Ao despontar de uma epidemia no mundo surgem acusações
veladas, dedos em riste e olhares desconfiados procurando logo um “scapegoat” –
bode expiatório: um culpado ou responsável para pagar pela desgraça recaída
sobre todos.
Você sabia que, ao surgir um vírus letal e destruidor, os
membros da comunidade atingida saem logo em busca de um bode expiatório para
pagar pelos pecados cometidos?
Assim tem acontecido desde o princípio dos tempos. E como
conta a História, os acusados foram sempre os judeus!
Na metade do século XIV a Peste Negra devastou a Europa
destruindo um terço da população. Rumores surgiram e rapidamente espalharam-se
apontando os judeus como criminosos e, como consequência, eles sofreram uma perseguição
atroz e maus tratos.
Peste Negra – Médico e máscara
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Martin J. Blaser, professor de Medicina e Microbiologia e
diretor do Centro Avançado de Biotecnologia da Universidade de Rudgers, Nova
Jersey, esclarece: “Quando acontecem grandes epidemias as pessoas se assustam.
Imediatamente procuram culpar algo ou alguém, em geral estrangeiros ao lugar. Isto
tem acontecido especialmente com os judeus”.
Segundo Blaser, a pior perseguição aos judeus antes do
Holocausto foi a Peste Negra no continente europeu quando eles foram indiciados
por envenenarem os poços de água.
Memorial em Lisboa em homenagem aos judeus de 1506.
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Comunidades inteiras de judeus foram massacradas nesta
época, segundo relatos literários do autor espanhol Ildefonso Falcones em “A
catedral do Mar” e no extraordinário romance histórico de Richard Zimler, “O
Último Cabalista de Lisboa” que se passa em1506.
O fato de poucos judeus serem atingidos pela peste
levantava suspeitas! De acordo com Blaser, este fato pode ter relação com a
limpeza dos depósitos de grãos realizada anualmente pelos judeus na véspera da
festa de Pessach (Páscoa Judaica). Os judeus limpavam os silos de cereais
seguindo a tradição religiosa de manter as casas limpas e livres de pães
fermentados, o que eliminava a presença dos ratos transmissores do bacilo
“Yersinia Pestis”.
Desde então os judeus têm servido de bode-expiatório até
recentemente, em 2019, com o surto do sarampo nos Estados Unidos.
Apesar das estatísticas provarem que a causa do ocorrido
foi a negligência das pessoas, desta vez apontaram os judeus ortodoxos como
culpados por não vacinarem devidamente suas crianças. Alunos não vacinados
foram retirados das escolas e sinais de antissemitismo apareceram, como pedestres
atravessando a rua e desviando-se de judeus, motoristas de ônibus não
permitindo sua entrada em seus veículos e gritos de “Judeu sujo” nas ruas.
Blaser lembra um fato interessante: durante a Gripe
Espanhola em 1918, a “influenza” pandêmica que matou aproximadamente 50 milhões
de pessoas no globo, os judeus não foram incriminados, desempenhando um papel
central na luta contra a doença.
O departamento de saúde de San Francisco era encabeçado
por vários judeus, incluindo Lawrence Arnstein, responsável por organizar a
resposta da Cruz Vermelha à epidemia.
Também Matilda Esberg, presidente da Congregação Emanu-El
Sisterhood, envolveu-se na supervisão do projeto.
No momento presente, com o surto do coronavírus no mundo,
outro bode-expiatório foi apontado: chineses e asiáticos são agora os
scapegoats!
Como o vírus originou-se na China, seus habitantes e
dirigentes são acusados pela pandemia. Além de receberem a culpa e serem discriminados
pelo resto do mundo, já se ouve falar de empresas chinesas em desaceleração
devido ao afastamento de antigos clientes.
Vendo paralelo entre o tratamento dado aos judeus e agora
aos chineses, no surto da pandemia, Blaser afirma, “É a mesma mentalidade
popular. Encontrar uma vítima. Infelizmente para o povo chinês eles vão ter de
suportar a culpa por agora.”
O perdigoto letal encontrou o réu!
Mas quem disse que a História esqueceu os judeus?
Alguns ainda insistem que o grande fabricante do vírus,
mais uma vez, é o povo judeu!
FONTES:
https://www.cnn.com>health
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