Mística
Alegria pura! Meu avô, lá em Jacareí,
há um bocado de tempo, adorava me contar histórias. Algumas delas fantasiosas;
outras, nem tanto...
As
palavras ganhavam recheio de acordo com as práticas, e ele sempre foi um dos
grandes modelos que conheci. Pessoa iluminada, que, com sua luz inspiradora,
ajudou-me a enxergar os melhores passos durante as trevas de meu caminho. Na
verdade, e ele adorava frisar, a luz não era dele.
A
Luz era Dele!
As
tradições vêm dessa amizade entre as palavras e as práticas.
É
assim que vão sendo passadas, transmitidas: avós, pais, filhos, netos... Elos e
ondas... De geração em geração.
É
uma experiência mística que nos coloca frente a frente com O que Foi, O que É e
O que Será. É assim que podemos enxergar um pouco dos Céus... Experimentar a
Luz!
É
como se fosse aquela história que seguidamente se repetia. A cada novo ciclo,
com seus novos temperos, riquezas e detalhes, meu avô voltava nela.
O
povo... (Assim era contada... Somente “o povo”, nada mais!). Bem, o povo,
caminhando e construindo sua Liberdade, ainda itinerante, prestes a desembarcar
em seu porto seguro e livre, experimentou de um misticismo enorme.
Não
sei... Sempre falam da experimentação mística como aquela inexplicável, algo
espiritual, além dos entendimentos racionais. Eu concordo muito com isso, mas
também vejo a mística como aquela prática que fortalece o traço de união entre
todos. De repente, uma ciranda, uma roda de samba, ou um jantar compartilhado,
são a verdadeira experiência mística...
Mas
vamos voltar para aquele enredo tantas vezes repetido.
O
povo subiu num monte. Com certeza eles se alimentaram. Comeram e beberam.
Compartilharam o pão! Dançaram juntos! Mais importante, agradeceram ao
Altíssimo aquela Liberdade já tão próxima que se sentia o perfume e o frescor.
Foi
lá que a mística os embalou como um único povo. O símbolo da união foi
materializado em pedra! Palavras e práticas! A tradição de geração em
geração...
Tinha
um pedacinho, lá no final da historieta, que meu avô sussurrava. A cada ano,
mais baixinho. Eu nunca soube se era assim mesmo, ou se era o Parkinson que
avançava.
Sons
que se apagam, exemplos que são indeléveis! Nada tinha sido riscado na areia,
que se apaga com o fluxo e o refluxo das marés... Eram marcas na rocha!
O
povo era um!
Todos
Juntos!
Mas
ai daqueles que se esquecessem disso. Ai daqueles preconceituosos, sectários,
excludentes. A maldição sempre acontece para aqueles ávidos pela violência e
pela divisão.
O
bom é que a Esperança está lá! Uma marca que sempre se enxerga! Um retorno ao
alto do monte místico... À verdadeira, justa e perfeita união.
Todos
novamente.
JUNTOS!
André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor. Estrategista. Comendador Cultural.
www.andrenaves.com
Instagram: @andrenaves.def
Juntos, sem perder a individualidade - excelente texto!
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