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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

ACONTECE: O que há em um nome?

 



Esta semana é diferente porque um acordo entre Israel e Hamas está mais próximo! Ainda sendo ratificado na Knesset, alguns pontos sendo negados pelo Hamas, mas o acordo está saindo. Sim, mas o processo será dolorido e alongado, diversas fases e “muita água vai passar sob esta ponte”, tudo pode acontecer… Não entro em detalhes pois sobre isso todos vamos continuar lendo e ouvindo na grande, média ou “má” mídia…

Aliás, quem é a boa e quem é a mal-intencionada mídia? O que é verdadeiro é o que é fake, hoje? Já não tínhamos muita confiança antes mas, após a declaração de Mark Zuckerberg, ficaremos no escuro e ninguém se responsabilizará por isso… as condições para análise de questões complexas ficam cada vez mais limitadas, quem vai conseguir discutir seriamente qualquer coisa? Começar do começo para resgatar as raízes dos processos, retomar e trazer o clima e as circunstâncias daqueles momentos na história, fica cada vez mais difícil, custoso e longo… que preguiça! 

Em todo o caso no primeiro momento devem ser passados pelo Hamas os nomes dos reféns a serem libertados por fase e isto já é um mistério há tempos, não se sabe quem permanece vivo e em que condições e desconfia-se que o próprio Hamas não tenha todas as informações. Os nomes são o que aguardamos agora. Aguardamos nomes, em hebraico, aguardamos “shemot”. Ah, as “coincidências” da vida cotidiana e as parashiot - porções semanais da Torá. Shemot é o nome da parashá que lemos esta semana e assim se chama porque começa citando os nomes dos descendentes de Jacó que vieram ao Egito e eram setenta. Passaram-se gerações, e no Egito do momento do relato de Shemot cerca de 2 milhões de hebreus viviam nas boas condições herdadas dos anos em que José, filho de Jacó, foi líder junto ao faraó. Um novo faraó ascende ao poder e, incomodado com esta grande população de não egípcios, resolve oprimi-los para limitar seu crescimento. A resiliência dos hebreus, no entanto, aumenta o desconforto do faraó que passa então a outro nível de medidas. A parashá traz mais dois nomes - Shifrá e Puá - de parteiras a quem ele ordena que matem os meninos recém nascidos. Elas não o fazem e por fim ele resolve fazer todas as parteiras sob pena de punição jogarem os meninos no rio Nilo. E, sabemos, para salvar seu filho uma mulher “da casa de Levi” o coloca numa cesta que será encontrada pela filha do faraó. Esta, penalizada pela criança hebréia, ela sabia, decide criá-la como filho. E então nos é dado mais um nome, Moisés. E ele se tornará aquele líder que receberá de Deus a tarefa e o poder de levar os hebreus a fugirem desta opressão para a terra prometida. 

São incontáveis as análises da importância de um nome, do nome recebido, do nome herdado, do nome construído ao longo da vida, do nome atribuído pela comunidade, pela sociedade maior… 

O peso, a esperança e o amor num nome, a preocupação com os nomes, o pavor com os nomes identificados aos poucos a partir de 7 de outubro de 2023, os nomes que não mais puderam ser chamados em casa, os nomes estampados em cartazes espalhados pelo mundo e chamados diariamente por quase 470 dias, os nomes gritados nas persistentes passeatas, os nomes chorados a cada notícia fatal, os nomes desesperadamente agora aguardados. 

Que nomes e com que reputação nos darão estas notícias sobre o andamento do processo acordado? Por quanto tempo continuaremos a conviver com nomes que fazem as manchetes mas que não gostamos de pronunciar? Que nomes estão em construção para serem líderes num novo desenho de mapa geopolítico no Oriente Médio? 

Reflexão para este novo Shabat: o que estamos fazendo para construir esses novos nomes? E para honrar o nosso nome? 

Shabat Shalom

Juliana Rehfeld

3 comentários:

  1. muito bom Ju!!! tomara possamos trocar ainda hoje esse "mais próximo"por um "está feito"

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    1. Anonima - está trocado - mas ainda quero ver chegar a todos os reféns. E parerem de chamar terroristas e assassinos por nomes que igualam com pessoas que sofreram tortura e... muito mais

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  2. Estamos caminhando, Ju. Gostei muito do NOME - E apesar de achar o enigma transparente, vejo que ele nos permite caminhar dia a dia rumo ao futuro. PARABéns

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