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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

VOCÊ SABIA? - Petr Ginz

 

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Por Itanira Heineberg


Yad Vashen, Jerusalém - Ilan Ramon, astronauta israelense morto no acidente da espaçonave Columbia em 2003 (filho de uma sobrevivente de Aushwitz) e Petr Ginz, jovem morto em Aushwitz, que sonhava com a Lua e a liberdade.



VOCÊ SABIA que um acidente com o ônibus espacial Columbia, em 2003, trouxe ao mundo a história de um garoto morto pelo Holocausto mais de cinquenta anos antes?

Cultura é um prato cheio para os amantes das Artes, e Israel propôs-se a alegrar o mundo com suas exposições pelas grandes e pequenas capitais do mundo no último mês de outubro. Houve mostras de artes plásticas e visuais, música clássica, jazz e bandas, televisão, cinema e curtas-metragens, teatro, comemorações locais, dança, cerâmica, arquitetura, leitura, poesia e culinária. Uma festa inusitada para todos que participaram e com ela se enriqueceram.

Vamos contar aqui sobre um filme apresentado em Kaluga, na Rússia, no Festival Internacional de Cinema Espacial: Ronen Kraus, vice-chefe de missão da Embaixada de Israel na Rússia, participou do Tsiolkovsky, o famoso festival. Uma vez no Museu Estadual da História da Astronomia de Tsiolkovsky, Kraus foi recebido pelo diretor de cinema e presidente do festival de cinema, Igor Ulnikov, e levado em uma visita guiada pela equipe do museu, onde conheceu uma extensa coleção de tecnologia espacial.

Assistiu também à exibição do filme "O Último Voo de Petr Ginz", dirigido por Sandra Dickson e Churchill Roberts.

Este filme baseia-se na história verdadeira de uma criança judia tcheca, um gênio, que aos 14 anos foi levado para Theresienstadt e posteriormente para Auschwitz.


Trailer do filme, narrado por Eva Ginz, irmã mais jovem de Petr, que sobreviveu ao Holocausto.

 

“Aos 14 anos, ele já havia escrito cinco romances e um diário sobre a ocupação nazista de Praga. Aos 16 anos, ele produziu 120 desenhos e pinturas, editou uma revista subterrânea no gueto de Theresienstadt e escreveu inúmeros contos. Ginz foi morto na câmara de gás em Auschwitz antes do seu 17º aniversário. O filme é para comemorar e celebrar a memória de Petr, e lembrar os espectadores das muitas vidas interrompidas pela tragédia do Holocausto.”

 

Esta história de Petr não era conhecida do público em geral, até acontecer a tragédia do ônibus espacial Columbia em 2003.

 

“O astronauta israelense Ilan Ramon, membro da missão, carregava consigo o desenho de Petr, "Paisagem da Lua". A publicidade em torno do voo da Columbia e sua trágica explosão levou à descoberta do diário de Petr e obras de arte adicionais e contos em um sótão de Praga. De todos os romances de Petr, apenas o Alien Pré-Histórico foi encontrado após a guerra.”



Os objetivos deste festival de filmes espaciais, além de mostrar novidades na exploração espacial, são relacionar a ciência com a arte popular, melhorar o entendimento entre especialistas e professionais de cinema no sentido de solucionar problemas de cultura, ciência e tecnologia.

Dezenas de filmes sobre o assunto, de mais de 50 países, participaram deste festival.


Petr e Eva antes da guerra

Os pais de Petr e Eva eram professores, estudiosos da língua Esperanto, e ofereceram aos filhos enquanto puderam uma vida de muito amor, princípios e estudos.

Após o acidente da Columbia, surgiu na mídia a história dos sete astronautas mortos e o nome de Petr Ginz, o jovem artista criador do desenho Paisagem Lunar, agora uma perda. Alguém leu este nome e achou-o familiar.

 

Algumas semanas depois, o museu foi contatado por um tcheco, que dizia ter comprado uma velha casa em um bairro de Praga e, junto com todas as velharias que estavam guardadas no porão, encontrou alguns cadernos manuscritos assinados pelo mesmo nome que assinara aquele sombrio desenho da lua. O nome era Petr Ginz - e foi assim que os diários ex-perdidos-para-sempre de um menino judeu, registrando a escalada da deportação da população judaica da capital tcheca para os campos de concentração, saíram da obscuridade. E revelaram como uma criança testemunhou os fatos acontecerem ao seu redor, nas ruas, no colégio, na própria casa, e os registrou com a acuidade de um jornalista.

