Detecção precoce: israelenses inventam novo software para estudar a doença de Parkinson a nível celular.
Por Ana Ruth Kleinberger
Graças
aos pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, que trabalham no
Centro de Ciências do Cérebro Edmond e Lily Safra, uma nova ferramenta
diagnóstica permite a detecção precoce da Doença de Parkinson, juntamente com
um novo rastreamento da progressão da doença e da resposta do paciente à
terapia.
A
Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central que
afeta primariamente o sistema motor com sintomas como: tremores, rigidez,
lentidão de movimentos, dificuldades de deambulação, instabilidades cognitivas,
problemas com o sono, perda do olfato etc., que vão piorando com o passar do
tempo.
A
doença afeta milhões de pessoas a cada ano, e resulta em muitas mortes.
O
Prof. Aviv Mezer está tentando detectar e medir a progressão da doença através
de um método denominado Ressonância Magnética Quantitativa, tentando observar e
quantificar as micro alterações invisíveis a olho nu, mas que alteram a
sinalização à Ressonância, e os dados obtidos na Ressonância são usados para
detectar as alterações causadas pela doença e criar um software com os
algoritmos obtidos a partir das imagens - estes valores se transformam numa
matriz matemática.
Na
doença de Parkinson, as alterações ocorrem no corpo estriado, e através da
matriz matemática é possível detectar as pequenas alterações que estão
ocorrendo ali.
Com
isso é possível detectar mudanças a nível celular.
Até
agora, apenas era possível ver os efeitos do Parkinson no cérebro no pós
mortem, o que de acordo com o Prof
Mezer, é um método ineficiente, terrível e não ajuda em nada os pacientes.
Hoje
tratamos a doença com drogas sem saber exatamente como agem no cérebro, e com o
novo método estaremos vendo o que acontece no indivíduo in vivo, esteja ele
doente ou não.
Cada
paciente é único e apresenta um conjunto diferente de sintomas, e é nisso o que
o Prof. Mezer está trabalhando atualmente - e a grande incógnita é: O que vem
depois?
A
beleza do método é que o trabalho com a RM é fácil de ser adotado pela
comunidade médica e, talvez, em alguns anos o método poderá ser usado em
hospitais para melhor tratar os pacientes e pelas indústrias farmacêuticas para
melhor testarem o mecanismo de ação de suas moléculas.
Fonte: United with Israel
>> A partir do texto acima, procuramos consultar um especialista local para comparar opiniões. Esperamos que sejam esclarecedoras para todos, como foram para nós!
Um comentário sobre Ressonância Magnética Quantitativa na Doença de
Parkinson pelo Professor Ricardo Nitrini, Professor Titular-Sênior do Departamento de Neurologia da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
O diagnóstico e o
acompanhamento evolutivo da doença de Parkinson (DP) têm sido realizados pela
avaliação clínica do paciente. O neurologista atinge o diagnóstico a partir das
queixas do indivíduo, de informações da família e realiza exame detalhado com ênfase
no desempenho motor (modo de caminhar, velocidade dos movimentos, presença de
tremores ou rigidez, principalmente). O tratamento farmacológico que é bastante
eficiente nos primeiros anos depois do aparecimento dos sinais da doença é
quase exclusivamente sintomático. Ou seja: melhora o desempenho motor, mas não
altera a evolução da neurodegeneração que afeta regiões do cérebro conhecidas
como “núcleos da base.”
Nos últimos anos tem havido intensa busca de métodos que permitam
diagnosticar a DP de modo ainda mais preciso e objetivo do que o exame clínico.
Estes métodos também podem vir a ser muito eficientes para o acompanhamento da
evolução da degeneração dos núcleos da base, em especial para permitir a
avaliação dos resultados de novos tratamentos que já estão sendo testados e de
outros que certamente deverão surgir nos próximos anos.
Na prática clínica, os métodos
de neuroimagem têm sido os mais utilizados para o diagnóstico da doença de
Parkinson. A neuroimagem com ressonância magnética (RM) com avaliação da
substância negra, uma região dos núcleos da base que é muito comprometida na
doença de Parkinson tem sido utilizada na prática clínica, mas os resultados tem
sido superados pelos obtidos com exames de medicina nuclear. O exame denominado
tomografia de emissão de fóton único (SPECT, do inglês: single photon emission
tomography) que utiliza um radiotraçador que se liga à uma proteína que se
reduz logo no início da DP tem sido um dos exames mais utilizados para o
diagnóstico da DP e diagnóstico diferencial com outras doenças.
Mas para o acompanhamento evolutivo, o exame clínico continua sendo o
método fundamental. Há a real necessidade do desenvolvimento de novos métodos
que permitam avaliação ainda mais acurada da evolução da DP, particularmente para
permitir investigar o efeito de novos tratamentos. A RM tem sido o método que
mais revolucionou o nosso conhecimento sobre as doenças do sistema nervoso e
certamente continuará permitindo grandes avanços nesta área.
Métodos quantitativos de RM,
como este proposto pelo estudo do do Prof. O Prof. Aviv Mezer, que podem ir
além da análise puramente visual, aproximam a neuroimagem da avaliação
realizada pelo exame neuropatológico, que é ainda o exame definitivo para
avaliar o diagnóstico e a evolução da DP. A informação de que este é um método
de aplicação relativamente simples e que está sendo preparado para ser
utilizado na prática clínica, e não somente em pesquisas, é muito importante.
Portanto, deverá significar um avanço para o diagnóstico e tratamento desta
doença tão frequente.
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