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quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Acontece - Pin For Peace

 


Acontece! Acontecimentos nos cercam, nos envolvem, nos inebriam às vezes.
Algo louvável Aconteceu esta semana em Recife: mais uma celebração do tradicional Festival da Cultura Judaica, evento realizado anualmente na cidade que recebeu a primeira sinagoga das Américas, a venerável Kahal Zur Israel - Rocha de Israel - no século XVII, durante o Domínio Holandês.
Esta festa tão esperada por todos estava planejada para o final de outubro/novembro de 2023, porém após o violento massacre de 7 de outubro uma grande nuvem de pavor, tristeza, ansiedade e dúvida pairou sombria no ar. 
A comunidade em choque chorou, se apoiou, refletiu e aguardou. Assim como todos os judeus do mundo, este povo de Recife sofreu e falou: “Nunca Mais! Nunca Mais é Agora!” E juntando todas as forças possíveis e inimagináveis naquela hora, decidiram lutar e não mais prantear.
Resolveram Acontecer, uma característica e faculdade  do Povo Judeu na História da Civilização do Mundo.
Juntos reagiriam novamente, assim como todos anteriormente, a cada investida bárbara e inexplicável de seus vizinhos.
A solidariedade vibrou mais forte do que nunca, reuniram-se, adotaram o movimento Pin for Peace e escolheram nova data para o Festival da Cultura Judaica em Recife.
Voltando aos planos antigos, focaram na essência do Festival sem perder de vista seu propósito original: acolher a todos em seu ambiente, um Cabalat Shabbat santo e envolvente na primeira sinagoga da cidade, hoje também Museu Judaico, oferecer a beleza da música Klezmer através de um jovem conjunto de São Paulo, o Klezmer Três Rios, trazer a presença da cantora Fortuna, uma voz que conquistou o Brasil e os continentes, e também uma apresentação de teatro com a leitura dramática do texto do Dibuk de Shloyme Zanvl Rappoport (1863, Chashniki – 8 de novembro de 1920, Otwock) por Sch. An-Ski, ator russo. 


Fortuna e grupo paulista Música Klezmer – Três Rios

Jornal do Commercio  Cultura
Recife, 25 de fevereiro de 2024
EXPOSIÇÃO
Sinagoga Kahal Zur Israel celebra Shabbat e abre exposição inédita
Cerimônia marcou a abertura oficial da exposição que resgata a história dos 23 judeus que saíram do Recife para colonizar Nova Iorque


A abertura da cerimônia foi ciceroneada pela presidente da Federação Israelita de Pernambuco, Sônia Sette, que saudou a todos presentes e destacou a importância do evento para celebrar a comunhão com muitos momentos de reflexão sobre o que propiciou a existência da Sinagoga Kahal Zur Israel e resgatar toda a história de luta dos 23 judeus que fugiram do Recife rumo a Nova Amsterdã.
Abandonar suas casas tem sido uma constante na vida dos judeus.



A celebração do Shabat foi feita pelo Rabino Dario Bialer e contou com a participação da cantora e compositora brasileira de origem judaica Fortuna e do Klezmer 3 Rios, grupo paulista de música judaica que busca dialogar contemporaneamente a errante sonoridade Klezmer do leste europeu com elementos musicais da diáspora brasileira.
Sempre Acontecendo, o teatro judaico entrou em cena nesta movimentação da cultura do povo.­­­­


Da esquerda para a direita, Silvio Band no papel principal, Ayala, a avó de Lea e Lea, a noivinha sofredora, interpretada por Roseane Taschlitsky e a coordenadora do grupo de dança “Le Dor Va Dor”.

Considerado o Romeu e Julieta judaico, o texto O Dybuk ganhou leitura dramática no sábado no Teatro Apolo seis décadas depois de ter feito história em São Paulo, com a encenação do Teatro de Arte Israelita Brasileiro.

Um dos nomes presentes na montagem original, Sylvio Band veio ao Recife para reviver esse momento. “Há 60 anos, fui protagonista. Hoje, volto a esse texto como diretor. Quanta emoção”, diz.


Silvio Band em 1963 e em 2023  
Algumas décadas depos Silvio revive seu trabalho em São Paulo na Casa do Povo e um ano mais tarde, em 2024, nos enriquece com sua majestosa participação no Dybuk,  um cânone da literatura judaica.


Silvio Band, o Rabino

Na leitura, atores como Roseane Tachlitsky, Germano Haiut  Ivo Barreto,  Ayala Band,  José Mário Austregésilo, Albemar Araújo, Renato Phaelante,  Samuel Hulak, Ricardo Mourão, Daniela Travassos,  Arilson Lopes, Domingos Soares, André Lombardi e Marcos Gandelsman,  entre outros, participaram da recriação da obra do russo Sch. An-Ski.
Aconteceu também o lançamento da exposição “Recife – Nova York: Essa História Começou Aqui”, com curadoria de Daniela Levy.



Para nosso grupo paulista foi uma grande bênção participar e conhecer esta comunidade ativa, feita de solidariedade e amor, disposta a continuar a sagrada trajetória do Povo Judeu pelo mundo apesar de nossos inimigos.

Ao tentar assimilar tudo o que Aconteceu neste Festival, tudo o que vi, escutei e aprendi , debrucei-me levemente sobre a Torá tentando entender o trabalho desta vibrante colmeia judaica, uma entre as muitíssimas vivendo nos 4 ou 5 continentes:

Nesta semana temos a parashat Ki Titza, onde lemos que a mitsvá de construir o Mischcan, ou tabernáculo, surgiu após a Revelação do Monte Sinai. 


“O ponto focal do Mishcan era a Arca Sagrada, que continha as duas Tábuas. Não faria mais sentido primeiro preparar o local para colocar as Tábuas e então recebê-las? Por que o Mishcan não foi construído primeiro?”

