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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

EDITORIAL - Educação X Doutrinamento

Educação x Doutrinamento
Formar x Informar

Ciência x Opinião



Em tempos modernos, quando a informação pode ser obtida rapidamente temos que saber selecionar, filtrar e classificar. Entender a relevância dos temas e ao mesmo tempo avaliar a validade dos mesmos. Nestes tempos formar é mais do que apenas informar e educar é mais do que indicar o certo e o errado. Há necessidade de empoderar as pessoas, jovens e não tão jovens com habilidades que permitam filtrar e classificar as informações.

A longa trajetória do Povo Judeu, os milênios de existência da Terra de Israel desde os tempos da Terra Prometida até o moderno Estado de Israel foram sempre pautados por educação. Nos momentos mais difíceis da história judaica, incluindo o holocausto, há sempre relatos importantes sobre a educação dos filhos. Ouvir histórias pessoais da geração de nossos pais e avós que aprenderam matemática em condições muito adversas dão a dimensão da importância do ensino e do conhecimento para que tempos difíceis possam ser superados.

O cientista Aaron Ciechanoven, nascido em Haifa, Israel, e prêmio Nobel de Química em 2004 por detectar um sistema responsável por eliminar moléculas proteicas danificadas ou desnecessárias para o organismo (ubiquitina), durantesuas palestras em Brasília em agosto deste ano, invocou aos jovens a questionar as regras estabelecidas, seguir seus sonhos e trabalhar em algo em que realmente acreditem. Para manter a motivação por 40 anos pesquisando o mesmo assunto, disse ele, é preciso foco, resiliência e coragem para se adaptar às circunstâncias - uma das características fundamentais do povo judeu.

Dan Schectman, prêmio Nobel de Química em 2011, foi o convidado de honra da 64ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, São Luiz do Maranhão, 2012). Acostumado a fazer palestras motivacionais, fez questão de conversar com alunos em uma escola de ensino médio da periferia de São Luiz. A conversa sobre o tema dos "quase metais" que foi objeto do Prêmio Nobel fluiu fácil e todos perguntavam. Alguns através dos muitos professores intérpretes que estavam entre os jovens, e outros aventurando-se no inglês. A vida destes jovens foi marcada positivamente, e alguns decidiram que valia a pena entrar na Universidade Federal do Maranhão para seguir seus estudos.



Esta é uma semana muito importante para o Brasil. Está sendo realizada a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, e o tema central é a MATEMÁTICA. Sim, a matemática está em tudo, como uma forma de codificação e uma forma que permite com que contemos a passagem do tempo e as transformações e processos sequenciais.

Os leigos costumam dizer que a matemática não mente - ela tem a precisão dos fatos e é isenta. Será? Lembrando de mestres do século passado, que eram exímios matemáticos e estatísticos, fica sempre a dúvida dos números.

Dois amigos entraram em um restaurante e um comeu um frango inteiro e o outro nada. Em média os dois estão alimentados. Os números falam sobre uma verdade, a que pode ser observada por quem serviu o frango e viu os amigos, mas não refletem os fatos, porque ninguém observou quem comia.

A História de Israel é contada de diversas formas, e é importante avaliar as diferentes versões, analisar criticamente para além da matemática. Os fatos apresentados, muitas vezes mesmo não distorcidos intencionalmente, levam a falsas narrativas. E é esta a diferença entre doutrinar e educar. A educação judaica, baseada em contínuos questionamentos com muitas respostas para uma mesma pergunta, tem ao longo dos anos permitido a adaptação mesmo em tempos difíceis e uma consistente ressignificação de raízes.

Educar e não doutrinar, saber que formar é mais do que informar, e que o avanço do conhecimento é feito através de conquistas científicas independentes de opiniões locais, têm sido uma forma importante de sobrevida. A cada girada da história é possível ver que este método de priorizar a educação investigativa, baseada na curiosidade e no questionamento é uma forma de preparar a futuras gerações para o que vier, e não para supostos modelos.



Machado de Assis, personagem do nosso “Você Sabia” desta semana e grande escritor brasileiro, soube viver além de seu tempo, superando o presente para que pudesse ser um dos grandes destaques do amanhã. Conseguiu integrar essa visão de interculturalidade e pluralidade ideológica através de seu respeito e apoio aos judeus na sua poesia. Educar sempre e nas mais adversas situações é a forma de construir o amanhã.

Vamos surfar esta onda.

Editoras da EshTÁ Na Mídia

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