A parteira e
enfermeira da comunidade judaica gaúcha: quatro gerações de bebês por suas
mãos...
Sempre
disposta a todos ajudar, judeus ou não judeus, maleta bem equipada e alto
astral em qualquer hora do dia ou da noite.
Você sabia
que Dona Francisca Mermelstein trouxe ao mundo praticamente 4 gerações de
crianças?
Tudo começou
no Hospital Israelita Leonardo Cohen, da colônia judaica de Quatro Irmãos /RS,
onde Dona Francisca realizou o parto de seu primeiro bebê em terras
brasileiras.
Nascida na
Hungria em 19 de junho de 1900, chegou a Quatro Irmãos através do programa de
ajuda do Barão Hirsch, o ICA, Jewish Colonization Association, aos judeus do
leste europeu, em companhia do esposo e dos filhos.
Pessoa de
grande disposição e iniciativa, logo ao chegar ao seu novo país em 1928 envolveu-se
com a saúde e bem estar da comunidade.
Ainda na
Hungria, obedecendo ao conselho de seu pai de estudar e obter uma profissão,
cursara a Faculdade de Enfermagem Obstétrica, tornando-se assim o que hoje
chamamos de enfermeira obstetra.
No hospital
onde trabalhou e que agora será um memorial, a sala de partos receberá seu
nome.
Como já
falamos neste artigo, o primeiro estabelecimento hospitalar da
comunidade judaica no Brasil, o Hospital Leonardo Cohen em Quatro Irmãos na
região do Alto Uruguai, fundado em 1929, passará agora a ser um Memorial. Construído por engenheiros ingleses
com madeira da região, funcionou até 1961. Tombado como patrimônio histórico
pelo município, hoje é um Memorial da Imigração Judaica e faz parte da Rota
Judaica que está sendo implantada na região. Este hospital atesta a imigração
dos Judeus para o Brasil, e com sua restauração preserva-se a história deste
povo.
Após um longo
período na instituição, Dona Francisca mudou-se com a família para Porto Alegre
onde trabalhou por mais de 30 anos na Beneficência Portuguesa onde é
considerada a profissional com o maior número de partos.
Minha amiga
Helena Frankenberg, que me contou esta história, relembra com saudades as
festas judaicas na casa de sua tia Francisca, irmã de sua mãe Dora, onde a
comida deliciosa estava sempre à mesa, preparada com carinho pelas mesmas mãos abençoadas
que recebiam os bebês em suas primeiras imersões em nosso mundo.
Muitas vezes,
no meio da festa, chegava um chamado urgente e lá se ia Dona Francisca, de
terninho e maleta em punho em direção à casa da parturiente. Levava também seu
inseparável crochet que ia tecendo enquanto acompanhava a experiente ou
inexperiente mamãe em seu trabalho de parto, conversando, acalmando e às vezes
servindo um chazinho para tranquilizar a paciente.
As crianças
da família, que não eram poucas e tinham sido todas trazidas ao mundo pelas
mãos habilidosas de Francisca, esperavam com ansiedade as doces bergamotas
(mexericas) recheadas de tia Francisca, uma iguaria que não podia faltar na
casa da querida titia.
Dona
Francisca ao centro, entre a Irmã Carmelina da Beneficência Portuguesa, e sua
própria irmã Dora, mãe de minha amiga Helena na despedida de Francisca.
Em 1967
Francisca e esposo fizeram Aliá - mudança para Israel onde estavam os filhos.
Já no navio
Francisca não passou bem, vindo a morrer em solo israelense.
Agradeço a
Helena Frankenberg pelo empréstimo de foto e documentos familiares pertinentes
à vida e obra de Dona Francisca.
“Sua
expertise, capacidade e comprometimento deram tranquilidade às mães, famílias,
e também aos médicos obstetras. Sua vida, e dedicação profissional, é
sublinhada em depoimento de sua neta Ida Mermelstein Kalisky, com participação
de algumas famílias atendidas, como Raskin e Ratinecas.”
Assista com
exclusividade na web série Judaísmo Ao Centro, as palavras da neta Ida, que
relatou um pouco da vida da avó,
objetivo que seu pai não conseguiu completar.
Fontes:
https://auonline.com.br/tags/parteira
https://poloturismojudaico.com.br/grandeencontro
https://jornadamedicainternacional.com.br/institutional
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