Ariel Kotzer 2020 |
Esta semana, recebemos
muitas informações, ordens e contraordens de como agir em tempos de corona.
Epidemiologistas estão determinando em tempo real a infectividade do vírus.
Muitos consideram que devemos investir de forma importante na busca de fármacos
e vacinas para tratar ou prevenir o mal; outros concordam que o isolamento
será a forma ideal de evitar o problema da doença.
Neste editorial
gostaria de focar na importância da ciência – da ciência de longo prazo, que se faz nos pequenos laboratórios trazendo conhecimento inédito que nunca
sabemos quando será aplicado – e também na ciência organizada, que permite uma
rápida reação em momentos de crise. Nas políticas de saúde que se aplicam ao
momento.
Um outro ponto que não poderíamos esquecer e que tem sido conversado
entre as editoras do EshTá na Mídia é a relação entre Israel e os muçulmanos. Os
muçulmanos israelenses – que são cidadãos de Israel - e os que moram nos territórios
da Samaria e Judéia. Estes haviam sido expulsos destas terras em 1971, pelo
Rei da Jordânia, após o Setembro Negro, e voltaram após a retomada destes
territórios por Israel em 1973. Agora estão juntos com judeus e cristãos e os
milhares de agnósticos lidando com o mesmo problema, e isto tem revelado
importantes contatos humanos que destacamos através de nossos posts.
Ciência – um vírus é algo
entre uma estrutura química complexa e um ser vivo. Não é considerado vivo
porque é apenas um envelope de proteínas e gorduras que protege o material
genético. O vírus não consegue se multiplicar. Precisa entrar dentro de uma
célula e então usa toda a complexa infraestrutura para multiplicar o material
genético e este volta a usar a estrutura da célula invadida para formar novos
envelopes de proteína e gordura. Após escravizar a célula em seu benefício, os
milhões de vírus formados explodem a célula e vão continuar esta rotina.
Portanto, o vírus precisa criar uma
chave que permita abrir a porta. Esta chave, quando ajusta perfeitamente na
fechadura, permite uma alta taxa de invasão. As portas para cada tipo de célula
em cada tipo de ser vivo são diferentes, por isso existem vírus que infectam
bactérias, fungos, plantas ou animais – e dentro de cada um destes reinos
existe uma alta especificidade. O material genético do vírus é muito pequeno, e
não muito bem controlado. Assim, ocorrem muitos erros nas edições, entendendo
por erros que há diferenças importantes
entre as gerações e mesmo entre indivíduos da mesma geração.
Ele parece uma coroa
de espinhos – e na estrutura destes espinhos existe um sítio de ligação que
interage com uma proteína presente em células do epitélio humano. Na realidade
há duas modalidades de proteínas, mas eu vou focar em uma – e quero fazer uma
viagem com todos os nossos leitores – uma viagem no tempo – e revelar algo
sobre a Ciência Brasileira de que cada um de nós deveria se orgulhar.
O vírus entra em
nossas células por uma porta chamada “enzima conversara de angiotensina II”
(ACEII, na abreviação do inglês) e esta enzima também é conhecida por cininase
II. Quanto nome – difícil! Indo direto ao ponto: os primeiros passos para o
conhecimento destas moléculas e para o conhecimento de sua estrutura e
aplicação em campos tão diversos como dor, hipertensão e agora pandemia do
corona vieram da descoberta de uma molécula chamada bradicinina ("brad" de lenta e "cinina" de movimento) na década de 1940 por Maurício Rocha e Silva, e depois pela
descoberta que o veneno da jararaca inibe a ACE I e II – por Sérgio Henrique
Ferreira. Isso gerou a base para o desenvolvimento de remédios que diminuem a
pressão arterial, a dor e agora estão servindo de molde para a entrada deste vírus.
A vida se conecta através da química, e a química é a base de um idioma muito
especial que conecta todo o nosso planeta. Esta semana, em que todos buscamos
soluções, homenageamos brasileiros que já nos deixaram, Professores da
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, importantes líderes que abriram com
picaretas esta estrada que permite uma reação rápida a um problema tão sério.
Ciência no Brasil é algo que também devemos conhecer.
Convivência – mas não apenas
a ciência é capaz de resolver esta situação criada pela natureza. Necessitamos
de seres humanos que tenham a grandeza de poder trabalhar em conjunto, além das
fronteiras e além do aqui e agora. Que possam usar este momento para pavimentar
um futuro de paz e de respeito, onde a cada indivíduo seja dado o direito de
SER e de TER. Nada mais emblemático que a foto enviada por Juliana Rehfeld, em
suas buscas internéticas.
Um judeu e um
muçulmano trabalhando juntos para salvar vidas. Orações que ocorrem à mesma
hora. O judeu se volta a Jerusalém, e o mulçumano a Meca. O que devemos
destacar: o fato de estarem rezando ao mesmo tempo e no mesmo lugar ou o fato
de considerarem o lugar sagrado para onde devem ser dirigir diferentes? No
Judaísmo, lugar (makom) é um dos atributos de D’us e Zman (tempo) é um atributo
do homem. Esta imagem mostra que os homens estão rezando ao mesmo tempo,
cumprindo um atributo humano e que consideram sagrados locais diferentes,
deixando evidente que são muitas as moradas de D’us e que, independente da
crença de cada um, salvar vidas é a mais importante missão e que ultrapassa
qualquer diferença.
Este é um momento de
grande colaboração. Cada vez mais, os contatos pessoais falam mais alto que
lideranças que buscam a separação.
Até a semana que vem.
Regina P. Markus
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