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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Acontece - A rua israelense não sossega

 Acontece 28/09/2023




Ano Novo, Vida Nova, mas política velha, velhos discursos… velhas batalhas vestidas de roupas novas para “manter a divisão nas ruas de Israel”. 

Na semana passada foi realizado, por iniciativa do polêmico ministro Ben Gvir, um serviço de Iom Kipur na famosa Praça Dizengoff em Tel Aviv, com separação de gêneros - mulheres de um lado, homens do outro, "como manda a tradição"… 

Na quinta-feira 28, milhares de israelenses ocuparam a praça Habima em protesto àquele evento  "do governo de direita" para fazer uma "oração inclusiva", uma manifestação de "uma visão alternativa de judaísmo que valoriza a democracia e abraça a diversidade". 

A rua israelense não sossega, não se acalma. A facção tradicional / ortodoxa que possibilitou que Netaniahu se reelegesse hoje "cobra dele resgate", o primeiro ministro que afirmou que "rezas não devem ser usadas como provocação" se tornou um refém dos extremistas e, com ele, o país inteiro está de joelhos… e está ardendo em perigoso fogo.

Este urbano embate entre judeus seculares e "devotos" é a mais recente faceta do fenômeno destrutivo que vem sendo usado por interesses míopes cujo resultado é imprevisível mas, com certeza, não é bom.

Nós, judeus da diáspora, que historicamente vimos acompanhando Israel com ajuda, com orgulho, apreensão e hoje, muito medo, como podemos, e será que devemos, participar, interferir, agir, para proteger o sonho que o país representa há tanto tempo, terra para a qual nossos olhos, preces e coração se voltam, palavras que acabamos de entoar “Be Shaná HaBá be Ierushalaim”.

Esta pergunta foi parte da reflexão que todo ano fazemos na EshTamid em Iom Kipur, entre Mussaf e Minchá; e também discutimos sobre as principais causas para o diminuto povo judeu persistir até hoje entre as nações sendo que mesmo grandes civilizações desapareceram… identidade, cultura, fé / religião, habilidade de adaptação … 

Tenho certeza de que seguiremos esta importante e empolgante jornada pelo tempo afora mas, como estará Israel, este sonho que se tornou uma complexa realidade, nas nossas discussões no Iom Kipur do ano de… 5800?

Vamos pensar juntos nisso?

Shaná Tová

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Nesta edição do ETNM oferamos links para você ler/revisitar as lindas e densas prédicas que ouvimos na celebração da chegada de 5784:


Izkor - Raul Meyer

Kol Nidrei - Guilherme Susteras

Yamin Noraim - Raul Meyer

Erev Rosh Hashana - Regina Markus

Rosh Hashana - Simon Benabou

Prédica YK - Nelson Rozenchan

terça-feira, 26 de setembro de 2023

VOCÊ SABIA? - Hedy Lamarr

 

Hedy Lamarr, estrela de Hollywood e mãe do WiFi

Por Itanira Heineberg



Você sabia que uma bela e inteligente mulher, uma cientista judia, foi a criadora das redes Wi-Fi? Com certeza você está utilizando uma delas agora, ao ler este texto!

Hedy Lamarr, engenheira e inventora da internet sem fio, escapou do regime nazista e ficou famosa em Hollywood como estrela de cinema.

Durante a Segunda Guerra a talentosa atriz criou a base da tecnologia para aparelhos de comunicação sem fio para as Forças Armadas Americanas que serviria de “mãe” da Internet.


A internet Wi-Fi e a conexão Bluetooth, duas das tecnologias mais importantes nos dias de hoje, só saíram do papel graças a uma mulher judia que se refugiou nos Estados Unidos. Hedy Lamarr, que morreu em 2000 aos 85 anos, além de ser uma renomada atriz do começo do século passado, era também inventora. Ela desenvolveu o sistema de salto em frequência, planejado originalmente para guiar torpedos submarinos usando sinais de rádio.



Esse sistema é a base para o espectro de propagação de salto de frequência (FHSS, na sigla em inglês), que é amplamente usado em aparelhos de comunicação sem fio. Nele, o sinal de rádio "salta" de um canal para o outro de forma aleatória e sem perder a conexão. Assim, o sinal sofre menos risco de interferência e de congestionamento, além de tornar mais difícil a interceptação.



Hedwig Eva Maria Kiesler nasceu na Áustria em 1914 e desde a infância demonstrou interesse e curiosidade por máquinas e invenções. Com a presença afetuosa da mãe pianista, ela inclinou-se ao mundo das artes e em 1930 fez sua primeira ponta em um filme. Já em 1933, aos 18 anos, estrelou no criticado filme Ecstasy, o primeiro longa metragem a expor uma cena de orgasmo.

Ainda em 1933, Hedy casou-se com Fritz Mandl, dono de uma fábrica de armamentos, um dos homens mais ricos da Áustria, que tinha ligações com o novo governo nazista.

Como esposa dele, Hedy parou de atuar e passou a viver prisioneira dentro de casa, segundo suas próprias palavras.

