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quinta-feira, 16 de abril de 2020

EDITORIAL: O Mundo Não Foi Feito em UM DIA


A escola Alef Peretz, em Paraisópolis


O mundo não foi feito em UM dia
Por Regina P. Markus

Nestes dias de isolamento, cresce a vontade de falar a cada um dos leitores de forma particular. Aumentou a distância que nos separa dos vizinhos e dos colegas de trabalho, mas aproximou daqueles que moram em outras cidades e outros países. 

Há uma grande semelhança quando conversamos com amigos aqui no Brasil, em Israel, nos Estados Unidos, na França... há sempre a noção que os mais ricos e cultos teriam mais acesso a recursos para se defenderem desta pandemia, enquanto os menos favorecidos estariam novamente sendo prejudicados. 

Temos até desculpas para que países como o Egito ou o Peru estejam submetidos a menor virulência do que os países europeus. Em Israel também há uma grande divergência. Como é um país formado por muitas etnias e dentro de cada grupo muitas subdivisões, há os que seguem as regras de isolamento social e há aqueles que até uma semana atrás as achavam desnecessárias. Um governo central impõe regras que possam reduzir os danos e faz um enorme esforço para que toda a população seja testada. 

Hoje quero olhar um pouco para o Brasil e para a minha cidade, São Paulo. Quero compartilhar lições aprendidas por meio de vivências pessoais e de conclusões que mostram que as diferenças são superadas com medidas possíveis para cada comunidade, mas a educação é uma mola propulsora de boas soluções.

Tenho contato pessoal com uma família que mora atrás do Horto Florestal. Conversas e troca de informações com frequência mais do que semanal permitiram saber que visitadoras do SUS passam semanalmente ali e, se precisar, até com maior frequência - em todas as casas. Quando a visitadora indagou à minha conhecida se ali morava alguma pessoa de idade, ela informou que neste momento de isolamento trouxe para sua casa um senhor da família para a qual trabalhava. Ele estava na casa! Mas precisava de remédios e ela não queria ir à rua. A visitadora prontificou-se a trazer os remédios e ao ler a lista informou que todos eram da lista do SUS. Registrar casos que enobrecem a vida é um forma de salvar vidas. Um serviço deste não é criado em um dia!

São Paulo também foi notícia por outra razão. A Comunidade de Paraisópolis, onde moram 100.000 pessoas, foi notícia na G1 (clique aqui para ler). É um exemplo de oganização e solidariedade, criando uma outra forma de enfrentar a pandemia. Sem tirar o mérito e dando todas as honras para os líderes da comunidade, vale lembrar que esta vem sendo assistida há anos pela comunidade judaica por meio de projetos de saúde (como este) e educacionais (ALef-Peretz na Paraisópolis). Uma busca no Google sobre escolas disponíveis dentro desta comunidade retorna 21 escolas diferentes! E aqui vem a lição desta semana de Pessach, desta semana em que lembramos a saída do Egito e da obrigação de ENSINAR às próximas gerações! O poder do conhecimento, o poder do ensino, o poder de ter centros de educação como locais de convivência. É que compreendemos que para podermos reagir e sobreviver a momentos difíceis temos que estar preparados para o inesperado.

Educar não é Treinar – Educar não é Nivelar – e... Educar é ir além do hoje de forma a poder enfrentar o amanhã.

Fiquem Seguros – Fiquem Bem – Le Chaim – para a vida
Regina P. Markus

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