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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Mística

 

Mística




         Alegria pura! Meu avô, lá em Jacareí, há um bocado de tempo, adorava me contar histórias. Algumas delas fantasiosas; outras, nem tanto...

As palavras ganhavam recheio de acordo com as práticas, e ele sempre foi um dos grandes modelos que conheci. Pessoa iluminada, que, com sua luz inspiradora, ajudou-me a enxergar os melhores passos durante as trevas de meu caminho. Na verdade, e ele adorava frisar, a luz não era dele.

A Luz era Dele!

As tradições vêm dessa amizade entre as palavras e as práticas.

É assim que vão sendo passadas, transmitidas: avós, pais, filhos, netos... Elos e ondas... De geração em geração.

É uma experiência mística que nos coloca frente a frente com O que Foi, O que É e O que Será. É assim que podemos enxergar um pouco dos Céus... Experimentar a Luz!

É como se fosse aquela história que seguidamente se repetia. A cada novo ciclo, com seus novos temperos, riquezas e detalhes, meu avô voltava nela.

O povo... (Assim era contada... Somente “o povo”, nada mais!). Bem, o povo, caminhando e construindo sua Liberdade, ainda itinerante, prestes a desembarcar em seu porto seguro e livre, experimentou de um misticismo enorme.

Não sei... Sempre falam da experimentação mística como aquela inexplicável, algo espiritual, além dos entendimentos racionais. Eu concordo muito com isso, mas também vejo a mística como aquela prática que fortalece o traço de união entre todos. De repente, uma ciranda, uma roda de samba, ou um jantar compartilhado, são a verdadeira experiência mística...

Mas vamos voltar para aquele enredo tantas vezes repetido.

O povo subiu num monte. Com certeza eles se alimentaram. Comeram e beberam. Compartilharam o pão! Dançaram juntos! Mais importante, agradeceram ao Altíssimo aquela Liberdade já tão próxima que se sentia o perfume e o frescor.

Foi lá que a mística os embalou como um único povo. O símbolo da união foi materializado em pedra! Palavras e práticas! A tradição de geração em geração...

Tinha um pedacinho, lá no final da historieta, que meu avô sussurrava. A cada ano, mais baixinho. Eu nunca soube se era assim mesmo, ou se era o Parkinson que avançava.

Sons que se apagam, exemplos que são indeléveis! Nada tinha sido riscado na areia, que se apaga com o fluxo e o refluxo das marés... Eram marcas na rocha!

O povo era um!

Todos Juntos!

Mas ai daqueles que se esquecessem disso. Ai daqueles preconceituosos, sectários, excludentes. A maldição sempre acontece para aqueles ávidos pela violência e pela divisão.

O bom é que a Esperança está lá! Uma marca que sempre se enxerga! Um retorno ao alto do monte místico... À verdadeira, justa e perfeita união.

Todos novamente.

JUNTOS!

André Naves

 Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor. Estrategista. Comendador Cultural.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def

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