Em 1937, insatisfeita com o casamento e com os rumos do país, ela fugiu da Áustria para Londres, na Inglaterra. De lá, ela partiu para os EUA, onde retomou a carreira de atriz de cinema. Em Hollywood, ela adotou o nome artístico Hedy Lamarr, em homenagem à falecida atriz Barbara La Marr. Em pouco tempo, ela contracenou com grandes nomes da época, como Clark Gable e Judy Garland e, anos depois, ganharia uma estrela na Calçada de Fama de Los Angeles.



Sansão e Dalila, seu bem sucedido filme com Victor Mature.

Mesmo obtendo sucesso no cinema ela sofria com o avanço da guerra, sempre pensando na mãe que ainda vivia na Áustria.

Movida por estas preocupações ela tentou usar seus conhecimentos sobre armas para uma solução ao conflito mundial.

Quis a história que em 1940, durante uma festa, ela conhecesse o compositor George Antheil.

Enquanto tocavam juntos algumas melodias ao piano, surgiu-lhe uma inspiração para a tecnologia do sistema de salto de frequência: enquanto o "transmissor" Antheil tocava os primeiros acordes, a "receptora" acompanhava logo em seguida.

A ideia de manter a sincronia mesmo com ambos tocando teclas diferentes foi transplantada para a tecnologia de torpedos submarinos. Na época, esse tipo de armamento era controlado por sinais abertos de rádio. Para conter os ataques, a marinha alemã provocava congestionamento na frequência usada na comunicação dos submarinos, causando perda de conexão.

Já com o sistema concebido por Lamarr, o sinal fica "pulando" de um canal para o outro, tornando-o imune a essa estratégia de defesa. Se fosse implementada, essa tecnologia colocaria as forças aliadas em grande vantagem.

Este sistema de salto em frequência chegou a ser patenteado em 1942, mas não foi utilizado durante a guerra vigente. Além da tecnologia ser avançada demais para a época, o alto comando dos EU não gostava da ideia do sistema ter sido criado por uma mulher!

Assim a patente expirou e Hedy nada recebeu.

O sistema acabou sendo usado militarmente, mas a tecnologia abriu diversas portas para o uso civil e permitiu a criação de tecnologias de comunicação como GPS, Bluetooth e Wi-Fi.

Apenas em 1997 Hedy e Antheil foram reconhecidos pela criação do sistema de comunicação sem fio ao receberem o prêmio EFF Pioneer Award, o Oscar da Invenção nos EUA.



 No ano seguinte ela recebeu o prêmio Viktor Kaplan do governo austríaco por sua contribuição para a ciência, ainda assim continuando a ser pouco conhecida em vida.

E como uma pesquisa leva a outra e um assunto leva a outro, tive a felicidade de descobrir o livro “A Paixão de Ser Mulher” de Eugenia Tusquets y Susana Frouchtman, uma obra que recupera o perfil de 12 mulheres célebres, entre ela a nossa Hedy, esquecidas nos livros de História.

Esta com certeza será minha próxima leitura. Voltarei ao assunto outra vez.

E para concluir este relato de guerra, arte e ciência e a influência destes ingredientes na vida de Hedy Lamarr, apresentamos um vídeo divertido, o Google Doodle comemorativo dos 101 anos do nascimento da cientista.

 


 

 FONTES:

https://www.techtudo.com.br/noticias/2022/04/quem-foi-hedy-lamarr-a-inventora-das-redes-wi-fi.ghtml

https://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/

https://elpais.com/elpais/2015/12/03/mujeres/1449119100_144911.html

https://www.ime.unicamp.br/~apmat/hedy-lamarr/#:~:text=Hedy%20morre%20aos%2085%20anos,no%20Cemit%C3%A9rio%20Central%20de%20Viena.

https://veja.abril.com.br/coluna/isabela-boscov/hedy-lamarr


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Reinaugurada a mais antiga Sinagoga do Cairo - Sinagoga Ben Ezra

 

Reinaugurada a mais antiga Sinagoga do Cairo - Sinagoga Ben Ezra


By Israel Blajberg




Uma coincidência marcou a nossa estadia no Egito na ultima semana de agosto, quando visitamos um importante ponto turiístico muito procurado, o Complexo Religioso do Museu Copta e Igreja de Abu Sarga (São Sergio) e Catedral Ortodoxa Grega Melquita de São Jorge, no Cairo Historico. Lá se situa a mais antiga sinagoga da cidade, na Rua Mar Girgis, Fustat. Construída em 882 DC no século IX, a sinagoga recebeu o nome de Abraham ben Meir Ibn Ezra. No século XIX nela foi descoberta a famosa Genizah do Cairo, um repositorio de documentos e livros sagrados. 


Quando da nossa visita, a Sinagoga Ben Ezra estava fechada, mas apenas alguns dias depois em 31/ago/2023 o Primeiro Ministro egípcio Mostafa Madbouly (na foto) inauguraria as obras de restauração do templo. Estavam presentes o Ministro do Turismo e Antiguidades, Ahmed Issa, e diversas autoridades, entretanto nao havia nennhum judeu no evento. Consta que a comunidade judaica do Cairo nao ultrapassaria 100 integrantes. Fala-se até em cerca de 10 pessoas. A população judaica do Cairo era de quase 50 mil antes das guerras de 1956 e 1967. A emigração forçada deixou a Sinagoga Ben Ezra deserta e dilapidada durante décadas. 


