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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Discurso de Ori Salmon

 


Tradução do discurso, por Rosara Frenk:


Boa tarde

Meu nome é Sargento Ori Salmon e eu sou portadora de cegueira total.

Não cheguei até aqui hoje para despertar inspiração ou abrir caminho em favor de outras pessoas cegas.

Eu me tornei uma oficial para expressar como eu sou; doar minha parte em benefício do exército e do país; e receber retorno.

Eu cresci e me eduquei em estruturas regulares desde o ensino infantil até o ensino médio.

Compartilhei de todas as experiências, direitos e deveres como todos de minha idade e estava claro para mim que utilizaria meu direito e me alistaria no exército. 

Eu servi como Comandante Educacional e na sequência segui para ser uma Oficial. Também realizei o processo oficial sem nenhum desconto.

Começando com os exames de classificação, curso de Oficiais, e Confiança de Elite na base de Uvdá (base de treinamento da aviação)

Nesta oportunidade estou interessada em passar uma mensagem central e única: eu acredito que cada um de nós tem certa limitação, sendo ela visível e proeminente ou não. 

É por isso que nós, como líderes corporativos devemos nos abster de julgamento e preconceito, acreditar nas pessoas e dar oportunidade. 

Só assim podemos continuar em nosso caminho como um corpo forte e poderoso e tornar a sociedade mais receptiva e inclusiva. 

Obrigada.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

SIONISMO: SÍMBOLOS e FATOS


A assinatura do Acordo de Abraão com o Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão e a abertura do espaço aéreo da Arábia Saudita para aviões de bandeira israelense são fatos positivos que apontam para um novo momento da relação entre os Estados de Israel e os Países Árabes. Interesses em ciência, tecnologia e -  porque não colocar com todas as letras - "ancestralidade comum" vêm aflorando a cada dia. Esta semana, ao assistir alguns pequenos vídeos no TikTok fiquei fascinada com duas jovens, uma fluente em hebraico e a outra em árabe brincando de adivinhar o que uma palavra no idioma da outra queria dizer. Não apenas as semelhanças evidentes, como Salam e Shalom, mas também semelhanças ao se abstrair o sotaque eram impressionantes. Cada uma em sua casa, em seu país, fazendo conexões pessoais. Este é o caminho para o real conhecimento.





No plano dos eventos mundiais, e que devem ser lembrados: a origem da bandeira de Israel, que representa o talit (xale de orações) e a Magen David (escudo de David), também conhecido como estrela de David, têm uma origem interessante. No primeiro Congresso Sionista Mundial, em 1897, foi aberto um banner por Morris Harrison e David Wolffshon. Harrison, um dos delegados americanos no Congresso, havia desenhado o banner e Wolffshon seria o Presidente do 2o Congresso Sionista Internacional. Quem está olhando a foto antiga acima deve estar pensando que este é o banner! Engano - esta foto é de uma bandeira usada em 1885 pelos habitantes de Rishon leTzion em uma parada de rua comemorando o terceiro ano de fundação da cidade. A bandeira era chamada de "Bandeira de Tzion". Harrison e Wolffshon só foram saber do fato muitos anos depois. Quando da criação do Estado de Israel, em 1948, foi esta a bandeira escolhida.

Símbolos inspiram, contatos diretos criam confiança, mas o mundo político continua e os problemas do Oriente Médio parecem estar sendo apreciados por uma nova óptica. Esta semana, o "Você Sabia?" destacou uma terrorista que ceifou vidas ao participar de uma ação assassina contra uma Pizzaria em Jerusalém. Condenada à prisão perpétua, foi solta em troca de Gilad Shalit. Passou, então, a dar conferências pelo mundo exortando o isolamento e destruição do Estado de Israel. O mundo está menos tolerante com "fake news" e com pseudo verdades construídas de acordo com o ditado "uma mentira repetida muitas vezes, torna-se verdade". 

Israel é um país em alerta constante e tem um exército de defesa equipado com armas e com pessoas. Quem são as pessoas que servem neste exército? São israelenses. Todos? Certamente não, de imediato lembramos que algumas seitas ortodoxas se recusam a servir o exército, os árabes israelenses servem ao exército de forma voluntária, e deveríamos imaginar que as pessoas com problemas físicos não seriam aceitas. Ao contrário. Esta semana, a formatura da turma 2020 na Aeronáutica de Israel contou com uma oradora muito especial. Leu o discurso em braile e contou como foi incorporada e como fez a diferença nas atividades de sua equipe. Inserir, incorporar, conviver são atitudes diferentes de acolher e aninhar. São atitudes que mostram que cada um tem um lugar no esforço coletivo e que ninguém é um fardo a ser carregado, mas sim um talento a ser incorporado.

E é neste espírito de conversar para achar pontos comuns, e não no espírito de comparar forças ou achar caminhos escusos para uma futura aniquilação, que vemos chegar o momento de conversar com o Líbano. Estas conversas começaram em uma cidade libanesa próxima à Israel. Negociação que tem vários pontos que vêm sendo descritos pela imprensa e pelas mídias sociais. Um destes pontos é chave e tem importância econômica: a delimitação de fronteiras no Mar Mediterrâneo. Fronteiras além da Orla Marítima. Por quê? Usando de todas as palavras para traduzir as entrelinhas, porque estamos na era do conhecimento. Porque a capacidade científico tecnológica de Israel tornou possível a exploração de enormes depósitos de gás, que já comentamos em editoriais anteriores. Mas é importante salientar que se não fossem os ventos favoráveis do Acordo de Abraão e o entendimento de que Sionismo é um movimento legítimo que permitiu que o Povo Judeu voltasse de onde foram expulsos há 2000 anos, todas as promessas do Leviatã seriam motivo para mais uma guerra. 

