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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

ACONTECE: Semana de Transição e Acontecimentos Mil

Regina P. Markus -  29/10/2025 - 7 Heshvan 5786




Caminhos tortuosos percorremos nesta semana. Caminhos que oscilam do zero ao infinito. Por outro lado, na mesma semana observamos acontecimentos que comprovam a importância de olhar a vida do passado e entender por que o futuro é esperançoso. Nesta semana o presidente de Israel, Isaac Herzog, abriu o 39º Congresso Sionista Mundial. Suas palavras ressaltam a caminhada de 128 anos. À direita, vemos os logos das Universidades e Institutos de Pesquisa de Israel. Chama atenção que o logo da Universidade de Haifa, que foi banida da FFLCH da USP, está escrito em hebraico, inglês e árabe! Nesta semana lembramos os 50 anos de morte de Vlado, e a exemplo do que aconteceu em 1975 foi realizada uma missa ecumênica na Catedral da Sé. O antissemitismo, balanceado com declarações de repúdio a este posicionamento antibrasileiro foi exposto e manuseado na mídia. E para o espanto de todos! O acordo de paz foi perturbado por entrega de restos mortais de reféns já enterrados em Israel, e por bombardeio na zona de segurança. Não deixem de ver os mapas e as imagens que respaldam as matérias. Finalmente, acompanhem as respostas positivas que o mundo oferece. Boa Leitura.



1 - 39º Congresso Sionista Mundial, a fala do Presidente de Israel, Isaac Herzog

O presidente Herzog declarou:

“O ódio antissemita e antissionista voltou, atingindo-nos mais uma vez com força horrível e violenta, em todos os cantos do mundo e em todos os âmbitos — público e privado, jurídico e digital.
   Vimos esse ódio se manifestar no terrível terror de 7 de outubro. Vemo-lo nos campi universitários, que deveriam ser faróis de iluminação. Vemo-lo nas ruas de Manchester, Washington, Toronto, Melbourne, Paris e em muitos outros lugares.
    Todos ouvimos jovens ignorantes e enganados, doutrinados e cheios de ódio, que até cunharam um novo insulto para nós: ‘Zios’.

Sim, aqueles que antes nos chamavam de ‘Yids’ ou ‘kikes’ agora nos chamam de ‘Zios’.
    Permitam-me dizer, como presidente do Estado judeu e democrático de Israel, a partir de nossa eterna capital, Jerusalém, quem são esses chamados ‘Zios’ e o que eles representam:
 
Esses ‘Zios’ são os melhores entre os seres humanos — que retornaram à sua terra ancestral, sua terra bíblica, histórica e prometida, após milênios de perseguição, após a devastação do Holocausto — e construíram um Estado judeu, democrático, afirmador da vida e buscador da paz!

Uma nação que faz o bem.

Uma nação que cura o mundo em quase todas as áreas.”



Uma importante resultante das condutas do Sionismo é criar um sistema de educação, ciência e tecnologia ímpar no mundo!
 
Dar à criança e ao jovem a capacidade de encontrar suas melhores habilidades e estimular a diversidade entre os humanos é um princípio básico da educação judaica. Ter a liberdade de perguntar e de concordar e discordar dos mais experientes e dos mestres é essencial para a formação de um espírito de investigação em todas as áreas do saber. O Estado de Israel teve a grande vantagem de ser criado sob estas diretrizes e abraçar com carinho e perspicácia a busca do novo e a descoberta de fatos e de interações. Na foto acima mostramos as muitas Universidades e Institutos de Pesquisa que este pequeno país abriga. Não listamos as instituições de ensino superior que não realizam pesquisa de forma independente. Neste caso, a WIKIPEDIA lista quase 50 instituições.


Technion está entre as melhores universidades do mundo em tecnologia e empreendedorismo

Dois relatórios internacionais recentes classificaram o Technion, Instituto de Tecnologia de Israel, entre as principais universidades do mundo em termos de treinamento em inovação e empreendedorismo. Um estudo o posicionou como o principal fornecedor de talentos para grandes empresas globais de tecnologia, enquanto outro o colocou entre as dez melhores universidades do mundo com o maior número de graduados que fundaram startups de sucesso. O primeiro relatório, realizado pelo TheMarker em colaboração com a Bright Data, analisou mais de 8.000 perfis de graduados que ingressaram em empresas como NVIDIA, Google, Apple, Amazon, Meta, Microsoft e Intel entre 2020 e 2024. O segundo, da PitchBook, destacou o Technion como a única universidade fora dos EUA entre as dez primeiras em número de empreendedores que conseguiram atrair capital de risco. Este ano, o Technion lançou um programa de graduação em inglês para atrair estudantes internacionais, que inclui cursos intensivos de hebraico e oportunidades de integração com a comunidade acadêmica israelense. Fonte: Revista Bras.il a partir de Aurora.