A resposta pode ser que ao colocar a construção do Mishcan após a revelação no Monte Sinai, a Torá está nos lembrando a não perder de vista este propósito. As Tábuas e os Dez Mandamentos nelas gravados são o mais importante: a Arca Sagrada que os contém é secundária. Mais tempo deveria ser gasto aprendendo e honrando a Torá que aprimorando a Arca que a contém. Será a cobertura da chalá ou a chalá nosso maior foco de atenção, a bela sinagoga como santuário ou as preces que lá são ditas? Não devemos jamais deixar de lado nossa prioridade de cumprir as mitsvot de D'us ao máximo de nossas capacidades."


Tentei colocar aqui a Comunidade Recifense com seu objetivo de divulgar a Cultura Judaica num Festival abrangente e acolhedor que a todos receberia. O terror do massacre não lhes permitiu cumprir sua mitzvá no tempo planejado.

O que seria aqui mais importante?

Desistir do evento ou esperar melhores dias ?

O foco era divulgar Judaísmo para a população recifense. O ataque do Hamas inflamou assustadoramente o antissemitismo! Parecia que o mundo havia parado.

Mas o Festival seria a concretização do foco. E a comunidade, tendo o Tikun (construir o mundo) como foco, levou a cabo sua proposta, respeitou seu propósito, realizando o festival em pouco tempo, trabalhando para cumprir as mitsvot de D’us da melhor maneira possível.  



Uma imagem Acontece e fala muito...

E o mundo não para de Acontecer.


Itanira Heineberg


FONTES:

https://impresso.diariodepernambuco.com.br/noticia/cadernos/viver/2024/02/giro-22-02.html

https://digital.jc.ne10.uol.com.br/edicao?ed=1853&materia=62138

https://jc.ne10.uol.com.br/cultura/2024/02/23/sinagoga-kahal-zur-sedia-exposicao-inedita-sobre-papel-dos-judeus-na-formacao-de-nova-york.html

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/11/o-dybuk-classico-judaico-ganha-leitura-que-celebra-60-anos-de-montagem-historica.shtml


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

‘Mitzvá Legal’ - A proteção ao filho rebelde

A Proteção ao Filho Rebelde 

Por Angelina Mariz de Oliveira



Você conhece aquele filho que não estuda, não trabalha; desobedece aos pais, professores e odeia qualquer autoridade? Muitas vezes ele tem apetite compulsivo e descontrolado; em outras reage com violência quando é contrariado. Algumas vezes é viciado em tabaco, álcool ou drogas. 

A sociedade olha com aversão para esta pessoa, que é expulsa das escolas e se transforma em um adulto agressivo. A família não consegue lidar com a questão, e o ‘caso perdido’ é motivo de vergonha. Isso, nas melhores hipóteses. 

Não raramente pessoas com estas condições sofrem violência física, são expulsas de casa, se transformam em pedintes, ou são encarceradas. Também são internadas compulsoriamente, afastadas da sociedade, passam a vida em instituições que deveriam ser de saúde, mas são locais de prisão e tortura. 

Quem não conhece um caso assim? Não encontrou uma pessoa com essa condição na rua? Não viu um filme ou leu um livro que de forma artística ou científica tentam contar, analisar, explicar esses casos? 

Toda comunidade tem o desafio de lidar com pessoas com essas características, que decorrem de condições psicossociais e psiquiátricas. E a ocorrência dessas especificidades não é maior atualmente, apenas é mais visível. 

As sociedades há centenas de anos, em sua grande maioria, optaram por afastar essas pessoas do convívio social, as escondendo em quartos nos fundos das casas, em sítios distantes na zona rural, ou em entidades de internação, hospícios e sanatórios; quando não as trancando em presídios. No extremo, foram exterminadas pelos governos de ideologias de supremacia racial. Mas essa situação foi questionada. 

Com o avanço da psicologia, da psiquiatria e das medicações se procura proporcionar qualidade de vida, produtividade e inclusão para pessoas nestas condições. Passou-se a olhar para elas não como um ‘problema social’, mas como sujeitos vulneráveis, com necessidades especiais, e merecedores de proteção. 

Foram desenvolvidos sistemas de diagnósticos, tratamentos e nomeadas essas condições: transtornos de humor, espectro autista etc. 

No Brasil, desde 2015 temos uma legislação que torna obrigatório o respeito aos direitos humanos das pessoas que “que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”, definição encontrada no art. 2º da Lei nº 13.146. 

Diz o art. 5º que uma pessoa com essas características “será protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante”. É uma ampla garantia de direitos individuais e de inclusão social. 

A Lei nº 13.146 trata e regula em mais detalhes sobre o direito à vida, ao convívio familiar, à habilitação, à reabilitação, à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, à assistência social, à cultura, esporte, turismo e ao lazer, ao transporte, ao acesso à Justiça, entre outros. Como se vê, é uma legislação de inclusão de pessoas com necessidades especiais, e de responsabilização da sociedade, do governo, e da família em assumir, assegurar e promover a concretização dessa proteção e inclusão. 

É uma legislação vigorosa, que, no entanto, encontra resistência à sua implantação, e dificuldade para sua completa aplicação. Ela parece ser inovadora, e é, se considerarmos a evolução das leis positivas dos sistemas normativos ocidentais. 

Mas encontramos na Torá mandamentos que lidam com a questão do chamado ‘filho contumaz e rebelde’. Na parashá Ki Tetsê (21:18) lemos que os pais que têm um filho desobediente, ‘glutão e beberrão’, poderão denunciá-lo ao tribunal dos anciãos, para que esse filho seja apedrejado até a morte. 

Essa solução parece violenta e desproporcional, típica de sociedades intolerantes e incapazes de lidar com as vulnerabilidades e fragilidades das famílias. E realmente poderia ser. 

Seguindo o viés da intolerância e da severidade de julgamentos, durante a Idade Média Rashi retoma os ensinamentos talmúdicos que explicam esses mandamentos fazendo uma ligação com os passukim anteriores, que tratam do filho gerado com uma mulher que desagrada ao marido, que não é sua preferida nem sua amada. De acordo com nossos Sábios, a criança nascida dessa relação não terá respeito pelos pais e pelas mitzvot. 

