos, atualmente o único sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz (Polônia) a residir no Brasil. Stern ainda tem gravado em sua memória a vivência no lugar mais obscuro que a história do mundo pode registrar.”


Andor Stern


Projeto autofinanciado, sem leis de incentivo ou verbas públicas, o filme está sendo custeado pela própria produção e apoio de colaboradores.


“O objetivo é rodar um filme que traga um pouco de esperança para a humanidade, e segundo a produção, deverá ficar pronto em dezembro de 2020, quando a equipe pretende exibi-lo primeiramente em Israel”, conta o diretor.”

Como não poderia deixar de ser ao enaltecer-se a ajuda humanitária, uma parte dos recursos obtidos pelo projeto está sendo doada à uma escola de Guiné-Bissau, na África, à organização chamada “Projeto Escola Água Viva”, onde as crianças recebem um prato de comida por dia.


Hospital Leopoldo Cohen construído em 1932
Em 2012 o prédio foi restaurado para abrigar o Memorial da Imigração Judaica e Centro de Cultura.



Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.



FONTES:

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

EDITORIAL: Israel - Tsion - O sonho sionista e a Terra Prometida

Israel - Tsion - O Sonho Sionista e a Terra Prometida





"A Terra Prometida": para muitos, esta é uma frase religiosa. Para outros, é algo sem muito sentido. Para os que prezam a história, é apenas uma das formas da chegada dos antigos judeus à Terra de Israel. Moisés chega à  fronteira, sobe em um monte e avista a Terra de Israel. Assim conta a Bíblia, assim conta a História. Provar que a Bíblia é História é o mesmo que comprovar a história da antiguidade de outros povos - gregos, romanos, egípcios.

A única e grande diferença é que os judeus, apesar de 2000 anos de diáspora, continuaram em todos os continentes a lembrar desta terra e a manter sua presença no dia-a-dia de sua vida religiosa e não religiosa. 

Entre as rezas judaicas, muitas terminam com a frase "Shaná habá be Yerushalaim" - "O Ano que Vem em Jerusalem"- e todas as segundas, quintas e sábados, quando a Torá é lida nas sinagogas, é lembrada a relação entre Tsion e Jerusalém - o Monte e a Cidade.

Mas olhar para Tsion é a Esperança dos Judeus do século XIX na Rússia Czarista e Chaim Weizmann, o químico e primeiro presidente do moderno Estado de Israel, em seu livro autobiográfico que foi finalizado em 1941, relata de forma muito pessoal sua vida do nascimento ao fim da primeira guerra mundial, quando seus achados em química foram essenciais para o término da guerra. 

Weizmann conta o nascer do Sonho Sionista - o movimento agnóstico que busca criar um Lar Nacional Judaico e dar ao Povo Judeu uma pátria física localizada em uma pequena parte do Império Otomano e posteriormente em uma parte ainda pequena das terras que compunham o Mandato Britâncio da Palestina. Estas terras incluíam o que atualmente constitui o Iraque, a Jordânia e parte da Síria. Ao ler o livro de Chaim Weizmann escrito em 1941 é possível entender os movimentos antes mesmo da existência do Estado de Israel, que buscaram abrigar judeus de todas as matizes, religiosos ou ateus, brancos ou pretos, ricos e pobres. 

A História dos últimos 200 anos abragendo séculos XIX, XX e XXI mostra como o sonho se torna realidade, mas ainda falta para ser a realidade completa. A paz, tão almejada com todos os vizinhos, parece muitas vezes distante - mas outras vezes, muito próxima. Se por um lado Israel precisa ser um país alerta porque vive cercado de inimigos, por outro, cada vez mais os países estabelecidos buscam pontes de interação e colaboração de forma a permitir um avanço das relações.

