Por Simon Benabou
Com a eleição presidencial que chega nos próximos dias,
tanto Bolsonaristas quanto Lulistas estão diariamente bombardeando o país com
anúncios na televisão, mídia social e mídia impressa. Surpreendentemente,
finalmente é possível perceber um ponto em que ambos os lados concordam: cada
um acredita que o mundo chegará ao fim se o outro partido ganhar a presidência.
Comparações à parte, na parashá desta semana descobrimos
que, na verdade, a Terra já foi REALMENTE ameaçada de destruição no passado da história
humana. A porção da Torá começa com a decepção de Deus com o estado do mundo, a
humanidade havia se tornado completamente corrupta e o mundo estava cheio de
crimes. Deus informa a Noah que Ele está planejando trazer um dilúvio que
destruirá todas as criaturas vivas na terra. Em resposta, a geração da época
não faz teshuvá, não retorna de seus maus caminhos, e Deus traz um dilúvio por
40 dias que aniquila toda a vida fora da arca construída por Noah.
Os espécimes preservados por Noah novamente voltam a povoar
o mundo após 365 dias à deriva, e prosperam. No final, há o relato da história
de Migdal Bavel – a Torre de Babel, que acontece algumas centenas de anos
depois. Em suma, as diferentes nações do mundo que se estabeleceram após o
dilúvio se uniram com uma única linguagem e propósito: construir uma torre para
entrar nos céus para lançar um ataque ao Todo-Poderoso.
A Torá relata que o Todo-Poderoso, depois de descer para
examinar a situação, decidiu “confundir suas línguas e espalhá-las pela face da
terra” (Gênesis 11:9). De acordo com nossos sábios, é desse evento que surgiram
as diferentes nações do mundo, cada uma com uma língua e cultura distintas.
Analisando as
punições dadas às gerações de Noah e da Torre de Babel, parece haver
desproporção entre a severidade da punição e os pecados cometidos. A primeira
geração foi exterminada, mas a segunda não. Teve apenas sua dispersão
decretada, mesmo tendo cometido um pecado aparentemente muito mais hediondo –
escolher travar uma guerra contra o Todo-Poderoso. Por que a disparidade?
As pessoas da geração do dilúvio eram hostis umas às outras,
enquanto durante o período da Torre de Babel foi um tempo de unidade e
fraternidade (embora eles estivessem unidos por uma guerra contra Deus).
Rashi, um dos maiores comentaristas bíblicos do milênio
passado, explica que O Todo-Poderoso não tolera um mundo corrupto que tem
aberta hostilidade e crime entre seus habitantes, portanto, a geração do
dilúvio mereceu total aniquilação. O povo da Torre de Babel podia estar
travando uma guerra contra Deus, mas todos estavam unidos em fraternidade,
então Ele não os destruiu. Rashi conclui; “pode-se aprender a partir
daqui que o conflito é odioso e a paz é primordial.”
A Torá, que é a base da identidade Judaica, nos mostra que a busca
diária por Shalom entre os indivíduos é mais importante que a própria relação
com o Criador.
Apesar de ainda vivermos em tempos de guerra, agressões gratuitas
e ódio infundado entre as nações do
mundo nos dias de hoje, vemos exemplos de busca contínua de Shalom pelo Estado
de Israel.
Há 2 semanas, Israel e Líbano concordaram com uma nova demarcação nas fronteiras marinhas entre os
dois países. As negociações estavam travadas por conta do grupo armado
Hezbollah, do Líbano, que considera os israelenses seus inimigos. Esse
grupo deu sinal verde para o acordo que deve ser mediado pelos EUA. Esta é uma
conquista histórica que fortalecerá a segurança dos dois povos, injetará
bilhões na economia de Israel e garantirá a estabilidade das fronteiras ao
norte de Israel.
O acordo deve criar novas fontes de energia e renda para ambos os
países, dando ao Líbano maior margem de manobra no futuro para resolver suas
crises energéticas e financeiras. A acerto deve ainda fornecer à
Europa uma nova fonte potencial de gás em meio à escassez de energia causada
pela Rússia com a invasão da Ucrânia.
Que
possamos lembrar que a paz não é um presente de Deus para Suas criaturas e sim,
que a paz deve ser ativamente buscada no nosso dia-a-dia, sendo o nosso
presente uns para os outros!
Shabbat
Shalom!
Simon
Benabou
MUITO interessante. E dá o que pensar....
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