Em um período de poucas semanas é possível traçar as bases e o futuro da História do Povo Judeu, contando a partir da quebra das Tábuas da Lei no dia 17 de Tamuz (este ano dia 9 de julho) e a destruição do Segundo Templo de Jerusalém em 9 de Av (30 de julho). O primeiro evento ocorre quando os filhos de Israel (Jacob) e mais muitos que com eles saíram do Egito quiseram voltar atrás e continuar vivendo algo conhecido em vez de se aventurar em um futuro que demandaria paciência. Neste evento, o líder Moisés também assume uma postura reativa e quebra as leis. No segundo evento, ocorrido há exatamente 1950 anos (ano 70 EC), as Leis já haviam sido implementadas, o Reino de David tinha dado lugar ao Exílio Babilônico e o Segundo Reino de Israel estava sendo conquistado pelos romanos - que transformaram Jerusalém em Aelia Capitolae e Israel e todas as terras vizinhas em Palestina. E os judeus iniciaram um longo exílio.
Um povo que não pode ser distinguido por sua característica étnica e nem pela história de cada família, por pratos típicos ou até muito recentemente por uma pátria. Um "povo entre os povos", como diz a reza atribuída a Josué quando assume a direção do povo que deveria cruzar o Rio Jordão e chegar à Margem Ocidental para o estabelecimento do primeiro Estado de Israel.
A diversidade étnica é uma característica básica do Povo Judeu, e a diversidade de cidadãos é uma característica básica do moderno Estado de Israel. Em nenhum país do oriente médio encontramos um parlamento democraticamente eleito composto por todos os seus cidadãos. Voto não é obrigatório, mas todos os cidadãos israelenses podem votar.
"Ah... então será este um país que preza a concórdia, a harmonia, a convivência repeitosa, e..." - na minha opinião, estas não são palavras aplicáveis ao moderno Estado de Israel. Meus leitores devem imediatamente estar imaginando que considero o oposto. Certamente não. Levanto a polêmica para pontuar o que une o Povo Judeu em todo o mundo e em todos os tempos e que é considerado o seu grande diferencial, o estudo. Talmud Torah - estudar a Torah - é uma obrigação. Estudar com base em perguntas, de forma a poder acrescentar ao texto original vários pensamentos ao longo dos séculos. Estudar e com isto abrir novos horizontes. Estudar e manter as fontes. Ler livros e textos rabínicos é se apropriar de nomes e citações feitas ao longo de séculos sobre um assunto que entrou em pauta muitas vezes. Rastrear a informação - fato tão importante nos dias de hoje - é a base do estudo judaico, quer ao estudar textos históricos, quer ao estudar outras matérias.
Ah... então o segredo é saber lidar com divergências e avaliá-las sob diferentes aspectos. Não com o objetivo de achar um denominador comum mas com a certeza de que, conhecendo a diversidade das opiniões, haverá mais possibilidade de manter a riqueza do pensamento e com isto manter a corrente da vida entre as gerações.
Entre 17 de Tamuz e 9 de Av são descritos temas bíblicos, entre 9 de Av de 70 e 9 de Av de 2020 temos uma longa história que mostra que os locais são muito importantes se a humanodiversidade for natural e desejável.
Em tempos de pandemia, aprendemos que o isolamento aproxima e facilita o contato entre os muitos grupos sociais.
Boa Semana!
Regina P. Markus
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