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terça-feira, 30 de maio de 2023

VOCÊ SABIA? - Gene Simmons

MEMORIAL  DO HOLOCAUSTO

VOCALISTA DO KISS, Gene Simmons, é filho de uma sobrevivente.

Por Itanira Heineberg





Você sabia que Gene Simmons, vocalista do Kiss, é filho de uma sobrevivente do Holocausto?

 

Gene Simmons (1949) é o vocalista, baixista e fundador do grupo norte-americano de hard rock “Kiss”. A canção “Rock and Roll All Nite”, um dos maiores sucessos da banda, se tornou um clássicos da história do rock.”⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

 

O astro do rock, nascido em Israel, disse que sua mãe nunca falava sobre o que passou durante o Holocausto, incluindo o período em que passou por Campos de Concentração nazistas.

O jornal alemão "Bild am Sonntag" forneceu mais de 100 páginas com informações e documentos no 75º aniversário de sua libertação.

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Flora Klein, nativa da Hungria, tinha 19 anos quando as tropas americanas libertaram o campo de Mauthausen em 5 de maio de 1945. Ela morreu aos 93 anos nos Estados Unidos.

Em sua declaração ao antigo Escritório de Restituição em Koblenz, Klein escreveu: “Em novembro de 1944, fui trazida para o campo de concentração de Ravensbruck. Eu morava lá no bloco 21 e trabalhei no campo colhendo batatas, fora do acampamento. Usei roupas velhas de civis com uma cruz feita com tinta óleo branca, pintada nas costas, em um campo cercado por arame farpado, e guardado pela SS”.

Klein foi transferida para o subcampo de Venusberg do Campo de Concentração de Flossenburg, em janeiro de 1945, e chegou a Mauthausen em março daquele mesmo ano.

“Ela era forte”, disse Simmons ao Bild em uma entrevista publicada enquanto lia os documentos que recebeu. "Ela lutou tudo isso sozinha."

Simmons também encontrou o nome de sua avó entre os documentos. Ester Blau morreu nas câmaras de gás nazistas.

Sua mãe se casou com um carpinteiro, Jechiel Weitz, em 1946 e um ano depois eles imigraram para Israel. Simmons nasceu Chaim Weitz, em Haifa, em 1949. Seus pais se divorciaram mais tarde, e a mãe de Simmons o levou para Nova York em 1958.



Simmons alertou que as pessoas não devem esquecer sobre o Holocausto:

 


“Isso pode acontecer de novo e de novo. É por isso que você tem que falar sobre tudo ”, disse ele.

 


Flora Klein junto ao filho⠀⠀⠀⠀⠀
#memorialdoholocausto #holocausto #kiss #rock #holocaust #genesimmons

Aqui temos o vídeo do cantor onde conta sua história e o amor profundo pela mãe.


 
FONTES:

https://www.facebook.com/memorialshoa/posts/voc%C3%AA-sabia-que-gene-simmons-vocalista-do-kiss-%C3%A9-filho-de-uma-sobrevivente-do-hol/604999380118566/?locale=es_LA
https://www.ebiografia.com/gene_simmons/

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Acontece - Shavuot: quando menos é mais!!!




Há três festas de peregrinação, festas em que são feitas peregrinações para Jerusalém. Quando eram feitas peregrinações para o Templo. Nestas festas são honrados fatos históricos e também há momentos especiais para honrar os falecidos. Nestas festas a peregrinação para o Templo de Jerusalém ganhava cores religiosas e também valorizações do dia-a-dia. Pessach, Shavuot e Sucot - esta seria a ordem quando seguimos o calendário. Pessach acontece em março/abril, Shavuot em maio/junho e Sucot em setembro/outubro. Pessach é comemorado durante 8 dias, Sucot por 7 dias, seguida de Simchat Torah, e Shavuot é uma festa de um dia em Israel e dois dias na Galut. Curta, mas cheia de significado. A tradução de Shavuot é "semanas", e representa as 7 semanas (49 dias) entre a saída do Egito (primeiro dia de Pessach) e o recebimento dos 10 Mandamentos ao pé do Monte Sinai. Shavuot tem vários nomes, é a festa em que se colhe os primeiros frutos (Bikurim), e quando se come alimentos com leite e muito queijo.

Ao longo da vida acostumamos que todas as festas judaicas são caracterizadas por alimentos especiais. Alimentar o corpo e a alma, que são entidades muito importantes, e que para conviver em harmonia devem ser satisfeitas cada uma à sua maneira. Em Shavuot é costume ESTUDAR. Passar a noite na sinagoga e estudar em conjunto com colegas e amigos vários textos. Assistir curtas palestras, dançar e comer! A noite é uma criança que vai até o raiar do dia.

Como era bom quando éramos crianças e como é bom agora também estar junto em tikun Shavuot. Um dos temas de estudo são os 10 mandamentos )  עשר הדיברות) "Esser ha Dibrot"; tradução literal, "as 10 Falas". Na Torah está escrito que as primeiras Tábuas da Lei, que foram quebradas ao pé do Monte Sinai, foram gravadas por D'us. As segundas tábuas da Lei foram ditadas por D'us. Em cada uma das Tábuas foram gravadas 5 "Falas": as cinco primeiras são as que se referem à nossa obrigação com D'us e as 5 últimas, nossa obrigação com os humanos. Para todos, é muito evidente quem é quem... apenas as "Falas" 4 e 5 podem deixar alguma dúvida. A fala 4 refere-se ao Shabat, que é o sétimo dia e é o dia do descanso. Os sábios explicam que, assim com D'us descansou após criar os Céus e a Terra e todas as vidas e belezas que compõem nosso mundo, assim devemos descansar para honrar a D'us e nos maravilhar com a Criação. A fala 5 é sobre "Honrar Pai e Mãe". Como comentei no Acontece da última semana, dar aos seres vivos a possibilidade de procriar é uma forma para que a Neshamá (alma) progrida para as próximas gerações. Honrar Pai e Mãe é como devemos honrar a Criação. Gosto aqui de lembrar que Bará (Criar) em hebraico é da mesma raiz que Baruch (abençoar). As Falas de 6 a 10 referem-se a regras para os homens conviverem em sociedade. Portanto em Shavuot são marcadas duas importantes características do Povo Judeu: indivíduos que se relacionam com D'us e cidadãos que se relacionam entre si. 

Shavuot também é a festa em que lemos a Meguilá de Ruth, o livro que conta a história de uma mulher moabita e sua jornada para integrar o povo judeu. História descrita pelo profeta Samuel que deixa claro que chegar ao judaísmo como adulto de forma integral não só é possível, como é difícil de distinguir daqueles que nascem. Muitos devem estar pensando: por quê? Quais os argumentos que teria para chegar a esta conclusão? Posso aqui citar muitos sábios que fizeram esta análise, mas se perguntar a qualquer judeu o que define o seu judaísmo, sabemos que os mais à direita consideram judeu aquele que é filho de mãe judia. Aí fazemos a pergunta: serão o Rei David e o Rei Salomão judeus? A resposta é sim, e não há dúvida sobre esta afirmativa. Olhando na linhagem feminina dos Reis David e Salomão encontramos Ruth, a moabita, a bisavó de David. Assim, a história mostra a inclusão e o pertencimento dos que seguem as heranças deixadas pelas gerações anteriores.