 

As páginas de Petr contam da sua rotina e de como a cidade foi se tornando dia a dia um espaço proibido aos judeus: ruas, quarteirões, transportes públicos, armazéns, lojas, profissões, moradias, pertences, médicos, remédios, a simples leitura de jornais. Com apenas 14 anos, Petr fazia parte da força de trabalho da remoção (perversidade suprema, os judeus eram obrigados a gerir o seu próprio processo de expulsão e aniquilamento). O jovem Ginz foi encarregado de levar a bagagem de muitos parentes para a plataforma de onde partiam os trens rumo aos campos de concentração. Na rígida e bem sucedida metodologia alemã, nem a um guri era permitido carregar malas sem as devidas permissões legais: como era proibido aos judeus irem às ruas antes das 6h, e os trens partiam às 5h30, Petr precisava no dia anterior conseguir um passe que lhe autorizasse a auto-locomoção no horário vedado (ressalte-se que o direito à bagagem era apenas um estratagema do governo nazista para que os condenados não soubessem que o era, e se dirigissem para a morte cordatamente; a bagagem seria confiscada no embarque pelos SS).

 

Nos seus cadernos, Petr discriminou de forma sucinta sua rotina diária e como o cerco foi se apertando ao redor dos judeus, da sua família e dele próprio. O tom ameno dos seus apontamentos disfarça a tragédia que o cercava, mas também deixa claro o seu profundo grau de entendimento. Seus comentários pontuais sobre o bombardeio aliado e o atentado de maio de 1942, que matou o SS Gruppenführer, não deixam margem à dúvida. Ele foi capaz de descrever com sobriedade até mesmo quando recebeu a notícia de que chegara a sua vez de seguir para um campo de concentração. Sabia também que a expectativa dos pais de que ele voltaria em breve não procedia. Petr seguiu para Terezin, denominada pelos nazistas Theresiensdat, onde ficou preso por dois anos, e de lá foi mandado para a morte em Auschwitz. Theresiensdat era uma exceção entre os campos de concentração. Era a estas instalações que os nazistas recorriam, quando queriam negar a existência dos campos de extermínio. A estrutura do campo tcheco permitia a simulação de que aquele era um espaço de relativa liberdade para os judeus em confinamento. A Cruz Vermelha foi até o campo para checar como os judeus eram tratados e aprovou publicamente as condições. Mas foi uma visita arranjada - não só o campo era uma farsa, como os visitantes eram cúmplices dela. Este selo de aprovação do campo não evitou que 33.000 prisioneiros saíssem mortos de lá. Ou que 88.000 fossem de lá para os campos especializados em extermínio. De todo modo, as condições sui generis da prisão permitiram a Petr escrever e desenhar enquanto esteve preso. Lá ele viveu junto com outros 50 garotos da mesma idade, onde chegaram a editar um jornal, "Vedem" (em tcheco, "venceremos"). Toda a sua produção hoje pertence ao Museu do Holocausto e à sua irmã Eva. Vendo os muitos desenhos deixados pelo jovem Petr, um leitor voraz, é impossível impedir que seu talento nos emocione - ainda mais por sabermos em que condições a sua arte intensa, genuína, floresceu. Dói vermos a beleza dos seus desenhos e termos o conhecimento que logo ele seria assassinado, sem chances, sem culpa. Ginz foi além, tendo escrito oito livros de ficção científica, sob inspiração do seu ídolo Jules Verne, antes mesmo dos 14 anos. Tivesse sobrevivido, teria sido um gênio que iria assombrar a segunda metade do século XX?


Petr, uma criança feliz, antes da guerra.




Infelizmente ele conheceu os sofrimentos dos campos e percebeu que chegara ao fim.

Assim como ele, o regime alemão genocida acabou com milhões de inocentes, interrompendo muitas e valiosas vidas.

 

FONTES:

https://www.jpost.com/365days/cinema_and_television/article-708088?utm_source=ActiveCampaign&utm_medium=email&utm_content=365+Days+of+Israeli+Culture+-+October+2022&utm_campaign=365+Days+of+Israeli+Culture+-October+2022

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/petr-ginz-de-garoto-de-auschwitz-tragedia-espacial.phtml

http://www.delbarrio.eu/2005/02/petr-ginz.htm

https://www.kampocesku.cz/article/25539/petr-and-eva-ginz

https://reuvenfaingold.com/o-talento-de-petr-ginz/

http://eulieacheisso.blogspot.com/2018/11/the-diary-of-petr-ginz-1941-1942-por.html

https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u303269.shtml





4 comentários:

  1. Um povo existe baseado em suas memórias. Você Sabia? tem trazido muitas lembranças e ajudando a criarmos memórias.

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  2. Historias pavorosas da humanidade
    Ssdisti um filme ,quando jovem,A pequena loja da rua principal.
    Emocionante!

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  3. É pavoroso tudo! Tomara que à humanidade nunca esqueça.!!😪😡

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  4. Que história triste e o final mais ainda

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