Por Regina Pekelmann Markus
Um dos focos de nossa newsletter* é a divulgação de processos discriminatórios. Há momentos em que fazemos denúncias e outros em que mostramos exemplos altamente positivos; sabemos que os comportamentos variam ao longo da história, mas também tem um componente ligado a cada sociedade, ou a cada civilização. Quando pensamos na inclusão da mulher nas sociedades temos também olhares múltiplos. Há grupos que admitem e fomentam a postura de igualdade de gênero, enquanto outros vêm substituindo o conceito de igualdade por equidade. Ser diferente ganha uma conotação positiva e não mais uma desvantagem frente a um grupo de privilegiados.
Na última semana a parashá (porção) foi Pinchas (lê-se Pinrrás) (números 25:10 – 30:1). Nela é contada a história das filhas de um homem que morreu no deserto deixando cinco filhas: Machla, Chagla, Noa, Milca e Tirtsa. Ao ser dividida a Terra de Israel entre os líderes de cada tribo, Tselofchad, morto no deserto e que só tinha filhas, foi preterido. As filhas, então, reinvidicam a posse de terra argumentando que o nome de seu pai será esquecido só porque não teve filhos homens. Moisés consulta o Sumo Sacerdote e a Assembleia de Anciãos – e todos acham que as mulheres não podem herdar. Mas a consulta de Moisés com D’us altera este resultado: as cinco moças receberão um pedaço de terra, e seus filhos portarão o nome de seu pai, de forma que este não seja apagado da Terra.
Discriminação contra a mulher é um fato em muitas civilizações. Movimentos de igualdade e de equidade surgem ao longo dos séculos. É como tocar música em um acordeão. O som depende do tamanho do fole – as conquistas e as perdas vão se sucedendo.
Há na história judaica muitas mulheres que são relatadas, as matriarcas, profetizas dos tempos bíblicos, mulheres que na idade antiga lideravam caravanas comerciais e também as que se distinguiam na Idade Média como gestoras. Nos séculos mais recentes encontramos cientistas, filósofas, economistas, líderes políticas. Mulheres com nomes e também sem nomes.
O reconhecimento da relevância da mulher entre os chalutzim, que chegaram a Israel vindos da Europa Oriental no século XIX, embasa a posição da mulher no Estado de Israel moderno.
Elas e eles dividiam responsabilidades e atividades. Foram criadas facilidades para bebês e crianças de forma a dar condição de trabalho às mães. E estas mantém-se até hoje.
Israel atual tem mulheres em todas as posições-chave da vida política, militar, universitária, de negócios, finanças, etc. Aqui no Brasil, a maioria dos cargos de liderança já foram ou são ocupados por mulheres. Mas aqui, como lá, a mulher ainda é um tema importante nas áreas de discriminação e deslegitimação.
Nesta semana em que a Torah dá “um ponta pé” inicial no tema "Mulher", e quando as comunidades judaicas ao longo do mundo focam na matéria, incluo um post disponibilizado pelo Guilherme Susteras da Esh Tamid que resgata as mulheres profetizas. Vale conferir as muitas mulheres.
Conhecer as fontes e os nomes de cada mulher é altamente relevante, mas hoje deixo para ver estes nos comentários. Quero desafiar aos nossos leitores a pensarem e comentarem suas opiniões e visões sobre as questões de mulher no mundo em que cada um de nós vivemos.
MULHER – um tema sempre presente e que merece um olhar histórico “leve”, um olhar que aproxime o que vivemos com o que nossos antepassados viveram para que as bases a serem lançadas para o futuro não sejam desfocadas pelo presente.
Boa semana!
Regina P. Markus
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