A Meguilá de Ruth nos conta como após ficar viúva ela seguiu a sogra, Naomi, para a Terra de Israel. Shavuot também é conhecida como Festa das Primícias, Chag Bikurim. Este momento do calendário agrícola também está ligado à história de Ruth. Naomi e Ruth eram pobres quando chegaram a Israel e Ruth ia aos campos colher os produtos que haviam caído na terra durante a colheita. É um costume judaico que os donos dos campos não recolhem os frutos caídos, estes devem ser deixados para aqueles que passam necessidades. Ruth colhia nos campos de Boaz, e este se encantou com sua beleza e bondade e providenciou que ela pudesse recolher uma quantidade grande de frutos e grãos. Era costume entre os israelitas que viúvas casassem com parentes próximos para dar continuidade à família. O marido de Naomi, Elimelech, e seus dois filhos haviam morrido em Moab. Quando Ruth contou a Naomi sobre Boaz, esta disse que ele era o parente mais próximo. Ruth pediu Boaz em casamento e... ACONTECE... é Ruth, a moabita, a matriarca de David e Salomão. 

Finalizo lembrando que Shavuot é um momento único no ano. Deixo aqui o convite para que cada um conte um pouco de suas experiências com estes tópicos do ponto de vista do judaísmo e também da vivência ligada a fatos tão importantes quanto a inclusão e relacionamentos familiares.

Toda esta reflexão escrita nesta semana de Shavuot chegará após o Chag. Aqui ficamos com um momento para refletir e preparar para os próximos anos e, principalmente, para entender que o judaísmo tem muitas leituras inclusivas e reflexivas que permitem mostrar que a individualidade não é um fator de isolamento, mas um fator de composição e harmonização.


Regina P. Markus

terça-feira, 23 de maio de 2023

VOCÊ SABIA? - Tom Stoppard

 


Drama familiar épico de autoria de Tom Stoppard, a peça Leopoldstadt engloba 50 anos de história em 5 emocionantes atos em uma duração de mais de duas horas.

Você sabia que o último trabalho do dramaturgo Sir Tom Stoppard foi aclamado por público e crítica e conquistou o prêmio Olivier (Olivier Award) entregue anualmente pela Society of London Theatre, reconhecendo sua excelência no teatro profissional?

Stoppard retorna à Broadway com sua nova apresentação, uma obra profunda e comovente.

A peça acontece em Viena, no bairro judeu de Leopoldstadt, e tem seu início em 1899, no seio de uma família judia, e prolongando-se até a metade do século XX com um elenco de 38 atores sob a direção de Patrick Marber.


Tom Stoppard nascido Tomás Straussler em 1937




“Sir Tom Stoppard é um dramaturgo e roteirista britânico nascido na República Tcheca. Ele escreveu para cinema, rádio, teatro e televisão, encontrando destaque em peças de teatro. Seu trabalho cobre os temas de direitos humanos, censura e liberdade política, muitas vezes mergulhando nas temáticas filosóficas mais profundas da sociedade. Stoppard foi dramaturgo do National Theatre e é um dos dramaturgos de sua geração com maior atuação internacional.  Stoppard foi nomeado cavaleiro por sua contribuição ao teatro pela Rainha Elizabeth II em 1997.”

 

Stoppard nasceu em Zlin, uma cidade de fabricantes de calçados, na região da Morávia, Tchecoslováquia. Filho de Martha Becková e de Eugen Sträussler, um médico da empresa de calçados Bata, Tom nasceu em uma família de judeus não praticantes. Durante a ocupação nazista, o patrono da cidade, Jan Antonín Baťa, enviou seus funcionários judeus, a maioria médicos, para sucursais de sua empresa fora do continente europeu. E assim, em 15 de março de 1939, dia em que os nazistas invadiram a Tchecoslováquia, a família Sträussler refugiou-se na Cingapura, onde Bata possuía uma fábrica.

Aos 4 anos de idade Tom perdeu seu pai durante a ocupação japonesa da Cingapura e em 1941 ele, sua mãe e irmão fugiram para Darjeeling, na Índia.

Em 1945 sua mãe casou-se com o major do exército britânico Kenneth Stoppard, que deu aos meninos seu sobrenome inglês e mudou a família para a Inglaterra em 1946.

Stoppard passou pelos bancos da Dolphin School em Nottinghamshire e mais tarde estudou na Pocklington School em East Riding, Yorkshire, que ele detestou.

Assim sendo, abandonou os estudos aos 17 anos e passou a trabalhar como jornalista para o Western Daily Press em Bristol, esquecendo a universidade, fato este do qual ele se arrependeu mais tarde mas que nunca lhe fez falta em sua brilhante carreira de pensador, jornalista, escritor e roteirista.

Sua produção rica, variada e numerosa atesta uma vida criativa e inquisitiva, numa busca constante pela verdade, pela história e pelo ser humano.

Leopoldstadt, a peça, é inspirada no sofrimento pessoal e político da sua família sob o nazismo.

Stoppard sabia ser judeu mas pouco conhecia sobre o passado de sua linhagem. No início dos anos 90, conversando com uma prima, veio a descobrir a trajetória de horror dos seus familiares e despertou para sua própria história. Da segurança da utópica Viena para a tragédia do Holocausto, da destruição das vidas dos cultos e bem preparados judeus ali estabelecidos, mais austríacos do que judeus, para os campos de concentração e extermínio alemães.

Apresentamos aqui um vídeo muito bem montado sobre o tema, sua profundidade e clareza e uma lição para o mundo sobre a morte dos 6 milhões de judeus que até hoje grande parte da população global insiste em desconhecer.

                                              

 


O despertar do dramaturgo desperta o mundo também.

A peça tem afetado profundamente a plateia, que se emociona com a descoberta do Holocausto tão perto de nossos dias e ainda assim está quase esquecido.

É incrível que uma história tão trágica e devastadora seja tão pouco conhecida e por muitos ainda desacreditada. Estamos vivendo tempos que não nos permitem esquecer as agruras do nazismo na Alemanha, do racismo e do antissemitismo.

 


“Tom Stoppard é infinitamente intrigado por questões de destino, acaso, coincidência, tanto na história quanto no amor, e no épico e de tirar o fôlego LEOPOLDSTADT, ele examina as consequências de todo um povo preso em um destino comum.” - Washington Post

 

 

FONTES:

https://youtu.bue/4F0yoOnkypE  

https://estadodaarte.estadao.com.br/christine-lopes-dor-politica-leopoldstadt/

https://leopoldstadtplay.com/

https://www.britannica.com/biography/Tom-Stoppard

https://www.jornaldeteatro.com.br/vida-obra/273-a-dramaturgia-atrevida-de-sir-tom-stoppard

https://www.studysmarter.co.uk/explanations/english-literature/american-drama/tom-stoppard/

 


quinta-feira, 18 de maio de 2023

ACONTECE: ENERGIA - COMPLETUDE (Shalem) - PAZ (Shalom)




Entre o por do sol do dia 18 de maio e o por do sol do dia 19 de maio Iom Yerushalayim (dia de Jerusalém) é comemorado. A data foi instituída para lembrar a reunificação da Cidade de Jerusalém e a chegada dos israelenses no Monte do Templo em 1967. Foi o dia 28 de Iyar de 5727 no calendário judaico e 5 de junho de 1967 no calendário gregoriano.