2 – 50 anos após a morte de Vladimir Herzog:



Segue na íntegra texto extraído do Livro “Associação Cemitério Israelita de São Paulo, 85 anos de autoria de Monica Musatti Cytrynowicz e Roney Cytrynowicz. Baixe o livro diretamente da página da Chevra. https://chevrakadisha.org.br/a-chevra.


 

E após 50 anos (1975-2025),  ao repetir um ato ecumênico na Catedral de São Paulo, voltamos a ler na grande imprensa notícias difamatórias e mentirosas sobre a coletividade judaica brasileira e seus dirigentes. Publicamos abaixo carta do jornalista Marcos Susskind ao Ombudsman da Folha de São Paulo apontando erros importantes no artigo escrito por Juca Kfouri.


1975

Vlado (Vladimir) Herzog dirigia o jornalismo da tv Cultura em 1975, escolhido pelo Secretário de Cultura de São Paulo, José Mindlin. Em outubro de 1975, aos 38 anos, Herzog, após depor na polícia, foi torturado e morto. Para encobrir o crime, o II Exército divulgou      que Herzog tinha se suicidado nas dependências do Doi-Codi. Segundo o rabino Henry Sobel, ao explicar a certeza de que não havia sido suicídio: “Eu me baseei nas informações que recebi confidencialmente dos membros da Chevra Kadisha (a sociedade funerária) da Congregação Israelita Paulista, que haviam visto o corpo durante a lavagem ritual antes do enterro.”3 Segundo Sobel, “O enterro de Herzog, que se realizou nessa mesma segunda-feira [27 de outubro] no Cemitério Israelita do Butantã, teve ampla repercussão na imprensa local e internacional, não somente devido às circunstâncias trágicas em que ocorrera sua morte, mas também porque muitas das pessoas presentes ao sepultamento tiveram a impressão de que a cerimônia

não havia sido celebrada de acordo com os rituais tradicionais judaicos. Entre os fatos destacados pela imprensa,

noticiou-se com ênfase a ausência de um rabino no cemitério e a suposta rapidez com que se realizou

o enterro. Como representantes da fé judaica, estavam presentes um cantor litúrgico e os membros d         aChevra Kadisha, o comitê funerário da CIP.” 4Ainda segundo Sobel, “Em entrevista que concedi à imprensa no dia seguinte, esclareci que os rituais de sepultamento haviam sido cumpridos rigorosamente de acordo com a lei judaica. E expliquei que o único motivo da minha ausência tinha sido um compromisso profissional inadiável, no Rio de Janeiro, no dia do enterro. Ressaltei ainda que a comunidade judaica estava chocada diante da violação dos direitos fundamentais de Herzog e que ele havia sido vítima da ditadura. Declarei categoricamente à imprensa que Herzog tinha sido sepultado com todas as honras que lhe eram devidas como judeu, como brasileiro, como

ser humano. De acordo com a lei judaica, um suicida é enterrado na periferia do cemitério, como forma de

condenar visivelmente o pecado cometido por aquele que destrói sua própria vida. Não foi esse o caso de Vlado; ele foi sepultado no centro do campo-santo.

 

Preocupou-me imensamente não só a barbaridade do crime que havia sido cometido, mas também a imagem negativa de passividade que foi atribuída à comunidade judaica. Fiz questão de declarar à imprensa que a Sinagoga defendia os Direitos Humanos com o mesmo fervor que a Igreja e que os judeus estavam tão revoltados com a morte de Herzog quanto todos os outros brasileiros. Quando me perguntaram sobre ‘um

certo apressamento da cerimônia do enterro’, expliquei (depois de consultar nosso pessoal da Chevra Kadisha)

que, de fato, houve um apressamento, motivado por respeito ao falecido. Dado o grande número de pessoas

presentes, a intenção tinha sido evitar que o funeral se transformasse num ato público de caráter político.