No século XIX o Rabino Samson Raphael Hirsch mantém a interpretação conjunta das leis sobre o filho rebelde ser consequência “de qualquer casamento que não venha da razão e do dever, mas sim, em virtude do desejo”. Apesar desse comentário, algumas páginas à frente, em sua Torá Interpretada, ele irá afirmar que “no caso do filho teimoso e rebelde, ‘jamais aconteceu e jamais acontecerá’, ele sempre foi e sempre será um ‘problema’ puramente teórico, pois as condições estabelecidas nesta lei impedem a sua existência na dimensão prática”. Seria o caso de mitzvot entregues a nós para termos o mérito de seu estudo. 

A interpretação de que o julgamento e execução de um filho rebelde nunca ocorreram é originária dos debates talmúdicos sobre este caso. No Tratado de Sanhedrin aprendemos os inúmeros requisitos exigidos para a aplicação dessa pena capital. 

Por exemplo, que seja menino, pois os comandos não se aplicam às filhas; que o filho seja maior de 13 anos e já tenha sinais físicos da puberdade; que o filho tenha roubado alimento de seu pai, e comido na propriedade de outra pessoa; que ele tenha roubado uma refeição preparada para seu pai e para sua mãe. Acrescente-se a necessidade de que o filho tivesse recebido castigos, como o açoitamento autorizado por um tribunal, e houvesse duas testemunhas para atestar que o filho havia sido advertido duas vezes, sem correção. 

Também é necessário que o pai e a mãe, juntos desejem que o filho seja punido. Que não sejam cegos, surdos, mudos, mancos .... Além disso, a mãe deve ter voz, aparência e peso idênticos aos do pai! Após este último requisito a conclusão da Gemara é de que “nunca existiu um filho teimoso e rebelde, e nunca haverá um no futuro, uma vez que é impossível preencher todos os requisitos que devem ser encontrados para aplicação dessa halachá” (Sanhedrin 71a:14). 

No entanto, é preciso dizer que, em seguida, Rabbi Yonatan vai relatar que ele presenciou uma vez a condenação à morte de um filho rebelde, e que inclusive sentou sobre sua cova depois que ele foi executado. 

Ou seja, apesar da dificuldade em lidar com a condição do filho ‘teimoso e rebelde’, da inexistência de instrumentos sociais para acolher a família - pais e filho, nossos Sábios percebiam a inadequação da aplicação literal dos mandamentos da Torá. Um pai e uma mãe que não conseguem lidar com as dificuldades do filho, a ponto de entregá-lo para ser julgado por um tribunal, e uma corte capaz de condenar à morte o rapaz, não é uma hipótese meramente teórica, infelizmente acontecem situações semelhantes, como citado por Rabbi Yonatan. Essas atitudes, dos pais e da sociedade, são vistos com repulsa pelos rabinos do Talmude, que praticamente proíbem a aplicação dos mandamentos relativos ao filho rebelde. 

Podemos fazer uma conexão desses mandamentos com outro subsequente, fazendo uma integração das mitzvot da Torá em sentido diferente daquele realçado por Rashi e Hirsch, podemos voltar à Torá e, ainda na parashá Ki Tetsê (Devarim 24:16), vamos encontrar o mandamento que proíbe que um filho seja morto pelo testemunho dos pais, conforme ensinado no Tratado de Sanhedrin (28a:1). Será que a Torá nos dá mitzvot em sentidos opostos? 

Aqui fica perfeitamente compreensível a conclusão talmúdica de que os comandos sobre o filho rebelde nos foram dados para, nas palavras de Rabbi Shimon, serem explicados, interpretados, trazendo novas compreensões sobre a Torá e receber recompensa pelo aprendizado (Sanhedrin 71a:15). O estudo, debate e discussão por vinte séculos do caso do filho rebelde talvez tenha estado no inconsciente coletivo de todos os cientistas e humanistas que a partir do século XIX passaram a se debruçar nas pesquisas em busca de solução, amparo e ajuda para os chamados ‘filhos rebeldes’ e suas famílias. E nossa recompensa, que beneficia a humanidade, é poder participar da construção de uma comunidade menos violenta, mais inclusiva, justa e íntegra.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

ACONTECE - Quem somos: o que ouvimos e como respondemos

 



Por Juliana Rehfeld


O que mais aconteceu esta semana, nas bocas e na imprensa, papel ou virtual, foram as infelizes palavras de improviso do presidente Lula e todas as reações a ela - a maioria contrária à sua comparação da ação de Israel em Gaza com o Holocausto. Foi tão absurda que quase nem o Hamas parecia convicto quando publicou em seu site um agradecimento “pela solidariedade do presidente com a resistência do povo palestino”. As manifestações críticas surgiram das mais diversas fontes, de posições e “tribos” das mais variadas, incluímos aqui vários links com este material. 

Agora, uma pesquisa do instituto Real Time Big Data constatou que 83% dos brasileiros discordam da comparação feita pelo presidente Lula entre Israel e o Holocausto. Apenas 13% dos entrevistados disseram apoiar a declaração de Lula, enquanto 4% não tinham opinião sobre o assunto.

Além disso, 54% das pessoas ouvidas acreditam que o Brasil deve permanecer neutro na guerra de Israel contra o Hamas. A pesquisa indicou que a maioria dos entrevistados apoia Israel no conflito, com 57% a favor, enquanto 28% apoiam o Hamas.

O que apontam estas críticas? Que independentemente da ação em Gaza há um conteúdo antissemita no improviso. O antissemitismo alimenta o aumento do próprio antissemitismo - as denúncias de atos antissemitas no Brasil haviam crescido 133% de janeiro até outubro de 2023 comparadas ao ano anterior. (Fonte Conib/Fisesp), já no mês de outubro quando o ataque do Hamas ocorreu e demorou para que Israel reagisse em Gaza, as denúncias cresceram quase 1000%, de 44 em outubro/2022 para 467 em outubro passado! E só vem crescendo e se espalhando, extrapolando o conflito, trazendo “ranços” e preconceitos que esperávamos mortos, não apenas adormecidos, prontos para se rearmar… o combate à desinformação e à propagação do preconceito é fundamental. 