 

No Shabat (dia 20 de maio) será iniciado o quarto livro da Torá, BAMIDBAR (No Deserto) que foi traduzido com o nome de NÚMEROS. É aqui que são descritas as gerações do povo de Israel, nominando pessoas - na maioria das vezes nominando homens, mas em muitos casos mulheres também são citadas. A história do que ocorreu no DESERTO há milênios e do que aconteceu no Estado de Israel há 55 anos. E se quiser acrescentar mais um evento que acontece esta semana, como em todos desde Pessach, estamos no período de contagem do OMER, dos 49 dias entre Pessach e Shavuot. Um período em que nos preocupamos em contar os dias, e a cada dia abençoar mais um ciclo completo da Terra ao redor do Sol.

 

Um ponto que chama a minha atenção de forma especial é que os nomes são escritos como listas extensas e não há menção específica dos números. Não há contagem de pessoas, há nominação. Quando o censo é muito grande e requer determinar em curto espaço de tempo um número de pessoas, estas fazem doação de uma quantia fixa de moedas e o número pode ser estimado. Por outro lado, o tempo é marcado de muitas formas, e sempre numérica. Hoje sabemos que transformar pessoas em números é acabar com a diversidade e a individualidade. Por outro lado, marcar o tempo de forma precisa, que possa ser entendida ao longo de milênios, é a maneira de registrar a história e conseguir unir gerações.

 

Portanto nesta semana ACONTECEM duas datas históricas significativas que têm a distância de milênios e que representam a força do Povo Judeu. Se por um lado a caminhada no deserto estabeleceu raízes, por outro lado os quase dois milênios nos quais os olhos se voltavam para Jerusalém todos os dias ao proferir as rezas da manhã e da noite fizeram com que a árvore desse flores maravilhosas e frutos fortes, e, mais ainda, soubesse ultrapassar as intempéries.

 

Os dias de hoje são de tensão, de muitas falsas notícias e do criar estórias que foram repetidas tantas vezes que se confundem com a história. Neste momento lembro de algumas aulas que recebíamos no primário ao escutar sobre judaísmo. Vejo em minha frente a pessoa que falava, uma professora frente a muitos alunos reunidos em um pátio ao pé de uma jabuticabeira. E a conversa girava em torno de Adão, que era considerado "shalem", completo. A pergunta para a meninada era que palavra era semelhante a "shalem" e a resposta foi em uníssono "shalom". Aí veio uma das explicações mais lindas que escutei, e que se aplica maravilhosamente bem para os dias de hoje e que também escutei em podcast do Live Kabbalah conduzido pelo Rabino Shaul Youdkevitcha: Adão era um ser completo, como está escrito em Bereshit - "zahar u nekeva hu iiê" - feminino e masculino ele era. Sendo completo seria um. Assim, chega a Eva, e a completude era alcançada quando os dois se uniam. Mas, como eram dois indivíduos, divergências ocorriam! E para que pudessem voltar a ser completos e se reconhecerem como uno, deveria haver entendimento. Assim, dizia a professora lá na década de 1950, Shalom é uma forma de negociação em que um lugar comum bom, ou aceitável para todas as partes pode ser encontrado, e se isso for verdade, então vão nascer frutos, filhotes e filhos.

 

Nesta semana, olhando para Jerusalém e lembrando da fala de André Lajst , do StandWithUs Brasil, o Estado de Israel abriu várias frentes desde antes da criação do Estado de Israel (1948) para negociar com a população árabe. A PAZ, quando não é boa para ambas as partes e quando é feita na base de pressões externas e tensões induzidas, pode não ser alcançada porque nunca vai virar shalem (completude). É uma cidade de nomes e números impressionantes! Uma cidade que vive de tecnologia e ciência de ponta, que vive o passado e o futuro. E, voltando para o mundo privado, já contei que meu marido, ao ter um mal estar muito grande nas ruelas da Cidade Velha de Jerusalém, foi atendido por um transeunte árabe, que estava indo para uma pequena mesquita, onde era um dos líderes. Foi treinado em primeiros socorros no Exército de Defesa de Israel, e servia a grupos de primeiros socorros em Israel. Atitudes que salvam e unem! Gestos que completam e constroem a paz.

 

Acontece... esta é uma semana em que muitos fatos continuarão acontecendo, nossa esperança é que possam desencadear novas formas de buscar entendimento, buscando os fatos como são, isolando o terror que quer acabar com o Estado Judeu e acolhendo a todos que queiram completar o quebra cabeça que vem sendo tão bem conduzido no campo da economia, ciência e comércio exterior.

 

 

Shalem, Shalom

 

Regina P. Markus 

terça-feira, 16 de maio de 2023

VOCÊ SABIA? - HAVA NAGILA

 


HAVA NAGILA (הבה נגילה) ou LET US REJOICE ou ALEGREMO-NOS

A longa trajetória de uma simples canção...

Por Itanira Heineberg


Crianças dançando no Kibbutz Ginegar, 1947. (Kluger Zoltan/Israel GPO)



Você sabia que a outrora obscura canção Hassídica Hava Nagila tornou-se uma das mais conhecidas melodias judaicas no mundo com a adesão e o encantamento por parte de vários intérpretes globais, assim como do famoso cantor jamaicano Harry Belafonte?

Hava Nagila – “vamos nos alegrar” - uma canção simples e desconhecida no início do século XX tornou-se a favorita para festas religiosas, casamentos, bar e bat mitzvás, e eventos internacionais de judeus e não judeus.

Com suas estrofes fortes e curtas associadas à música alegre e contagiante, Hava Nagila foi gravada centenas de vezes por muitos cantores, de Neil Diamond a Barry Sisters, de Harry Belafonte a Ben Folds. E apesar de sua popularidade, poucas são as pessoas que conhecem a história deste sucesso global da canção judaica. Vejamos suas palavras:

Hava nagila, hava nagila                             Let us rejoice, let us rejoice     Alegremo-nos  alegremo-nos

 

Hava nagila ve-nismeha                             Let us rejoice and be glad      Alegremo-nos e sejamos felizes

 

Hava neranena, hava neranena                  Let us sing, let us sing          Cantemos e cantemos

 

Hava neranena ve-nismeha                        Let us sing and be glad          Cantemos e sejamos felizes

 

Uru, uru ahim                                            Awake, awake brothers           Acordai, acordai irmãos

 

Uru ahim be-lev sameah                            Awake brothers with a joyful heart     Acordai irmãos com um coração alegre

 

As palavras se inspiram no verso bíblico “This is the day that God has made. We will rejoice and be glad in it” – “Ze ha-yom asah adonai, nagila ve-nismeha bo” (Psalms 118:24).  (Este é o dia feito por D’us, Alegremo-nos e sejamos felizes com ele).