 

Quanto voltei do Rio a São Paulo, assegurei à família, tanto pessoalmente como publicamente, que todas as orações haviam sido devidamente recitadas.”5 No dia 31 de outubro de 1975, foi realizado um

culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, do qual participaram 8.000 pessoas, num protesto

silencioso contra o regime. Clarice Herzog e filhos moveram uma ação contra a União propondo que o

Estado fosse responsabilizado pela prisão ilegal, tortura e morte de Vlado. Em 1978, a sentença foi favorável à

família. “A morte de Vladimir Herzog mudou o rumo do país. Foi o catalisador da abertura política e do

processo de redemocratização do Brasil. Seu nome será para sempre uma recordação dolorosa de um

sombrio período de repressão na História brasileira. Será também o eco eterno da voz da liberdade, que

não cala jamais”, escreveu ainda Sobel.6

Notas

1. Patarra, Judith L. Iara – reportagem biográfica, (3ª ed.) Rio de Janeiro,

Rosa dos Tempos, 1992.

2. Patarra, Judith L, op. cit.

3. Sobel, Henry. “28 anos sem Vlado Herzog”, Boletim da Associação

Scholem Aleichem, n° 86, jan. 2004.

4. Sobel, Henry, op. cit.

5. Sobel, Henry, op. cit.

6. Sobel, Henry, op. cit

 

2025

Texto que Marcos Susskind escreveu ao ombudsman da Folha em resposta a artigo  de Juca Kfouri.

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Sr. Ombudsman



Tenho a Folha como um veículo sério, ético e que se importa com a correção do que publica. Nem sempre concordo com as opiniões do jornal, mas isso não muda o bom conceito que tenho da Folha. No entanto, quando o jornal publica uma mentira, isso merece e precisa ser corrigido exatamente para manter a boa imagem do veículo.

O artigo "50 anos numa noite mágica e cidadã", ao relatar o culto ecumênico em lembrança de Wladimir Herzog, contém uma mentira deslavada ao "informar" (intencionalmente entre aspas):

Vlado, como se sabe, era judeu, mas nem a Conib nem a Federação Israelita de São Paulo mandaram representantes ao ato...


 Ora, creio ser absolutamente impossível não notar a presença do Presidente da Conib, Claudio Lotemberg, na primeira fila, bem como outros altos dirigentes da Comunidade Judaica tais como Sergio Napchan, Denise Antão e outros. 

 

Muitas das fotos na imprensa tanto escrita como em noticiários de TV mostram estes dirigentes e o autor do artigo estava sentado a apenas 3 cadeiras de distância do Presidente da Conib e, para tanto, anexo filme que confirma minhas palavras - ver do momento 0:19 a 1:10. No momento 0:30 ainda se vê, à direita do autor, mais uma autoridade judaica, claramente identificada por sua Kipá (solidéu) preto.

 

Creio que a Folha deve repor a verdade a seus leitores. Ainda ontem a CNN se desculpou por uma falha de informação durante a visita de Lula à Malásia. Espero da Folha a mesma seriedade.

Entendo perfeitamente que o Sr. Kfouri, orgulhoso de sua ascendência Árabe, defenda opiniões com as quais não concordo - mas repudio veementemente a tentativa de manchar o nome da Comunidade Judaica usando para isso a penetração e a seriedade da Folha.

 

Marcos L Susskind

Holon - Israel



3- Acordo de Paz


 Nesta última semana muitas têm sido as formas de desrespeitar o Acordo de Paz. Vamos Acompanhar o que aconteceu esta semana. Se você tiver mais informações, acrescente, que poderemos incorporar no texto.


3.1 Sob escolta da Cruz Vermelha, o Hamas usou a busca pelos reféns como disfarce para localizar e recuperar armas escondidas dentro de uma zona controlada pelas FDI. (YNET).



E ontem (27/10/2025) regiões localizadas na zona de tamponamento foi atacada pelo Hamas, com armas que ainda dispõe. E arsenais que estão sendo desenterrados. Os dados foram divulgados pelo Likud Brasil a partir de comentários do Mossad.


3.2 DADOS SOBRE GAZA


Por outro lado, Milícias anti-Hamas vem atuando em áreas sob controle israelense na faixa de Gaza.

Livre compartilhamento com a referência: By@Krok


Os israelenses são bons em muita coisa, mas como genocidas são um fracasso! Esta frase jocosa serve para espelhar a verdade. A população de Gasa continua aumentando!