Dando o destaque de uma semana tão movimentada, acreditamos que o futuro está baseado não só na vontade expressa por grupos que marcham a favor dos acordos, mas também nas pessoas que sentam uma com as outras, achando pontos comuns entre suas culturas e selando amizades com sorrisos e olhos brilhantes.

Boa Semana!

Regina P. Markus

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

VOCÊ SABIA? - O massacre da pizarria Sbarro

 

MASSACRE NA PIZZARIA SBARRO – Jerusalém, 2001

ATIVISTA, TERRORISTA OU ASSASSINA?

Por Itanira Heineberg



Você sabia que no ano 2001 a terrorista Ahlam Tamimi, junto com outro agente do Hamas que acabou morto na explosão, perpetrou o atentado suicida na pizzaria Sbarro, um dos ataques mais mortais da Segunda Intifada Palestina e, apesar deste crime horrendo, vive hoje em plena liberdade na Jordânia, seu país?

Este atentado custou a vida de 15 pessoas, incluindo uma brasileira em visita a Israel, e injuriou 130 pessoas como resultado da explosão na pizzaria. Uma das vítimas encontra-se até hoje em estado vegetativo.

“Tamimi foi condenada por um tribunal militar israelense e sentenciada a 16 penas de prisão perpétua por orquestrar o bombardeio, com uma ordem dos juízes para que ela nunca fosse libertada. Ela conheceu Nizar atrás das grades, onde eles ficaram noivos. Ambos Tamimis foram libertados, junto com mais de 1.000 outros detidos, no acordo de troca de prisioneiros de outubro de 2011 entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que viu o soldado israelense Gilad Shalit ser libertado do cativeiro."


Gilad Shalit



Ahlam, de cidadania jordaniana, foi deportada para seu país, onde foi recebida com festa no Aeroporto Internacional. Com o tempo adquiriu popularidade, tornando-se uma oradora de sucesso ao trabalhar na televisão pública onde fazia propaganda de sua atuação de destaque no vitorioso massacre da Sbarro.

Seu noivo Nizar foi autorizado por Israel para juntar-se a ela na Jordânia quando então casaram numa cerimônia transmitida ao vivo pela TV local.

Ahlam Tamimi transformou-se em estrela na Jordânia


Como o palestino Nizar Tamimi não possuía cidadania jordaniana, em outubro de 2020 ele foi expulso do país e deportado para o Qatar, onde possui residência.

A família Arnold Roth, cuja filha Malki de 15 anos foi morta na explosão, vem pressionando o governo americano a exigir que a Jordânia extradite Ahlam baseada no acordo bi-lateral EUA-Jordânia. A jovem Malki tinha dupla cidadania: israelense e americana.

Ahlam foi indiciada no tribunal federal americano e uma recompensa de 5 milhões de dólares foi colocada sobre sua cabeça pelo FBI. A Suprema Corte jordaniana, no entanto, decidiu que o tratado de extradição com os EUA não permitia que Tamimi fosse deportada.

Há alguns dias, a BBC Arabic TV difundiu uma matéria na qual Ahlam apresentou sua própria história, da maneira que melhor lhe cabia, regozijando-se de suas ações destrutivas. Esta estação em língua árabe é de longo alcance, muitas pessoas têm acesso a suas transmissões com assiduidade, disseminando assim mentiras e escondendo fatos relativos à maldade de Ahlam Tamimi.

Recentemente houve indicações de que o governo britânico pretendia colocar a emissora BBC “na linha”. O Primeiro-Ministro Boris Johnson acredita que a BBC não reflita mais as atitudes das pessoas comuns da classe média do país e que está sendo orquestrada pela visão de mundo de intelectuais e classes administrativas.

Outra mídia de vigilância britânica, a Camera UK, acompanhou o programa sem nenhuma crítica aos Tamimis. Nenhuma das mortes no massacre perpetrado por Tamimi na pizzaria foi mencionada. Isso porque a própria faz questão de contar a todos, publicamente, sobre o sofrimento e as mortes que sua atividade terrorista causou.

Vivemos tempos difíceis, com injustiças cometidas por todos os lados, insegurança quanto a quem acreditar, o grande dilema das redes sociais e noticiários indiciosos.

Ainda que o Primeiro-Ministro substitua o presidente da BBC, vai levar algum tempo para esta mudança atingir seus objetivos. E enquanto isto... estamos sujeitos aos atentados e arbitrariedades...

 

Vidas ceifadas no massacre à Pizzaria Sbarro:

 


Giora Balash, de 60 anos, era brasileira em visita ao país.

Últimas imagens: Ra’aya Avraham e Yitzhak e Hemda Schijveschuurder.


FONTES:

https://honestreporting.com/sbarro-massacre-when-media-turns-a-terrorist-into-a-heroine/

https://www.timesofisrael.com/jordan-deports-sbarro-bombers-husband-also-a-convicted-terrorist-to-qatar/

https://www.change.org/p/secretary-of-state-mike-pompeo-please-push-recalcitrant-jordan-to-honor-its-treaty-obligation-to-the-us-and-extradite-celebrity-terrorist-the-sbarro-massacre-mastermind-ahlamtamimi-to-stand-trial-in-washington/psf/share?source_location=

https://www.monitordooriente.com/20200617-eua-devem-reter-ajuda-a-jordania-para-pressionar-extradicao-de-cidada-palestina/

 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Editorial - SIONISMO & ACORDO DE ABRAÃO


Dubai               Jerusalém                   Manama


A história que teima em ser reescrita a cada presente tem que ser revisitada com base em achados arqueológicos, mas também é possível confirmar a história apenas passeando por cidades antigas e vendo seus monumentos. Passeando em Roma, encontramos o Arco de Tito - que comemora as Vitórias do Imperador Romano no Século I. E lá estão os prisioneiros judeus carregando a Menorah retirada do Templo de Jerusalém. Lá está em pedra, sem necessidade de qualquer escavação, o testemunho da conquista de Jerusalém no ano 70. 