Hava Nagila, assim como outras canções modernas israelenses, teve sua origem na Europa do Leste onde era cantada como um nigun (melodia sem palavras) entre os Hassídicos Sadigorer, entre 1798-1850.

No final do século XIX, um grupo de Judeus Sadigorer imigrou para Jerusalém trazendo com eles o nigun até que Avraham Zvi Idelsohn, o pai da Musicologia Judaica, e seu aluno cantor Moshe Nathanson sugeriram os versos acima para completar o nigun. E a canção se espalhou rapidamente.

Idelsohn, um sionista apaixonado, dedicou-se a coletar a música folclórica das comunidades judaicas de todo o mundo usando um fonógrafo para preservar as melodias das mais diversas comunidades: iemenitas, russas, alemãs, marroquinas e todas as outras que encontrou em Jerusalém.

Ele procurou criar um novo estilo de música nacional moderna para unificar seu povo no retorno à pátria histórica. Assim sendo, fez arranjos e compôs muitas novas canções em hebraico baseadas em melodias tradicionais.

 

“Essas canções modernas com raízes antigas rapidamente se tornaram populares como novas canções folclóricas hebraicas, cantadas em kibutzim, moshavs e impressas em cancioneiros na comunidade judaica do pré-estado de Israel e além. Entre eles estava Hava Nagila.”

Idelsohn transcreveu a melodia de Sadigorer em 1915 enquanto servia como mestre de banda no Exército Otomano durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1918, ele escolheu a música para um concerto de celebração em Jerusalém depois que o exército britânico derrotou os turcos. Organizando a melodia em quatro partes, Idelsohn acrescentou um texto hebraico derivado dos Salmos, como já vimos no texto acima.”

 

E a canção passou a ser cantada por todos os presentes.

Aos poucos cantores não judeus foram descobrindo a música que a todos empolgava e a incorporavam aos seus shows e gravações, difundindo-a cada vez mais para todos os cantos do mundo. Mas talvez o músico não judeu que mais a associou à sua vida e às suas atividades tenha sido o pop star internacional Harry Belafonte, estrela jamaicana de renome, encantado com o otimismo da composição e a alegria do ritmo e da letra de Hava Nagila. Em 1950 ele a incorporou à conclusão de suas apresentações musicais e em 1959 Hava Nagila, com sua alegria e revigorante mensagem, transformou-se num best-selling musical durante sua apresentação no concerto presencial no Carnegie Hall, NYC.

Assistamos agora a este pequeno vídeo ilustrando a história de Hava Nagila:

 


   

E para finalizar, temos um vídeo contagiante que mostra o encontro de Harry Belafonte e Danny Kaye para perpetuarem esta famosa música judaica, a pedido de Danny.

Danny Kaye, nascido David Daniel Kaminsky, foi um famoso humorista da Broadway, um ator judeu nascido na América filho de um humilde alfaiate de origem ucraniana-judia e sempre muito orgulhoso de suas raízes.

 


 

 

FONTES:

https://www.myjewishlearning.com/article/hava-nagilas-long-strange-trip/

https://www.letras.com.br/harry-belafonte/biografia

https://pt.laurenzuniga.com/danny-kaye-biography

 


quinta-feira, 11 de maio de 2023

ACONTECE - Anette Wajnsztejn

Por Juliana Rehfeld 




Aconteceu no mês passado no Polin Museum (Museu sobre os Judeus Poloneses)  em Varsóvia, na Polônia, em homenagem aos 80 anos do Levante do Gueto, uma exposição especial: baseada no depoimento de 12 civis sobreviventes do Gueto de Varsóvia. Como? Sobreviventes ? Após o fim da revolta dos combatentes do Levante do Gueto de 19 de abril a 8 de maio de 1943 e a destruição de tudo, culminada em 8/5/1943 com o incêndio da Grande Sinagoga de Varsóvia, ficaram escondidos em bunkers cerca de 50 mil judeus. Devido às condições miseráveis a maioria morreu. Poucos sobreviveram a isso. Stefania Milenbach aos 22 anos de idade, foi uma delas, ficou no gueto de abril a dezembro de 1943, quando saiu carregada por cima do muro porque não tinha mais forças e permaneceu  na Polônia até 1950 quando foi para Israel e depois para o Brasil.

Em 1947 ela escreveu, sob o pseudônimo de Stella Fidelseid, um ensaio sobre sua experiência naquele inferno: "Sobrevivi nos escombros".

No Brasil ela se casou com Mordcha e teve uma filha, Anette.

Conheci a Anette Wajnsztejn no primeiro ano do ginásio do colégio de Aplicação, em 1967… estive muitas vezes na casa da Anette e conheci dona Stefania: presença forte, rosto marcante, inesquecível, olhar único, eloquente mas silencioso.

Sua filha só veio a conhecer sua história por ocasião do projeto da Fundação Shoá de Steven Spielberg em 1997. Ela e sua filha Marina, neta de Stefania, visitaram a Polônia, e particularmente Auschwitz, em 2013, um ano antes da abertura do Polin Museum. 

Há uns 5 anos Anette se deparou com foto em tamanho real, parede inteira no Museu do Holocausto de Washington na qual reconheceu sua mãe, inesperado e emocionante. 

E, em 2022 Anette recebeu uma mensagem de Facebook de Barbara Engelking, uma socióloga polonesa, não judia, que dá aulas sobre o holocausto e para isso usa fontes como o relato de Stefania, aliás, Stella. Ela contou do projeto dessa exposição para homenagear os 80 anos do Levante do Gueto de Varsóvia e a convidou para escrever sobre sua mãe e participar desse evento tão importante.

Várias reportagens internacionais falaram da exposição, da solenidade e das autoridades da Polônia e de Israel . Foram feitas instalacoes em vários pontos de Varsóvia  onde se localizavam bunkers,e lá foram contadas partes da história. Monumentos e murais feitos em homenagem a cada um dos doze sobreviventes. Seguem links para isso tudo.


Em Varsóvia, filhos e netos dos judeus do gueto sobre os vestígios de sua história familiar


Anette me contou: "além da emoção pelas fotos e monumentos, fiquei impressionada com a estrutura do Museu, a multiplicidade de eventos e instalações preparados em torno da exposição. Senti uma atmosfera bem diferente do que na minha visita anterior, o anti-semitismo parece menor , a reação à presença de judeus não é de distanciamento como foi 10 anos atrás , talvez justamente pelo empenho de pessoas como Barbara Engelking cujo objetivo é informar para prevenir que se repita."