Nós aqui no ETNM - EshTaNaMídia - buscamos fazer isso de maneira afirmativa e construtiva, usando fontes diversas, revisitando a história, refletindo, replicando e reverberando boas matérias de outros veículos, divulgando cursos, convidando estudiosos para colunas especiais do espectro cultural judaico. 

E queremos agradecer a vocês que tem nos acompanhado nestes 7 anos de publicações por comentários e contribuições, compartilhando nossa evolução no período, mostrando quem e quantos nos somos.

O ETNM alcançou cerca de 2,1 milhões de postagens, checkins e visualizações com mais de 1500 por publicação, em média publicamos novo conteúdo duas vezes por semana; recebemos mais de 12400 comentários e a nossa página no Facebook é acompanhada com frequência por mais de 2 mil pessoas. E estamos crescendo: nos últimos 12 meses o nosso alcance e as impressões subiram mais de 30%.

Quem curte a nossa página é maior de 18 anos e a maioria tem mais de 55 anos. Entre 25 e 34 anos somos 100 homens, entre 35 e 44, 170. Acima de 65 anos somos quase 500 mulheres. Até a faixa de 55 anos somos mais homens que mulheres, e depois isso se inverte. Entre nós 0,15%, não se identificam com o gênero feminino ou masculino. Veja o gráfico sobre isso

Somos bastante diversos, em relatórios passados sabíamos que moramos em países como Israel, França, Portugal, mas estamos majoritariamente no Brasil. E é por isso, afinal, que nos incomoda tanto esse aumento do antissemitismo aqui, expresso desde o nosso círculo profissional até o institucional chegando a fatos como a retirada do assunto Holocausto do currículo escolar em São Paulo ou a falas de um presidente que se queria importante conciliador e promotor de negociações. 

Aqui no ETNM acreditamos que fazemos diferença com este alcance que atingimos e com a proposta editorial. Adoramos receber comentários, sugestões e colaborações. 

O nosso blog https://eshtanamidia.blogspot.com/ contém todo o acervo do que publicamos de conteúdi autoral nestes sete anos. Mas queremos chegar mais e melhor ao público, sem as restrições que sofrem no Facebook matérias sobre política, por exemplo… estamos inaugurando um novo canal : o https://twitter.com/eshtanamidia , uma nova maneira de você nos curtir… e continuamos sempre estudando outras possibilidades.

Obrigada novamente por acompanhar este nosso caminho, estas notícias e reflexões que postamos e torçamos para que as pedras nesse caminho não sejam obstáculos ruinosos a Israel e ao judaísmo , mas sim, pedras que vamos colhendo e com as quais vamos construindo educação, amadurecimento, democracia, paz.

Shabat Shalom!


Links da semana:

Nilton Bonder: Lula deveria fazer reflexão após comparação absurda

Monja Coen cobra retratação de Lula a judeus: “Será tão difícil?”



Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Cores da Esperança

 


Cores da Esperança

          O que são as Artes? Desconfio que ninguém seja capaz de defini-las, até mesmo porque essa seria uma definição tão absurda quanto inútil. O ser humano pensa, imagina, sonha... por isso faz Arte!

          Desde criança, pinta o sete!

          E tal e qual o pensamento e a imaginação, ela é uma fuga e um entendimento. Ela nos ensina a encarar e enxergar a realidade. Fugimos das ilusões para aportamos nas praias da verdade.

A gente já vive num mundo em que explodem as cores, os sabores, o sorriso e o samba! Precisamos entender que rir demais é desespero! Precisamos parar de jogar nosso lixo embaixo do tapete!

          Talvez por isso fosse necessário um Lasar Segall, como seus temas desesperados, a nos fazer entender as misérias dos excluídos... ele sabia onde o calo dos que eram expulsos doía!

          Ao mesmo tempo, se a gente analisar as gravuras, e até músicas, produzidas nos malditos campos de concentração e extermínio, enxergaremos as cores da esperança. É que numa realidade de terror resta o sonho num futuro livre e pacífico.

          Sabe um povo que se torna mais sólido e especial depois de tanto ódio e perseguição? Desde antes de Haman, quando eram sorteados os aniquilados, até os discursos nojentos de líderes políticos atuais, que inflamam as hordas perseguidoras, tanta pressão fez surgir do carvão o diamante.

          As cores da esperança ganharam em quentura e alegria! Não dá nem pra imaginar a civilização sem tantas pedras preciosas que, apesar de tanto chorume, despontaram e continuam a florescer!

          E daí o povo da ginga e da malemolência entende que assim como precisam do monocromatismo da desesperança, os excluídos se nutrem da alegria esperançosa de tantas tonalidades...

          Talvez as Artes sejam isso... Enquanto aprendemos, com Lasar, as dores, enxergamos, com Yair Emanuel, as cores da Esperança!


André Naves

Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor e Comendador Cultural.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

VOCÊ SABIA? - Nova Peris

 

Por Itanira Heineberg



Você sabia que a Austrália, em seu dia, iluminou a Ópera de Sydney, magnífico edifício cultural, de azul e branco em solidariedade a Israel - o que levou a uma grande, ruidosa, desprezível e odiosa demonstração por parte dos pró-palestinos na cidade?

Sob injúrias e imprecações humilhantes contra os judeus, os participantes queimaram uma bandeira de Israel em público.

Os judeus da cidade foram aconselhados a ficarem em casa nesta hora, para serem melhor protegidos. Isto causou insatisfação aos membros da comunidade.

Outros grupos também se sensibilizaram com a fúria do ataque; Nova Peris, uma aborígene australiana, campeã esportiva e grande defensora dos direitos humanos pronunciou-se de maneira elegante e assertiva sobre os judeus lembrando da grande parceria dos mesmos em ações que derrubaram o conceito de Terra Nullis, dando aos aborígenes o direito à terra.

Assistamos agora ao seu testemunho:


“O povo judeu desempenhou um papel de liderança ajudando a estabelecer os direitos dos povos indígenas aqui na Austrália. Eles entenderam o que significava ter uma conexão com a terra. Não vou ficar parada assistindo a esta injustiça contra o povo judeu.