O predio era a Igreja Al-Shama, quando foi vendida pela Igreja Ortodoxa em 882 DC à comunidade judaica. Recentemente, o Egito restaurou várias sinagogas e monumentos judaicos. Em 2020 foi reinaugurada a Sinagoga Eliyahu Hanavi em Alexandria. O Egito tem 11 sinagogas, nove no Cairo e duas em Alexandria. Entretanto, na pratica nao se destinam mais ao culto, sao apenas pontos turisticos, relíquias da história judaica. O turismo sofreu uma queda significativa após a Primavera Árabe e ainda não se recuperou. O governo vem cooperando com organizações estrangeiras dedicadas dedicadas à restauração do patrimonio historico judaico, como sinagogas e cemitérios, de olho no turismo judaico."


 (Israel Blajberg, iblaj@hotmail.com)

Acontece - 'And the world spins madly on'

 

Por Juliana Rehfeld


Estamos naquele período dos Iamim Noraim, dias terríveis, dias intensos de reflexão. Mas o mundo em volta não para, temos de “cavar” tempo para esta introspecção da qual desembarcaremos no Kol Nidrei, a reza que abre Iom Kipur. 

E a Terra continua a girar loucamente…"and the world spins madly on”  - recentemente ouvi esta música que me ficou no ouvido; gosto à parte, compartilho aqui

E gira cada vez mais loucamente porque, apesar de nossa incrível evolução tecnológica, estamos perdendo o controle deste giro. É preciso frisar que a Terra não está ameaçada, nós é que estamos!

Nossa vida aqui na Terra é que está em risco.

Às ameaças climáticas se somam os desencontros, os conflitos que criamos com o tempo, com as atitudes radicais movidas por interesses individuais ou regionais, colocados acima de tudo… e muito tem-se usado a religião para justificar a defesa de diferenças, o fanatismo judaico, muçulmano, cristão-evangélico…

Na geopolítica há movimentos divergentes no próprio cenário do Oriente Médio: a Arábia Saudita fala cada vez mais claramente de aproximação dos países árabes com Israel enquanto membros do Naturei Karta, seita judaica ultra-ortodoxa e antissionista, se reune com o presidente Ebrahim Raisi nas salas laterais da 78a Assembleia Geral da ONU alegando que ao longo da história a república muçulmana do Irã foi respeitosa com os judeus… 

A ONU tem seu discurso sobre a união e a paz mundial e abre sua temporada discutindo os honrosos e fundamentais Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, mas sabemos que suas decisões políticas são tendenciosas sobretudo no que concerne Israel, apoiadas por sua imponente maioria árabe/muçulmana, sua incoerente composição de comissões por ditaduras ou países envolvidos em massacres tribais sanguinários…

Mas a ONU ainda é o espaço para se perseguir uma utópica comunhão. A busca pela união de propósitos entre tanta diversidade é penosa e exige despojamento. E sinceridade. A grande Assembleia só será eficaz se apoiada nos esforços sinceros, nacionais e comunitários, para uma viável convivência, uma coexistência entre diversos, no mínimo para preservar a vida humana neste planeta. 

Humanos diversos sentando juntos para decidir problemas comuns. No judaísmo, dizemos "Sentamos irmãos juntos" - “shevet achim gam Iachad”. Entre os diversos todos estão incluídos e devem estar representados.

Aqui no EshTaNaMidia batalhamos por isso, do nosso jeito. 

Estamos honradas e muito felizes por ganhar, a partir de hoje, uma nova coluna mensal, יחד-Iachad, palavra hebraica para juntos (e misturados..). 

Quem assina a nova coluna é André Naves. Ele é Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social e Economia Política, Defensor Público Federal, Escritor e Professor.

Atua como Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência Intelectual, além de diversas instituições voltadas à Inclusão Social.

Membro do LeCulam, da FISESP (Grupo de Inclusão das Pessoas com Deficiência da Federação Israelita de São Paulo).

Colaborador do Instituto FEFIG, para a promoção da Educação.

Membro do LIDE – Inclusão.

Comendador Cultural.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def


Bem vindo, André! 

Boa reflexão e Shabat Shalom a tod@s!

Desejamos a tod@s Gmar Chatimá Tová!


terça-feira, 19 de setembro de 2023

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Beethoven enxergou o luar

 Por André Naves

          


Sempre que as pessoas estão juntas, elas costumam conversar: falam de acontecimentos, ideias, lembranças e até algumas fofocas... tudo que falam entre si sempre tem um sabor de memória, de lenda...

          A gente nunca sabe da verdade... a turma ouve um conto e aumenta um ponto, como se diz. A memória não tem a ver com a realidade. O nosso cérebro monta, a partir de nossas mais diversas lembranças e experiências, uma nova versão dos fatos. Ninguém faz isso por mal! Pelo contrário. É um mecanismo humano, demasiado humano... parece até que nossa cachola gosta de construir poesias concretas com nossas memórias!

O ser humano é, essencialmente, um poeta involuntário. O que é a realidade senão uma poesia dos fatos?

Por isso prefiro as lendas. É que os fatos podem ser interpretados de maneiras tão diversas que acabam sendo utilizados para legitimar as mais profundas barbaridades.

Sempre que a gente precisa jogar pimenta nos olhos mais vulneráveis, a gente apresenta os chamados dados científicos, para justificar, e revestir de pretensa certeza, a dura injustiça.