CINEMA - Por Bruno Szlak: Haesder

Por Bruno Szlak




Haesder

Este filme de 2000 é a estreia do roteirista e diretor Joseph Cedar. Embora nascido em Nova York, ele cresceu em uma comunidade ortodoxa de religiosos nacionalistas em Israel desde os seis anos de idade. Um ex-paraquedista de infantaria com background de Ieshiva, Cedar retornou brevemente a Nova York para estudar cinema na NYU's Tisch School of Arts. Em relação à sua decisão de fazer carreira na indústria cinematográfica israelense, em vez de Hollywood, Cedar disse ao The Jerusalem Post: “Tenho um filme americano na cabeça, mas não é a hora certa. [Para trabalhar na América], eu teria que abrir mão do controle sobre meus filmes que eu tenho em Israel”. As experiências de vida de Cedar, incluindo viver em um assentamento por mais de um ano enquanto escrevia este filme, dão a ele uma perspectiva altamente relevante sobre as questões que ele levanta, como a ideia de “pertencer” a uma comunidade e o conflito entre o indivíduo e o grande esquema de uma missão ideológica.

Embora o filme seja de 2000, o que hoje vem ocorrendo em Israel, com a ascensão ao governo dos grupos nacionalistas religiosos, nas figuras de Ben Gvir e Smotrich nos dá a dimensão do que é retratado no filme já naquele então e permite que pensemos em sua atualidade.

O filme se passa em uma yeshiva em um assentamento da Cisjordânia, onde um triângulo amoroso envolvendo a filha do rabino ameaça empurrar um dos pretendentes para uma ação violenta em relação ao Monte do Templo, onde estão as mesquitas de Al Aqsa e o Domo da Rocha. Através de uma trama que narra a formação de um terrorista judeu, este filme investiga questões de lealdade, a tensão entre o poder político e o pessoal e o valor de um indivíduo. Com esses temas, o filme explora a linha entre a devoção e fanatismo e o que poderia levar alguém a atravessá-lo, e o preço que um indivíduo deve pagar por causa de um grupo maior dentro do grande esquema de uma missão ideológica.

Em uma yeshiva em um assentamento na Cisjordânia, as tentativas do rabino Meltzer de bancar o casamenteiro tiveram resultados desastrosos. Ele deseja que seu pupilo Pini se case com sua filha contestadora e de pensamento independente, Michal. No entanto, Michal está ligada ao belo Menachem, que comanda uma unidade do exército israelense composta inteiramente por religiosos nacionalistas, alunos de Meltzer. Quando Pini percebe que saiu do lado perdedor do triângulo amoroso, ele decide perpetrar uma ação drástica e violenta. Ele coopta Itamar, outro pupilo do rabino Meltzer e soldado da unidade de Menachem, em uma trama para explodir o Monte do Templo. O Rabino Meltzer já está sob escrutínio do Mossad (agência de inteligência israelense) devido aos seus ensinamentos radicais que defendem a recuperação do Monte do Templo. Mas, quando questionado, ele insiste que seus alunos entendem aquilo que ele diz apenas no plano das ideias e não da concretude. Apesar da intervenção do Mossad e do militar, parece que, em última análise, apenas Menachem e Michal podem ser capazes de impedir a terrível trama de seu amigo.

HaHesder

O cenário para uma boa parte deste filme é um yeshiva hesder, daí o nome do filme em hebraico (em inglês o filme recebeu o nome de Time of Favor). Em hebraico, hesder significa “arranjo”. Homens israelenses são geralmente obrigados a servir três anos no exército, mas os homens ultraortodoxos que estudam na yeshiva são normalmente isentos do serviço militar. Matricular-se em um yeshiva hesder é um arranjo que permite que homens religiosos desempenhem seus deveres do serviço militar e estudo religioso simultaneamente. No programa hesder, os homens são oficialmente soldados nas forças de defesa de Israel por cinco anos.

Haesder foi um fenômeno de bilheteria israelense que ganhou cinco prêmios de a Academia de Cinema de Israel em 2000. Embora o filme seja fictício, há um número surpreendentemente inesperado de  cruzamentos entre as pessoas e colocações do filme e fatos históricos. As pesquisas para o filme ainda estavam em andamento quando, em 5 de novembro de 1995, o primeiro-ministro Yizhak Rabin foi assassinado durante uma manifestação pela paz em apoio aos Acordos de Oslo. O assassino, Yigal Amir, discordava veementemente dos Acordos de Oslo, que exigia a retirada israelense de partes da Faixa de Gaza e Cisjordânia e afirmou o direito palestino de autogoverno nessas áreas. Embora ele vá passar o resto da sua vida na prisão, Yigal Amir acredita até hoje que seu assassinato de Rabin foi justificado de acordo com sua interpretação da lei judaica. Amir afirma ter colocado em prática din rodef (“lei do perseguidor”), um conceito talmúdico que, em uma leitura controversa, sanciona o assassinato de um judeu para impedi-lo de entregar a terra judaica para não-judeus e que foi muito usado por rabinos do movimento estimulando o assassinato de Rabin. Amir, um radical de direita, estudou por cinco anos na Yeshivat Kerem B'Yavneh, a primeira yeshiva hesder. Em 28 de setembro de 2000, Ariel Sharon visitou o complexo Al Aqsa no Monte do Templo. Embora ele não tenha entrado em qualquer mesquita muçulmana, atiradores de pedras palestinos atacaram a polícia israelense assim que ele saiu. Fontes palestinas citam repetidamente esta ocasião como o  estopim da Segunda Intifada, uma campanha mortal do terrorismo palestino (embora se saiba que a liderança palestina estava planejando estrategicamente esta Intifada desde a retirada das negociações de paz de Camp David). O fato de que este evento poderia ser considerado para justificar a morte de centenas de civis israelenses demonstra que a visão do Rabino Meltzer de orar no Monte do Templo é um ideal que, se praticamente tentado, provavelmente teria consequências terríveis e sangrentas. Em outra peculiaridade histórica, o rabino radical Meltzer, que clama por uma tomada judaica do Monte do Templo é interpretado pelo ator e diretor israelense Assi Dayan. O próprio pai deste ator, General Moshe Dayan, era na verdade um herói da Guerra dos Seis Dias de 1967, na qual os israelenses finalmente ganharam o controle de toda Jerusalém. Ironicamente, seguindo este importante reunificação, foi o próprio General Dayan quem deu o controle administrativo do Monte do Templo ao Conselho Muçulmano e ordenou que as bandeiras israelenses fossem removidas do Domo da Rocha. Como um kibbutznik secular e pragmático, Moshe Dayan acreditava que o Monte do Templo era mais importante para o judaísmo historicamente do que como um local sagrado. Quando ele viu rabinos reunidos no Monte do Templo imediatamente após Israel assumir a jurisdição, ele teria dito: “O que é isto? O Vaticano?"

terça-feira, 9 de maio de 2023

VOCÊ SABIA? - Oitenta anos do Levante do Gueto de Varsóvia 1943 - 2023

Por Ana Ruth Kleinberger


“Nunca diga que você está traçando sua trilha final/Mesmo que os céus plúmbeos obstruam os dias de céu azul” cantavam os combatentes do gueto. “A hora que estamos esperando ainda virá/Nossos passos irão ecoar – estamos aqui”.



Você sabia que em abril de 2023 comemoramos 80 anos de uma luta inglória travada pelos judeus do gueto de Varsóvia contra seus carcereiros nazistas?

A energia e a intensidade demonstradas pelos 700 jovens e mal armados lutadores judeus refletiu a compreensão de que a batalha pelo gueto não era uma das que iriam vencer.