 

3.3     NEW 🔴

Informe Forças de Defesa de Israel 29/10/2025: Hamas vai retornar o corpo de 4 reféns, incluindo os dois planejados para retornar ontem.

No dia 28/10/25 acontece um dos momentos que deveriam fazer parte da ficção. Após tantos dias de espera e mostrando o grau de insensibilidade e desrespeito do Hamas foram teoricamente devolvidos os restos mortais de dois reféns. Ao invés, chegaram em Israel parte de corpos pertencentes a dois reféns já sepultados! Colocar aqui imagens das mães, de familiares e de amigos para ilustrar o terror é desnecessário. O amor e o respeito, como sempre, foram jogados fora.

Agora seguimos em nova espera!!!


 
Enquanto isso, os prisioneiros libertados por Israel. Homens que participaram de atentados e sequestros e que estavam presos após serem julgados, foram para hotéis de luxo no Egito. Hoje sai a foto de um ônibus retirando estes terroristas do hotel Cairo Marriott, de onde foram expulsos mais de 150 terroristas. Entre estes estavam dois líderes do Hamas – Mahmood Issa e Samir Abu Nina.  



Para manter o acordo de paz há necessidade de preservar o território de Gaza do Hamas. Para isso muitos países estão enviando pessoal civil e militar para ajudar. Publicamos a seguir a bandeira dos países, como visto na imprensa israelense. Alemanha, Inglaterra, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Emirados Árabes, Dinamarca, Jordania, Espanha e França.



E os dias em Israel transcorrem com a esperança de novos tempos!!! 
A expectativa que seja possível eliminar os grupos terroristas que afligem o mundo!!!
A certeza que o exemplo de convivência entre povos, gêneros e indivíduos que é observado em Israel possa servir de balizamento para os demais países!

Cada um por si e Todos por cada um!

Regina



quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Meu Amigo Golem

 



Hoje acordei... Dia chuvoso, sabe? É o cinza que desperta o ouro das saudades... Uma lembrança, será que não seria fantástica? Nunca saberemos...

Eu, brincando no meu quartinho da bagunça, lá em Jacareí, encontrei um tipo de bilhete, numa linguagem que eu não entendia. Parecia carcomido pelas traças, cheio de poeira, teia de aranha. Acho que foi isso que me pegou.

É que eu tinha acabado de ver o filme do Simbad! Lá pelas tantas dele, tinha se encontrado com um alquimista, feiticeiro. Era minha brincadeira favorita: alquimista!

Sabe, me imaginar de túnica escura, chapéu pontudo, com tubos de ensaio cheios de líquidos coloridos e fumegantes, fazendo as mais diferentes experiências... Aquilo era quase doce de leite com paçoca!

Um pergaminho da antiguidade todo indecifrável! Embaixo das letras indecifráveis, um desenho: um gigante com cara de poucos amigos e um alquimista sábio – ele tinha roupão escuro de feiticeiro, mas o chapéu era diferente... Devia ser de uma outra ordem de magia...

Logo embaixo 3 palavras enigmáticas – GOLEM – PRAGA – LOEW. Talvez é a cura pr´uma doença, pensei... Será que a doença é Golem? E Loew? O médico? O feiticeiro? O sábio? O que seria? Não pensei duas vezes... Tomei o tesouro na mão, e meio que em pose de quem vai lançar feitiço falei umas palavras aleatórias: ABRACADABRA!

 De repente, igualzinho rodamoinho de Saci, tudo começou a rodar, a ventar... E eu ali. Sem varinha, sem chapéu, sem nada... E a calma reinou. E quando tudo assentou era o gigante ali. Ele e o alquimista. Bravo. Ralhou comigo. Eu não entendia uma palavra, mas a reclamação não se perde na tradução... Queria voltar pro desenho, parece...

Sorri pro gigante. Ele nem se deu conta. Acho que é tímido, feito eu...

Mostrei meus brinquedos pr´eles. Pros dois. O sábio olhou tudo, examinou direitinho. Parecia estar buscando uma pista, uma saída, um amuleto. Um entendimento!  O gigante, nada. Parecia que nem era com ele. Daí olhei bem pros dois. Quem não tem palavra, tem olhar... E sorri.