Mas, não é a dúvida a essência da ciência? Se todos os cisnes são brancos, o que eu faço quando aparece um cisne negro? E um multicolorido?

A lenda e os símbolos, pelo contrário, evoluem conosco. Quando eu era menino, eu gostava das coisas de menino, agora eu cresci e abandonei as roupas da infância, dizem...

No fim, o entendimento daquilo que é real é muito mais fácil de ser entendido pelos símbolos. Esses, como todos nós, evoluem com a história.

Vamos resumir? Uma lenda nunca perde a validade. O dado, sim.

O ser humano, assim, percebe a realidade pela lente das lendas e símbolos. Ele enxerga não com os olhos, mas com a alma. A realidade é esse caleidoscópio colorido formado pelos diferentes entendimentos acerca de uma mesma lenda poética...

Eu costumo falar que a gente só entra no mundo dos fatos pelo caminho musical dos símbolos. Foi pelos símbolos musicais que Beethoven, por exemplo, questionou as relações de poder e mando da sociedade do século XIX...

Foi assim que ele imortalizou conceitos tão diáfanos quanto concretos, como os da fraternidade, amizade e Humanidade.

Contam que ele era vizinho, em Bonn, de uma menininha cega...

Sabe o mais interessante? Ele era extremamente temperamental, rude e mal-educado com todos. Seus vizinhos não suportavam seus hábitos ranzinzas, sua cara amarrada, sua arrogância e, dizem as más línguas, suas péssimas noções de higiene...

Mas com a pequena Débora, as coisas eram outras. Ele se tornava gentil, amistoso, e até ensaiava sorrisos... O pai de Débora, seu Jacobus, não suportava o casmurro Ludwig, mas, qual remédio?

A pequena o adorava, e se deliciava com os acordes daquele velho pianista. A verdade é que a cada nota musical tocada ela enxergava formas e cores muito além do que todos ali poderiam imaginar.

Ela enxergava, em meio a tantas inconstâncias emocionais, a beleza daquele senhor. Ela enxergava a pedra preciosa dentro do carvão, a rosa que desabrochava do lamaçal...

ENXERGAR...

Certa tarde ela pediu para titio Ludwig ajuda para perceber o luar... ele se riu daquele capricho infantil...

Era aquela época do mês em que a lua vai se escondendo até sumir na escuridão da noite, para retornar, bem vagarosamente, a nos iluminar com seus raios de prata...

Nesse tempo do ano, dona Rute, mãe de Débora, assava um pãozinho meio redondo, bem cheiroso e extremamente saboroso.

Foi envolto nesse aroma que Beethoven fechou os olhos, enxergou o luar, e começou a dedilhar sua Sonata ao Luar. Beethoven escutou e enxergou, não com os sentidos, mas com a alma, e entendeu a Beleza da Alteridade!

Quando, dias depois, a Infante Débora reapareceu, ela trazia um pedaço daquele pãozinho... E lá, com a sonata já escrita, ele a tocou pela primeira vez...

Naquele instante Débora enxergou o Luar...

 

ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social e Economia Política.

Defensor Público Federal. Escritor e Professor.

Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência Intelectual, além de diversas instituições voltadas à Inclusão Social.

Membro do LeCulam, da FISESP (Grupo de Inclusão das Pessoas com Deficiência da Federação Israelita de São Paulo).

Colaborador do Instituto FEFIG, para a promoção da Educação.

Membro do LIDE – Inclusão.

Comendador Cultural.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def


quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Acontece - na ante-sala de Rosh Hashaná

Por Juliana Rehfeld




Quando nos aproximamos do fim de um ano temos a impressão de que tudo que pertence ao ciclo que está acabando, já aconteceu. Como se um período vazio, na verdade cheio de nada, estivesse apenas “cumprindo tabela” até o apito final. 

Penso nisso agora, na ante-sala de Rosh HaShaná que nos levará a 5784. 

Ao contrário desta sensação, neste fim de jogo muita coisa vem acontecendo, pelo menos do ponto de vista da natureza. Ciclones, furacões, temporais, secas, terremoto. E onde? Em alguma região especialmente castigada? Não, espalhados por todo o planeta, claramente mostrando o dedo indicador aos nossos narizes, gritando que precisamos parar de fazer muita coisa do jeito que estamos fazendo. Precisamos mudar. 

E temos que aproveitar exatamente esta oportunidade que se nos apresenta, um período durante o qual possamos mergulhar nas águas profundas do que fizemos neste último ano, ou em anos recentes, e possamos avaliar o que temos construído, por nós mesmos ou colaborando ao nosso redor. Temos sido fiéis aos valores que prezamos, temos honrado a família e os amigos com quem compartilhamos sonhos e obras?  

Na última parasha do ano, Nitzavim, Moisés pede que o povo da aliança feita com Deus fique de pé e se comprometa com a básica missão de não fazer idolatria e de aderir aos mandamentos que são - e aí vem uma importante particularidade do judaísmo, “atingíveis” aqui mesmo, entre os humanos, e “não no céu, no além”. Moisés cita cada segmento da comunidade - líderes tribais, idosos, crianças, servidores, maridos e esposas, estrangeiros e várias ocupações. Há uma clara intenção de incluir a todos. E não só todos que ora estão de pé, mas também quem não está lá naquele momento mas estará no futuro. 

