MAMELOSHEN - NOME CARINHOSO PARA O YÌDDISH - “LÍNGUA MATERNA”.
Você sabia que 110 anos após o primeiro Simpósio de Yíddish (a
língua supostamente exterminada por Hitler durante o Holocausto) na Ucrânia, um
significativo grupo de estudiosos, entusiastas e defensores da comunidade
judaica de 12 países do mundo reuniu-se novamente em Chernivtsi (Chernovitz, Ucrânia
oriental) para a Conferência Internacional Comemorativa da Cultura e Língua Yíddish?
The International Commemorative Conference
of Yiddish Culture and Language at the University of Chernivtsi, Ukraine,
August 9, 2018. (Courtesy
World Jewish Congress)
|
De 5 a 12 de agosto de 2018 aconteceu a conferência em homenagem
ao simpósio de 1908, representando na época o movimento de vibrante otimismo face
à sublimação do Yíddish, que ascendia de um dialeto provincial de 1000 anos de
vida para uma moderna língua literária judaica.
Em 1908 ninguém poderia imaginar que em poucas décadas, metade dos
nativos da língua Yíddish seria exterminada nos campos nazistas.
Com o novo Estado de Israel em 1948 e o consequente enaltecimento do
hebraico como a língua universal dos judeus, mais uma vez o Yíddish deparou-se
com obstáculos impedindo sua anterior ascensão.
“Hoje o Yíddish é por muitos considerado
uma língua em vias de extinção.
É quase exclusivamente falado
por um pequeno e enclausurado grupo de ultra Ortodoxos, na maioria judeus Hassídicos.
A conferência deste ano procura
acolher e alimentar uma pequena semente de renascimento Yíddish”.
Há, no momento, um interesse
crescente pela língua, tanto por judeus procurando uma conexão com o seu
passado, como por não-judeus, fascinados pela riqueza da herança cultural da
língua!”
Courtesy Glitzenstein - A partir da esquerda, Robert Singer, CEO
do WJC, Josef Zissels e Rabino Menachen Mendel Glitzenstein
|
“Após viver a primeira parte de
sua vida em Kiev, Josef Zissels, na foto ao centro, fundador da Associação Vaad
das Organizações Judaicas e das Comunidades da Ucrânia, reside em Chernivtsi nestes
últimos 40 anos.”
“De acordo com Dr. Wolf Moskovich, professor catedrático
já aposentado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, a conferência de 2018
representa uma bela oportunidade para realçar a cultura da harmonia que
prevalecia em Chernivtsi antes da Segunda Grande Guerra.”
“Antes do Holocausto e da morte
de dois terços da população de Chernivtsi, os judeus viviam bem na cidade.
Chernivtsi, capital da
Bucóvina, possuía na época 86 sinagogas, muitas lojas de proprietários judeus
num total de 90% do varejo da cidade,
sendo um terço da população de ascendência judaica.
Frente à quantidade de
acadêmicos, políticos e escritores, a cidade viu brilhar o Hassidismo e levou-a
a tornar-se o centro do movimento Hassídico assim como do iluminismo Judaico
secular, atraindo tanto os falantes de Yíddish como os sionistas que
professavam o hebraico.
Hoje, apesar da população
judaica de Chemivtsi ser uma pequena fração do que foi no passado, ela ostenta
um saudável microcosmo de vida judaica.”
UNIVERSIDADE DE CHERNIVTSI - UCRÂNIA
Cabe ao futuro apontar a direção destinada ao idioma Yíddish em
sua trajetória pelo mundo.
Segundo David Harrison (When Languages Die: the Extinction of the
World’s Languages and the Erosion of Human Knowledge) há em nosso planeta uma
centena de línguas gigantes, faladas por 2.5 bilhões de pessoas.
Desta centena, estas são as mais faladas:
1º. Chinês
2º. Espanhol
3º. Inglês
4º. Hindu
5º. Árabe
6º. Português
Conforme Harrison, as demais línguas são consideradas idiomas
nanicos e estão sujeitas a serem facilmente dominadas pelas línguas gigantes.
Seus estudos apontam que 140 línguas deixaram de existir nas últimas 4 décadas,
em processos conhecidos como extinções linguísticas.
Não temos aqui a pretensão de estudar em detalhes o Yíddish, esta
língua tão expressiva e cheia de significados e história.
Apresentaremos a seguir, alguns fatos interessantes sobre este
nobre e cativante assunto:
O iídiche ou yídiche é uma língua da família indo-européia,
pertencente ao subgrupo germânico, tendo sido adotada por judeus,
particularmente na Europa Central e na Europa Oriental, no segundo milênio, que
a escrevem utilizando os caracteres hebraicos. (Wikipédia)
Sistemas de escrita: alfabeto hebraico – ortografia
Yíddish
Etnia: Ashkenazi
Regiões: Europa, Israel, América do Norte, e outras
regiões com população judaica
Família da língua: Indo-Européia > Germânica > Germânica
Ocidental> Elba Germânica > Alto Alemão > Yíddish
Falantes nativos: (aproximadamente 1.5 milhão em
1986–1991)
Mapa:
dialetos Yíddish entre séculos XV e XIX:
-
em cor laranja – dialetos do ocidente
-
em cor verde – dialetos do oriente
Juntamente
com o hebraico e o aramaico, o Yíddish é uma das três principais línguas
literárias da história judaica.
“Embora houvesse mais de
12 milhões de falantes de Yídiche antes da Segunda Guerra Mundial,
aproximadamente metade deles foram mortos no Holocausto nazista. Existem alguns
milhões de falantes de Yídiche hoje, incluindo falantes nativos e aqueles que o
usam como segunda língua.”
Pequena História
“Os documentos mais antigos datam do século
XII dC, mas os estudiosos dataram a origem da língua no século IX, quando os
asquenazes emergiram como uma entidade cultural única na Europa central. O
iídiche surgiu pela primeira vez através de uma intrincada fusão de dois estoques
lingüísticos: um componente semítico (contendo hebraico e aramaico pós-clássico
que os primeiros colonizadores trouxeram do Oriente Médio para a Europa) e um
componente germânico gramaticalmente e lexicamente mais potente (colhido de
vários Alto alemão e médio alemão dialetos). Além disso, uma pitada de palavras
das línguas românicas também parece ter aparecido em iídiche desde o início. De
seu local de nascimento em solo de língua alemã, o iídiche se espalhou para
quase toda a Europa Oriental, onde a língua adquiriu um componente eslavo.”
Concluindo, mas não exaurindo o tema, cabe lembrar que o
Yíddish tem passado por altos e baixos em sua história pelo mundo, ora atuando como
língua opressora sobre as crianças de língua ladina recém chegadas ao novo
Estado de Israel após 1948, ora sendo exaltada por Golda Meyer que vaticinou “Quem
não fala Yíddish não é judeu!”, ora sendo proibida em Israel durante a
estabilização do Hebraico como língua nacional do novo país.
Que tal agora introduzir o Yíddish aos pequeninos,
na esperança de plantar uma sementinha em nossos judeus do século XXI?
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.
FONTES:
110 years after the first
Yiddishist symposium, academics reconvene in Ukraine to preserve a language
that saw half its native speakers die in the Holocaust
YAAKOV
SCHWARTZ3
( convidado para o Congresso Mundial Judaico
http://www.oxfordscholarship.com/view/10.1093/acprof:oso/9780195181920.001.0001/acprof-9780195181920
SEFARDITAS EM ISRAEL-O sionismo do ponto de vista
das vítimas judaicas1-Ella Shohat
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