Ben Cohen, jornalista baseado em Nova York e colaborador do JNS em assuntos judaicos, emocionou-se ao ler “Lutas no Gueto” de Marek Edelman, líder do Bund, partido socialista judeu pré-guerra e que participou do levante contra os inimigos nazistas. Edelman descreveu o fim da batalha iniciada em 19 de abril quando os alemães, muito bem armados, decidiram acabar com o gueto munidos de veículos blindados, tanques e artilharia pesada colocada ao redor das paredes do gueto. E em seu artigo de reconhecimento pela luta dos habitantes do gueto, Ben Cohen homenageia os heróis desprovidos do mínimo dos mínimos para enfrentar os soldados nazistas, relatando a história que mais o impressionou.

Ele a leu pela primeira vez anos atrás e reviu a cena desesperadora dos habitantes do gueto cercados pelas tropas armadas dos alemães.

 

“Mas os combatentes da resistência judaica tinham antecipado sua chegada; no combate que se seguiu, os alemães foram emboscados no cruzamento das ruas Miła e Zamenhof, com sua tentativa de uma retirada segura fatalmente exposta às armas dos combatentes da ZOB e da ZZW, duas organizações militares judaicas no gueto. Edelman escreveu: “nem um único alemão saiu vivo dali”.

Ao mesmo tempo, mais unidades alemãs foram paradas nas ruas Nalewki e Gęsia. “O sangue alemão inundou a rua”, lembrou Edelman. “As ambulâncias alemãs transportavam continuamente seus feridos para a pequena praça próxima aos prédios da Comunidade. Ali os feridos jaziam em filas na calçada esperando sua vez de darem entrada no hospital”. Pelas duas da madrugada do mesmo dia, os combatentes judeus perceberam que tinham vencido uma batalha chave contra seus invasores.

Os alemães voltaram para os muros do gueto depois de 24 horas e novamente foram recebidos com saraivadas de balas e ataques mortíferos utilizando o que atualmente chamamos de Dispositivos Explosivos Improvisados (DEI). Foi nesse ponto que os três oficiais alemães descritos por Edelman vieram implorar um cessar fogo de forma a recolher seus mortos e feridos.

Naquele preciso momento, o papel do Judeu e do Alemão, o “Untermensch” “Homen Inferior” e o “Ariano” cimentados na década anterior pelo crescente poder do Terceiro Reich – foi completamente invertido.

          Cada bala disparada contra os alemães foi uma resposta ao grotesco slogan gravado nos portões de Auschwitz “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta). E cada Alemão que caiu tentando salvar seu companheiro ferido foi um sinal de que a humanidade dos Judeus não tinha sido extinguida – que eles eram agentes reais, tomando decisões verdadeiras, inclusive a decisão de negar ao inimigo qualquer forma de misericórdia ou consideração durante o calor da batalha.



Varsóvia, Polônia, 1943, tropas do Comandante das SS, General Jurgen Stroop ao lado de edifícios em chamas durante a supressão do Levante do Gueto (Créditos: Yad Vashem)

A energia e a intensidade demonstradas pelos 700 jovens combatentes mal armados refletiu o entendimento, no fundo de seus corações, que a batalha pelo gueto não era uma batalha que eles venceriam. “Nós sabíamos que não poderíamos vencer” escreveu Mira Fuchrer, de 21 anos, uma das mulheres combatentes que veio das fileiras do Hashomer Hatzair. “Nós lutamos de modo a morrer com dignidade”.

Para o namorado de Mira Fuchrer, o jovem combatente de 22 anos do ZOB, Mordechai Anielewicz, apenas o fato de existir o Levante foi um estímulo para os judeus europeus em sua hora mais negra e, portanto, em si, já constituía uma vitória”. “O sonho da minha vida, tornou-se realidade” disse ele durante a luta. “A autodefesa no gueto será uma realidade. A resistência judaica armada e a vingança são fatos! Eu fui testemunha da magnífica e heroica luta dos combatentes judeus”.

          Assim como outros aspectos do Holocausto e da II Grande Guerra, os detalhes do Levante do Gueto de Varsóvia se tornaram mais ricos e complicados com as pesquisas realizadas ao longo dos anos.  Graças ao trabalho minucioso de Moshe Arens, um ex-ministro da Knesset, agora sabemos que não havia apenas um, como foi presumido por várias décadas, mas dois grupos militares no gueto.

          Como a ZOB (Organização de Luta Judaica), que tinha entre seus apoiadores o Bund não sionista e sionistas de esquerda como os membros do Dror e Hashomer Hatzair, havia a ZZW (União Militar Judaica) comandada por Pawel Frank e com raízes no Movimento sionista revisionista Betar de Vladimir Jabotinski.

          Mas como o imperativo de vencer os alemães era predominante, então o ZOB, ZZB, o pessoal do Betar e do Bund, forjaram uma aliança estratégica. O ZOB distribuiu seus combatentes em diferentes pontos do gueto, ao passo que o ZZB concentrou suas forças na praça Muranowski, alçando uma bandeira sionista azul e branca ao lado da bandeira polonesa em sua sede, enquanto lutavam contra o avanço alemão.

          O combate feroz durou quase um mês antes que os alemães fossem capazes de declarar sua vitória. “O antigo quarteirão judeu não existe mais” anunciou o comandante das SS Jurgen Stroop em 16 de maio de 1943, num telegrama a seus superiores em Berlim.

          Naquela ocasião o gueto foi arrasado e a maioria dos combatentes sobreviventes cometeu suicídio ao invés de enfrentar a captura e a humilhação nas mãos nazistas. Os 42.000 judeus que ainda permaneciam no gueto dois anos depois dos alemães terem iniciado a deportação em massa da comunidade, foram transportados para o campo de concentração de Majdanek ou para os campos de trabalhos forçados de Poniatow e Trawniki. A maioria deles foi assassinada nestes locais durante uma operação de fuzilamento em massa em novembro de 1943.


Krystyna Budnicka (91) é uma das raras sobreviventes da revolta


Oitenta anos depois, seus descendentes lutam com o ressurgimento do antissemitismo (embora em circunstâncias muito mais favoráveis - a existência de um estado judeu, plenos direitos civis e políticos na maioria dos países onde vivem os judeus). Não deveríamos desejar apenas que sua memória permaneça uma benção, mas que nos fortaleça também.”

 

Fontes:

Texto escrito por Ben Cohen, jornalista baseado em Nova York e autor que escreva uma coluna semanal sobre assuntos judaicos e internacionais no JNS.

United with Israel

https://www.dw.com/pt-br/h%C3%A1-80-anos-come%C3%A7ava-o-levante-do-gueto-de-vars%C3%B3via/a-16755843


quinta-feira, 4 de maio de 2023

ACONTECE - Declarar e Agir HOJE - os tempos entre Kedoshim e Emor


Os dias, semanas, meses e anos seguem a sua jornada infinita. Ao olhar a história judaica, a Torah e a vasta literatura ancestral temos a certeza da continuidade. No entanto, ao olhar o tempo presente, muitas vezes perguntamos: como chegamos a este momento? Tem alguma forma de ultrapassarmos e vislumbrar o futuro? Foram tantos os acontecimentos que têm relevância para nossa comunidade brasileira e para o Estado de Israel que cada um deveria ser tratado de forma isolada. Mas, em tempos de "redes neurais" e "conectômica", extrapolando o ser vivo e passando a reger toda a sociedade, somos tentados a expor os fatos simultâneos de forma a permitir, em breve ou no futuro, gerar caminhos alternativos que permitam vislumbrar novos horizontes.