Não ficarei de braços cruzados enquanto a bandeira aborígene é desviada indevidamente por grupos pró-palestinos e anti-judaicos. Nem ficarei de braços cruzados enquanto o antissemitismo surge aqui na Austrália e em todo o mundo.

Os judeus são indígenas da terra de Israel.

Os judeus viveram em Israel por mais de 1.000 anos antes do advento do Islã.

Os judeus viveram em Israel desde antes do nascimento de Jesus Cristo.”



“Nova Peris OAM foi a primeira mulher aborígene da Austrália eleita para o Parlamento Federal como senadora pelo Território do Norte. Ela foi a primeira aborígene australiana e do Território do Norte a ganhar uma medalha de ouro olímpica. Nova Peris é uma das poucas atletas que representou seu país em dois esportes diferentes e conquistou o ouro: hóquei e atletismo em Jogos Olímpicos separados. Ela é a única pessoa no mundo inteiro a disputar finais consecutivas dos Jogos Olímpicos de Verão em dois esportes diferentes! Com base nas suas experiências únicas no desporto, no governo e como líder na comunidade aborígene da Austrália, Nova Peris é uma australiana incrível que dá enorme credibilidade a qualquer organização que queira trabalhar ou fazer parceria com ela.

Nova não dá nome apenas às causas, ela se envolve em todos os níveis, desde a fase de planejamento até a execução dos programas. Durante os seus três anos no Parlamento Federal, Nova viajou por toda a Austrália nos seus esforços incansáveis para defender as causas e lutas enfrentadas pelo povo aborígene. O orgulho da sua identidade aborígene é um ingrediente vital na sua luta pelos direitos de todas as pessoas, tanto aborígenes como não aborígenes.



Ela inspira os jovens a terem orgulho de quem são, mas também trabalha arduamente para mudar atitudes em toda a comunidade australiana. Nova lutou para que o povo aborígene tivesse uma vida melhor e para curar a sociedade australiana de várias maneiras.

Como embaixadora do tratado da antiga Comissão Aborígene e das Ilhas do Estreito de Torres (ATSIC), ela viajou extensivamente para 104 comunidades aborígenes em toda a Austrália enquanto fazia campanha pela igualdade entre negros e brancos. Ela desempenhou funções que incluem ser Embaixadora Internacional dos Direitos Humanos Indígenas e também Embaixadora Nacional para a Reconciliação na Austrália. Ela participou ativamente de campanhas promocionais e de defesa da violência doméstica, depressão juvenil e suicídio juvenil. Na verdade, ela foi membro inaugural do Conselho e atuou como Patrona Nacional do Beyond Blue.

 


Nova também atuou como Embaixadora Internacional da Organização Mundial da Saúde e da Prevenção do Suicídio Juvenil da Griffith University, e como Embaixadora Internacional da Hepatite na Austrália. Além disso, em 2012, ela criou a Academia de Meninas Nova Peris, para proporcionar oportunidades de educação e formação a jovens aborígenes. Nova também pode ser contratada como palestrante, onde seus discursos visuais levam você a uma montanha-russa de emoções, mostrando a grande história australiana que ela tem de triunfo, sobre a adversidade.”



Abaixo, imagens da demonstração “pacífica” dos pró-palestinos em Sydney:



 

 

FONTES:

https://www.australianjewishnews.com/in-his-own-words/

https://racismnoway.com.au/teaching-resources/terra-nullius/

http://www.workingwithindigenousaustralians.info/content/History_3_Colonisation.html

https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/sydney-opera-house-vista-lateral/2


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Acontece: Ser ou Estar?/ Pertencer & Possuir / Doar & Construir

Ser ou Estar? Pertencer & Possuir -> DOAR -> CONSTRUIR


Parashá Exodus 25: 1-16


Os muitos acontecimentos da semana em Israel e no Mundo parecem querer revelar algo mais. Mantendo os pés no solo vimos a libertação de 2 reféns - Fernando Simon Marman (60) e Louis Har (70). Também presenciamos o desprezo do mundo pelo fato e o apreço dos dirigentes brasileiros pelos que criaram uma máquina de guerra altamente sofisticada. Se o antissemitismo aflora de forma jamais vista, contra Israel, judeus e sua História, também muitos foram os apoios recebidos. De artistas e atores, políticos e dirigentes de nações de pessoas simples e lideranças. Ser judeu, estar com os judeus! Pertencer a uma comunidade pluralista que preza pela singularidade, preza o que cada um possui de especial. Como tudo o que ACONTECE soma de forma perfeita com a Parashá da Semana - TERUMÁ - DOAR! Uma das cinco porções da Torá em que é relatado com minúcias a construição de um Tabernáculo e de uma Arca que abrigará temporariamente as Os Dez Comandos - ou Dez Dizeres - recebidos no Monte Sinai! E, o nome desta parashá é doar... doando para que se pudesse construir algo temporário no espaço físico, mas que deveria ser trazido no coração e na mente do Povo Judeu por todos os tempos!

Esta foi uma semana em que "o dia seguinte" assume muitas facetas. Ações de antissemitismo seguem acontecendo em todo o mundo. Uma onda de ódio e desprezo aos judeus avança nos meios de comunicação. Do outro lado, as comunidades judaicas ao redor do mundo passam a atuar de forma pró-ativa tanto no combate ao antissemitismo como aos ataques irracionais ao Estado de Israel. 

Um resgate espetacular trouxe de volta dois moradores de Nir Itzhak, Fernando Simon Marman (60) e Louis Har (70), levados como reféns no dia 7 de outubro após 129 dias de cativeiro. Em menos de 2 minutos os reféns foram localizados e colocados em um helicóptero rumo ao hospital Sheba Tel Hashomer. Esta foi uma operação planejada e realizada de forma integrada pelo Shin Bet (serviço secreto que opera dentro de Israel) e unidades de elite do Exército de Defesa de Israel. Os reféns estavam no segundo andar de um edifício, a porta do edifício teve que ser arrombada e houve muita troca de tiros. Um grupo pequeno, em silêncio, entrou no apartamento onde estavam os reféns e em menos de dois minutos carregou os dois homens para um helicóptero. Chegando no Hospital Sheba, Tel Hashomer, encontraram a família, inclusive alguns presentes tinham sido libertados semanas antes. Estes homens têm doenças crônicas e necessitavam de remédios. Os remédios cruzaram a fronteira, mas nunca foram entregues. Como curiosidade, vale lembrar que apenas fiquei sabendo que os dois eram argentinos pelas manchetes dos jornais brasileiros.








