O escritor tcheco Franz Kafka, nascido em Praga, é
considerado um dos mais importantes escritores da Literatura Moderna.
“Suas obras retratam a ansiedade e a
alienação do homem do século XX.”
Estátua de Kafka em Praga |
Seu pai, uma figura dominadora e intimidante, foi um rico
comerciante na época do Império Austro-Húngaro e o jovem recebeu influência das
culturas judaica, tcheca e alemã. Em 1906 concluiu o curso de Direito em Praga
onde conheceu Max Brod, que veio a ser seu grande amigo, posterior biógrafo e a
pessoa de total confiança com quem deixou toda sua obra com a promessa de queimar
tudo após sua morte.
Kafka trabalhou em uma companhia de seguros como inspetor
de acidentes de trabalho, tendo desde muito jovem a literatura como sua grande
paixão e atividade paralela. Fez parte da Escola de Praga, criação artística
atraída pelo realismo, pela metafísica e por um híbrido de ironia e lucidez, sendo
frequentador assíduo das reuniões dos grupos anarquistas.
Em 1917 contraiu tuberculose, afastando-se do trabalho.
Sua obra foi toda escrita em alemão e publicada, em sua
maioria, após a morte do escritor.
“Seu estilo é marcado pelo realismo, pela crueza
e pelo detalhamento com que descreve situações incomuns, como na obra "O
Processo", de 1925, cujo personagem principal é preso, julgado e executado
por um crime que desconhece.”
Apesar do desejo de Kafka de que sua obra inédita fosse
queimada após sua morte, Brod nunca lhe prometeu tal coisa. Ao contrário,
publicou muitos textos, cartas e romances do amigo a partir de 1925.
“No posfácio à primeira edição de O processo,
Max Brod explica que, se não seguiu as ordens de Kafka, queimando sua produção
inédita, é porque havia assegurado ao amigo em conversa anterior que, caso ele
um dia viesse a pedir que o fizesse – mesmo em testamento –, não atenderia ao
pedido. A obra do escritor tcheco veio a influenciar movimentos artísticos
inteiros, como o surrealismo, o existencialismo e o teatro do absurdo.”
Em 1939 Brod fugiu de Praga para Tel Aviv levando consigo
a herança de Kafka, uma bagagem repleta de seus escritos.
Ao morrer em 1968, Brod, o testamenteiro literário do
escritor, garantiu à Biblioteca de Israel a posse dos documentos de Kafka
através de seu próprio testamento.
Desde 2008 a biblioteca passou à busca dos mesmos. Quando
os processos terminaram em 2016, a biblioteca iniciou a coleta dos papéis em
Israel, Alemanha e finalmente na caixa forte de um banco suíço.
Assistamos agora a este curto vídeo contando o final
feliz da trajetória das obras de Kafka:
Agora Kafka, “uma figura simbólica de sua época”, estará
mais próximo de todos aqueles que apreciam seu trabalho e estudam com afinco
sua obra.
Quem sabe com maior alcance do público, sua personalidade
inquieta e aflita será melhor entendida através de suas cartas, palavras e
desenhos inéditos?
Em seus diários Kafka confessa muito de seus pensamentos
e aflições:
“Preso entre quatro paredes de mim mesmo,
descubro-me um emigrante preso em um país estrangeiro... vejo minha família
como alienígenas cujos costumes, ritos e linguagem estrangeiros desafiaram
minha compreensão... apesar de eu não o querer, eles forçaram-me a participar
de seus rituais bizarros... não pude resistir.”
A partir de agosto estaremos todos mais perto deste
grande escritor.
“Recentemente, um tribunal na Suíça estipulou
que a parte da herança que estava no país fosse transferida a Israel. Agora,
toda a coleção de documentos de Brod está em um só lugar, na Biblioteca
Nacional israelense, que anunciou que planeja disponibilizar o material na
internet.”
Biblioteca Nacional de Israel |
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.
FONTES:
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