Por isso nossas referências de como devemos agir não podem ser só individuais, na nossa relação com Deus, mas precisam, para “atingir plenamente o potencial do mundo no qual vivemos, o qual recebemos de herança, devemos cumprir juntos estas tarefas, agir juntos” por mais difícil que isso possa parecer. 

O que acontece à minha volta, em casa, na rua, na cidade, no Brasil, em Israel e no planeta é, em grande parte, resultado do que e de como eu tenho agido, individualmente e também com ou mais ainda, contra as pessoas que compartilham este mundo comigo. E como planejo corrigir o que acontece de ruim e que, se eu olhar com cuidado e vontade, percebo que muitas vezes está ao meu, nosso, alcance. 

Esta convocação em Nitzavim, neste Rosh HaShaná que abre as portas para 5784, coincide com o momento mais importante de todas as semanas, o Shabat, quando paramos tudo o que nos “ocupa, nos distrai”, e, se espera, todos e tudo descansam, a terra inclusive.  

Esta é uma coincidência incrível porque amplia, potencializa enormemente a oportunidade de analisar o que acontece e planejar as ferramentas, o ritmo, a equipe de parceiros e as organizações com os quais vamos construir tempos melhores, mais consistentes com aqueles valores que escolhemos honrar. 

E o Shofar tem tocado ao longo deste último mês de Elul para lembrar que é tempo de juntar forças para isso. Em Yom Kipur pediremos perdão porque sabemos que as promessas que construiremos nos próximos 10 dias “terríveis ou temíveis, ou ainda, dias de arrependimento” como são traduzidos do Yamim Noraim entre RoshHaShana e Yom Kipur, não serão todas cumpridas. 

A ideia não é realmente receber absolvição divina ou perdão das pessoas hoje pelo que errei ontem e aí sentir-me aliviado e confirmado no livro da vida do próximo ano. Mas é ser humilde na percepção de que sou menor que o compromisso de fazer tantas correções que a condição de simples humano falível me possibilita.

A ideia é menos de “chorar pelo leite derramado” e mais pela emoção e gratidão pela oportunidade de tentar melhorar, “tornar mais doce“, para mim e minha comunidade estendida, o mundo que queremos continuar compartilhando.

Shaná Tova Umetuká, Shabat Shalom, Chatimá Tová

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Cinema - Por Bruno Szlak: HaUshpizim (os visitantes)

 


HaUshpizim (os visitantes)

Por Bruno Szlak


Em Israel, no final da década de 1980, um novo cenário social se desenvolve decorrente do esgotamento do modelo do Sionismo Trabalhista acompanhado por muitas mudanças no cenário global: a derrocada do bloco soviético, a queda do muro de Berlim, entre outros - representados pelo que se costumou chamar de globalização e em conjunto com a rápida expansão das mídias e das tecnologias da informação, processo que se acelerou nas décadas de 1980 e 1990. Nesse cenário, a filmografia israelense encontra o espaço para criar diferentes visões e construções de imagens de grupos até então colocados na periferia e que com a mudança do panorama sócio-político, isto é, com o esgotamento do partido trabalhista e a ruptura do consenso nacional em várias dimensões, começam a ter importante expressão.

A partir do final da década de 1990, início dos anos 2000, começam a aparecer filmes que se engajam mais seriamente com o judaísmo como religião. Certamente, no princípio, sob uma perspectiva política, senão crítica. O cinema precede à televisão na temática.

Aproveitando esta época do ano, das Grandes Festas, incluindo aí a festa de Sucot (cabanas), trago hoje um filme chamado HaUshpizin de Gidi Dar, lançado em 2004. Ele é um filme completamente diferente dos filmes que de alguma maneira apontam os conflitos entre o universo religioso nacionalista por um lado, e a sociedade laica e o Estado de Israel por outro, tema que está fortemente na pauta atual.  É um filme que trata do valor intrínseco do judaísmo como forma de vida. O filme transcorre em Jerusalém, numa comunidade ortodoxa hassídica, e conta a história de um casal pobre (Moshe e Mali Bellanga) que não tem filhos. A história acontece durante a festividade de Sucot e inspirada na tradição dos contos hassídicos, a trama coloca o casal frente a inúmeros testes de fé. Apenas após passar por esses testes, é que o casal é “abençoado” com a gravidez de Mali. O nome do filme vem também de uma tradição que diz que em cada um dos 8 dias da festa de Sucot, há um patriarca diferente que visita a Sucá.

É importante observar que o ator que faz o papel de Moshe (Shuli Rand) e a atriz que faz o papel de Mali (Michal Bat-Sheva Rand) são eles mesmos judeus ortodoxos, mais precisamente Chozrim betshuvá. Eles formam um casal na vida real, dado importante, já que se não estivessem casados, não poderiam, enquanto judeus religiosos ortodoxos, atuar como um casal na tela do cinema.

