Estamos na semana de Pessach, chegando na Páscoa e no Ramadan. Com pequeno esforço encontramos em todas as culturas festejos ligados à liberdade e à transição entre o inverno e o verão. No geral, temos mais facilidade de descrever as diferenças do que as semelhanças. Assim como a natureza nos mostra imagens de deslumbrante beleza e momentos aterrorizantes, as relações humanas também apresentam uma diversidade incrível. Estes meses de pandemia que têm trazido medo, luto e preocupação também nos ensinaram a colaborar e admirar pequenas gentilezas.
Nesta semana em que comemoramos a liberdade olhando para 3300 anos atrás, vale lembrar do que aconteceu no dia 31 de março de 1492. Naquela data, foi assinado pelos Reis de Espanha Fernando e Isabel o decreto de Alhambra: decreto que deu início à Inquisição Espanhola e que anos mais tarde chegaria a Portugal. Foi uma época trágica para os judeus sefaraditas, que como sabem foram determinantes na formação do Brasil.
Já em 31 de março de 1821, as Cortes Constituintes de Portugal aprovaram um projeto de lei apresentado em 24 de março do mesmo ano pelo Deputado Francisco Simões Margiochi descrevendo os crimes e horrores da Inquisição. O projeto foi aprovado por unanimidade e aos que quiserem conhecer com mais detalhes este episódio vale acessar o sítio do Parlamento Português clicando aqui.
O Tribunal da Inquisição foi oficial por 285 anos. Atualmente, no século XXI, há muitos descendentes de cristãos novos retornando ao judaísmo ou revelando suas heranças. Certamente o antissemitismo continuou imperando e criando novas roupagens. Novos algozes e novas formas para sobreviver, porque o objetivo sempre é a passagem da Escravidão para a Liberdade.
Dando um salto para o século XXI, esta semana o Jerusalem Post anunciou que as últimas três famílias de judeus iemenitas ainda no Iémen foram expulsas por um grupo apoiado pelo governo Iraniano. A maior parte da comunidade iemenita já havia imigrado para Israel. Um fim que é acompanhado por um começo.
Os jornais árabes e israelenses dão destaque à aproximação entre Israel e países do Golfo e Marroco. Esta semana o Seder de Pessach foi comemorado em Abu-Dabi, Bahrein e outras cidades. Nestes últimos meses foram abertos restaurantes e supermercados com comida kasher, realizadas competições de esportes e feiras de ciência com jovens expondo novas idéias e empreendedores criando oportunidades de negócios.
E chega o momento de abrir consulados em embaixadas para regularizar e formalizar as relações entre os países: uma condição que há alguns anos pareceria impossível. São milhares de pessoas que vão se beneficiar de ambos os lados e que tendem a unir capital, conhecimento e vontade de trabalho, sem querer influenciar na cultura, hábitos e religiões de cada um dos parceiros.
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Admitir a diversidade, a HUMANODIVERSIDADE, que hoje é tão importante quanto a bioversidade, é a melhor forma de garantirmos que apesar de todas as mazelas do século XXI e deste 2021, a passagem da discórdia para a liberdade está sendo buscada e em alguns casos até encontrada.
FELIZ PÁSCOA - e FELIZ PESSACH
Regina P. Markus
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