VOCÊ SABIA que a história dos judeus de bombacha, trazidos ao Brasil pela obra
filantrópica do Barão von Hirsch no intuito de salvar seu povo, está agora
sendo registrada num filme rodado em Quatro Irmãos, Rio Grande do Sul, o
povoado onde aqui se estabeleceram em 1911?
Enquanto o
Barão de Rothschild, outro magnânimo judeu, se preocupava em salvar seu povo no
leste europeu apoiando o movimento sionista e financiando as viagens dos
perseguidos para a terra de Israel, Hirsch tentava garantir a sobrevivência deles,
comprando-lhes terras e levando-os ao chamado Novo Mundo.
Para os
judeus europeus em perigo alcançarem o sonho de uma vida melhor havia, naqueles
tempos, duas oportunidades: a Aliá, imigração judaica à Terra de Israel, ou a emigração
para a América do Sul.
Em 11 de
setembro de 1891 Moritz Hirsch criou a JCA - Associação de Colonização Judaica.
Esta
associação estabeleceu colônias na Argentina e na região sul do Brasil.
E foi assim
que o “Shtetl” gaúcho se iniciou em Quatro Irmãos, entre 1911 e 1914.
“Em Quatro
Irmãos, a aldeia prosperou, permitindo que se desenvolvesse algo comparável aos
shtetls. Tornou-se comum a imagem de judeus vestindo botas e bombachas. Foram
erguidas sinagoga e escola, e havia dois cinemas. No total, mais de 400
famílias chegaram em diferentes levas. A permanência no povoado, porém,
enfrentou empecilhos. O primeiro foi que a maioria dos judeus tinha pouca
intimidade com o trabalho rural. Em razão das perseguições, não podiam ter sua
própria terra na Europa, o que lhes limitava as opções profissionais, como ás
áreas médica, comercial e financeira, todas atividades urbanas, e algumas não
praticadas por cristãos.”
Ao final do
século XIX o Barão comprou uma fazenda de 93.985 hectares da família Santos
Pacheco no município de Passo Fundo. Estas terras pertenciam aos quatro irmãos
Santos Pacheco, Clementino, David, José Gaspar e Antônio, sendo esta a origem
do nome da colônia Quatro Irmãos.
Este foi o
lugar de onde saíram os judeus para o resto do Brasil. De lá muitos foram para
Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, porém a cidade de Quatro Irmãos será
sempre o símbolo da colonização judaica no país, também conhecida como “a
capital brasileira dos judeus.”
Agora, após mais
de cem anos de história, a Quatro Irmãos será a sede das gravações do
longa-metragem contando a história de Barão Hirsch, o Moisés das Américas, herói
que salvou milhares de judeus da Bessarábia e de todo o Leste Europeu no último
século.
A cidade com
pouco mais de mil habitantes receberá os artistas nacionais participantes das
filmagens dirigidas pelo gaúcho Osnei de Lima, diretor e roteirista de cinema,
produtor de mais de 30 filmes, vários já premiados, e diretor de 3 produções
ítalo-brasileiras.
O filme de
115 minutos será rodado em 4K.
Osnei de Lima |
“No
roteiro de “Barão Hirsch – O Judeu de Quatro Irmãos” está a trajetória do
banqueiro e filantropo alemão Moritz Von Hirsch, casado com uma das mulheres
mais ricas do mundo que decidiu patrocinar o envio de judeus para vários
lugares do mundo, inclusive ao Rio Grande do Sul, a fim de que fugissem da opressão
e discriminação no Velho Continente.
A produção
contará com a participação especial do húngaro Andor Stern, 93 anos, atualmente
o único sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz (Polônia) a residir
no Brasil. Stern ainda tem gravado em sua memória a vivência no lugar mais
obscuro que a história do mundo pode registrar.”
Andor Stern |
Projeto
autofinanciado, sem leis de incentivo ou verbas públicas, o filme está sendo
custeado pela própria produção e apoio de colaboradores.
“O
objetivo é rodar um filme que traga um pouco de esperança para a humanidade, e
segundo a produção, deverá ficar pronto em dezembro de 2020, quando a equipe
pretende exibi-lo primeiramente em Israel”, conta o diretor.”
Como não
poderia deixar de ser ao enaltecer-se a ajuda humanitária, uma parte dos
recursos obtidos pelo projeto está sendo doada à uma escola de Guiné-Bissau, na
África, à organização chamada “Projeto Escola Água Viva”, onde as crianças
recebem um prato de comida por dia.
Hospital Leopoldo Cohen construído em 1932
Em 2012 o prédio foi restaurado para abrigar o Memorial da Imigração Judaica e Centro de Cultura.
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FONTES:
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