Assim, vamos começar pelo que fazemos de forma cíclica ao longo de milênios e que tem se mostrado uma forma de perpetuação: a leitura semanal da Torah. Na última semana lemos duas prashiot: Acharei Mot (Após a Morte, Vaicrá; Leviticus 16: 1- 18:30 ) e Kedoshim (Santos Vaicrá 19:1 - 20:27). Nesta semana será lida a parashat Emor (Fala!, Vaicrá -21:1 - 24:23). Após a morte de dois filhos do Sumo Sacerdote Aron, יהוה , pede para Aron silenciar. O pecado de introduzir um fogo (luz) impuro no local mais sagrado do Mishkan, a tenda sagrada, havia sido punido com a morte. Na sequência, são descritos os rituais de pedido de perdão que os sacerdotes, sua família e o povo devem seguir. Esta parashat, que também é lida no dia de Yom Kipur, descreve como o povo deve se dirigir a יהוה, a cada ano. Um ponto importante a destacar é que o coletivo, o povo, dirige-se a יהוה e cada ser humano de forma individual deve obter o perdão de outro ser humano. Somos responsáveis uns pelos outros e devemos nos entender como seres humanos.


Kedoshim (Santos) - é a declaração que somos Santos porque יהוה é Santo. Esta declaração foi transmitida por Moshe a todo o Povo de Israel, reunido para receber a segunda versão dos Dez Comandos. Em Kedoshim são descritas uma série de leis e regras. Muitas delas, se forem lidas de forma literal são difíceis de serem entendidas nos dias de hoje. Ao longo dos séculos sábios trouxeram interpretações que se adequavam à cultura em que viviam as comunidades judaicas ao redor do Globo, muitas vezes com críticas e outras com reinterpretações. Mas uma parte desta parashá sobressai aos olhos. "Amarás ao teu Próximo como a Ti Mesmo". Frase que estamos acostumados a escutar em diferentes contextos e ligados com diferentes religiões e culturas. Os sábios pontuam que é tão importante amar o próximo como amar a si. A vida flui através do respeito e compreensão mútua. E um dos fatos que יהוה solicita que Moshe comente e produza regras é a relevância da crítica. Devemos criticar? Será possível criticar se não nos colocarmos no lugar do outro? Será que a imagem que temos do lugar do outro é correta? O outro tem capacidade de ouvir e entender a nossa crítica? Quando devemos falar, quando devemos calar ou exemplificar?


Esta semana, continua יהוה falando a Moshé. O tema é a santidade dos seres humanos e do tempo. Novamente são separadas as regras para os sacerdotes e o povo. São descritas as regras das festas de peregrinação, do descanso semanal e da entrada de um novo mês. E é dada uma ênfase especial ao calendário agrícola. Rambam, Rashi, o Gaon de Vilna têm abordagens diferentes e complementares unindo o Shabat com as Festas. Harmonizando a semana com o calendário anual. Dessa forma, sem entrarmos nos detalhes específicos do regramento e das diferentes formas que as comunidades ao longo do tempo e das civilizações observaram estas regras, fica a mensagem que observar as estações do ano, as fases da lua e a alternância entre o claro e escuro são formas de santificar. Mas, apenas isto não permite a conexão entre as gerações; é o estudo e a interpretação dos fatos a cada geração e dentro de cada cultura que permite que sejamos um povo entre os povos e que possamos conviver.


Olhando em Israel esta semana vemos os vários lados de uma figura geométrica complexa. Ontem o sul de Israel foi atacado por uma chuva de foguetes vindos de Gaza. Por outro lado, a delegação de mulheres do Grupo de Liderança e Networking, que faz parte do ELF (Empoderamento e Liderança Feminina) -FISESP está cumprindo uma intensa agenda em Israel. Entre as inúmeras atividades visitando Universidades, Sistema de Inovação e Parlamento, na segunda-feira dia 1 de maio assistiram a uma palestra ministrada pela Capitã Ella Waweya, major do Exército de Israel, porta voz do Exército de Israel para os cidadãos israelenses árabes mulçumanos. Ella é a primeira mulher árabe mulçumana a ser promovida a Major no Exército de Israel. Vale acessar o link e constatar como convivem os grupos de diferentes etnias e religiões no Estado de Israel.


No último dia 30 de abril, em São Paulo, no Festival de Filme do Cinema Israelense na Hebraica foi apresentado o filme Exodus 91, que está disponível na internet. A história dos imigrantes etíopes que chegaram em Israel via Operação Salomão. Sem spoiler, vale ver como a história vai sendo construída através de uma rede que envolve pessoas de diferentes origens e etnias e que conseguem através de uma força que move leões salvar vidas. Missões que parecem inicialmente não ter um objetivo ou um processo definido e que vão sendo construídas pela vontade dos que sabem olhar o próximo e respeitar as diferenças. Na oportunidade, o tema foi abrilhantado pela presença do Vice-Cônsul de Israel em São Paulo e sua esposa. Ambos etíopes e que chegaram em Israel ainda crianças via ondas imigratórias anteriores. 


Teria muito mais a escrever e contar desta semana cheia de acontecimentos, quando continuamos contando os dias do Omer que ligam Pessach a Shavuot; a saída do Egito ao recebimento da Torah. Contar os dias entre a liberação e a liberdade deve ser feito por homens e mulheres que podem tomar suas próprias decisões, e que possuem leis e regras que permitem viver em conjunto, hoje e sempre.



Abraço a todos!

Regina P. Markus

terça-feira, 2 de maio de 2023

VOCÊ SABIA? - DOM PEDRO II

 

D. Pedro II: sua gula pela Língua Hebraica e seu amor pelo Povo Judeu!

Por Itanira Heineberg





VOCÊ SABIA que o livro acima, uma obra em língua hebraica sobre os rituais dos Judeus, foi escrito pelo imperador do Brasil, Dom Pedro II, em seu exílio na Europa após a Proclamação da República pelos brasileiros e a sua consequente expulsão da terra natal?

D. Pedro sempre demonstrou grande interesse por línguas. Em sua infância solitária, encontrava companhia nos livros. Dominava idiomas e conversava em alemão, italiano, espanhol, francês, latim, hebraico e tupi-guarani. Lia grego, árabe, sânscrito e provençal. Fez traduções do grego, do hebraico, do árabe, do francês, do alemão, do italiano e do inglês. Um verdadeiro poliglota.

Dom Pedro II nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825, filho do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Dona Maria Leopoldina.

Seguindo a tradição da nobreza, recebeu o nome de Pedro de Alcântara (em homenagem a São Pedro de Alcântara) João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança.