Jerusalém, que mudou de nome para Aedia Capitolae, que já não era mais capital do país até então conhecido como Israel. A partir desta data os romanos deram a este país o nome de Palestina. O motivo da troca da nome é o mesmo que seria buscado ao longo de milênios: a extinção do Povo de Israel. Lembrando que a tradução de "IsraEl" é aquele que lutou com D'us, nome dado a Jacob após ter lutado com um anjo. Certamente não há comprovação arqueológica desta parte da história, apenas a sobrevivência de seus descendentes que teimam em contá-la todos os anos para seus filhos e netos. 

A sobrevivência do Povo de Israel é um fato bastante conhecido e dispensa buscas arqueológicas. O que os romanos conseguiram naquela oportunidade foi criar condições para que Jerusalém fosse eternizada como a capital do Povo de Israel, e que a Terrra de Israel passasse do mundo real para o mundo dos sonhos, e neste contexto o olhar para Tsion foi sendo consolidado ao longo de milênios. Continuar com a história implica em lembrar que poucos anos após a conquista dos romanos, os judeus voltaram a habitar Jerusalém e a Terra de Israel e construir sua história baixo aos diferentes domínios. Esta volta foi acelerada pelos tempos da Inquisição e ao longo dos milênios como decorrência de serem perseguidos ou de perseguirem um sonho. Saltando para o século XXI, podemos ainda olhar como história a criação do moderno Estado de Israel e de sua busca pelo conhecimento. Os milênios de estudos sistemáticos acabam desembarcando em um país que fez da preservação da pesquisa básica e da criação de um sistema próprio de transferência de conhecimento uma nação que vive do novo, que permite avanços nas diferentes áreas do saber. Da informática à saúde, da inteligência artificial à agricultura, chegando agora a podermos fazer imagens internas do nosso corpo apenas engolindo uma camera, rastrear bombas em movimento e saber exatamente a hora que o ônibus passa no ponto mais perto aqui na cidade de São Paulo. 

No outro lado da equação do moderno Estado de Israel, há a guerra com os chamados refugiados de longo termo. Arafat, o egípcio que cunhou o termo palestino, expulso da Jordânia, entrou na ONU com uma arma acima da cabeça falando tranquilamente sobre a paz. Ele e seus descendentes lideram uma guerra contínua contra o Estado de Israel. Ontem mesmo foi descoberto um novo túnel cavado pelo Hamas - descoberto pela alta tecnologia de sensores colocada em muros de proteção. Sensores que evitam morte de humanos e impedem ataques a populações do sul de Israel. 

Olhando as linhas escritas acima, e o título deste texto, vejo que estamos vivendo um momento histórico: o momento em que países árabes que se desenvolveram na base da modernidade e da tecnologia, sem deixar de lado os seus hábitos, costumes e religião, juntam-se a Israel em busca de um futuro de cooperação e diálogo. Lembrando que o diálogo implica no debate de pontos de vista diferentes. No caso do judaísmo nem significa a busca de pontos comuns ou de vitórias, mas sim o exercício de determinar as diferenças. Registrar as diferenças, como foi feito no tempo de Hillel e Shamai no início de nossa era, é o relevante. 

ACORDO DE ABRAÃO - encontro entre descendentes de irmãos por parte de pai, que receberam tratamentos diferentes do pai biológico, mas que sobreviveram ao longo de milênios e que agora encontraram o momento e as razões para mostrar ao mundo a possibilidade de um entendimento baseado em interesses comuns. Em muito pouco tempo vimos pequenos países árabes assinarem tratados e grandes países árabes abrirem os céus permitindo que aviões transportassem seres humanos para contatos pessoais. 

ACORDO DE ABRAÃO - um momento baseado na relação entre pessoas em todos os níveis. Ontem, em entrevista com o Rabino Marc S. Golub da JBS (Jewish Broadcasting System), o Rabino Elie Abadie, que assume a posição de Rabino Senior da União dos Emirados Árabes, expôs a situação dos judeus naquele canto do Golfo Pérsico. Saltamos da relação formal entre Estados politicamente estabelecidos e de cidadãos de diferentes matizes que habitam aqueles países. Rabino Abadie, nascido no Líbano, de pais e irmãos nascidos em Alepo (Síria). Descendente de judeus que fugiram da Espanha durante a Inquisição, passaram por Provence, Itália e Grécia até chegarem no Império Otomano e se estabelecerem em Alepo. Na sequência foram para o México, e o Rabino Elie Abadie que é médico e judeu praticante precisou emigrar para os Estados Unidos porque não teria como assistir aulas aos sábados. Assim como seu pai e avô, também continuou seus estudos judaicos. Entrevista saborosa, que mostra a espiral da história em evolução. 

Os que estão lendo este texto devem estar pensando, como vai terminar? Hoje vou deixar aberto, apenas vou esperar, do verbo esperançar, que o futuro lembre destes dias como o início de um novo despertar para o Oriente Médio e o Mundo.

Boa Semana a todos!

Regina P. Markus

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

VOCÊ SABIA? - Mark Zuckerberg

 

Mark Zuckerberg, o criador da maior rede social do mundo, e a nova educação sobre o Holocausto.

Por Itanira Heineberg





Você sabia que Mark Zuckerberg, magnata da mídia, filantropo arrojado e fundador e CEO do Facebook, com uma única postagem na rede mudou a educação sobre o Holocausto para sempre?


