Esperança
García Lorca enxergou na luz do luar
refletida no cabelo da sua musa o verde... Verde de quem espera a chegada
triunfal do amor, mas que contém, como semente de sua alma, a disciplina do
trabalho e do esforço.
Só
se toca o sonho esperançoso com as luvas do labor...
Verde como um broto que vai rompendo o
solo bem arado e adubado, buscando nas mãos do semeador um pouco de mérito,
enquanto luta, por si mesmo, contra tudo o que quer torná-lo escuro, opaco...
Contra
os sanguessugas da vida! Contra a morte!
O luar é verde para um enamorado que,
ao admirar sua bela desconhecida, se encanta com sua amada buscando a Liberdade
nas espumas de um mar sem fim.
A
vastidão salgada era o voo sublime com que ela sonhara, mas que nunca tivera
ganas de realizar: uma semente abafada e morta nos solos nunca trabalhados.
Enquanto os olhos dele a enxergavam
verde de esperança e amor, os dela só viam o mar como um sonho de liberdade
distante! A esperança só cresce com força e vigor pela luta dos que trabalham.
Ela sem o labor diário é só um sonho que se sonha só...
A esperança é um sonâmbulo que sonha,
já que dorme, mas que deve trabalhar, já que desperto.
Uma vez, assisti ao Rebe de Lubavitch z´l”
ensinando que D´us planta a semente em tudo, mas só fazem-na desabrochar para a
vida quem delas cuida amiúde e dedicadamente.
As
bençãos são as sementes...
São
Bento tinha um ensinamento similar... Sempre que ele mandava as pessoas orarem
e trabalharem ele estava orientando seus discípulos que é necessário render
graças ao Criador por todas as bençãos conseguidas, mas que também é necessário
muito trabalho e disciplina para desenvolver e conquistar os frutos daquelas
graças.
Noé
foi assim... Com a esperança de salvar a criação que ele tanto amava, passou a
trabalhar na construção de uma portentosa arca em que coubesse todo o futuro
animal e humano! Seu suor irrigou as tábuas daquela espetacular navegação!
E
assim, após um dilúvio de intermináveis dias, a caravela da esperança passou a
singrar, ao sabor do sopro Divino, o desconhecido. Lá que o porvir foi
semeado...
Esperança,
Amor e Disciplina!
Todos
juntos plantando um mundo renovado: mundo de alma lavada!
Rebe
de Lubavitch z´l”, São Bento, Noé e Lorca. Baita confusão, né? Na
verdade, não, para quem enxerga o verde, a esperança e o amor na luz do luar,
no trabalho e na disciplina...
Vamos
enxergar? Basta sorrir...
André
Naves
Defensor
Público Federal formado em Direito pela USP. Especialista em Direitos Humanos e
Sociais, Inclusão Social e Mestre em Economia Política pela PUC/SP. Cientista
Político pela Hillsdale College. Doutor em Economia pela Princeton University. Comendador
Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com
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