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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

EDITORIAL - UNESCO

UNESCO  - Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura


Quem lembra de George Orwell?
Quem lembra de 1984?


Um romance distópico* publicado em 1949 que mostrava um mundo futuro em que a História era transformada em Estória, em que o que aconteceu ontem era reescrito a cada mudança de parceiros, em que a posse dos meios de comunicação dominava o mundo: assim George Orwell imaginou o ano de 1984. E nós que na década de 1960 líamos com avidez estas ficções, não imaginávamos que Orwell seria o Leonardo da Vinci do século XX. 

Hoje a distorção da verdade é aceita por muitos e os fatos reais são sistematicamente colocados em dúvida. O revisionismo histórico impera com facilidade em um tempo de pouca leitura e pouca profundidade. Mais importante, o mundo e os governos por interesse político ou econômico, ou apenas por pertencerem à ala A ou B aceitam e transmitem informações falsas. Os organismos internacionais criados para harmonizar as nações tornaram-se feudos de poderosos da comunicação e do marketing, dos que sabem distorcer a verdade criando hordas de seguidores.

No dia 12 de outubro, os Estados Unidos anunciaram que irão se retirar da UNESCO - o que deve ocorrer apenas em 31 de dezembro de 2018. O motivo para esta decisão foi a forma discriminatória com que o Estado de Israel, o único lar para o Povo Judeu, tem sido tratado pela UNESCO. A gota d'água foi a declaração de que Hebron e Jerusalém não são patrimônios judaicos. E em casa como andamos? Os meios de comunicação brasileiros ajudam a propagar narrativas equivocadas. Esta semana a revista VEJA postou em sua página do Facebook e publicou em sua versão impressa que "Hebron é Território Palestino Ocupado por Israel", sem mencionar que o Monte do Templo de Salomão e Herodes foi usado pelos árabes para construir mesquitas,  impedindo os judeus de chegar ao local que é central à sua constituição como Povo.

Hebron, o que há nesta cidade para que os árabes forcem que a organização mundial que trata da cultura declare zona árabe e não judaica? A resposta é muito simples, mas não tão conhecida quanto o Templo de Jerusalém. É em Hebron que, segundo a Torah, Avraham comprou terra para a tumba dos patriarcas e lá estão enterrados Abrahão, Isaac, Jacob/Israel; Sara, Rebeca e Leah. Lá está a Mahpelá, um dos locais mais sagrados do judaísmo porque denota a relevância de sua herança. A herança judaica é a passagem das tradições de pais para filhos, de geração em geração.

Como é possível que toda a história judaica seja negada? Como foi possível que o Brasil, com seu voto, tenha negado aos judeus o direito de visitar o túmulo de seus patriarcas e matriarcas?
Isto após várias outras decisões baseadas em políticas tendenciosas e não históricas.
Os Estados Unidos resolveram dar um basta, e como todas as reclamações não tiveram resultados de mudança de atitudes, veio a decisão de romper com a Instituição. Lembramos que além do peso político americano, a decisão tomada reflete na saúde financeira da UNESCO: os EUA pagam 22% do orçamento geral e financiam 28% dos fundos de manutenção da paz.

No dia 13 de outubro foi encerrada a eleição do Diretor-Geral da UNESCO, para cujo cargo se apresentaram nove candidatos: Polad Bülbüloglu (Azerbaijão), Qian Tang (China), Moushira Khattab (Egito), Audrey Azoulay (França), Juan Alfonso Fuentes Soria (Guatemala), Saleh Al-Hasnawi (Iraque), Vera El-Khoury Lacoeuilhe (Líbano), Hamad bin Abdulaziz Al-Kawari (Qatar) e Pham Sanh Chau (Vietnã). Audrey Azoulay, ex-Ministra de Cultura da França, foi a indicada. Seu nome deverá ser referendado pela Assembléia Geral da ONU em novembro. 

Azoulay é filha de marroquinos. Seu pai foi um dos principais assessores do Rei do Marrocos, e, mesmo assim, teve que abandonar o país - será que o fato de ser judia interferiu no processo? Será que o fato de ser judia abre uma esperança para a atuação da UNESCO? Estas perguntas temos que deixar para o futuro, mas uma coisa pode ser aqui declarada. As relações entre judeus e muçulmanos dentro do Estado de Israel vêm sendo aprimoradas a cada ano. Ambos os lados sabem que vivem em um país muito especial, tão multi-racial quanto é o Povo Judeu e sempre disposto a aceitar o outro, exatamente porque conhece a sua identidade. A Herança recebida por Moisés no Monte Sinai prevê a transmissão deste conhecimento de geração em geração e prevê que os Judeus serão um povo entre os demais. 


Cidadãos judeus em Jerusalém ficaram encantados ao subir em um ônibus decorado como uma Sucá, com teto de bambu e todo decorado - cortesia da motorista de ônibus muçulmana com a intenção de melhorar as relações com seus passageiros.



Aceitar e Dar é a forma de ser Um entre Muitos - foi lindo ver que em Israel uma motorista muçulmana que guia um ônibus de linha em Jerusalém presenteou seus passageiros judeus com a decoração de uma Sucá. Eles podiam viajar pelas ruas de Jerusalém dentro de uma Sucá, assim como seus antepassados viajaram pelo deserto. Há 3 mil anos foi construída a identidade judaica, hoje está sendo construída a PAZ JUDAICA.

Alguns mitos sobre a sociedade em Israel estão caindo por terra, e nosso papel é mostrar a realidade. Por isso, estamos preparando a tradução e legendagem de um vídeo muito interessante que mostra como é, hoje, a verdadeira relação entre os cidadãos árabes e judeus em Israel. Fique de olho nos nossos canais.

Shalom


Regina P Markus
Juliana Rehfeld
Marcela Fejes

* distópico = que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. 

Um comentário:

  1. "O revisionismo histórico impera com facilidade em um tempo de pouca leitura e pouca profundidade."
    Gostaria de destacar essa frase. A meu ver isto é um fato, produto direto da tal "revolução da informação" que temos vivido nos últimos anos, com a proliferação de ferramentas tecnológicas facilitadoras da comunicação entre a população planetária através de textos e mensagens curtas.
    Faz-me lembrar da frase final que escrevi num trabalho sobre radioatividade nos anos de colégio, muuuuito tempo atrás: "como qualquer conquista humana, o controle da energia atômica pode servir para o bem ou para o mal". Verdade também para a nossa "revolução da informação"...

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