Os elementos da narrativa hassídica em conjunto com os aspectos de um romance moderno criam uma imagem mais positiva da comunidade ortodoxa, comunidade que desperta reações negativas para boa parte dos israelenses. Os elementos hassídicos foram desenhados para expressar a totalidade de uma fé religiosa genuína, enquanto que o amor do casal ressoa para os espectadores seculares. De fato, HaUshpizin é também uma comédia romântica onde os milagres têm um importante papel dramático e acompanham a charmosa ingenuidade romântica do casal.

Fica claro que HaUshpizin conta a história de uma comunidade que é muito diferente do resto da sociedade israelense e, ainda assim, o filme não pede para que os espectadores acolham a comunidade ortodoxa dentro da comunidade maior. Seu único apelo é de que os ortodoxos sejam reconhecidos como uma comunidade separada da comunidade nacional, mas legítima. Ainda que o filme permaneça com os olhos voltados para um grupo específico, no sentido de que mostra um grupo único, ele pede que os ortodoxos como um todo sejam representados igualmente como parte integrante da sociedade israelense. 

HaUshpizin consegue, ao contrário de outros filmes israelenses anteriores, representar a comunidade ortodoxa através de um olhar que que não é desagradável, pelo menos para o público laico. HaUshpizin consegue mostrar a experiência dessa comunidade estranha e apartada de maneira graciosa e cômica. Em outras palavras, um filme que não tem a pretensão de apresentar a experiência de vida desse outro salientando o seu exotismo, ainda que muitos dos rituais mostrados no filme possam ser vistos como exóticos pela população secular. Vale acrescentar que seus diretores e atores (o casal Rand) exigiram, que mesmo em cinemas regulares, o filme não fosse exibido no Shabat.

Assim, o filme consegue mostrar uma pequena e isolada comunidade hassídica como uma comunidade genuína que desperta empatia entre os espectadores, e seus membros como pessoas reais e “normais”. Fica claro que ao mostrar todas as personagens religiosas como boas, profundas, humildes e puras o filme exagera. Entretanto, tendo a história de amor como motor da trama associado ao modo de vida da pequena comunidade o filme se coloca em forte contraste com a caricaturização anteriormente mostrada em filmes como Kuni Lemel ou Salach Shabati. Mesmo em filmes mais dramáticos, como Kadosh, a representação sempre seguia o padrão ideológico essencialmente de esquerda e antirreligioso.

Como já expressado anteriormente, o conflito entre a sociedade secular e a parcela ortodoxa da população israelense está na pauta do dia. O cinema através de suas expressões mais diversas tem o poder de suscitar não apenas a reflexão sobre estes temas, mas também colocar pontos de vista diversos e que colaboram para uma maior aceitação entre os diferentes.


terça-feira, 12 de setembro de 2023

VOCÊ SABIA? - Israel Dog Unit

 


Israel Dog Unit
Por Itanira Heineberg


Você sabia que nos últimos 20 anos a Unidade de Cães de Israel salvou muitas vidas liderando missões de busca e resgate, bem como patrulhas antiterroristas?

A UCI (IDU) foi fundada em 2001 com o propósito e a esperança de fornecer uma solução realista e confiável para as comunidades rurais de Israel contra a atividade terrorista e facilitar a colocação de muitos voluntários que desejassem ajudar cidadãos em perigo. Com uma rede crescente de voluntários e o apoio incondicional de comunidades de todo o mundo, a IDU conseguiu treinar e colocar equipes caninas em comunidades ameaçadas em todo o país, juntando-se às forças de segurança do governo na prevenção de ações terroristas e na restauração da paz.

 


Com o declínio das hostilidades após o fim da Segunda Intifada foi decidido que, em vez de se dispersar, a UDI manteria a sua base na Samaria e expandiria os seus horizontes para abranger outras emergências, em vez de se concentrar exclusivamente em operações antiterroristas. Cães de resgate treinados profissionalmente foram importados da Europa, e a IDU rapidamente se tornou um nome familiar na comunidade de busca e resgate de Israel.

 


Tanto as divisões de segurança como de resgate continuaram a funcionar desde então, respondendo a diferentes incidentes conforme necessário em todo país. Ambas as divisões têm procurado ativamente o desenvolvimento de novos meios e métodos de realização de operações. Outros departamentos foram adicionados, incluindo um departamento de operações aéreas, um escritório de relações públicas e um departamento de assuntos digitais para manter a IDU na vanguarda do seu campo. Uma equipe de especialistas em diversas áreas também foi incorporada, doando sua considerável experiência para ajudar a salvar vidas.

 


A IDU teve o privilégio de desenvolver uma relação operacional estreita com muitas outras organizações de resposta a emergências em Israel, incluindo a IDF, a Polícia de Israel, Magen David Adom e a United Hatzalah, trabalhando em conjunto para tornar Israel mais seguro e protegido para todos.



FONTES:

http://www.israeldogunit.com/Goals_en-1.html

https://www.amyisroelchai.com/israel-dog-unit


terça-feira, 5 de setembro de 2023

Acontece - 120 anos... e as Grandes Escolhas

A semana foi recheada de acontecimentos e todos permitiriam reflexões importantes. Em Israel ocorreu um conflito entre refugiados da Eritreia, que apoiam ou reprovam o governo de Isaias Afewerke que assumiu o cargo de presidente após a guerra da libertação em 1991. Estes refugiados chegaram em Israel pela fronteira com o Egito e foram recebidos por questão humanitária, visto que correm risco de vida se forem deportados para a Eritreia. Aqui vale lembrar que a Eritreia é banhada pelo Mar Vermelho está em frente ao Iêmen e à Arábia Saudita. 
Mas, estando no mês de Elul de um ano com tantos acontecimentos, é sempre bom voltarmos um olhar para a Torah e conhecer um pouco do texto que pode ser apreciado em diferentes contextos.