Foi um golpe surpreendente para aqueles que semearam o ódio aos judeus, professaram o antissemitismo e tentaram negar o Holocausto no campo fértil do WWW - world wide web.

Ficou agora decretado que negar ou adulterar o Holocausto não acontecerá mais na plataforma de 2,4 bilhões de usuários do Facebook: ao invés do repetido mantra de “liberdade de expressão”, estas ações serão agora consideradas “discurso de ódio”.

É incrível constatar que com um toque de seu smartphone, Zuckerberg esclarecerá a história do Holocausto no mundo, defendendo a veracidade dos fatos acontecidos no século XX.

Isto terá um grande impacto nos feeds de notícias das pessoas, e acredita-se que o Facebook, referência de mídia social, estabelecerá este precedente que outras plataformas do gênero deverão imitar.


“O próprio Himmler iniciou o trabalho que os negadores do Holocausto vêm fazendo.

Já em maio de 1942, no meio da Solução Final, a Unidade Sonderaktion 1005 foi designada para destruir as evidências do crime exumando valas comuns e cremando os corpos. Himmler falou em 1943 sobre o crime e a necessidade de negá-lo, dizendo aos membros da SS em Posen: “O povo judeu será exterminado ... esta é uma página não escrita e nunca escrita de glória em nossa história.

Com uma simples mudança de política, Zuckerberg afirmou a conexão entre a negação do Holocausto e os próprios crimes do Holocausto. Mais importante, ele traça a linha reta para a violência antissemita hoje.”


Os ex-membros da unidade Sonderkommando 1005 posam ao lado de uma máquina de esmagamento de ossos após a libertação no campo de concentração de Janowska. (Wikimedia Commons)

Com esta medida, os antissemitas e os negadores do Holocausto foram atingidos gravemente, recebendo um golpe do qual não mais se recobrarão.


“Quase metade dos americanos de 18 a 39 anos pesquisados ​​pela Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha (Conferência de Reivindicações) viram a negação ou distorção do Holocausto online. Remover a negação do Holocausto do Facebook não será o fim da negação do Holocausto, mas impedirá que se torne uma narrativa alternativa visível e aceitável.”


Esta medida decisiva de Zuckerberg tem ainda maior alcance: além de isolar os negadores do Holocausto, ele se propõe ao ato que eles mais temem - a verdade histórica!

 

“O Facebook prometeu não apenas remover a negação de sua plataforma, mas direcionar aqueles que procuram pelo Holocausto a fontes confiáveis ​​de informação. A decisão toca questões muito maiores do que apenas a negação do Holocausto; mantém a afirmação de que nem todas as informações são iguais, que mesmo em uma “era pós-verdade”, a verdade importa.

Para o mundo da educação sobre o Holocausto, a negação tem sido por muitos anos o desafio intransponível. É o terceiro trilho da educação sobre o Holocausto que permeia todos os cantos da Internet e faz com que os professores desviem o olhar em desespero. Até mesmo o êxtase da vitória de Deborah Lipstadt no tribunal contra o negador do Holocausto David Irving em 2000 pertence a uma era em que os livros físicos lidos pelas partes interessadas eram o campo de batalha pela verdade.”


Assistamos agora ao vídeo de 3 minutos, parte do filme Denial, baseado na verdadeira história de Deborah Lipstadt e o negador do Holocausto:

 



 

Sobre Mark Zuckerberg

 

Mark Zuckerberg nasceu em White Plains, Nova York, em 1984.

Aluno brilhante, conquistou prêmios e condecorações na escola, mostrando sua genialidade desde a infância.

Estudou em Harvard, onde conheceu Priscilla Chan, de origem chinesa, com quem se casou.



Mark Zuckerberg e Priscilla Chan

Zuckerberg nunca acabou seus estudos na universidade, envolvido com suas criações que em 2012 já haviam conquistado um bilhão de usuários nas redes.



Maxima, a primeira filha do casal Mark e Priscilla

Em 2015 nasceu Maxima, a primeira filha do casal, e Zuckerberg e sua esposa anunciaram a doação de 99% de sua fortuna ao longo de suas vidas.

 

“Na época, seu patrimônio estava avaliado em aproximadamente US$ 45 bilhões. Para cumprir a promessa, o casal fundou a Chan Zuckerberg Initiative, uma organização filantrópica que apoia projetos em educação em ciência em Palo Alto, Califórnia, e receberá progressivamente as doações de Priscilla e Mark.

Um mundo digital interconectado criou um espaço seguro para a negação que era inimaginável há 20 anos. No entanto, a decisão do Facebook encoraja aqueles que se preocupam com o legado do Holocausto, que muitas vezes sentem que é uma luta que nunca pode ser vencida. Ter um gigante como o Facebook chamando a negação do Holocausto e a distorção do que realmente é mostra a educadores e alunos que não estamos sozinhos. Mostra que a realidade, mesmo no vasto mundo digital, pode mudar, e nós, como usuários, agora podemos recorrer a outras plataformas para seguir o exemplo e erradicar a negação e distorção do Holocausto onde quer que seja encontrada."




