Liberdade, um
sonhar constante do ser humano;
1947, uma odisseia secreta para resgatar sobreviventes do Holocausto e restituir-lhes a liberdade;
1789, Capitania de Minas Gerais, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, também sonhou com a liberdade;
No século
XV AC Moisés libertou os hebreus dos grilhões da escravidão egípcia!
Por Itanira Heineberg
Você sabia
que, após os pavores da 2ª guerra mundial e do desumano Holocausto, quando muitos
sobreviventes judeus encontravam-se ainda sofrendo na decadente Europa do pós-guerra
sem esperança de uma vida segura, foi preciso uma missão secreta e a valentia
de muitos para resgatá-los e, após muitas lutas e bravura, levá-los à tão
sonhada liberdade?
Esta tarefa perigosa e dramática de alguns em favor de muitos encontra-se no livro de Murray Greenfield, um dos combatentes na operação Aliyat Bet - Imigração Ilegal, peripécia realizada por voluntários judeus e não judeus norte-americanos que esmagaram o bloqueio britânico e levaram milhares de refugiados para um porto seguro na Palestina.
O autor do
livro “A Frota Secreta dos Judeus” é o último dos voluntários do grupo ainda com
vida e foi um dos marinheiros voluntários nas operações da Alyiah Bet.
O jovem
Murray na fileira da frente, de sunga preta. |
O livro, com
abundância de fotos, ficou ainda mais enriquecido com a introdução de Sir
Martin Gilbert, um eminente historiador. O relato detalhado da operação
vitoriosa, primorosamente pesquisado e apresentado, traz luz a este fato pouco
conhecido da história judaica.
Numa
entrevista emocionante gravada em vídeo, Murray, de um tradicional lar Kosher, nascido
no Bronx em 1926, conta sobre sua família oriunda da Polônia antes da Primeira
Guerra, seus cinco irmãos homens destinados a cursar a universidade, sua
decisão de postergar a vida acadêmica em prol do serviço secreto na Europa, sua
relação com os outros jovens voluntários e do desprendimento de todos eles,
sabendo quem iam ajudar sem saber exatamente o que os esperava.
O choque
do encontro com os sobreviventes foi enorme, deixando-o inconsolável. As más
condições de saúde, suas aparências desumanas, suas histórias de dor e
privações assustaram os jovens voluntários.
A cada dia
eles vinham a conhecer uma nova e triste passagem do Holocausto, relatos
inimagináveis contados entre lágrimas e soluços.
Murray
sabia iídiche, tinha facilidade em se comunicar com os refugiados e se condoía
com a sorte deles.
Ao
chegarem à Palestina foram desembarcados do Hatikvah, navio responsável pelo
resgate de 40% dos refugiados da Europa, mas os portões da Terra Prometida encontravam-se fechados para os
sobreviventes. Foram então todos colocados em outra embarcação e levados para um
campo de refugiados já repleto de sobreviventes no Chipre.
Os
britânicos logo os pulverizaram com desinfetantes, DDT, como se fossem vermes,
o que indignou furiosamente o jovem Murray. Outro fato que muito o irritou e
revoltou foi passarem meses no campo circundados por cercas de arame farpado.
Mas se por
um lado nosso autor se apavorava com a situação precária do campo, por outro
lado ele se encantava com a alegria, a fé e o entusiasmo dos seus habitantes,
na maioria muito jovens.
Eles
acreditavam que iam conseguir a liberdade, cedo ou tarde, eles cantavam,
casavam e tinham filhos apesar da indignidade dos arames farpados.
Rompendo o bloqueio britânico – Hatikvah - barco antigo, recuperado e transformado supostamente em cargueiro de bananas, onde as inúmeras prateleiras a intervalos de aproximadamente 50 cm entre uma e outra serviram de camas para os mais de 1500 passageiros.
