Israel, depois de tornar o deserto humano e habitável, parte em direção à Lua tentando alimentar nosso planeta.
Por Itanira Heineberg
Uma
representação artística de como as plantas podem parecer crescendo no espaço. (NiseriN
via iStock by Getty Images) |
Você sabia
que Israel, a nação que fez o deserto florescer, agora pretende cultivar
plantas na Lua, preparando um porto seguro para quando já não pudermos mais
contar com a Terra e afastando do mundo o fantasma da fome?
Sim, uma
miniestufa de sementes e plantas é um passo para estabelecer bases lunares
autossustentáveis - um projeto audaz do instituto que se especializou em
transformar o deserto de Negev e outras áreas áridas em terrenos férteis e
úteis.
O Instituto
Jacob Blaustein de Pesquisa do Deserto opera pesquisando como cultivar plantas
alimentícias nas áreas mais inóspitas da terra — e no momento se dispõe a uma
jornada espacial testando suas descobertas na Lua.
Esta será
mais uma tentativa de cientistas que, de experimento em experimento, procuram
outras searas para esparramar suas sementes com o objetivo de obter alimentos
para a população crescente de nosso planeta.
Em 2016, durante o projeto da Nasa na Estação Espacial Internacional,
cresceu a primeira flor extraterrestre, a zínia.
Zínias
estão florescendo na estação (Foto: NASA/Scott Kelly) |
Em
2019 a nave chinesa Chang’e4 pousou na face oculta da Lua e obteve sua primeira
experiência com sucesso em solo lunar. Entre as sementes levadas, havia de
algodão, de colza (planta para fabrico de óleos), de batatas e de arabidopsis
(flor usada em experiências genéticas). A única que germinou até agora foi a do
algodão.
Uma semente
de algodão brota na lua, dentro da sonda chinesa Chang'e 4. |
Os
pesquisadores da Universidade Ben Gurion em conjunto com universidades na
Austrália e África do Sul preparam uma pequena estufa de dois quilos com uma
variedade de sementes e plantas que irão para a lua em 2025. A estufa irá a
bordo da nave Beresheet 2, em mais uma tentativa de alunissagem não tripulada pela organização
israelense sem fins lucrativos SpaceIL.
“A primeira nave espacial Beresheet caiu na superfície da Lua em abril de 2019 durante sua tentativa de pousar no satélite da Terra, frustrando as esperanças de centenas de engenheiros que trabalharam no projeto por anos.
A
mini-estufa que está sendo preparada para a Beresheet 2 será selada, mantendo a
atmosfera da Terra, mas estará sujeita à microgravidade da Lua, que não existe
na Estação Espacial Internacional.
Bases na
Lua ou colônias em Marte podem se tornar realidade, e estamos explorando se conseguimos
cultivar plantas lá", disse o Prof. Simon Barak, do Instituto Blaustein,
ao The Times of Israel, acrescentando que a abordagem de câmaras seladas
despachadas da Terra seria uma solução provável.
As plantas
seriam importantes para a alimentação, para o oxigênio, para a medicação, para
remover o CO² do ar, e também para o bem-estar geral, como se sabe que ter
plantas ao nosso redor promove o bem-estar."
Cientistas da
Universidade Ben Gurion (da esquerda para a direita): Dr. Tarin Paz-Kagan,
Prof. Aaron Fait e Prof. Simon Barak em seu laboratório (cortesia da
Universidade Ben Gurion)
Professor
Barak prepara uma câmara junto com os colegas Prof. Aaron Fait e Dr. Tarin
Paz-Kagan e colaboradores internacionais, cuja função será automaticamente
regar, aquecer e fotografar as sementes e plantas, e conter gases atmosféricos
suficientes durante a duração do experimento.
“A câmara entrará
automaticamente em ação quando a Beresheet 2 pousar, mas só terá vida útil da
bateria por 72 horas, por isso incluirá espécies de rápido crescimento da
família conhecidas como plantas de ressurreição, e encerrará os experimentos
rapidamente. Outro desafio é sua robustez. ‘Ela precisará sobreviver a uma
viagem de quatro meses e meio até a Lua, com extremos de temperatura’, disse
Barak.”
O último tiro
que Beresheet 1 enviou antes de cair na superfície da Lua, em 11 de abril de
2019. (Captura de tela do YouTube) |
Professor
Barak orgulha-se deste projeto envolvendo ciência cidadã, com especialistas fora
e dentro de Israel, assim como alunos do ensino médio, estimulados a cultivar
as mesmas sementes e plantas que as despachadas para a Lua. O florescimento de
suas sementes constituirá uma experiência de controle para comparação com o
florescimento das plantas da Lua.
Ao ser
indagado sobre seu trabalho, Prof. Barak nos esclarece:
“As
pessoas me perguntam por que gastamos dinheiro no espaço se temos problemas que
precisam ser resolvidos aqui na Terra.
Eu
respondo que a Terra é finita, seus recursos são finitos, e se nos preocuparmos
com o futuro, podemos precisar dos meios para deixar o planeta e alcançar as
estrelas."
FONTES:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/15/ciencia/1547542171_994570.html
https://brasil.elpais.com/noticias/iss-estacion-espacial-internacional/
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