FONTES:

https://blogs.timesofisrael.com/with-one-post-by-mark-zuckerberg-holocaust-education-changed-forever/?utm_source=The+Blogs+Weekly+Highlights&utm_camp

https://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Zuckerberg

https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/05/mark-zuckerberg-12-fatos-sobre-o-fundador-do-facebook.html

https://paisefilhos.uol.com.br/familia/mark-zuckerberg-mostra-como-a-familia-comemorou-o-halloween-seguidor-tira-onda-com-a-fantasia-dele/

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Editorial - SIONISMO & O ESTADO DE ISRAEL

 



O projeto do gasoduto - clique para ler a respeito: https://dinamicaglobal.wordpress.com/2019/05/15/geopolitica-de-gasoduto-para-a-europa-cada-vez-mais-complexa/


O povo judeu é um povo milenar cuja jornada é baseada em ideias e sonhos. Um povo que tem atravessado os tempos mantendo uma unidade que desafia todos os conceitos primários de identidade. Um povo formado em um deserto histórico, que apresentava todo o tipo de rebeldia e que tinha como ponto central a responsabilidade de um regramento e um comprometimento de cuidar para que ideias e conceitos fossem passados de geração em geração. Para tanto, usa um sistema de debates que premia a divergência e mantém registros das ideias que foram bem sucedidas em sua época - e também das que foram mal sucedidas, visto que a linha de raciocínio que leva ao reconhecimento é mais importante que o reconhecimento em si.


O relacionamento histórico do povo judeu com o Estado de Israel e com Jerusalém são inegáveis. Desde o primeiro exílio babilônico, os judeus rezam voltados para Jerusalém. Um olhar para SION – um olhar para a cidade que se renova com os tempos do ponto de vista de conceitos, mas se mantém vestida das pedras de adquirem a cor do ouro quando bate o sol. Ierushalaim shel Zahav – Jerusalém de ouro. O moderno Estado de Israel é tão ou mais diverso que o povo judeu. Reúne judeus de todas as partes do mundo. Há os que chegaram perseguindo o ideal de construir uma pátria e de dar aos judeus algo que povos muito mais jovens tinham como direito adquirido. Há os que chegaram como imigrantes e como refugiados e há os que estavam em condições tão precárias no local onde nasceram que o próprio Estado de Israel não mediu esforços para trazê-los para a terra de seus sonhos.


Esta semana foi publicada a noticia que os últimos judeus que moram na Etiópia serão trazidos para Israel. Se a saga dos primeiros imigrantes da Etiópia beirava a ficção, hoje a Ministra de Imigração e Integração Pnina Tamano-Shata, nascida em Wusaba, na Etiópia, mas morando em Israel desde 1984, está em negociação para trazer os últimos 7500 membros da comunidade Falasha Murá que ainda estão em campos de refugiados naquele país.


Solidariedade e um olhar para o outro é o que se aprende nos longos anos de diáspora. Por outro lado, opiniões individuais fortes e diversidade de hábitos e costumes, mesmo que isto leve a conflitos e uma gama muito grande de opiniões e comportamentos, é o que leva à longa sobrevivência. Um alimento feito com açúcar que leva algumas pitadas de sal, ou feito com vinagre que leva algumas pitadas de açúcar. São estas combinações que permitem que os judeus, um povo entre os povos, venha sobrevivendo ao longo dos milênios.


Neste ano de coronavírus estamos vivenciando mais uma destas reviravoltas: um recrudescimento do antissemitismo, impensável no final do século XX. Anos e anos de difamação do movimento sionista vem encontrando agora eco em pessoas que apenas reagem ao jargão. Alguns dos comentários que respondemos, quando leitores querem desconectar o Estado de Israel do Povo Judeu e difamam a palavra sionismo, mostram que a desinformação começa a criar raízes.


MAS – e sempre tem um MAS – é neste ano que presenciamos uma enorme virada dos países árabes em relação a Israel. Os movimentos terroristas que declaram que seu objetivo é “jogar os judeus no mar”, ou que impedem o bom relacionamento entre judeus e árabes dentro do território israelense ou dentro do lado oriental do Rio Jordão não vêm mais encontrando apoio, quer financeiro, quer logístico. As únicas duas nações que ainda clamam por estas ações são Turquia e Irã, que não são países árabes.


Após presenciarmos não apenas assinaturas oficiais, mas também uma gama enorme de interações entre as populações dos Emirados Árabes Unidos e do Kuwait com israelenses, assistimos nesta semana uma reunião no Sul do Líbano em que libaneses e israelenses iniciaram conversações para definir suas fronteiras marítimas. Muitos perguntam, qual a importância de definir fronteiras marítimas? Israel por muitos anos pesquisou e gerou condições para exploração dos depósitos de gás no Mediterrâneo. Grandes jazidas vão do norte de Israel até o Egito. Em janeiro foi assinado com a Grécia um acordo para a instalação de um oleoduto que levaria o gás para a Europa, e em maio Israel e Egito estabeleceram acordo para realização de fóruns regionais.


Olhando para leste, a Arábia Saudita liberou seu espaço aéreo para a circulação de aeronaves comerciais e muitos acordos científicos, comerciais, militares e nas áreas de turismo e esportes já foram ou estão sendo assinados. Mas há outro fenômeno que denota o estabelecimento de relações: quando pessoas começam a se encontrar - e também quando são abertos espaços na imprensa. No dia 6 de outubro de 2020 foi publicado no HaAretz um coluna assinada por Khalal Al Habtoo, presidente do Grupo Habtoor, baseado nos EAU, um conglomerado internacional com interesses em construção, hotelaria, indústria automotiva, educação e editoria. O título do artigo conclama ao término do ódio insano. É um artigo em linguagem bastante direta, que vale a leitura e que termina com o seguinte parágrafo:


“Eu convoco todos os líderes árabes a enterrar os velhos ódios que consumiram suas políticas exteriores por 72 anos sem gerar fruto. Juntem-se a nós na criação de um Oriente Médio pacífico com novas e excitantes oportunidades para todos. Esse é o o melhor legado que podemos deixar para nossos filhos e as gerações que virão.”


