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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Editorial – A arca de Noah X Torre de Babel

 

Por Simon Benabou

 



Com a eleição presidencial que chega nos próximos dias, tanto Bolsonaristas quanto Lulistas estão diariamente bombardeando o país com anúncios na televisão, mídia social e mídia impressa. Surpreendentemente, finalmente é possível perceber um ponto em que ambos os lados concordam: cada um acredita que o mundo chegará ao fim se o outro partido ganhar a presidência.

 

Comparações à parte, na parashá desta semana descobrimos que, na verdade, a Terra já foi REALMENTE ameaçada de destruição no passado da história humana. A porção da Torá começa com a decepção de Deus com o estado do mundo, a humanidade havia se tornado completamente corrupta e o mundo estava cheio de crimes. Deus informa a Noah que Ele está planejando trazer um dilúvio que destruirá todas as criaturas vivas na terra. Em resposta, a geração da época não faz teshuvá, não retorna de seus maus caminhos, e Deus traz um dilúvio por 40 dias que aniquila toda a vida fora da arca construída por Noah.

 

Os espécimes preservados por Noah novamente voltam a povoar o mundo após 365 dias à deriva, e prosperam. No final, há o relato da história de Migdal Bavel – a Torre de Babel, que acontece algumas centenas de anos depois. Em suma, as diferentes nações do mundo que se estabeleceram após o dilúvio se uniram com uma única linguagem e propósito: construir uma torre para entrar nos céus para lançar um ataque ao Todo-Poderoso.

 

A Torá relata que o Todo-Poderoso, depois de descer para examinar a situação, decidiu “confundir suas línguas e espalhá-las pela face da terra” (Gênesis 11:9). De acordo com nossos sábios, é desse evento que surgiram as diferentes nações do mundo, cada uma com uma língua e cultura distintas.

 

Analisando as punições dadas às gerações de Noah e da Torre de Babel, parece haver desproporção entre a severidade da punição e os pecados cometidos. A primeira geração foi exterminada, mas a segunda não. Teve apenas sua dispersão decretada, mesmo tendo cometido um pecado aparentemente muito mais hediondo – escolher travar uma guerra contra o Todo-Poderoso. Por que a disparidade?

 

As pessoas da geração do dilúvio eram hostis umas às outras, enquanto durante o período da Torre de Babel foi um tempo de unidade e fraternidade (embora eles estivessem unidos por uma guerra contra Deus).

 

Rashi, um dos maiores comentaristas bíblicos do milênio passado, explica que O Todo-Poderoso não tolera um mundo corrupto que tem aberta hostilidade e crime entre seus habitantes, portanto, a geração do dilúvio mereceu total aniquilação. O povo da Torre de Babel podia estar travando uma guerra contra Deus, mas todos estavam unidos em fraternidade, então Ele não os destruiu. Rashi conclui; “pode-se aprender a partir daqui que o conflito é odioso e a paz é primordial.”

 

A Torá, que é a base da identidade Judaica, nos mostra que a busca diária por Shalom entre os indivíduos é mais importante que a própria relação com o Criador.

 

Apesar de ainda vivermos em tempos de guerra, agressões gratuitas e ódio infundado entre as nações do mundo nos dias de hoje, vemos exemplos de busca contínua de Shalom pelo Estado de Israel.

 

Há 2 semanas, Israel e Líbano concordaram com uma nova demarcação nas fronteiras marinhas entre os dois países. As negociações estavam travadas por conta do grupo armado Hezbollah, do Líbano, que considera os israelenses seus inimigos. Esse grupo deu sinal verde para o acordo que deve ser mediado pelos EUA. Esta é uma conquista histórica que fortalecerá a segurança dos dois povos, injetará bilhões na economia de Israel e garantirá a estabilidade das fronteiras ao norte de Israel.

 

O acordo deve criar novas fontes de energia e renda para ambos os países, dando ao Líbano maior margem de manobra no futuro para resolver suas crises energéticas e financeiras. A acerto deve ainda fornecer à Europa uma nova fonte potencial de gás em meio à escassez de energia causada pela Rússia com a invasão da Ucrânia.

 

Que possamos lembrar que a paz não é um presente de Deus para Suas criaturas e sim, que a paz deve ser ativamente buscada no nosso dia-a-dia, sendo o nosso presente uns para os outros!

 

Shabbat Shalom!

 

Simon Benabou

 

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