VOCÊ SABIA que um acidente com o ônibus espacial
Cultura é um prato cheio para os amantes das Artes, e Israel propôs-se a alegrar o mundo com suas exposições pelas grandes e pequenas capitais do mundo no último mês de outubro. Houve mostras de artes plásticas e visuais, música clássica, jazz e bandas, televisão, cinema e curtas-metragens, teatro, comemorações locais, dança, cerâmica, arquitetura, leitura, poesia e culinária. Uma festa inusitada para todos que participaram e com ela se enriqueceram.
Vamos contar aqui sobre um filme apresentado em Kaluga, na Rússia, no Festival Internacional de Cinema Espacial: Ronen Kraus, vice-chefe de missão da Embaixada de Israel na Rússia, participou do Tsiolkovsky, o famoso festival. Uma vez no Museu Estadual da História da Astronomia de Tsiolkovsky, Kraus foi recebido pelo diretor de cinema e presidente do festival de cinema, Igor Ulnikov, e levado em uma visita guiada pela equipe do museu, onde conheceu uma extensa coleção de tecnologia espacial.
Assistiu
também à exibição do filme "O Último Voo de Petr Ginz", dirigido por
Sandra Dickson e Churchill Roberts.
Este filme baseia-se
na história verdadeira de uma criança judia tcheca, um gênio, que aos 14 anos
foi levado para Theresienstadt e posteriormente para Auschwitz.
Trailer do filme, narrado por Eva Ginz, irmã mais jovem de Petr, que sobreviveu ao Holocausto.
“Aos 14 anos, ele já havia escrito cinco romances e um diário sobre a ocupação nazista de Praga. Aos 16 anos, ele produziu 120 desenhos e pinturas, editou uma revista subterrânea no gueto de Theresienstadt e escreveu inúmeros contos. Ginz foi morto na câmara de gás em Auschwitz antes do seu 17º aniversário. O filme é para comemorar e celebrar a memória de Petr, e lembrar os espectadores das muitas vidas interrompidas pela tragédia do Holocausto.”
Esta história
de Petr não era conhecida do público em geral, até acontecer a tragédia do
ônibus espacial Columbia em 2003.
“O
astronauta israelense Ilan Ramon, membro da missão, carregava consigo o desenho
de Petr, "Paisagem da Lua". A publicidade em torno do voo da Columbia
e sua trágica explosão levou à descoberta do diário de Petr e obras de arte
adicionais e contos em um sótão de Praga. De todos os romances de Petr, apenas
o Alien Pré-Histórico foi encontrado após a guerra.”
Os objetivos
deste festival de filmes espaciais, além de mostrar novidades na exploração
espacial, são relacionar a ciência com a arte popular, melhorar o entendimento
entre especialistas e professionais de cinema no sentido de solucionar
problemas de cultura, ciência e tecnologia.
Dezenas de
filmes sobre o assunto, de mais de 50 países, participaram deste festival.
Petr e Eva antes da guerra |
Os pais de Petr e Eva eram professores, estudiosos da língua Esperanto, e ofereceram aos filhos
enquanto puderam uma vida de muito amor, princípios e estudos.
Após o
acidente da Columbia, surgiu na mídia a história dos sete astronautas mortos e
o nome de Petr Ginz, o jovem artista criador do desenho Paisagem Lunar, agora
uma perda. Alguém leu este nome e achou-o familiar.
Algumas
semanas depois, o museu foi contatado por um tcheco, que dizia ter comprado uma
velha casa em um bairro de Praga e, junto com todas as velharias que estavam
guardadas no porão, encontrou alguns cadernos manuscritos assinados pelo mesmo
nome que assinara aquele sombrio desenho da lua. O nome era Petr Ginz - e foi
assim que os diários ex-perdidos-para-sempre de um menino judeu, registrando a
escalada da deportação da população judaica da capital tcheca para os campos de
concentração, saíram da obscuridade. E revelaram como uma criança testemunhou
os fatos acontecerem ao seu redor, nas ruas, no colégio, na própria casa, e os
registrou com a acuidade de um jornalista.