Sentei. Meio desconfiado, o mágico sentou. Ele resmungou e o gigante também. Daí pedi pra ver aquele chapéu. Ele sorriu e deu um tapa na minha mão. Devia ser coisa séria. Pela primeira vez o gigante me notou.

Sabe o mais legal? Vocês não vão acreditar! A gente pegou uns brinquedos, uns bonequinhos GI Joe que eu tinha, e começou a brincar. Cada um do seu jeito. Eu, com minhas palavras. O sábio, com as dele. O gigante, sem nenhuma... Foi brincadeira pra mais de metro que a gente fez junto.

Depois, outra ventania... Acho que o saci também queria brincar, mas quando tudo se acalmou eles não tavam mais lá...

Só sei que, pra mim, ficou um amigo feito de silêncio e barro, um sábio curioso, e um quarto que, por um momento, virou passagem.

E “Loew”? O que será “Loew”? Nem sei pronunciar isso... Talvez, quem dá vida ao barro. Talvez quem acende o que estava apagado. Ou só um segredo que o chapéu guardou e que o gigante preferiu não contar.

O que será Loew? ... 😉


André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais e Inclusão Social. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com | Instagram: @andrenaves.def

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

ACONTECE: Frágil caminho à frente

 


Por Juliana Rehfeld




Os últimos reféns vivos estão em casa, milhares de prisioneiros palestinos, julgados ou não, foram devolvidos a Gaza, de uniforme mas de armas na mão… a tensão nas rua diminuiu, houve um alívio geral e surgiu a oportunidade de pensar no futuro… isso é fantástico!

Mas estamos longe de um real projeto de paz, como no fundo imaginávamos. No máximo é um frágil cessar-fogo. A relação entre o governo de Israel e o Hamas é de animosidade, até porque além de não ter entregue a totalidade prometida dos corpos de reféns mortos em cativeiro, e de se recusar a entregar armas, o Hamas busca ganhar tempo para se reorganizar.

Há muitas posições pessimistas porque são tantos detalhes e enorme a complexidade e urgência das soluções requeridas para a região, tênue o caminho - para frente ou de volta a uma estaca zero?  Mas há também documentos de investigações sobre a situação real da “fome” em Gaza, números que não negam o desespero e a miséria da população civil mas expõem as fake news contidas e repetidas nas notícias, inclusive as publicadas por organizações oficiais. (Vide análise do relatório da Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar (IPC), confrontando mesmo números apresentados pela OMS, Organização Mundial da Saúde!)




O que no entanto me dá alento,  embora não haja mesmo lugar para muito otimismo, é que muitos países, sobretudo árabes, se envolveram na “conferência de paz” de Sharm-el-Sheik e ainda conversam sobre próximos passos em Gaza. Finalmente esses “outros”, que na verdade são, em grande medida, criadores desta “questão palestina” ao não receber e não integrar como cidadãos esta população saída da área que hoje o estado de Israel, agora esses outros estão se envolvendo nas soluções para Gaza, considero isto extremamente importante e bom…

Muita “água ainda vai passar pela ponte”, antes que acordos e planos sejam assinados combinando estes necessários atores mas o fato é que, já na mídia nesta semana, houve mais críticas ao Hamas, e mais manifestações sobre a importância dele ser desarmado, que em muitos anos! Mesmo que Israel não tenha sido poupado... na imprensa mundial, particularmente árabe e especificamente na brasileira. TV francesa em seu World DNA conclama que Hamas se renda e SadaNews diz que governo francês vê reorganização do Hamas pós cessar-fogo como prejudicial à estabilidade e à tranquilidade dos palestinos; O Canadá condena o Hamas, “um grupo terrorista que não deve desempenhar nenhum papel na futura governança de um estado palestino desmilitarizado”.  Analistas dos Emirados Árabes Unidos reforçaram agora sua já expressa posição de que “devemos remover o extremista Hamas do poder em Gaza; seu ataque de 7 de Outubro violou os valores islâmicos e humanos; a Arábia Saudita declarou hoje ao Middle East Eye que se vê no papel ativo de desarmar e marginalizar o Hamas e refundar a Autoridade Palestina para o futuro de Gaza; O jornal egípcio Al-Qahera News, ligado ao governo egípcio, acabou de informar que as negociações entre os dois principais partidos políticos palestinos - Hamas e a rival Autoridade Palestina  - cobriram “o cenário nacional em geral e os arranjos após o fim da guerra na Faixa de Gaza”.

