Você
sabia que durante o intrigante e misterioso período histórico da Rota da Seda,
em 1163, um grupo de mercadores judeus construiu a primeira sinagoga da região
na cidade de Kaifeng, China?
Sempre
senti um fascínio por este capítulo da História do mundo, apesar do pouco
conhecimento que tinha.
Talvez meu primeiro encantamento
tenha sido a música “Silk Road”, de Kitarõ.
Assim,
tentei ver como os judeus haviam se posicionado neste momento pitoresco e
arrebatador de descobertas, viagens, trocas e negociações.
E foi desta
forma que, após várias leituras, cheguei a Kaifeng:
"A presença judaica na China, hoje em
reorganização, tem raízes bastante profundas, começando no século 8.
Comerciantes judeus viajaram pela Rota da Seda para chegar à cidade de Kaifeng,
onde, em 1163, surgiu a primeira sinagoga da região. A comunidade chegou a
contabilizar 5 mil integrantes no século 17, para entrar em um período de
dificuldades, como a morte do último rabino em meados do século 19. Por volta
de 1860, a sinagoga de Kaifeng, depois de enfrentar as enchentes frequentes na
região, foi finalmente demolida."
清真寺, Qīngzhēn Sì
Sinagoga
de Kaifeng, Henan, 1163
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Durante a
Rebelião de Taiping, na década de 1850, como em muitas outras ocasiões em sua
história de perseguições e fugas, os judeus dispersaram-se para mais tarde
retornar à cidade de Kaifeng.
Lá foram
encontradas três estelas, placas de pedra com inscrições, registradas e
estudadas no livro "The Kaifeng Stone inscriptions: The Legacy of the Jewish
Community in Ancient China" de Tiberiu Weisz, professor de História dos
Hebreus e Religião Chinesa.
A estela
mais antiga, de 1489, registra a construção de uma sinagoga em 1163, Qingzhen
Si, que acabou servindo de mesquita, em repetidas ocasiões.
A segunda
pedra, 1512, encontrada na sinagoga de Xuanzhang Daojing Si (fechada em 1512)
relata, entre outras ocorrências, as práticas religiosas judaicas.
A última,
de 1663, celebra a reconstrução da antiga e primeira sinagoga de Qingzhen Si,
de 1163.
Judios de
Kaifeng
NATIONAL
GEOGRAPHIC, 1907
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Judios de
Kaifeng
NATIONAL
GEOGRAPHIC, 1907
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Em seu
livro, Tiberiu apresenta sua tradução e interpretação das estelas, ali deixadas
com o intuito de preservar a religião e as origens do povo judeu de Kaifeng.
Continuando
a história dos judeus de Kaifeng ...
"Durante
a dinastia Ming (século 14 a 17), um imperador chinês deu aos judeus sobrenomes
locais, como Ai, Gao, Jin, Li, Zhang, Shi e Zhau. Atualmente, estima-se que
entre 500 e mil habitantes de Kaifeng, cidade com 4,8 milhões de habitantes,
apontam suas ligações com antepassados judeus. O museu municipal de Kaifeng
apresenta algumas peças do século 15 que eram da comunidade judaica, enquanto
outros objetos estão no Museu Britânico, em Londres, e no Museu Real de
Ontário, no Canadá."
Atualmente
quase mil habitantes de Kaifeng possuem ascendência judaica.
A
partir de contatos com turistas judeus, os judeus de Kaifeng vêm recuperando
seus laços com o judaísmo global. Através de organizações judaicas, alguns
membros até já emigraram para Israel.
Além
de Kaifeng, há vários outros vestígios de passagem de judeus pela China, além dos
grupos ali atualmente estabelecidos em Shanghai, Beijing, Hong Kong, Harbin...
"Apreciar
passagens da vida judaica no Extremo Oriente também é possível em Harbin,
cidade localizada no nordeste da China e onde uma sinagoga construída em 1917
transformou-se em museu. Os dois andares do prédio, segundo relato publicado no
ano passado pelo Haaretz, trazem fotos em preto e branco de uma colorida vida
comunitária, com atividades assistenciais, movimento sionista e iniciativas culturais
que atingiram seu momento mais intensos entre 1917 e 1930."
E
agora, se você, como eu, sente-se atraído (a) pela Rota da Seda, aqui vão algumas
pinceladas sobre o assunto!
Rota Da Seda: Ligando o
Ocidente Ao Oriente
"O percurso de Istambul, na Turquia, até Xi-an, na China
é conhecido como Rota da Seda. Para se ter uma ideia, antigamente essa rota era
feita por caravanas de camelos que atravessavam os desertos, montanhas e rios
em busca do oriente. O objetivo dessa longa e cansativa viagem era buscar uma
riqueza do oriente, a seda.
Os mercadores europeus se aventuravam no Extremo Oriente do
mundo para ter acesso a seda. Dentre esses mercadores podemos citar o nome do
ilustre Marco Polo. A viagem passava por um total de seis países: Turquia,
Irão, Turquemenistão, Uzbequistão, Quirguistão e China."
"O geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen foi o
primeiro a utilizar o termo Rota da Seda (tradução da expressão alemã
Seidenstraße) no século XIX. Basicamente esse trajeto corresponde a um conjunto
de rotas comerciais que se interligavam através da Europa, Oriente e Ásia. A
maior e mais importante rede comercial do mundo antigo.
Os chineses aprenderam e dominaram a técnica de fabricação da
seda durante milênios. A seda chinesa era feita a partir da fibra branca dos
casulos dos bichos-da-seda. Dessa forma a seda foi durante muito tempo um
produto exclusivo da sociedade chinesa."
E ... o sonho de consumo das mulheres do Ocidente, após a
chegada deste tecido diáfano e sedutor às cortes europeias.
Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o grupo Esh Tamid.
FONTES
Os Judeus, o dinheiro e o mundo - de Jacques Attali
Judeus e suas extraordinárias histórias e contribuições - de
Marcelo Szpillman
Muito interessante, Itanira. Vou compartilhar com minha sobrinha que mora no Uruguai.
ResponderExcluirNos dias de hoje, o governo chinês (totalmente anti semita) está praticando severa perseguição aos judeus de Kaifeng. A colônia judaica daquela cidade está sendo reduzida muito rapidamente. No meu blog bíblico eu chamo "isso" de SIONISMO NA CHINA. sHALOM.
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