No dia seguinte, o Hezbollah atacou um complexo militar na cidade de Tzfat (Safed). Lá está o centro da Cabalá atual e é uma cidade com muitas sinagogas, resorts e vistas maravilhosas. Uma garota de 20 anos, que servia o exército de Israel, foi morta. Houve feridos e muita destruição. Os equipamentos que realizaram a operação são de alto nível de tecnologia e o Hezbollah é a organização terrorista ligada ao Irã, localizada no Líbano. 

Hoje, foi informado que foram localizados corpos de reféns. E assim, voltamos nossas mentes para os que ainda estão vivendo em condições subhumanas em Gaza. Muitos podem perguntar: e os mulçumanos habitantes de Gaza, como estarão? Não dividirei em civil e militar, porque no nosso inconsciente coletivo os militares são aqueles que buscam a morte e os civis são os que não tem como defender-se. Neste mundo cruel, vemos o Presidente Lula falando no Egito sobre a população que habita Gaza. Falando para os que não querem acolher esta população de forma alguma. E... nenhuma menção ao refém que também tem nacionalidade brasileira! Apesar dos vários pedidos feitos pela família... o vazio.

O deserto do Sinai (onde não está localizado o Har Sinai) não pode ser invadido por estes refugiados eternos. Mas, é importante lembrar SER & ESTAR - os dirigentes egípcios têm buscado soluções, que ou são propostas irreais porque exigem a liberação de presos que mataram dentro do território de Israel pessoas que estavam em bares, em casamentos, e crianças dentro de ônibus escolares circulando por caminhos seguros. Ah - ontem mesmo na estrada 2 perto de Herzelia, na cidade de Ramat ha Sharon, um árabe-israelense iniciou um atentado com um trator. Ele atacava os carros que passavam. Foi contido, e a polícia levou. 

O OUTRO LADO - os que estão reagindo e mostrando que O Povo de Israel é Um Povo entre os Povos.

Presenciamos um crescer do apoio ao redor do mundo. Como exemplo hoje circulou A declaração do Teatro Soho em Londres após o ocorrido no Show SHTOOM de Paul Currie. 


O anúncio Kraft no Super Bowl (escrevo depois e poderia ser linkado ao site apresentado na NL).

Ou ainda... como o Estado de Israel está ajudando a população de Gaza, que não recebe os alimentos e roupas que cruzam a fronteira e os milhões de dólares encaminhados ao longo de todos estes anos! Hoje sabemos que este dinheiro é revertido em túneis, armas, e equipamento de inteligência, comunicação, etc. É convertido em um arsenal material e humano que temo o objetivo de tirar o Estado de Israel do mapa, e dizer que nossa cultura e civilização foram erros de percurso!

VAMOS APRENDER COM A PARASHÁ DA SEMANA

Parasha Terumá:  Exodus 25: 1-16

1: E disse HaShem a Moisés

בדַּבֵּר֙ אֶל־בְּנֵ֣י יִשְׂרָאֵ֔ל וְיִקְחוּ־לִ֖י תְּרוּמָ֑ה מֵאֵ֤ת כָּל־אִישׁ֙ אֲשֶׁ֣ר יִדְּבֶ֣נּוּ לִבּ֔וֹ תִּקְח֖וּ אֶת־תְּרֽוּמָתִֽי:

2: Fale aos Filhos de Israel que separem DOAÇÕES para MIM; de todos os homens que estiverem atuando com o coração, aceitarás a  DOAÇÃO que estiverem fazendo para MIM.
3: E esta é a oferenda que tomareis deles: ouro, prata e cobre; 
4: tecidos de lã azul-celeste, púrpura, carmesin, linho e pêlo de cabra, couros de carneiros tingidos de vermelho; 
5: couros de Táchash e madeira de acácia; 
6: azeite para iluminação, especiarias para azeite de unção e para incenso; 
7: pedras de ônix e pedras para incrustar o efod e o peitoral.
                                    חוְעָ֥שׂוּ לִ֖י מִקְדָּ֑שׁ וְשָֽׁכַנְתִּ֖י בְּתוֹכָֽם:
8: E construirão UM SANTUÁRIO e Morarei entre eles


Este é o início da primeira das cinco parashiot que falam sobre o tabernáculo. São cinco semanas que nas sinagogas são lidas as instruções de como a tenda  móvel (Tabernáculo) que abrigará durante os 40 anos do deserto as tábuas que contém os DEZ COMANDOS - ou DIZERES.  Uma pergunta feita por vários rabinos e que sempre me encantou é por que descrever com tanta minúcia a construção de algo que terá vida efêmera. 

PAREM e REFLITAM!

Como posso considerar efêmera uma construção que é lembrada até hoje? Qual o segredo de perpetrar o conhecimento além da construção física? O que é mais conhecido no mundo: 1 - o porquê a piramides do Egito foram construídas e o que significava cada aposento? ou 2- o conteúdo da Arca Sagrada e o que significa a Torah, Tanach, Talmud e todas as contribuições do Povo Judeu intra e extra muros?
A resposta que mais gosto é que todas as descrições visam instruir os artistas e construtores, os usuários, sejam eles sacerdotes ou povo. Portanto, os que construíram e os que usarão são mais importantes que todas as joias.... e objetos caros.