Por Regina P Markus


https://yedidyah.net/wp-content/uploads/2020/09/Moses-Atop-Mount-Nebo-Painting-The-Torah.jpg



Especialmente esta semana, em que serão lidas duas "prashiot": Nitzavim e Vaielêrr (Deuteronômio 30: 9-20 e 31: 1-30).
Moisés continua o seu discurso final. Todo o povo reunido escutando não apenas um resumo dos 4 livros anteriores, mas também um ordenação de leis e códigos de condutas. São as leis e regras divinas, as bençãos e as maldições ligadas a cada tipo de conduta. Do pessoal ao social, do cuidado com a natureza ao cuidado com a própria higiene. Regras que devem ser seguidas na Terra de Israel e também em outras terras quando lá estiver o Povo de Israel. Leis e regras que são universais e devem ser seguidas pelos judeus e pelos estrangeiros que habitarem entre eles. Ao longo de todo o livro de Devarim (Deutoronomio) é dado o direito de escolha e este direito culmina em 30:15-16, onde está escrito:


רְאֵ֨ה נָתַ֤תִּי לְפָנֶ֙יךָ֙ הַיּ֔וֹם אֶת־הַֽחַיִּ֖ים וְאֶת־הַטּ֑וֹב וְאֶת־הַמָּ֖וֶת וְאֶת־הָרָֽע׃ 


15: Hoje Coloco diante de vocês a vida, e o bem, a morte e o mal:



 אֲשֶׁ֨ר אָנֹכִ֣י מְצַוְּךָ֮ הַיּוֹם֒ לְאַהֲבָ֞ה אֶת־יְהֹוָ֤ה אֱלֹהֶ֙יךָ֙ לָלֶ֣כֶת בִּדְרָכָ֔יו וְלִשְׁמֹ֛ר מִצְוֺתָ֥יו וְחֻקֹּתָ֖יו וּמִשְׁפָּטָ֑יו וְחָיִ֣יתָ וְרָבִ֔יתָ וּבֵֽרַכְךָ֙ יְהֹוָ֣ה אֱלֹהֶ֔יךָ בָּאָ֕רֶץ אֲשֶׁר־אַתָּ֥ה בָא־שָׁ֖מָּה לְרִשְׁתָּֽהּ׃ 

 
16:  Porquanto Te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos Seus caminhos, e que guardes os Seus mandamentos, e os Seus estatutos, e os Seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e Adonai te abençoe na terra a qual entras para herdá-la. 

Este é um texto de mais de 3 milênios em que o poder de decisão é dado ao ser humano. O poder de decisão com conhecimento de qualificadores. Por que uso a palavra "qualificador"? Porque com mínimas exceções, que são bastante conhecidas nos nossos tempos, o judaísmo apresenta um sistema de mandamentos e estatutos, bem como uma jurisprudência baseada em "juízos" que dá flexibilidade ao arcabouço legal, permitindo que este se adapte aos tempos.

Muito escutamos a respeito da falta de constituição no Estado de Israel. A mesma forma de legislar é encontrada na Inglaterra. No Canadá, a constituição é do tipo consuetudinária porque inclui regras escritas bem como tradições e convenções não escritas. Mas, o que é importante em todo tipo de arcabouço legal é o direito à escolha, a capacidade do próprio individuo determinar o seu caminho.

Sabemos que muitas vezes são realizados atos involuntários ou mesmo escolhas que, baseadas nos fatos conhecidos na época, pareceram as mais justas e adequadas. Estando no mês de Elul, escutando o chamado do Shofar, temos um tempo de reflexão, que culminará em Yom Kipur, data em que a maioria dos judeus considera especial. Um momento pessoal e coletivo. Um dia que várias enquetes que indagavam o que estaria acontecendo daqui a 1000, 2000, 3000 anos apontaram o dia de Yom Kipur como uma data a ser mantida.

PODER DE DECISÃO - e consequências...

Vaielêrr (Deuteronômio 31: 1-30). Nesta porção é dito literalmente que os dias de Moshe chegaram ao fim. Aos 120 anos! Vejo muitos de meus amigos rirem destas afirmações exatas. Há dez anos teríamos muita dúvida da possibilidade de viver 120 anos! Hoje muitos cientistas já aceitam que este seria o "span-life" dos humanos.

Aqui vale a reflexão. Estamos chegando cada vez mais perto. Nós, das grandes cidades, conhecemos muitas pessoas nas faixas do 80 e 90 que têm vidas ativas tanto física como intelectualmente. E temos relatos de pessoas centenárias que têm capacidade cognitiva e motora normal.

Muitos acham que conhecem a receita, e alguns anos depois vemos que esta receita servia para alguns e não para outros. Todas as ômicas (genômica, proteômica, metabolômica) buscam explicações moleculares e marcadores que poderiam servir para prolongar a vida ativa. Estes marcadores não servem para todos. A diversidade e a individualidade ainda desafiam a nossa vontade de categorizar a pessoas.

