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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

EDITORIAL – OS VISITANTES – האושפיזין – SUCOT

 

Por Regina P. Markus

 


Estou de volta a São Paulo, após 40 dias em Israel. Muito a partilhar. Um país incrível, diverso, que vibra a cada dia. Apesar de estar em contato diário com pessoas que lá moram, as ruas e as pessoas nos ensinam muito. Os olhares dos que sentavam ao meu lado no trem, ou pessoas com quem conversava na rua. Há uma diversidade humana incrível. Judeus provenientes dos quatro cantos da Terra. Árabes, cristãos e ateus em nichos especiais ou convivendo abertamente. O trânsito caótico e a forma como aguardam nos supermercados. Há de tudo um pouco. Em relação aos árabes, tive duas experiências muito especiais. Uma profissional, com cientistas que vivem a leste e que trabalham e estudam em Israel. Há uma facilidade e aceitação profissional de ambos os lados. O padrão de contribuição é o mais importante e assim fiquei com a sensação que apesar dos artigos de jornais, mostrando problemas mil, no dia a dia, no olho no olho, temos a impressão que o convívio não só é possível como é facilitado por ser esta uma região com tanta diversidade.

 

Aqui, os meus amigos que acompanharam estes textos semanais nos últimos três anos, devem estar pensando: “isto ocorre em um ambiente profissional que é regido por um objetivo comum”. Era exatamente isto que eu pensava, até ir passar um dia na cidade de Akko (Acre) ao norte de Haifa. Sim, a cidade dos cruzados cuja fundação se perde nos milênios. Tem um enorme shuk, chamado Mercado Turco. Logo na entrada encontramos uma simpática banca de doces e seguimos por horas e 2 km de caminhada, segundo o relógio de pulso, conversando com muitos. Sentia-me em casa e muito bem vinda. No final, sentada em um restaurante à beira-mar, ficou evidente o quanto aquela população evoluiu após os últimos confrontos entre terroristas e o Exército de Defesa de Israel. O quanto muitos que eram filhos dos que ali moravam na primeira metade do século XX eram israelenses. E percebi algo nas ruas que me encheu de esperança. Volto a este assunto no futuro, inclusive com fotos.

 

Hoje, quero que reparem na foto e no título deste texto. VISITANTES – USHPIZINs – este é um termo que vem do Zohar, o livro fundamental do cabalismo. Durante a festa de SUCOT, a cada dia chega à mesa um visitante especial. Da esquerda para a direita – Avraham, Isaac, Jacob, José, Moisés, Aaron e David. Cada um representa uma etapa na formação do Povo Judeu.

 

Avraham - O jovem inicia sua vida buscando novos horizontes,

Isaac – O ser humano tem o livre arbítrio e a decisões que toma serão importantes para sua descendência,

Jacob – 12 filhos homens constituindo a base tribal de Israel e 1 filha mulher que inspira a a herança matriarcal, 

José – Sonhar é preciso, o futuro não é baseado apenas no acaso, mas também nos nossos grandes sonhos,

Moisés – Leis são o óbvio – e tempo para adaptações, 40 anos vivendo no deserto em cabanas (sucot) é uma das grandes lições,

Aaron – Liderança espiritual,

David – Liderança civil. E desde o começo claramente são separadas as funções dos sacerdotes e dos reis.

 

De forma mística e onírica, a festa de Sucot nos lembra que a vida é formada por muitos ingredientes e que todos são importantes. Somando com o que vi e senti nesta viagem, vamos usar este começo de ano e todos os nossos visitantes para continuar com esperança e com amor.

 

No tempo judaico seguimos para Simchat Torá – o início da leitura da Torá.

 

Chag Sameach e um excelente recomeço!

 

Regina P. Markus


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