Tumba do Rei David - Monte Sion - Har Tzsion


Se por um lado há grupos de árabes que se denominam palestinos e gostariam de jogar os judeus no mar, há outros árabes mulçumanos e cristãos que são cidadãos israelenses, servem ao exército de Israel, são ativos no "Instituto para Inteligência e Operações Especiais de Israel", conhecido apenas como INSTITUTO - MOSSAD, exercem atividades nas Universidades, Hospitais e também são membros do Parlamento Israelense. Entre estes, há até os que se consideram no direito de ter domínio sobre Israel. Assim, segue uma relação de cooperação e conflito, na dependência de cada um dos indivíduos.

Agora, completando a segunda década do século XXI, podemos observar algumas pequenas mudanças. Apesar dos países árabes terem expulso os judeus na segunda metade do século XX e em muitas regiões destruído edificações históricas de relevância, atualmente há uma onda de aumentar encontros e relacionamentos, e mesmo a abertura de sinagogas em países do Golfo Pérsico e das vizinhanças. Abre de um lado, aumenta a rejeição de outro e seguindo o movimento pendular da história, o Povo Judeu e Israel continuam a singrar os mares do tempo rumo ao futuro.

Boa Semana!

Regina P. Markus



segunda-feira, 14 de outubro de 2019

VOCÊ SABIA? - O Mossad


Mossad - Serviço Secreto Israelense considerado o mais respeitado do mundo, conhecido por suas operações especiais durante a Guerra Fria.



Você sabia que o Mossad, o serviço secreto (ou o instituto de inteligência e operações especiais) do Estado de Israel é considerado por muitos analistas o serviço secreto mais eficiente e respeitado do mundo, colocando-se à frente da americana CIA e da antiga KGB soviética?

Mossad é uma palavra hebraica que significa Instituto. O Mossad foi criado em 13 de dezembro de 1949, idealizado pelo primeiro-ministro de Israel David Ben Gurion.

A origem do serviço secreto está nas ações de espionagem e contraespionagem realizadas por membros da Haganá (Defesa), uma organização paramilitar de judeus e judias que operava na Palestina entre 1930 e 1940 e que antecedeu as Forças de Defesa de Israel, o atual exército israelense.
O Mossad também se constituiu de membros do Jewish Brigade Group, a Brigada Judaica que lutou em Tarvisio, Itália, durante a Segunda guerra Mundial. Esta brigada levou secretamente judeus europeus para a Palestina na conhecida Operação Brecha.

Foi nestas movimentações que os membros descobriram os campos nazistas e o que ali vislumbraram, a visão dos judeus mortos, levou-os à formação dos Nokmin - esquadrões de vingadores, assassinos encarregados de perseguir e eliminar oficiais nazistas da SS e da Gestapo.

“Disfarçados de policiais militares, os nokmin dedicaram-se a prender, um a um, todos os que faziam parte da lista. Depois de lhes serem lidos os direitos, eram executados. A equipe de Vingadores era formada por Israel Karmi, Maier Shorea e Haim Harkov. O executor era Shev Kerem, que, anos depois, se uniria ao recém-criado Mossad. A unidade atuava sempre num raio de ação de cem quilômetros ao redor de Tarvisio, e as operações, realizadas perto de lagos, rios e barragens, não deixavam o menor rastro. Sua única meta era executar o maior número possível de assassinos nazistas. Toda tarde, o chefe dos nokmin recebia uma lista de alvos e, à noite, vários esquadrões saíam em missão sem que nenhum deles soubesse o que os demais faziam. A unidade de executores judeus atuaria apenas durante alguns meses e jamais se soube o número de nazistas mortos “

Alguns líderes desses esquadrões fizeram parte da primeira turma de agentes secretos do Mossad.
A partir de seu início em 1949 o Mossad realizou grandes e diversificadas operações que ao obterem sucesso, muito ajudaram o país.
O Mossad enfrentou situações ameaçadoras empenhando-se em operações como a Cólera de Deus em 1972 e 1973 em que seus membros tinham como alvo acabar com os terroristas palestinos  responsáveis pelo massacre da delegação israelense das Olimpíadas de Munique.



Mossad recupera relógio do espião israelense Eli Cohen, preso, julgado e executado na Síria.
Os restos mortais de Eli Cohen nunca foram devolvidos à sua família e ao seu país.