Com a morte da mãe um ano após seu nascimento e a viagem do pai para Portugal em 1831, quando tinha 5 anos, D. Pedro teve uma infância solitária e sem família. Seu pai, D. Pedro I, nunca voltou ao Brasil, morrendo em Portugal em 1834.

Lembro do choque que levei, em uma aula de história, quando a professora nos relatou a volta de D. Pedro I a Portugal para resolver assuntos da coroa e a triste e inesperada condição do menino tão pequeno ficar sem seus progenitores e com a grande responsabilidade de estudar e se preparar para ser o próximo imperador do Brasil. Realmente lastimei profundamente o infante D. Pedro, praticamente órfão de amor materno e paterno.

Apesar dos acontecimentos, o jovem príncipe regente teve grandes mestres e orientadores em seu palácio imperial onde recebeu uma educação exemplar pelas mãos de José Bonifácio de Andrade e Silva, o Patriarca da Independência, e Manoel Inácio de Souto Maior, Marquês de Itanhaém. Antes de completar 15 anos, em 1840, foi proclamado maior e coroado imperador do Brasil. Governou por muitos anos com amor ao país e ao seu povo, com determinação e sabedoria, até a Proclamação da República em 1889.



O erudito e apaixonado estudante de línguas traduzia com prazer, como um esporte, praticando seu conhecimento e desenvoltura nos vários idiomas que cultivava.

 

“Embora sua atividade tradutória esteja inserida em um contexto mais pessoal do que político, as traduções que D. Pedro realizou, em especial a partir da língua hebraica, adquiriram relevância perante historiadores da cultura judaica que reverenciam a atuação do imperador na preservação da memória do povo judeu.”

 

“Em seu exílio já no final da vida, D. Pedro escreveu um livro de gramática hebraica, em francês, e traduziu do hebraico para o francês a canção “Had Gadiá”, da Hagadá de Pessach, por entender que esta canção refletia a essência da justiça divina e seu poder sobre a vida e a morte.”



Ao final da canção vem o “Senhor do Mundo, abençoado seja ele, que acabou com o Anjo da Morte e de todos os outros malfeitores”.

Muitos estudos sobre o segundo e último imperador do Brasil já foram realizados, porém este seu encantamento pelo povo judeu, suas tradições, sua língua e sua Torá é pouco conhecido em sua biografia. Há tanta informação sobre ele, aspectos políticos de sua carreira ou simplesmente fatos desconhecidos sobre a família real - a qual não possuía escravos em suas propriedades, apenas negros alforriados e assalariados. Nossa meta aqui, porém, é destacar o gosto do imperador pela língua hebraica, seu interesse sobre a arte da tradução e sua admiração pelo povo judeu.

 

“Ele traduziu também, de um misto de hebraico e provençal, para o francês, três cânticos litúrgicos antigos (séc. XVI ou XVII), que costumavam ser entoados nas festas de Brit Milá e Purim por algumas comunidades na Provence.”

 

É louvável que D. Pedro tenha tido a ideia de salvar do esquecimento estas peças do folclore judaico, interpretá-las, traduzí-las e publicá-las corretamente. Ainda no prefácio de seu livro ele reafirmou seu amor pela língua hebraica e falou com admiração e respeito de seus professores de hebraico.

O monarca brasileiro dominava tão bem o hebraico que em 1887 recebeu uma delegação de judeus da Alsácia-Lorena, representantes da comunidade do Rio de Janeiro, no palácio de São Cristóvão e com eles comunicou-se em hebraico clássico, surpreendendo e agradando a todos da comitiva.

 

“D. Pedro estudou hebraico durante toda a sua vida e ao ser deposto pelos republicanos em 1889 encontrou alívio para o seu sofrimento no exílio estudando línguas, aprofundando especialmente o conhecimento da gramática e da literatura hebraicas. Um dos seus biógrafos, Georg Raeders, assim descreveu:

 

“A fim de encontrar consolo em seus anos de exílio, ele também estudou grego e árabe, mas acima de tudo sentia-se atraído pelo hebraico. E a razão disto era que em seu exílio ele se identificava com um povo que também vivia exilado."

 

“A relação do Imperador Dom Pedro II com os judeus ia muito além de seu interesse pelo idioma hebraico, que estudava intensamente. Inclusive parte de sua família, os Braganças, têm ascendência hebraica, na história de Inês Peres, cristã nova e mãe do primeiro Duque de Bragança, D. Afonso.”

 

Assim como Chico Buarque de Holanda e Dom Afonso de Bragança, muitos outros mais, afora pelo mundo, importantes ou comuns, conscientes ou não, levam consigo uma parte da herança judaica.



Concluindo rapidamente a história, o imperador, deportado aos 66 anos, mudou-se para Paris, hospedando-se no Hotel Bedford - onde passava seus dias lendo, estudando e traduzindo. Seu lugar preferido era a Biblioteca Nacional, um refúgio de cultura e paz. Em 1891, sofrendo as consequências da diabetes, não resistiu a uma pneumonia falecendo em seu último lar, o Hotel Bedford.

Seus restos mortais foram levados para Lisboa, onde descansou ao lado de sua esposa no convento São Vicente de Fora.

Em 1922 foi finalmente reconduzido ao Brasil, sua pátria amada, onde repousa na Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, Rio de Janeiro, no Mausoléu Imperial ao lado de sua esposa, Dona Tereza Cristina, Imperatriz Consorte, de sua filha, Princesa Isabel, e seu genro Gastão de Orléans, Conde d’Eu, Príncipe Imperial Consorte.

 

FONTES:

https://www.instagram.com/p/CrMJ_Fwp0Y4/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

Fonte: Poésies Hébraïco-Provençales du Rituel Israélite Comtadin. Traduites et Transcrites par S.M. Dom Pedro II D’Alcantara, Empereur du Brésil. Avignon 1891/Judaísmo na Corte de D. Pedro II por Reuven Faingold/ A história dos judeus no Rio de Janeiro. Henrique Veltman

https://apaixonadosporhistoriacanal.medium.com/quantos-idiomas-d-pedro-ii-sabia-falar-297a8e749da1.22 de out. de 2012

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/5436683

https://idisabel.wordpress.com/2011/09/10/d-pedro-ii-e-a-cultura-hebraica/

https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/dom-pedro-ii?psafe_param=1&utm_source=search&utm_medium=ads&utm_campaign=trafego_portal&utm_term=00+-+%5BKW%5D+Din%C3%A2mico&utm_content=dinamico&gclid=CjwKCAjw9J2iBhBPEiwAErwpeepHp6_Qrt3j5-M3MZnV7F6keAZxrsu28xOP89g9fSprfy6KQ6JHXxoC0D0QAvD_BwE

https://reuvenfaingold.com/os-mestres-de-hebraico-de-d-pedro-ii/

https://reuvenfaingold.com/d-pedro-ii-na-terra-santa-diario-de-viagem-1876-introducao-do-livro/

https://www.dci.com.br/dci-mais/cinema-e-tv/onde-dom-pedro-ii-foi-enterrado-conheca-a-historia/196194/

https://www.reddit.com/r/brasil/comments/sasmzt/um_livro_em_hebraico_escrito_pelo_imperador_dom/