Entre
o por do sol do dia 18 de maio e o por do sol do dia 19 de maio Iom
Yerushalayim (dia de Jerusalém) é comemorado. A data foi instituída para
lembrar a reunificação da Cidade de Jerusalém e a chegada dos israelenses no
Monte do Templo em 1967. Foi o dia 28 de Iyar de 5727 no calendário judaico e 5
de junho de 1967 no calendário gregoriano.
No
Shabat (dia 20 de maio) será iniciado o quarto livro da Torá, BAMIDBAR (No
Deserto) que foi traduzido com o nome de NÚMEROS. É aqui que são descritas as
gerações do povo de Israel, nominando pessoas - na maioria das vezes nominando
homens, mas em muitos casos mulheres também são citadas. A história do que
ocorreu no DESERTO há milênios e do que aconteceu no Estado de Israel há 55
anos. E se quiser acrescentar mais um evento que acontece esta semana, como em
todos desde Pessach, estamos no período de contagem do OMER, dos 49 dias entre
Pessach e Shavuot. Um período em que nos preocupamos em contar os dias, e a
cada dia abençoar mais um ciclo completo da Terra ao redor do Sol.
Um
ponto que chama a minha atenção de forma especial é que os nomes são escritos
como listas extensas e não há menção específica dos números. Não há contagem de
pessoas, há nominação. Quando o censo é muito grande e requer determinar em
curto espaço de tempo um número de pessoas, estas fazem doação de uma quantia
fixa de moedas e o número pode ser estimado. Por outro lado, o tempo é marcado
de muitas formas, e sempre numérica. Hoje sabemos que transformar pessoas em
números é acabar com a diversidade e a individualidade. Por outro lado, marcar
o tempo de forma precisa, que possa ser entendida ao longo de milênios, é a
maneira de registrar a história e conseguir unir gerações.
Portanto
nesta semana ACONTECEM duas datas históricas significativas que têm a distância
de milênios e que representam a força do Povo Judeu. Se por um lado a caminhada
no deserto estabeleceu raízes, por outro lado os quase dois milênios nos quais
os olhos se voltavam para Jerusalém todos os dias ao proferir as rezas da manhã
e da noite fizeram com que a árvore desse flores maravilhosas e frutos fortes,
e, mais ainda, soubesse ultrapassar as intempéries.
Os
dias de hoje são de tensão, de muitas falsas notícias e do criar estórias que
foram repetidas tantas vezes que se confundem com a história. Neste momento
lembro de algumas aulas que recebíamos no primário ao escutar sobre judaísmo.
Vejo em minha frente a pessoa que falava, uma professora frente a muitos alunos
reunidos em um pátio ao pé de uma jabuticabeira. E a conversa girava em torno
de Adão, que era considerado "shalem", completo. A pergunta para a
meninada era que palavra era semelhante a "shalem" e a resposta foi
em uníssono "shalom". Aí veio uma das explicações mais lindas que
escutei, e que se aplica maravilhosamente bem para os dias de hoje e que também
escutei em podcast do Live Kabbalah conduzido pelo Rabino Shaul Youdkevitcha:
Adão era um ser completo, como está escrito em Bereshit - "zahar u nekeva
hu iiê" - feminino e masculino ele era. Sendo completo seria um. Assim,
chega a Eva, e a completude era alcançada quando os dois se uniam. Mas, como
eram dois indivíduos, divergências ocorriam! E para que pudessem voltar a ser
completos e se reconhecerem como uno, deveria haver entendimento. Assim, dizia
a professora lá na década de 1950, Shalom é uma forma de negociação em que um
lugar comum bom, ou aceitável para todas as partes pode ser encontrado, e se
isso for verdade, então vão nascer frutos, filhotes e filhos.
Nesta
semana, olhando para Jerusalém e lembrando da fala de André Lajst ,
do StandWithUs Brasil, o Estado de Israel abriu várias frentes desde antes da
criação do Estado de Israel (1948) para negociar com a população árabe. A PAZ,
quando não é boa para ambas as partes e quando é feita na base de pressões
externas e tensões induzidas, pode não ser alcançada porque nunca vai virar
shalem (completude). É uma cidade de nomes e números impressionantes! Uma
cidade que vive de tecnologia e ciência de ponta, que vive o passado e o
futuro. E, voltando para o mundo privado, já contei que meu marido, ao ter um
mal estar muito grande nas ruelas da Cidade Velha de Jerusalém, foi atendido
por um transeunte árabe, que estava indo para uma pequena mesquita, onde era um
dos líderes. Foi treinado em primeiros socorros no Exército de Defesa de
Israel, e servia a grupos de primeiros socorros em Israel. Atitudes que salvam
e unem! Gestos que completam e constroem a paz.
Acontece...
esta é uma semana em que muitos fatos continuarão acontecendo, nossa esperança
é que possam desencadear novas formas de buscar entendimento, buscando os fatos
como são, isolando o terror que quer acabar com o Estado Judeu e acolhendo a
todos que queiram completar o quebra cabeça que vem sendo tão bem conduzido no
campo da economia, ciência e comércio exterior.
Shalem,
Shalom
Regina P. Markus
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