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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Acontece: Israel ainda surpreende




Por Juliana Rehfeld


Esta semana foram divulgadas várias estatísticas, de diferentes áreas - e eu fui checar como Israel se saiu, até porque a situação da guerra prolongada, a gente sabe, tem afetado enormemente o país. Foi divulgado o PIB - produto interno bruto - que é a riqueza de um país medida pela soma de bens e serviços total do período, no caso, o terceiro trimestre. O Brasil teve aumento no período (0,9%) mas menor que o anterior (1,4%) e há grandes discussões sobre se a economia está ou não melhorando... mas Israel surpreendeu: o índice se recuperou pós desaceleração com a guerra, atingiu anualizados 3,8% superando a considerada otimista previsão de 2,9%!  É claro que só faz sentido comparar isto entre países se for em termos relativos, isto é, em relação a sua própria população. E é claro também que este é o jeito clássico de olhar a riqueza, monetariamente, e não em termos de qualidade de vida ou de desenvolvimento humano. Mas, ele ainda faz sentido para avaliar o “desempenho financeiro" do país… em primeiro lugar tem consistentemente ficado Luxemburgo, pequena “ilha de luxo”.  Israel foi o 20o país no relatório recém divulgado, aumentando seu PIB per capita em 2,6% mesmo com a situação da guerra, com um valor imediatamente abaixo da Alemanha (!)




"Tá bom, mas isso é só financeiro!”. É, mas em março deste ano foi divulgado o Relatório Mundial da Felicidade*, medido no meio de 2023, antes de 7 de outubro, e Israel figurou em 5o lugar (!) atrás da sempre campeã Finlândia e então, de Dinamarca, Islândia e Suécia. Evidentemente a pesquisa feita hoje traria um resultado diferente, só saberemos o quanto em 2025, mas a tristeza que 7 de outubro e sua sequência trouxeram é indiscutível e distribuída pelas várias idades e comunidades dentro da população.

Muito acompanhamos as opiniões globais e regionais sobre Israel - “o que acontece fora de lá “, mas o fato é que há atualmente tantas dificuldades internas, políticas, verdadeiras batalhas civis entre extremos da sociedade polarizada. Ministros da coligação que sustenta Bibi denunciam as pressões pela condenação dele nos processos pelos quais responde como “golpe de Estado”, e incitam os cidadãos contra isso. O tesouro (ministro das finanças Smotrich) apresenta um orçamento tardio para 2025 (isso acontece aqui também) com um valor irreal, totalmente incompatível com as reais necessidades da sociedade… o que dificilmente vai passar em tempo, e tudo indica que deve ser usado o de 2024, adaptado mensalmente. 

Outro resultado divulgado agora é o da prova de Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciências (TIMMS) feito a cada 4 anos e que vem dando suporte a políticas e estratégias nacionais de ensino. O relatório traz a óbvia observação de que a pandemia fez estragos importantes nos sistemas educacionais na maioria dos países participantes: 59 no nível do 4a série (idade 9 anos - 360 mil alunos), e 99 no nível do 8a série (13 anos - 300 mil alunos);  novamente os mais altos desempenhos foram de Singapura (615 em 2023 e 616 em 2019), Taiwan e Coreia do Sul. O Brasil começou agora a participar do TIMMS e hoje o baixo resultado (400 = fraco) repercutiu drasticamente… Israel piorou muito seu nível também (487= ligeiramente acima da média, um em cada 5 falhou, versus um em cada 8 na prova de 2019). O ministro da educação, Yoav Kisch, do Likud, retardou a apresentação das notas com receio das esperadas e justificadas críticas, e atribuiu a queda do desempenho à COVID - OK - e à guerra em Gaza, que, para azar dele, ministro, começou depois das provas do TIMMS…

Bem, estatísticas, dizem, são o terceiro tipo de mentira, vindo depois das mentiras pequenas e das grandes…. mas é com o olho nas tendências destas medidas que têm sido conduzidas as ações das nações, mais ou menos acertadas ou eficazmente… 

E as notas em uma prova? São episódios, são momentos… mas, se a tendência se mantém em uma direção, os professores são obrigados a interferir e corrigir rumos. Já é difícil fazer isso quando todos pensam juntos, mas é quase impossível quando o conflito político e as vaidades travam o percurso a seguir, travam a necessária reconstrução do estrago que esta guerra, mais que todas as anteriores, vem causando. E, mesmo assim, Israel surpreende! Vamos torcer para que as notas e as estatísticas continuem melhorando, mas acima de tudo, que o caminho seja menos doloroso para a já machucada população, e que, totalmente ao contrário do que tem sido, cidadãos irmãos possam sentar-se e reconstruir juntos - e será bom! “Ma tov uma naim, shevet achim gam iachad.” 

Shabat Shalom 


*O Relatório Mundial da Felicidade (ou World Happiness Report em inglês) mostra a classificação e avaliação de um país com base em fatores como satisfação com a vida, bem-estar, apoio social, renda e felicidade geral de sua população. Isso fornece informações valiosas sobre o bem-estar subjetivo e a qualidade de vida em um país, oferecendo uma compreensão abrangente dos fatores que contribuem para a felicidade e satisfação de seus residentes. Fonte: Relatório Mundial da Felicidade

2 comentários:

  1. Parabéns Ju - este foi um excelente modo de mostrar como os dados oficiais não conseguem negar Israel. E esperemos que os reféns cheguem em breve. Isto traria um ganho para todo o país.

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  2. Muito bom texto e informações !!! Parabens Juiana !!!

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