E com estas palavras, convidando a todos a olharem as possibilidades que foram abertas com a retirada de boa parte do suporte financeiro dos árabes aos terroristas que têm por intenção a destruição do Estado de Israel. Estas possibilidades, além de uma enorme repaginação das relações locais, colocam o Oriente Médio como um player da tomada de decisão internacional.


SIONISMO – o sonho que manteve um povo por milênios

Le Shana habá be Yerushalaim – O ano que vem em Jerusalém


Osse Shalom – fazer a paz – 


Uma boa semana a todos!


Regina P. Markus

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Você Sabia - O Livre-Arbítrio oferece a Bênção e a Vida

 Por Itanira Heineberg



Você sabia que o último discurso proferido por Moisés ao seu povo na hora de olhar para frente e pisar a terra que D’us prometera estabelece mais uma vez o livre arbítrio? Estas foram as palavras:

“Eis que dou para vocês a bênção e a maldição, a vida e a morte. Escolham a bênção e a vida.”


Moisés avalia a Terra Prometida à distância - James Tissot (1896-1902)



O que entendemos por bênção? Bênção material, bênção espiritual?

“No hebraico, a palavra bênção (baarah) vem de uma raiz (barakeh, beirakheh) que significa ajoelhar, abençoar, exaltar, agradecer, felicitar, saudar. ... Tanto no hebraico quanto no grego (eulogia) apresenta um sentido de concessão de alguma coisa material.

No Antigo Testamento a palavra bênção geralmente traduz o hebraico berakhak, que pode significar algo como “bênção”, “fonte de bem/bênção”, “prosperidade”, “louvor de Deus”, “presente” e “acordo de paz”.

 

Esta palavra, presente em muitas passagens da Torah, evoca uma concessão de bem e apresenta-se como antônimo de maldição. É um termo que invoca coisas boas, na realidade uma graça divina, um voto de felicidade e proteção do alto em benefício de alguém.

Exposição “BRACHÁ, UMA BÊNÇÃO- Retorno ao Schtetl (povoado) polonês”

Foto: AGNIESZKA TRACZEWSKA 


Segundo os rabinos, devemos pronunciar várias e várias bênçãos por dia.

 

“O Talmud explica: em um salmo lemos que tudo o que está na terra a Deus pertence e, em outro, está escrito: os céus a Deus pertencem e a terra foi dada à humanidade. Ao pronunciar uma bênção, nós ganhamos o direito de usar o que Deus nos oferece.

Deus não nos deu uma herança (ierushá), mas um legado (morashá) para usar sempre! “

 

No último dia de vida de Jacó ele abençoou todos seus doze filhos no Egito, realçando suas qualidades e defeitos:

Reuven - “Você é meu primogênito, mas não merece ser líder: para dirigir os outros é preciso saber se autodirigir.” Reuven representa o judeu mediano, não seria elite.

Shimon - “Você é violento e vai ficar disperso.”

Judá - “Você é líder, forte como um leão, você dará origem aos reis.”

Levi - Jacó condena seu comportamento inaceitável, apesar de corajoso e leal a D’us. Seria o guardião dos ideais de Israel, responsável pela função sacerdotal.

Benjamin – “Você parece um lobo faminto, guerreiro. Enfrentará muitas lutas, mas só vencerá pela justiça.”

José - Ao invés de abençoá-lo, Jacó abençoou seus dois filhos (Efraim e Menashé) – seus netos. E lembrou o grande coração de José que soube perdoar seus irmãos invejosos.

Zebulon e Issachar são mencionados conjuntamente. Estabelecer-se-ão perto do mar e viverão do comércio. Zevulun terá muitos bens materiais e ajudará Issachar a se aprofundar espiritualmente. Um trabalha e sustenta o outro que estuda.

Gad – Jacó louva esta tribo por ser a mais forte, guerreira e defensora de seus irmãos.

Dan – Jacó o considerava político, agressivo. Precisava mandar, fosse por meio da força ou de artimanhas. 

Naftali – Jacó o considerava diferente, diletante, com senso de estética, beleza. Um artista. Habilidoso, minucioso. Cuidava do exterior e do interior. Nunca desistia.

Asher (felicidade) - Seria próspero. Teria abundância produzindo azeitonas e azeites. Asher foi o mais abençoado.

Todos os filhos de Jacó foram abençoados assim como todos os de Moisés ao deles se despedir. Algumas palavras breves, simples, pronunciadas com amor, respeito e reverência a D’us.

“As bênçãos bíblicas incluem: saúde, vida longa, filhos, honra, vitória e, em Israel, chuva na hora certa e poder trabalhar.”

Portanto, seguindo os ensinamentos de nossos sábios, invoquemos a graça divina, proferindo bênçãos diárias a tudo o que nos rodeia, nossos alimentos, nossos companheiros de jornada terrestre, a natureza que nos proporciona paz, alegria e sobrevivência.

 

Lembremos sempre a Bênção tríplice oferecida por D’us a Moisés:

“Diga a Arão e aos seus filhos: Assim vocês abençoarão os israelitas:

"O Senhor te abençoe e te guarde;

“O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te conceda graça;

“O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê paz.

"Assim eles invocarão o meu nome sobre os israelitas, e eu os abençoarei".

Mas lembremos sempre o recado de Deus a Abraão:

“Seja você uma bênção com chessed veemet – amor e lealdade.”



A primeira bênção que a criança recebe vem cheia de amor e promessas de uma vida protegida, bem cuidada, e de ensinamentos e exemplos a serem imitados. É a bênção dos pais aos seus filhos!