E aqui voltamos ao texto da Torah, que faz a mesma viagem entre o indivíduo e o coletivo. Entre o judeu e o estrageiro. Entre diferentes povos e tipos de conduta. Saber que o coletivo não representa o individuo, mas que o individuo o deve respeitar, estando inserido ou não no coletivo, é a mensagem da semana.

Que possamos continuar com tranquilidade e amor neste percurso até chegar o Ano Novo!


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

VOCÊ SABIA? - Parque Nacional de David

 


Canais misteriosos descobertos no Parque Nacional da Cidade de David em Jerusalém

Por Ana Ruth Kleinberger




Você sabia que a recente descoberta no Parque Nacional da Cidade de David  que remonta a reis bíblicos deixou os arqueólogos perplexos com a riqueza e antiguidade do achado?

Em uma descoberta que está desconcertando os arqueólogos, uma instalação de canal sem precedentes que remonta ao período do Primeiro Templo foi descoberta no Parque Nacional da Cidade de David, em Jerusalém, conforme anunciou a Autoridade de Antiguidades de Israel na última quarta-feira, dia 30 de agosto.

A escavação até agora descobriu duas instalações a cerca de 10 metros de distância, que podem ter composto uma grande instalação. A primeira inclui uma série de pelo menos nove canais que foram suavizados. No topo da falésia rochosa que encerra a instalação a sul, podem ser encontrados sete tubos de drenagem que transportavam líquido do topo da falésia.

Tais estruturas não foram encontradas em nenhum outro lugar em Israel e seu propósito permanece indefinido.

Uma teoria postula que esses canais eram usados para produtos de imersão, potencialmente produtos agrícolas como linho ou tâmaras. "A produção de linho, por exemplo, exige molhar o linho por muito tempo para amolecê-lo. Outra possibilidade é que os canais mantivessem tâmaras que foram deixadas de fora para serem aquecidas pelo sol para produzir silan [mel de tâmara]", explicou Shalev.


Pesquisadores examinam os misteriosos canais descobertos no Parque Nacional da Cidade de David, em Jerusalém. (Emil Aladjem/Autoridade de Antiguidades de Israel)


PORTÃO DE 5.500 ANOS DESCOBERTO EM ISRAEL OFERECE VISLUMBRE DA URBANIZAÇÃO ANTIGA

Este último estaria em linha com estruturas semelhantes encontradas em Omã, Bahrein e Irã, embora nunca antes encontradas em Israel.

"Olhamos para a instalação e percebemos que tínhamos tropeçado em algo único, mas como nunca tínhamos visto uma estrutura como essa em Israel, não sabíamos como interpretá-la. Até mesmo sua data não estava clara", disse Shalev.

De acordo com o professor Yuval Gadot da Universidade de Tel Aviv, que também está envolvido nas escavações, "esta é uma época em que sabemos que Jerusalém cobria uma área que incluía a Cidade de Davi e o Monte do Templo, que servia como o coração de Jerusalém. A localização central dos canais perto das áreas mais proeminentes da cidade indica que o produto feito com eles estava ligado à economia do Templo ou Palácio."

Ele explicou que a atividade ritual do Templo "inclui trazer produtos agrícolas animais e vegetais para o Templo; Muitas vezes, os visitantes do Templo traziam de volta produtos que carregavam a santidade do lugar."

Embora não esteja claro quando a instalação foi escavada, Gadot disse que os pesquisadores conseguiram datar quando a instalação caiu em desuso.

"O final do século 9 a.C., durante os dias dos reis bíblicos de Judá – Joás e Amazias", explicou. "Supomos que as duas instalações, que, como mencionado, podem ter sido usadas em uníssono, foram construídas várias décadas antes.”

O Parque Nacional da Cidade de David é onde o rei Davi estabeleceu sua capital e onde muitos eventos bíblicos importantes aconteceram. Os visitantes podem ver os restos escavados de casas, cisternas e fortificações, tendo um vislumbre da história antiga de Jerusalém. O parque é mais conhecido pelo Túnel de Ezequias, que foi construído pelo rei Ezequias para fornecer água à cidade antes de um cerco assírio liderado por Senaqueribe.

A Autoridade de Antiguidades disse que os canais estarão abertos ao público neste setembro.




A autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) que realizou as escavações, revelou um pedaço da muralha que teria protegido Jerusalém por volta de 150 a 200 anos no século 8, antes da cidade ser invadida pelos Babilônios e ter seu templo destruído em 586 a.C. (2021)



FONTES:

https://www.bibliatodo.com/Pt/noticias-gospel/arqueologos-descobrem-o-muro-da-cidade-desde-a-epoca-do-primeiro-templo-que-protegia-a-antiga-jerusalem/

https://worldisraelnews.com/jerusalem-find-dating-back-to-biblical-kings-baffles-archaeologists/?utm_source=MadMimi&utm_medium=email&utm_content=Israel-

https://www.bing.com/search?q=port%C3%A3o+de+5000+anos+descoberto+em+jerusalem+parque+nacional+de+david&cvid=39ff209b713444ca8fadd2ab1ec04553&aqs=edge..69i57.27974j0j4&FORM=ANAB01&PC=DCTS