Por Regina P. Markus
Estou de volta a São
Paulo, após 40 dias em Israel. Muito a partilhar. Um país incrível, diverso,
que vibra a cada dia. Apesar de estar em contato diário com pessoas que lá
moram, as ruas e as pessoas nos ensinam muito. Os olhares dos que sentavam ao
meu lado no trem, ou pessoas com quem conversava na rua. Há uma diversidade
humana incrível. Judeus provenientes dos quatro cantos da Terra. Árabes,
cristãos e ateus em nichos especiais ou convivendo abertamente. O trânsito
caótico e a forma como aguardam nos supermercados. Há de tudo um pouco. Em
relação aos árabes, tive duas experiências muito especiais. Uma profissional,
com cientistas que vivem a leste e que trabalham e estudam em Israel. Há uma
facilidade e aceitação profissional de ambos os lados. O padrão de contribuição
é o mais importante e assim fiquei com a sensação que apesar dos artigos de
jornais, mostrando problemas mil, no dia a dia, no olho no olho, temos a
impressão que o convívio não só é possível como é facilitado por ser esta uma
região com tanta diversidade.
Aqui, os meus amigos
que acompanharam estes textos semanais nos últimos três anos, devem estar
pensando: “isto ocorre em um ambiente profissional que é regido por um objetivo
comum”. Era exatamente isto que eu pensava, até ir passar um dia na cidade de
Akko (Acre) ao norte de Haifa. Sim, a cidade dos cruzados cuja fundação se
perde nos milênios. Tem um enorme shuk, chamado Mercado Turco. Logo na entrada
encontramos uma simpática banca de doces e seguimos por horas e 2 km de
caminhada, segundo o relógio de pulso, conversando com muitos. Sentia-me em
casa e muito bem vinda. No final, sentada em um restaurante à beira-mar, ficou
evidente o quanto aquela população evoluiu após os últimos confrontos entre
terroristas e o Exército de Defesa de Israel. O quanto muitos que eram filhos
dos que ali moravam na primeira metade do século XX eram israelenses. E percebi
algo nas ruas que me encheu de esperança. Volto a este assunto no futuro,
inclusive com fotos.
Hoje, quero que
reparem na foto e no título deste texto. VISITANTES – USHPIZINs – este é um
termo que vem do Zohar, o livro fundamental do cabalismo. Durante a festa de
SUCOT, a cada dia chega à mesa um visitante especial. Da esquerda para a
direita – Avraham, Isaac, Jacob, José, Moisés, Aaron e David. Cada um representa
uma etapa na formação do Povo Judeu.
Avraham - O jovem inicia sua vida buscando
novos horizontes,
Isaac – O ser humano tem o livre arbítrio e a
decisões que toma serão importantes para sua descendência,
Jacob – 12 filhos homens constituindo a base tribal de Israel e 1 filha mulher que inspira a a herança matriarcal,
José – Sonhar é preciso, o futuro não é
baseado apenas no acaso, mas também nos nossos grandes sonhos,
Moisés – Leis são o óbvio – e tempo para
adaptações, 40 anos vivendo no deserto em cabanas (sucot) é uma das grandes
lições,
Aaron – Liderança espiritual,
David – Liderança civil. E desde o começo
claramente são separadas as funções dos sacerdotes e dos reis.
De forma mística e onírica, a festa de
Sucot nos lembra que a vida é formada por muitos ingredientes e que todos são
importantes. Somando com o que vi e senti nesta viagem, vamos usar este começo
de ano e todos os nossos visitantes para continuar com esperança e com amor.
No tempo judaico seguimos para Simchat
Torá – o início da leitura da Torá.
Chag Sameach e um excelente recomeço!
Regina P. Markus
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