O alcance do Instituto ia longe e chegaram ao discurso comprometedor de Nikita Khrushchov:
“Agentes do Mossad obtiveram o discurso secreto em que Nikita Khrushchov, então líder soviético,  condenava e desmitificava a imagem de Josef Stalin, causando um tremendo choque na cúpula do partido comunista.

“É errado elevar um único indivíduo à condição de quase deus” — Khrushchov sobre Josef Stalin.”

Outra conquista do Mossad com sabor de aventura foi a Captura do MIG-2 na incrível Operação Diamante.
Esta operação teve significativo sucesso. Seu objetivo era obter um exemplar do potente caça soviético MIG-21 para estudá-lo, desmontando-o e assim descobrir seu funcionamento.
O Mossad convenceu um piloto iraquiano a desertar e a pousar em Israel, trazendo o novíssimo e moderno MIG-21 de presente para o país.

“No arsenal de Israel e dos Estados Unidos não havia nada parecido, mas com o MIG em mãos rapidamente a União Soviética perdeu a vantagem que possuía.”



O MIG-21


Este texto é uma contribuição especial de Itanira Heineberg para os nossos canais.


FONTES:




sexta-feira, 11 de outubro de 2019

EDITORIAL: SUCOT ao longo dos Milênios



O Judaísmo e a História do Povo Judeu se confundem ao longo dos milênios: a história do povo está ligada ao cotidiano e às suas realizações, permitindo que se entenda sua trajetória ao longo dos milênios. Já a religião, que muitas vezes é confundida com o próprio povo judeu e outras vezes é colocada completamente à parte, dá uma dimensão mística a essa longa existência.

O início da formação do Povo Judeu que remonta à sua saída do Egito também tem estas duas características - e a festa de Sucot, ou a Festa das Cabanas, revela o quanto estas duas dimensões caminham paralelas, mantendo a dimensão do que é pessoal e do que é eterno; a dimensão do hoje, unindo o ontem ao amanhã.  Por uma semana as refeições são feitas em cabanas que têm uma estrutura muito peculiar. São 4 paredes de qualquer material, madeira, pedras, ou mesmo tijolos, mas o teto é feito de folhagem colhida recentemente. Pelos vãos destas folhagens é possível ver o céu. 

Como em toda a festa judaica a refeição é ritual - e queijos e laticínios são a base de uma refeição de Sucot. Sete dias! As crianças decoram as paredes e especiarias com significado especial simbolizam esta festa. 

Mas hoje vamos focar nas origens e nas transformações que teve ao longo dos anos. Estas transformações que tornam o Judaísmo e o Povo Judeu algo muito antigo e muito moderno, algo capaz de se adaptar e se adiantar ao tempo, e desta forma projetar um futuro, visto que a rigidez e a imobilidade tendem a impedir a sobrevivência.

Remontando aos tempos bíblicos, a festa de Sucot é a memória da construção do MISHKAN (Tabernáculo), do Santuário que foi transportado ao longo do deserto e que servia de morada para a Lei e para a Divindade, e também lembra o que é morar de forma precária. Mantendo a dualidade, a precariedade da morada é compensada pela alegria que caracteriza Sucot e as refeições leves e deliciosas que são feitas fora de casa.

Todos estes eventos são lidos em Êxodo 36:3; No dia 10 de Tishrei, Iom Kipur, D'us perdoou o pecado do Bezerro de Ouro, e Moisés chega com a segunda versão das Tábuas da Lei. No dia seguinte começa a ser construído o Mishkan. O povo trouxe material durante dois dias, também por ordem de Moisés, e no dia 15 de Tishrei, quando inicia a festa de Sucot, está escrito que D'us volta a proteger o Povo Judeu, deixando o episódio do bezerro de ouro no passado.