E aqui chegamos ao conceito de doação - TERUMÁ - No versículo 2 está dito com todas as letras que é para Moisés aceitar apenas as doações que vêm do íntimo do ser, do Lev, do coração. Seguem então uma lista do que seria para receber como doação. Tanto o rico quanto o pobre encontram o que é preciso doar. E, portanto, uma distinção que é base em muitas civilizações é eliminada pela raiz. Ah - falando em raiz - olho para a doação de madeira de acácia. Por que tão específico? E para que será usada a madeira? A madeira é algo vivo, e será usada para construir a Arca Sagrada. Os pergaminhos precisam respirar, e precisam cheirar muito bem. HaShem sempre lembra que temos cinco sentidos e odores e perfumes são um componente importante para a comunicação entre os homens, animais, plantas. A natureza se comunica de forma perfumada. A Acácia é perfumada e exala por anos um óleo essencial que também tem propriedades  antimicrobianas. Uma leitura atenta dos versículos é uma fonte importante de conhecimento científico.

O último versículo que fecha com chave de ouro este primeiro contato com a construção do tabernáculo é que HaShem morará entre os construtores do tabernáculo! São tão importantes os que doam e os que trabalham. A construção é apenas um veículo para que os construtores, doadores e dirigentes possam criar o clima e a cultura necessária para sobreviver e transmitir seus conhecimentos, falhas e acertos de geração em geração.

É essa certeza que mostra que AM ISRAEL CHAI VEKAIAM.

Regina P Markus

 




quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Acontece - E depois?

 

Por Juliana Rehfeld




Acabamos de completar 4 meses do horrendo ataque terrorista perpetrado pelo Hamas no Sul de Israel. O declarado objetivo de eliminar o Hamas e trazer os reféns de volta está em curso e ainda estamos longe de um desfecho que permita à região ser reconstruída. Não me refiro aqui só às instalações, às edificações destruídas, mas principalmente às crenças e às ilusões que muitos de nós tínhamos sobre a situação de Israel e do judaísmo no mundo. A realidade das ameaças das quais não tínhamos percepção concretizou-de de tal maneira que dividiu o tempo em antes e depois. O antes - sonhos e ações de iniciativas conjuntas entre palestinos e israelenses dificilmente vão voltar como eram. Até porque muitos protagonistas desse empenho em estudar junto e construir uma paz pelo encontro foram brutalmente assassinados em 7 de outubro. E o depois? Abaixo um vídeo que afirma como o “day after” será particularmente difícil porque precisa consertar muito mais do que o que rodeia as pessoas, e muito o que está dentro das pessoas.




Há um vácuo de tempo, os dias passam e não passam ao mesmo tempo. Na parashá Mishpatim desta semana, estamos no deserto entre a vida no Egito, escravidão e perseguição das quais fugimos, e o futuro desconhecido com base  numa promessa, uma promessa de alguém que fala em nome de um Todo Poderoso. Achávamos que estávamos seguros, mesmo com as muitas dificuldades, saímos para evitar sermos dizimados, e agora, no silêncio do deserto,  procuramos um novo sentido, algo no que nos apoiarmos para construir uma nova vida. Na Parashá aceitamos com entusiasmo o pacto de Moisés com Deus e dissemos uma das mais famosas frases no Tanach,״  נעשא ונשמע ״ י  faremos e ouviremos” nesta ordem, faremos mesmo antes de ouvir, isto é, cumpriremos mesmo antes de entender… 

Há nesta parashá 53 mitsvot, leis detalhadas, para guiar uma nova convivência “abençoada” por Ele… devem ser seguidas para nos tornarmos um povo, um povo que - só assim - será o escolhido . 

40 dias e 40 noites levam Moisés para voltar do Monte Sinai finalmente com as Tábuas da Lei, os dez mandamentos. Mesmo com divergências e tentações - bezerro de ouro - desenvolve-se um povo, uma comunidade que enfim se estabelecerá em Canaã, entre o Rio e o Mar! 

Quando, em 1947, a recém-criada ONU restabelece a Canaã moderna ela já está menor, já perdeu dois territórios que deveriam se tornar a nova Jordânia, isto é, mais uma Jordânia criada para árabes no que era a Palestina. A Palestina judaica - ou Israel - é bem menor que a Palestina árabe na qual já estava criado um “Estado da Palestina” ou Transjordania, ou Jordânia. 

Após a criação de Israel os vários sionismos concretizaram uma sociedade plural e progressista para a qual afluíram sobretudo jovens idealistas com a esperança de materializar um sonho socialista, um mundo mais agrícola e equitativo; esta base aos poucos foi sendo transformada por embate de ideias, sempre democrático, e por aumento da insegurança nas fronteiras e medo dos atentados terroristas. Somou-se a isso um grande sucesso econômico e tecnológico que transformaram o país numa “start-up nation”. Muitos árabes permaneceram em Israel após a fundação do Estado e são hoje 20% da população; muitos judeus de Massorti (tradicionais) a Haredim (ortodoxos) acorreram ao país e se multiplicaram e assim são hoje mais de 13% da população, e crescendo rapidamente…. 

Com todas estas alterações ao longo da 2a metade do século XX, Canaã deslocou-se para a direita, como o mundo inteiro urbanizou-se drasticamente - afastando de vez o ideal dos kibbutzim e se alinhando ao globo na busca de capital, no mínimo para “bancar” seus enormes gastos para defesa; foi também criando uma casta da população que abriu, no grito, caminho para hoje se instalar majoritariamente no poder - poder este  cedido, com o aval do voto popular, sem dúvida, por um Benjamin Netanyahu com medo de ser condenado à prisão pelo  Beit Ha Mishpat (Suprema Corte). 

A gota d’água para que aqueles que ainda sonham com a sociedade fundada em 1948 saíssem às ruas, de gradual para maciçamente, foi o projeto de lei que reduz o poder do Supremo reprovada pela própria Suprema Corte em 1 de janeiro de 2024.




Dividido neste embate, distraído por uma aparente supremacia militar e onipotência e afastado dos disciplinados empenhos na segurança real, Israel foi profundamente golpeado em 7/10, e a inacreditável posição da opinião pública sobre o seu pleno direito à defesa golpearam a ilusão que tínhamos sobre o nosso “direito humano” de não sofrer antissemitismo; "racismo contra judeus é diferente, é admissível e “depende do contexto”". 