“A
ideia de contrabandear judeus para a Palestina já existia no início dos anos
1930, principalmente tentativas de pequenos grupos de cruzar a fronteira norte
com a Síria e o Líbano. Em julho de 1934, Haganah tentou contrabandear judeus
para a terra por mar. Para isso, eles compraram um velho navio no qual poderiam
levar 350 imigrantes. Em 31 de julho de 1934, o navio completou a viagem do
Pireu até a costa da Palestina e, por quatro noites, pequenos grupos foram transportados do navio para as praias de Kfar
Vitkin e Tel Aviv. O Haganah tentou fazer outra corrida com o navio, mas, nessa
fase, os ingleses estavam atrás deles e conseguiram impedir que o navio
chegasse à costa.”
A partir
de então ficou difícil a entrada de judeus da Europa na então Palestina.
O Mandato
Britânico, ali instalado de 1934 a 1948, fiscalizou com mão de ferro a entrada
daqueles que assim o tentaram.
Em 1939
foi criado o Livro Branco com o objetivo de acabar por completo com a imigração
ilegal.
Nem por
isso um grupo de judeus e não judeus deixou de se organizar na Bélgica em 1946
para mais uma investida: levar os sobreviventes para Eretz Israel.
Este grupo
teve sucesso em seu desafiante empreendimento.
Os
passageiros do Hatikvah sofreram o ataque dos britânicos quando se recusaram a
dar a meia volta com o barco já perto da chegada, então aqueles invadiram o
barco dos refugiados, lutaram e os espancaram com seus cassetetes.
Os judeus,
ao ser-lhes oferecida a oportunidade de lutar, atiraram-se ao combate com
grande energia e ao final sofreram vários ferimentos.
Depois do combate, Murray perguntou-lhes por que haviam lutado tão desenfreadamente, sabendo que estavam em desvantagem, frente aos bastões e às bombas de gás dos invasores, ao que eles responderam cheios de determinação: nunca antes tínhamos tido a oportunidade de lutar!
Após vários meses em Chipre, os voluntários foram liberados e os sobreviventes esperaram pacientemente até que fossem conduzidos à sua abençoada terra, o que aconteceu com a declaração do Estado de Israel em maio de 1948.
Murray e
colegas da odisseia naval adotaram Israel como sua pátria, lá criando família,
negócios e mais histórias louváveis de vida dedicada ao seu povo.
David Ben-Gurion discursa no jantar da AACI no Sheraton Hotel em 1961 ao lado de Murray Greenfield.
Murray simboliza
o amor de um ser humano pela sua pátria.
Além de
sua devoção sem limites pelo Estado de Israel e do resgate por mar dos
sobreviventes do Holocausto, empenhou-se em ajudar imigrantes da América do
Norte a se instalar em sua nova terra, atuando como diretor executivo da
Associação de Americanos e Canadenses em Israel (AACI) e como diretor
voluntário da American Association for Ethiopian Jewry (AAEJ), desempenhando um
importante papel na aliá dos judeus etíopes.
Murray tornou-se um grande contador de histórias, escrevendo livros seus e outros em colaboração com sua esposa e criando a Gefen Publisher, editora hoje dirigida por seus filhos.
Seu talento de comunicador, sua alegria contagiante e sorriso cativador podem ser conferidos no vídeo abaixo onde podemos conhecê-lo melhor como um Homem íntegro de nosso tempo e permear seu coração desprendido e generoso.
E finalizando esta bela história de amor, valentia e determinação, celebremos com Murray:
“E nós
temos um país!”
FONTES:
https://www.eretz.com/wordpress/blog/2018/08/06/aliyah-bet-breaching-the-blockade/
http://www.morasha.com.br/historia-de-israel/o-livro-branco-de-10.html
https://www.jpost.com/israel-news/murray-greenfield-a-humble-israeli-hero-398656
https://books.google.com.br/books/about/The_Jews_Secret_Fleet.html?id=psggYctbdlQC&redir_esc=y
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