FONTES:

Prédica do Professor Nelson Rozenchan perante a Comunidade Esh Tamid durante as Grandes Festas – Yom Kipur 5781

https://br.pinterest.com/pin/839710293003974126/?autologin=true

https://www.spmj.com.br/press-releases/bracha-uma-bencao-exposicao-da-fotografa-agnieszka-traczewska-revela-a-heranca-judaica-viva-ainda-hoje-na-polonia-20191018

https://blog.sefer.com.br/os-porques-do-judaismo/

https://guiame.com.br/colunistas/rina/os-tres-discursos-de-moises.html

https://www.biblegateway.com/passage/?search=Deuteron%C3%B4mio+1&version=NTLH

https://pt.wikipedia.org/wiki/Deuteron%C3%B4mio#/media/Ficheiro:Tissot_Moses_Sees_the_Promised_Land_from_Afar.jpg

https://www.bibliaon.com/a_bencao_sacerdotal/


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

EDITORIAL: O CíRCULO - quando o fim abençoa o início


Simchat Tora - a alegria de recomeçar


A vida judaica e os feriados em Israel seguem o calendário regido pela natureza e pela história do povo judeu. A maioria das comemorações encontra um duplo sentido e tem origem nos tempos bíblicos. Ao longo dos milênios são poucas as datas que vão além da queda do segundo Estado de Israel, quando da conquista de Jerusalém pelos romanos. Uma importante exceção é a festa de Simchat Torá, a alegria da Torá.

Este é o dia, logo após a festa de SUCOT, em que é encerrada e iniciada a leitura da Torá. É o dia em que as sinagogas retiram todos os rolos da arca santa e quando esta é carregada por dançarinos, como se fosse o dia em que o homem tem o direito de assumir toda a sua história e apesar da responsabilidade do ato, o momento é celebrado com muita alegria e muita dança. Dançando é que a Torah é passada de um para o outro. Em algumas comunidades com rito ortodoxo próprio apenas entre os homens, e nas demais entre homens e mulheres.  Alegria comemorada com alimentos doces - muitos devem lembrar das maçãs do amor - hit da década de 1950 - e que depois foi sendo substituída pelos pirulitos coloridos. Atualmente a volta da maçã, para dar um gosto doce, vem ganhando popularidade. 

Reciclar, repaginar, retomar - são palavras muito adequadas para os nossos tempos. No mundo do saber, revisitar, voltar a analisar paradigmas e "verdades científicas" também são consideradas formas de poder avançar além das fronteiras do saber estabelecido.

Simchat Torá - a festa da alegria. O Gaon de Vilna (1720-1797) disse que o "comando: alegrar-se durante as comemorações" (Dvarim 16:14) é um dos mais difíceis da Torá, e podemos dizer um dos mais brilhantes e necessários para que a VIDA suplante as dificuldades, para que nossos corpos possam ultrapassar momentos de extrema privação. Elie Wiesel (1928-2016) lembra como nos campos de concentração nazistas em que esteve havia judeus que imitavam dançar com a Torá no dia de Simchat Torá após o trabalho estafante. Lembrar da Alegria, mesmo quando é imposível senti-la, para poder "Guardar"; preservar o maior bem que temos: a VIDA.

É nesta corrente da vida que no dia de Simchat Torá é lida a última parte da Torá - chamada de "Ve Zot ha Brachá" - "E esta é a benção" que deu Moisés aos Filhos de Israel. Quando aos 120 anos morre olhando para o futuro, e a primeira parashat da Torá - BEREISHIT - No começo - em que a história da criação do mundo é contada.

Em um rolo é lida a última parte e em outro a primeira parte - como se a vida fluísse entre as gerações de forma a sempre ter um novo começo. De forma a prescindir de regras rígidas, de dogmas, de palavras de ordem ou de verdades fora de contextos. Um novo começo que conta duas versões diferentes da história da criação.

Na primeira versão D’us criou ADAM  (Adão), ser da terra, - à Sua imagem - e zachar ve nekeivá bará otam - e feminino e masculino ele os criou. No capítulo 2 da mesma parashá conta-se a mesma história, a história da criação, em uma ordem diferente e no sexto dia é contada a história da serpente e de Eva - CHAVA em hebraico que quer dizer ALEGRIA!

A Torah não é dogmática. Admite muitas leituras e uma forma inesgotável de explicações. Lembra a ciência, que vai interpretando os fenômenos naturais na dependência das técnicas disponíveis a cada tempo. Independente dos conceitos de bem ou mal, de certo ou errado, a possibilidade de manter o foco no conhecimento e na alegria, ensinado com destaque por todas as correntes do judaísmo permite seguir em frente e saber que continuaremos a estudar nos próximos milênios. As bençãos de um conhecimento adquirido servirão de base para a busca de novos horizontes.

Chag Sameach!

Regina P. Markus






segunda-feira, 5 de outubro de 2020

VOCÊ SABIA? - RBG


Ruth Bader Ginsburg - RBG

Por Itanira Heineberg


Negligenciar a herança judaica X Sucesso na vida 



Você sabia que uma moça judia com muita chutzpah* conseguiu alterar a lei americana para, na possibilidade de Rosh Hashanah ou Yom Kipur coincidirem com a primeira segunda-feira de outubro, a Suprema Corte só abrir por 5 minutos mas nenhum argumento ser ouvido para que os judeus não tenham que escolher entre seu Judaísmo e sua carreira? 


*Chutzpah = audácia, atrevimento

 

“A América não deve forçar um judeu a suprimir seu núcleo essencial, sua semente judaica, sua alma divina interior, e essência.”

A lei federal de 1916 exige que a Suprema Corte americana abra a nova sessão — após as longas férias de verão — na primeira segunda-feira de outubro.

Foi quando em 2003 o dia sagrado do Yom Kippur caiu na primeira segunda-feira de outubro.