As páginas de
Petr contam da sua rotina e de como a cidade foi se tornando dia a dia um
espaço proibido aos judeus: ruas, quarteirões, transportes públicos, armazéns,
lojas, profissões, moradias, pertences, médicos, remédios, a simples leitura de
jornais. Com apenas 14 anos, Petr fazia parte da força de trabalho da remoção
(perversidade suprema, os judeus eram obrigados a gerir o seu próprio processo
de expulsão e aniquilamento). O jovem Ginz foi encarregado de levar a bagagem
de muitos parentes para a plataforma de onde partiam os trens rumo aos campos
de concentração. Na rígida e bem sucedida metodologia alemã, nem a um guri era
permitido carregar malas sem as devidas permissões legais: como era proibido
aos judeus irem às ruas antes das 6h, e os trens partiam às 5h30, Petr
precisava no dia anterior conseguir um passe que lhe autorizasse a
auto-locomoção no horário vedado (ressalte-se que o direito à bagagem era
apenas um estratagema do governo nazista para que os condenados não soubessem
que o era, e se dirigissem para a morte cordatamente; a bagagem seria
confiscada no embarque pelos SS).
Nos seus
cadernos, Petr discriminou de forma sucinta sua rotina diária e como o cerco
foi se apertando ao redor dos judeus, da sua família e dele próprio. O tom
ameno dos seus apontamentos disfarça a tragédia que o cercava, mas também deixa
claro o seu profundo grau de entendimento. Seus comentários pontuais sobre o
bombardeio aliado e o atentado de maio de 1942, que matou o SS Gruppenführer,
não deixam margem à dúvida. Ele foi capaz de descrever com sobriedade até mesmo
quando recebeu a notícia de que chegara a sua vez de seguir para um campo de
concentração. Sabia também que a expectativa dos pais de que ele voltaria em
breve não procedia. Petr seguiu para Terezin, denominada pelos nazistas
Theresiensdat, onde ficou preso por dois anos, e de lá foi mandado para a morte
em Auschwitz. Theresiensdat era uma exceção entre os campos de concentração.
Era a estas instalações que os nazistas recorriam, quando queriam negar a
existência dos campos de extermínio. A estrutura do campo tcheco permitia a
simulação de que aquele era um espaço de relativa liberdade para os judeus em
confinamento. A Cruz Vermelha foi até o campo para checar como os judeus eram
tratados e aprovou publicamente as condições. Mas foi uma visita arranjada -
não só o campo era uma farsa, como os visitantes eram cúmplices dela. Este selo
de aprovação do campo não evitou que 33.000 prisioneiros saíssem mortos de lá.
Ou que 88.000 fossem de lá para os campos especializados em extermínio. De todo
modo, as condições sui generis da prisão permitiram a Petr escrever e desenhar
enquanto esteve preso. Lá ele viveu junto com outros 50 garotos da mesma idade,
onde chegaram a editar um jornal, "Vedem" (em tcheco, "venceremos").
Toda a sua produção hoje pertence ao Museu do Holocausto e à sua irmã Eva.
Vendo os muitos desenhos deixados pelo jovem Petr, um leitor voraz, é
impossível impedir que seu talento nos emocione - ainda mais por sabermos em
que condições a sua arte intensa, genuína, floresceu. Dói vermos a beleza dos
seus desenhos e termos o conhecimento que logo ele seria assassinado, sem
chances, sem culpa. Ginz foi além, tendo escrito oito livros de ficção
científica, sob inspiração do seu ídolo Jules Verne, antes mesmo dos 14 anos.
Tivesse sobrevivido, teria sido um gênio que iria assombrar a segunda metade do
século XX?
Petr, uma
criança feliz, antes da guerra. |
Infelizmente
ele conheceu os sofrimentos dos campos e percebeu que chegara ao fim.
Assim como
ele, o regime alemão genocida acabou com milhões de inocentes, interrompendo
muitas e valiosas vidas.
FONTES:
http://www.delbarrio.eu/2005/02/petr-ginz.htm
https://www.kampocesku.cz/article/25539/petr-and-eva-ginz
https://reuvenfaingold.com/o-talento-de-petr-ginz/
http://eulieacheisso.blogspot.com/2018/11/the-diary-of-petr-ginz-1941-1942-por.html
https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u303269.shtml
Um povo existe baseado em suas memórias. Você Sabia? tem trazido muitas lembranças e ajudando a criarmos memórias.
ResponderExcluirHistorias pavorosas da humanidade
ResponderExcluirSsdisti um filme ,quando jovem,A pequena loja da rua principal.
Emocionante!
É pavoroso tudo! Tomara que à humanidade nunca esqueça.!!😪😡
ResponderExcluirQue história triste e o final mais ainda
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