Na própria Torah encontramos a segunda conotação da Festa de Sucot; A Festa da Colheita. Em Levíticos 23:39 está escrito que "aos quinze dias [...] quando recolherdes os produtos da terra, celebrareis a festa do Eterno por sete dias". Aqui temos a dimensão do aqui e agora. Morar em cabanas é estar nos campos, é realizar o trabalho de recolher da terra os frutos para o ano. O trigo, a cevada e aquilo que a terra der.

A Rabina Fernanda Tomchinsly-Galanterni em sua prédica sobre Sucot em 2017 deixa uma mensagem que eu gostaria de compartilhar com todos vocês: "Existe um elemento essencial que une ambas as situações. Uma de fragilidade explícita como viver no deserto, porém com a comida garantida pelo maná. A outra, de fragilidade implícita, uma vida estabelecida, mas sem garantia de que a plantação dê frutos." O oscilar do pêndulo. Pratos de uma Balança. São dois estados como o dia e a noite - e não dois conceitos excludentes. Não há o certo ou o errado, há a possibilidade de conviver com as diferenças, com a dualidade, com a diversidade.

E é entre os dois mundos e as duas dimensões que podem ser preferenciais para uma ou outra pessoa que o Judaísmo e a História do Povo Judeu, como um todo, flutua ao longo dos tempos, projetando o ontem no amanhã. 

Chag-Sameach 

Regina P. Markus





terça-feira, 8 de outubro de 2019

VOCÊ SABIA? - A origem do Fish & Chips






VOCÊ SABIA que o dono da primeira loja de Fish and Chips em Londres, lá nos idos de 1860, foi Joseph Malin, um cozinheiro judeu que abriu as portas de seu estabelecimento na rua Cleveland, no East End londrino, vendendo pescado frito - ou seja, peixe empanado? 

Era um legado dos judeus marranos portugueses que chegaram à Inglaterra no século XVI via Holanda. As humildes raízes de um dos pratos favoritos dos ingleses estão sendo agora apresentadas no primeiro episódio da nova série da BBC, “The Best of British Takeaways”, através de sua história.






O Malin’s, aberto por um imigrante judeu da Romênia em 1868, é considerado o primeiro Fish and Chips do mundo.






Assim, o que hoje parece ser essencialmente britânico teve início nas lojas de peixes fritos de comerciantes judeus do East End londrino.


Os judeus sempre se distinguiram na arte das frituras: bolinhos de batata, sonhos recheados e panquecas de batata crocantes salteadas em óleo fervente são delícias da culinária judaica.


LATKES – bolinhos de batata




Mas a partir destas receitas tradicionais judaicas, como foi que chegaram ao Fish and Chips?

Claudia Roden, em seu emblemático livro “The Book of Jewish Food”, relata que o peixe empanado realmente foi trazido à Inglaterra pelos cripto-judeus portugueses que fugiam das perseguições e torturas da Inquisição Ibérica.
Uma vez em sua nova terra, eles precisavam se comportar como cristãos - pelo menos externamente. Assim, fritavam o peixe nas sextas-feiras e o comiam frio, a portas fechadas, no sagrado dia do Shabbat.

“Peixe e fritas tornou-se um casamento perfeito na culinária paradisíaca ao final dos anos 1800. A capital britânica foi apresentada então ao peixe empanado na farinha e frito em óleo pelos imigrantes judeus chegados de Portugal e Espanha.”

Joseph Malin, um jovem judeu ambicioso, proveniente de família de tapeceiros, começou a fritar peixe na cozinha da casa de seus pais com o intuito de melhorar a renda familiar. Confiante no seu produto, um prato muito apreciado por ele e por sua comunidade, saía então às ruas com um tabuleiro pendurado ao pescoço, vendendo os frutos de seu trabalho.

Com a rápida aceitação de seus clientes pode então abrir uma loja.

Pat Newland, dono de restaurante especializado no assunto, relata:
“Durante a escassez de peixe, Malin começou a vender batatas fritas. Quando voltou a abundância de peixes, os clientes passaram a pedir peixe com fritas.”

