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segunda-feira, 6 de abril de 2020

VOCÊ SABIA? - Scapegoat




Ao despontar de uma epidemia no mundo surgem acusações veladas, dedos em riste e olhares desconfiados procurando logo um “scapegoat” – bode expiatório: um culpado ou responsável para pagar pela desgraça recaída sobre todos.

Por Itanira Heineberg





Você sabia que, ao surgir um vírus letal e destruidor, os membros da comunidade atingida saem logo em busca de um bode expiatório para pagar pelos pecados cometidos?





Assim tem acontecido desde o princípio dos tempos. E como conta a História, os acusados foram sempre os judeus!

Na metade do século XIV a Peste Negra devastou a Europa destruindo um terço da população. Rumores surgiram e rapidamente espalharam-se apontando os judeus como criminosos e, como consequência, eles sofreram uma perseguição atroz e maus tratos.


Peste Negra – Médico e máscara

Martin J. Blaser, professor de Medicina e Microbiologia e diretor do Centro Avançado de Biotecnologia da Universidade de Rudgers, Nova Jersey, esclarece: “Quando acontecem grandes epidemias as pessoas se assustam. Imediatamente procuram culpar algo ou alguém, em geral estrangeiros ao lugar. Isto tem acontecido especialmente com os judeus”.

Segundo Blaser, a pior perseguição aos judeus antes do Holocausto foi a Peste Negra no continente europeu quando eles foram indiciados por envenenarem os poços de água.


Massacre dos Judeus em Lisboa – 1506 -  D.Manuel I, o Venturoso, fugiu da cidade com sua comitiva, como sempre os nobres faziam quando uma epidemia atacava as cidades, e o povo revoltado e com medo cometeu um massacre inenarrável e arrasador.


Memorial em Lisboa em homenagem aos judeus de 1506.

Comunidades inteiras de judeus foram massacradas nesta época, segundo relatos literários do autor espanhol Ildefonso Falcones em “A catedral do Mar” e no extraordinário romance histórico de Richard Zimler, “O Último Cabalista de Lisboa” que se passa em1506.




O fato de poucos judeus serem atingidos pela peste levantava suspeitas! De acordo com Blaser, este fato pode ter relação com a limpeza dos depósitos de grãos realizada anualmente pelos judeus na véspera da festa de Pessach (Páscoa Judaica). Os judeus limpavam os silos de cereais seguindo a tradição religiosa de manter as casas limpas e livres de pães fermentados, o que eliminava a presença dos ratos transmissores do bacilo “Yersinia Pestis”.





Desde então os judeus têm servido de bode-expiatório até recentemente, em 2019, com o surto do sarampo nos Estados Unidos.

Apesar das estatísticas provarem que a causa do ocorrido foi a negligência das pessoas, desta vez apontaram os judeus ortodoxos como culpados por não vacinarem devidamente suas crianças. Alunos não vacinados foram retirados das escolas e sinais de antissemitismo apareceram, como pedestres atravessando a rua e desviando-se de judeus, motoristas de ônibus não permitindo sua entrada em seus veículos e gritos de “Judeu sujo” nas ruas.

Blaser lembra um fato interessante: durante a Gripe Espanhola em 1918, a “influenza” pandêmica que matou aproximadamente 50 milhões de pessoas no globo, os judeus não foram incriminados, desempenhando um papel central na luta contra a doença.






O departamento de saúde de San Francisco era encabeçado por vários judeus, incluindo Lawrence Arnstein, responsável por organizar a resposta da Cruz Vermelha à epidemia.
Também Matilda Esberg, presidente da Congregação Emanu-El Sisterhood, envolveu-se na supervisão do projeto.

No momento presente, com o surto do coronavírus no mundo, outro bode-expiatório foi apontado: chineses e asiáticos são agora os scapegoats!
Como o vírus originou-se na China, seus habitantes e dirigentes são acusados pela pandemia. Além de receberem a culpa e serem discriminados pelo resto do mundo, já se ouve falar de empresas chinesas em desaceleração devido ao afastamento de antigos clientes.

Vendo paralelo entre o tratamento dado aos judeus e agora aos chineses, no surto da pandemia, Blaser afirma, “É a mesma mentalidade popular. Encontrar uma vítima. Infelizmente para o povo chinês eles vão ter de suportar a culpa por agora.”

O perdigoto letal encontrou o réu!

Mas quem disse que a História esqueceu os judeus?

Alguns ainda insistem que o grande fabricante do vírus, mais uma vez, é o povo judeu!


FONTES:

https://www.cnn.com>health

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