“Os dois juízes judeus da Suprema Corte - o juiz Stephen Breyer e a juíza Ruth Bader Ginsburg - foram ao Chefe de Justiça da Suprema Corte, o juiz Rehnquist, e pediram que, em deferência ao Yom Kippur, ele atrasasse a abertura. O Chefe de Justiça não aprovou: "Por que devemos adiar? Sempre realizamos nossas conferências de sexta-feira, mesmo que seja sexta-feira Santa! Por que o Yom Kippur deveria ter mais destaque do que a Sexta-Feira Santa?" Ruth

Ginsburg respondeu:

"Vá em frente! Mude essa conferência para quinta-feira; isto seria bom para nós”.

O Chefe de Justiça ainda não foi persuadido.
Então Ruth Bader Ginsburg lhe disse:

"Os advogados esperam toda a sua carreira para comparecer perante a Suprema Corte. Para muitos deles, é uma chance única na vida de discutir no Supremo Tribunal. E se um advogado judeu quisesse comparecer ao tribunal neste Yom Kippur? Não devemos fazer com que esse advogado seja forçado a escolher entre observar sua fé e comparecer perante o Tribunal?"

 

Ouvindo estas palavras, o Chefe de Justiça mudou seu calendário.
Desde então, ficou estabelecido que quando os dias das Grandes Festas estiverem na primeira segunda-feira de outubro, a suprema corte abrirá simbolicamente por apenas 5 minutos.


Dizem os que a conheceram que este foi o “momento Sandy Koufax” de Ruth.

O grande jogador de baseball Sanford Koufax, arremessador canhoto, decidiu não participar do Primeiro Jogo da Série Mundial de 1965 por ser Yom Kippur. Assim como ele o fez, ela não participaria da Corte.



A partir de então a corte não mais desempenhou suas funções em Yom Kippur.

Ruth Bader Ginsburg permitiu que o Chefe de Justiça entendesse que nem um único advogado judeu na América deveria ter que negligenciar sua herança judaica para ter sucesso na vida. A América não deve forçar um judeu a suprimir seu núcleo essencial, sua semente judaica, sua alma divina interior, e essência.”



MEZUZAH

Ruth prendeu uma grande Mezuzah de prata na porta de sua sala e colocou uma significativa pintura com as palavras hebraicas “Tzedek Tzedek Tirdof – Justiça, Justiça você perseguirá (Deut.16:20)” na parede de seu escritório.

Com a Mezuzah na sua porta de trabalho ela mostrou ser uma judia orgulhosa de sua herança, obedecendo seus valores e neles inspirando-se em seu trabalho de legisladora!



Em 2004, em um discurso no Museu Memorial do Holocausto nos Estados Unidos ela falou:

"Minha herança como judia e minha ocupação como juíza se encaixam simetricamente. A demanda por justiça percorre toda a história judaica e a tradição judaica; eu me orgulho e tiro força da minha herança"!

Ruth nasceu no Brooklin, filha de imigrantes judeus russos. Ainda bebê perdeu sua irmãzinha mais velha e na adolescência perdeu sua mãe.

Completou seus estudos iniciais na Universidade de Cornell, casou e teve seu primeiro bebê antes de ir para a Universidade de Harvard, sendo uma das poucas mulheres de sua turma.

Graduou-se em Direito em 1959 na Universidade Columbia.

 

“Depois da Faculdade de Direito, Ginsburg voltou-se à academia. Foi professora da Faculdade de Direito da Universidade Rutgers e da Faculdade de Direito de Colúmbia, ensinando processo civil; era uma das poucas mulheres que trabalhavam neste campo. Ginsburg gastou uma parte considerável de sua carreira jurídica defendendo o avanço da igualdade de gênero e dos direitos da mulher, ganhando múltiplas vitórias argumentando diante da Suprema Corte. Advogou voluntariamente para a União Americana pelas Liberdades Civis e integrou seu conselho de administração e um dos seus conselhos gerais na década de 1970. Em 1980, o Presidente Jimmy Carter indicou-a para a Corte de Apelações dos Estados Unidos para o Circuito do Distrito de Colúmbia, onde permaneceu até sua ascensão para a Suprema Corte.

Após 40 anos atuando na carreira judicial, veio a falecer aos 87 anos na sua residência em Washington, D.C., decorrente de complicações de câncer de pâncreas metastático.”

Atualmente o streaming Netflix oferece um filme sobre os primeiros anos da vida profissional de Ruth Ginsburg.



Em 6 minutos no vídeo abaixo, uma história de inspiração.

É impossível escrever a palavra truth (verdade) sem escrever Ruth!

 



“Acho significativo que, como ela mudou o calendário da Suprema Corte quando coincide com Rosh Hashaná, exibindo honra eterna ao nosso Ano Novo e nossos Feriados Altos, ela devolveu sua alma ao seu criador momentos antes de Rosh Hashaná.” Rabino Yosef & Shainy Raichik


 

 

FONTES:

Carta de Rabino Yosef & Shainy Raichik

https://www.migalhas.com.br/coluna/conversa-constitucional/302642/ruth-bader-ginsburg--a-historia-prefere-os-que-fazem

https://oglobo.globo.com/mundo/juiza-ruth-ginsburg-faz-historia-como-primeira-mulher-ser-velada-no-capitolio-americano-1-24660477

https://oglobo.globo.com/mundo/juiza-ruth-ginsburg-faz-historia-como-primeira-mulher-ser-velada-no-capitolio-americano-1-24660477

https://www.bustle.com/rule-breakers/who-coined-notorious-rbg-heres-the-history-of-ruth-bader-ginsburgs-nickname-13163770

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