Mesmo assim a vida, na medida do possível, continua em Israel, e aqui na Diáspora, em nós. O frio inverno está atrapalhando muito o dia-a-dia dentro das fronteiras, e tornando muito mais penosa a jornada dos soldados em Gaza. 

O iminente acordo com o Hamas para troca de prisioneiros ainda não foi assinado e nestas alturas, dos reféns pelos quais ainda gritamos menos de 40% estão vivos… e palestinos demais perderam a vida, como previsto…

Por aqui, mesmo que num país tropical, o frio que se abateu em muitos relacionamentos com a recaída antissemita vai precisar de muitos agasalhos costurados com paciência, pomadas fortes contra as fundas feridas abertas e o tempo como silenciosa testemunha… um deserto moderno. 

Que tenhamos força para estas reconstruções e possamos passar às futuras gerações uma nova esperança. 

Shabat Shalom

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

VOCÊ SABIA? - Descobertas da guerra


Descobertas arqueológicas em meio à guerra em Gaza iniciada em 7 de outubro 2023 atestam a permanência do Povo Judeu em Israel! 

Por Ana Ruth Kleinberger


Tesouro Ancestral – uma ferramenta de moagem


Você sabia que reservistas das FDI descobriram pedra de moinho antiga perto da fronteira de Gaza?

Oficiais da reserva em patrulha descobriram uma antiga ferramenta de basalto, pesando mais de 10 kg, usada para moer trigo; um dos reservistas, um arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel, diz que a pedra de moinho foi importada.

Durante ações de patrulha, reservistas das FDI continuam descobrindo peças ancestrais pela fronteira de Gaza. Primeiro aconteceu a recente descoberta de uma vela de óleo bizantina; agora encontraram uma antiga pedra de moinho. Um dos reservistas, também arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel, encaminhou esta descoberta valorosa ao Estado para estudo e preservação.



"Tenente Coronel Yair Amizur e o Major Eliashiv Bohbut descobriram a ferramenta de pedra basáltica, pesando mais de 10 kg. “Como parte das patrulhas de campo de rotina ao redor da fronteira de Gaza, nossos olhos capturaram um bloco redondo de basalto saliente de uma pilha de terra na beira da estrada”, lembrou o major Bohbut. Amizur, um arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel, reconheceu imediatamente que se tratava de uma pedra de moinho – uma antiga ferramenta de moagem.”



Atuando como reservistas em Gaza, Nathaniel Melchior e Alon Segev, soldados do 404 Batalhão do 282 Corpo de Bombeiros, surpreenderam-se durante seu serviço ao encontrar uma lâmpada de óleo antiga, incrivelmente bem preservada, datando do período bizantino. Seguindo uma atitude cidadã recomendada, estes soldados entregaram a peça à AAI, Autoridade de Antiguidades de Israel.

 

Nathaniel relata sua inesperada descoberta:

 “Enquanto caminhávamos pelo campo, nos deparamos com um fragmento de cerâmica virado de cabeça para baixo, e sua forma circular chamou minha atenção. Estava coberto de lama. Eu o limpei e, ao perceber o que era, entrei em contato com a Autoridade de Antiguidades de Israel.”

 

Por sua vez, Alon acrescentou uma postagem em seu grupo do Facebook com uma foto da lâmpada, fato que provocou grande interesse. Ele relata:

 

“A postagem ganhou impulso, recebendo dezenas de comentários e centenas de curtidas. Os internautas ofereceram diversas sugestões sobre a identidade do objeto e nos aconselharam a informar a Autoridade de Antiguidades de Israel.”

 

Adicionamos aqui a opinião de Sarah Tal, arqueóloga da região oeste do Negev da Autoridade de Antiguidades de Israel:

 

“Esta é uma lâmpada de argila antiga do período bizantino, datada de aproximadamente 1.500 anos atrás, conhecida como ‘lâmpada de sandália’ e utilizada para iluminação. Foi produzida em molde e é característica da área de Shephelah e do sul de Israel.”

.

Uma guerra sangrenta, traiçoeira, inesperada, além das perdas, choques e dores, pode trazer descobertas surpreendentes no campo da arqueologia.

Em Israel, em especial na faixa de Gaza, a terra é rica em histórias e tesouros ancestrais. E assim, mesmo em tempos de instabilidade e conflitos, a AAI está presente e ao lado das IDF (Forças de Defesa de Israel) com o intuito de garantir a segurança destas preciosas raridades.

Recomenda-se que ao encontrarmos uma relíquia, devemos deixá-la no local onde foi encontrada para ajudar os arqueólogos a obterem o maior número possível de informações sobre a peça e seu habitat, e informar os inspetores da AAI sobre o achado.

E talvez, cada vez mais, o mundo letrado e estudioso reconhecerá a História do Povo Judeu.


 

O “Campus Nacional para a Arqueologia de Israel” foi construído a partir de 2012 com o objetivo de concentrar todos os escritórios administrativos centrais da IAA em um complexo de edifícios.

 O escritório de arquitetura Safdie Architects planejou o complexo do edifício em uma área total de 20.000 m² em Museum Hill.

O campus abriga a coleção mais valiosa dos tesouros arqueológicos de Israel, fornecendo insights vívidos sobre a arqueologia, etnografia e história de Israel.

 

FONTES:

https://www.ynetnews.com/travel/article/ryuptyodt

https://www.bing.com/search?q=soldados+idf+israel+descobrem+antiqguidades+em+gaza&cvid=bfa8d75dc2e2401da996d79c8ceb46cf&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOdIBCTI0MzY2ajBqNKgCALACAA&FORM=ANAB01&PC=DCTS

https://bibliotecadopregador.com.br/soldados-de-israel-idf-fazem-uma-descoberta-arqueologica-na-area-de-gaza/

https://bibliotecadopregador.com.br/soldados-de-israel-idf-fazem-uma-descoberta-arqueologica-na-area-de-gaza/

https://www.zincobrasil.com.br/campus-nacional-de-arqueologia-de-israel-jerusalem/