Em pouco tempo outras lojas perceberam o sucesso do prato e o adicionaram aos seus cardápios. Alguns restaurantes sofisticados acrescentavam saladas, chás e sobremesas mas as lojinhas simples do East End vendiam o combinado em folhas de jornal!

Era um prato quente, barato e nutritivo e logo ficou popular entre a classe trabalhadora, especialmente entre os funcionários de fábricas.
Por mais de 100 anos a família Malin dirigiu sua empresa pioneira de Fish and Chips, fechando as portas no início dos anos 1970.
Mas o prato delicioso que criaram permanece até hoje no menu de restaurantes e lanchonetes de países do mundo inteiro.






Claudia Roden nasceu e viveu no Cairo. Completou sua educação formal em Paris e mudou-se para Londres a fim de estudar Arte. 

Viaja permanentemente escrevendo sobre culinária. Seus livros são deliciosos; além de receitas imperdíveis, coleciona histórias da vida doméstica judaica. Ela diz:
“Cada cozinha conta uma história. A comida judaica conta a história de um povo desalojado, em constante migração e seus mundos desaparecidos.”


SUFGANIYAH – sonhos ou donuts

Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os nossos canais. 

FONTES:


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

EDITORIAL: KOL NIDREI - Todas as Promessas


O Judaísmo tem muitas características. Se pensarmos de forma direta, a resposta é: uma religião. A religião do Povo Judeu. Uma religião não proselitista visto que não busca conversos, mas altamente inclusiva porque admite a existência de muitas outras formas de religião, ou mesmo de boa vivência independente de conceitos religiosos. É uma forma de viver e deixar viver.

Este "modus operandi" pode ser obervado na cidade central do judaísmo, Jerusalém, onde foram construídos os Templos de Salomão e Heródes. Todos os judeus do mundo rezam olhando para Jerusalém e é neste momento que, focando um único ponto no Globo Terrestre, somam energias de milênios e pavimentam um futuro - a Vida Eterna neste Planeta.

Ser e deixar ser! Pensar diferente representa diversidade e não incoerência! Viver e conviver. Israel é um dos poucos países do Globo que apesar de ter uma religião muito bem definida, admite a existência de todas as outras e também os que são ateus. Um país de grande complexidade política.

O leitor agora deve estar pensando.... e KOL NIDREI? A reza dita em um dos momentos mais solenes do Judaísmo em "EREV IOM KIPUR", ao iniciar a noite do Dia da Expiação. Dia também conhecido como Shabat Shabaton - o Sábado dos Sábados.

KOL NIDREI é a reza em que se pede a D'us que perdoe todos os pecados que SERÃO cometidos no ano que agora entra. Todos os pecados que voluntária ou involuntariamente forem cometidos com o intuito de salvar uma vida, com o intuito de salvar a si próprio de perseguições, com o intuito de anular votos feitos sob coação. Pede-se um salvo conduto para continuar vivendo, mesmo em condições muito adversas.

KOL NIDREI - a reza dos conversos da Península Ibérica - dos Marranos - daqueles que foram obrigados pela Inquisição a converter-se ao catolicismo e que, escondidos e correndo perigo de vida se reuniam para Iom Kipur.

KOL NIDREI é uma forma de sabermos que sempre temos escolhas. E que temos que usar nossa capacidade de escolher, mesmo que isto possa ser uma transgressão aos olhos de regras feitas para ocasiões de normalidade. Esta é não só uma afirmação de confiança de que contaremos com proteção no futuro, como é um dos principais testemunhos de que no judaísmo o livre arbítrio é central.

E chegando o dia de IOM KIPUR - 5780 - vale lembrar que é esperado que neste dia possam ser resolvidas querelas e perdoados amigos e conhecidos. As pequenas coisas do dia a dia - e isto é uma questão entre homens.

Em Rosh HaShana serás Inscrito e em Iom Kipur Confirmado para uma Vida...

Vida plena e boa, uma vida de muitas realizações, amor e amizades.


Editoras da Esh Tá Na Mídia

Regina, Marcela e Juliana