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quarta-feira, 11 de março de 2020

Editorial: A Sobrevivência do Povo Judeu - do cotidiano aos momentos marcantes


Na última terça-feira, dia 10 de março de 2020 (14 de Adar de 5780), foi comemorada a festa de Purim. Lembrando que as festas judaicas sempre iniciam sua comemoração na noite anterior (erev). Como as imagens mostram, esta é uma festa muito alegre. Há maçãs, fantasias, reco-recos e muita alegria, somadas a um doce muito especial conhecido como "orelha de Haman" e a leitura da História da Rainha Esther, que está em um rolo de pergaminho e é lida nas sinagogas do mundo inteiro.





Esta festa comemora a primeira vez na história que os judeus foram ameaçados em sua totalidade. A história aconteceu na cidade de Shushan, localizada na Pérsia, hoje Irã. Uma judia, chamada Esther, sobrinha de Mordechai (leia o "ch" como "rr") conseguiu convencer seu esposo, o Rei Achashverosh (provavelmente Artaxerxes II) de que os conselhos do primeiro ministro Haman sobre o povo judeu estavam totalmente errados - e o povo foi poupado de uma destruição geral.(http://www.morasha.com.br/purim/a-festa-de-purim.html).





Hoje, no século XXI, a Pérsia e o Povo Persa mudaram de nome e o país é chamado de Irã. Ainda hoje, nas mesmas terras onde se desenrolou a história de Purim, podem ser encontradas as tumbas das Rainha Esther e de Mordechai, que aparecem na fotografia abaixo. O edifício foi construído muitos anos depois, mas neste local foi encontrada uma Torah especial que data da época de Xerxes, Rei da Pérsia. (https://www.iranroute.com/sights/285/tomb-of-esther-and-mordechai;

https://www.irangazette.com/en/12/1188-tomb-of-esther-and-mordechai.html).








Nas últimas semanas, circulou na internet a informação que os iranianos iriam destruir os túmulos de Esther e Mordechai, localizados na cidade que atualmente chama-se Hamadan.

Os judeus sobreviveram, na antiguidade, por ações heróicas e inusitadas de alguns personagens. E sobreviveram ao longo de milênios devido a quê? Muito difícil definir um motivo, mas certamente o regramento de todos os dias e o olhar pelas pequenas coisas também teve a sua importância. Entre as muitas regras, existe uma que exige que as mãos sejam lavadas para preparar os alimentos e para sentar à mesa, ao lidar com coisas impuras, como cadáveres, ou com coisas do dia a dia, como cultivar a terra. Para que isto nunca seja esquecido, existe uma benção que deve ser feita ao lavar as mãos.


Esta regra é seguida ainda hoje pelos judeus ortodoxos - e é claro que por todas as pessoas civilizadas, que o fazem sem falar a benção. Em tempos de peste negra, durante a idade média na Europa, as regras de higiene foram importantíssimas para evitar muitas mortes. Em tempos de corona vírus no século XXI, os rabinos espalham por toda a internet as regras de como deve ser feita a benção de lavar as mãos (Leviticus 15:11). Veja na figura abaixo, e podemos ter certeza que ao menos nossas mãos estarão adequadamente limpas.





"Bendito sejas Tu, Adonai Eloheinu, Rei do Universo que nos santificaste com a obrigação de levantar as mãos". Na interpretação talmúdica, as mãos tem que ser levantadas limpas! Até agora isto era feito com uma água limpa colocada em uma caneca com duas alças, e com um outro tipo de ritual. Daqui para frente a idéia é não só lavar todos os cantos da mão, como deixar limpa a torneira e de preferência seca a pia.

Pois é, caro leitor, hoje saímos um pouco da nossa forma de escrever, para dar o gostinho do que é sobreviver não só a catástrofes, mas também criar mecanismos para melhorar e assegurar nossa vida no dia a dia. Lavar as mãos cuidadosamente, é uma destas formas.


Boa Semana!


Regina P. Markus


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