Tempos de
corona vírus: até que ponto podemos confiar na higienização das pessoas que nos
cercam? Como saber se já estão contagiadas, infeccionadas?
Este é um
dilema que surgiu com a pandemia do novo COVID 19: CONFIABILIDADE.
Por Itanira Heineberg
VOCÊ SABIA que ao ser testada positivamente com o vírus da nova pandemia, a pessoa tem
obrigação moral de informar os seres com os quais teve contato durante as duas
semanas que antecederam a doença?
Estão aí
incluídos família, convizinhos, colegas de trabalho e mesmo atendentes de lojas
e restaurantes por ela frequentados.
Não há razão
para a pessoa sentir-se envergonhada e esta informação será crucial para a
saúde de todos os envolvidos.
O Rabino
Shlomo Brody, diretor do Tikvah Overseas Students Institute, New York, escreveu
recentemente sobre o assunto, levantando até a dúvida: informar outros sobre
sua condição de contaminado seria uma obrigação haláchica (religiosa) do paciente
para proteger os que o rodeiam? E logo afirma categoricamente que SIM, é uma
obrigação baseada nas leis religiosas judaicas, derivadas da Torá Escrita e
Oral.
A pessoa não
tem culpa de ter sido contagiada! Não deve temer ser discriminada ou acusada.
Segundo a
Torá, no passado, a pessoa portadora do mal de Lázaro, deveria sempre anunciar
que estava com lepra, gritando nas ruas “ Impura, impura”, assim prevenindo os
outros de se contagiarem e oferecendo-lhes a oportunidade de por ela rezarem.
Em Leviticus
13:45 o texto ordena que portadores de doenças infecciosas informem os
passantes sobre sua condição de saúde.
”E o leproso
portador da praga deve rasgar suas roupas, andar com a cabeça descoberta,
cobrir sua boca e gritar, Impuro, Impuro!”
Rabino Shlomo
lembra regras medievais de como lidar com situações semelhantes, encontradas no
Sefer Hasidim, um trabalho ético extraordinário que trata das preocupações da
vida do dia a dia. Apesar de datarem de mais de 700 anos, as anotações do autor,
Rabino Yehuda He Chasid, são incrivelmente expressivas para o momento atual.
Yehuda cita o
poderoso trio de versos bíblicos:
1 – Não
colocarás uma pedra de tropeço perante o cego.
2 – Não ficarás
sem ação perante o sangue de teu irmão.
3 – Ama teu
próximo como a ti mesmo.
O último
verso é o mais significativo para nossos tempos!
Conforme
alerta Rabino Shlomo, “Responsabilidades
mútuas exigem que infectados informem os que a eles forem expostos para que
tomem as indispensáveis medidas preventivas.”
Na Idade Média,
os doentes eram obrigados a carregar um sino. As badaladas avisavam de longe
que o passante devia ser evitado. Alguns leprosos carregavam uma vara comprida
com um saco pendurado na ponta para receber esmolas sem que os doadores deles
se aproximassem.
Hoje devemos
todos nos proteger, proteger os outros, e a máscara usada mundialmente é um
símbolo desta pandemia.
Após muito
ler e ver, acredito firmemente que as máscaras protejam pessoas e ambientes das
gotículas letais indesejadas.
E atualmente
no mundo inteiro máscaras estão sendo produzidas, manualmente, em casa,
ateliers, em fábricas, de maneiras criativas, usando-se uma grande variedade de
materiais disponíveis e adaptáveis à situação. Na verdade este fato é um
esforço de guerra. Máscaras são escudos que protegem os dois lados do
combatente.
A artista plástica Ofra Grinfeder confecciona máscaras em seu atelier no Morumbi para seus vizinhos de Paraisópolis.
Também
acredito na obrigação moral de informarmos nossos semelhantes caso nossa saúde
seja afetada pelo vírus e não permitir que se aproximem de nós ou que nos
visitem e oferecer-lhes tempo suficiente de consultarem seu estado clínico após
o contato conosco.
Confiabilidade
é outra arma contra o COVID 19.
A lepra
deixou de ser um estigma em 1873 quando o norueguês Armauer Hansen identificou
a bactéria causadora da doença e eliminou as crenças de que a hanseníase (nome
dado à lepra em homenagem ao seu descobridor) era hereditária e fruto de
pecados ou castigos divinos.
Porém a lepra
abalou a Humanidade por milhares de
anos.
“O nome
da doença tem origem no termo grego λέπρᾱ
(léprā), derivado de λεπῐ́ς (lepís; "escama")”
Graças à
ciência, nos últimos 20 anos, 16 milhões de pessoas foram curadas em todo o
mundo.
Estamos agora
sofrendo as consequências de uma doença maligna que já levou a um número
inacreditável de óbitos em todo o planeta.
Todos se
perguntam como será a vida após a pandemia. Até quando este vírus vai nos
aterrorizar e afetar nossos dias, nossos relacionamentos, a economia global?
Médicos
checam passageiros de carro por sintomas de covid-19 em Guarulhos, São Paulo,
04/04
Alguns países
estão pesquisando uma vacina para eliminar este mal.
Israel já
declarou que está em fase de descoberta desta vacina e que em julho ela já
poderá ser usada em humanos.
Mas até lá
muitos serão eliminados de nossos relacionamentos, muita tragédia ocorrerá sem
grandes curas eficazes.
Encaremos com
seriedade este momento que nos acomete, lutemos com as armas que nos são
oferecidas pela OMS, pelos estudiosos, cientistas, nunca esquecendo e
praticando a obrigação moral e religiosa da Confiabilidade.
FONTES:
g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1170904-5603,00-ACHADO+ARQUEOLOGICO+SUGERE+QUE+LEPRA+SURGIU+NA+INDIA+HA+CERCA+DE+ANOS.html
parabéns Itanira pelo artigo
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