O governo brasileiro não critica, mas no Estadão temos o editorial “A ‘pax terrorista’ do Hamas”,  “o Hamas jamais teve a intenção de transformar a pausa em um caminho para a paz….o grupo usa o cessar-fogo como uma trégua tática projetada para se rearmar e consolidar o poder”.

Estas recentes declarações, antes não ousadas, e o crescente envolvimento de atores que vão necessariamente retirar muita responsabilidade dos ombros de Israel, são definitivamente novidades a serem celebradas, mesmo que devam ser vigiadas de perto e, sobretudo, cobradas diariamente. Essas análises recém ditas e escritas não podem ser “desditas”, elas finalmente tomaram uma posição e fazem parte de uma nova narrativa a ser cuidada, fortalecida com cada vez mais informações de fontes que se preocupam com a sustentabilidade da paz para a região. Que as populações locais, e nossos corações e mentes, possam se recompor e conviver em tranquilidade.

Shabat Shalom


quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Danado

 



Imaginar sempre foi minha brincadeira preferida. Fechava os olhos e via mundos. Agora, abro os olhos e invento futuros. “Nem a pau, Juvenal!”, digo quando a saudade do retrovisor tenta contar história antiga. Hoje, não.

Hoje é IMAGINAÇÃO! FUTURO!

Acordo, água no rosto, tênis. Descendo a Caraíbas. Tranquilo e calmo. Que tempo é esse? Dois anos? dez? quinze? Camiseta, shorts... Igual minhas crônicas: sem terno, sem gravata, mas com aquele nó entre as linhas.

A vitrine da livraria me chama. Ali, meu livro. Não tenho nem roupa pra isso... Mas, do nada, tô. Estufo o peito, dou um sorriso, fico um pouco ali namorando as gostosuras literárias, o cheiro de papel que faz brotar o sorriso.

Quando a alma desacelera, vem o puxão. É a guia.

Lembro: nesse meu amanhã, tenho um cachorro. O Danado. Golden Retriever. Fanfarrão, cara de quem ri, noção zero. Desastrado, afobado, meio bobão. Abana o rabo e faz vento de alegria. Toda vez quebra os vasos da Ana Rosa — água, flor, caco, tudo pro alto. O tapete? Tiramos. E ele nem nota, porque, no fundo, não é levado: é só livre. E liberdade, quando passa, levanta confete de festa.

Teve um dia, na casa da minha mãe — reparou? até no meu futuro tem passado —, que ele viu um gramado pela primeira vez. Foi direto pra lama como quem encontra a própria infância. Depois entrou na sala de TV, a família na Dança dos Famosos. Começou a se chacoalhar. Sabe, jeito de cachorro mesmo?

A sala virou um quadro borrado... Um Miró desastrado... O sorvete do meu sobrinho ficou com cobertura de brigadeiro de barro. Alguém ficou bravo? Acho que não. Talvez eu tenha ralhado um tiquinho, da boca pra fora, só pra manter a pose. Mas, quando tem Amor, o Perdão vem de fábrica.

Eu e Ana Rosa limpamos tudo. Fomos pro quintal. Mangueira aberta. A água cantando, lavando a lama, lavando tudo... Levando qualquer chateação. Água purifica. A gente também. E ali, ensopados e rindo, a gente enxergou: errar junto, rir junto, recomeçar junto. Nem precisa falar! É presença que grita!

Os anos passam. Outra manhã na Caraíbas. Outro livro na vitrine. Roupa diferente. Ana Rosa do lado. E o Danado… ah, o Danado agora apronta nas nuvens. Juro que vejo o rabo dele abanando lá, um vaso de luz se espatifando num éter desconhecido, um latido de quem ri escondido npôr do Sol...

O céu guarda umas delicadezas.

Meu olho enche d’água, mas é de alegria... Meio nostálgica, mas alegre! Eu encaro o fundo d’alma da minha Rosa e encontro nossa casa inteira ali, parede por parede, infância por infância, promessa por promessa. Sorrio. No colo dela, o Caramelo cochila. Ciclos. Sempre a vida. Sempre a gente. Sempre JUNTOS.


André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais e Inclusão Social. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com | Instagram: @andrenaves.def

 


terça-feira, 21 de outubro de 2025

VOCÊ SABIA? - A Arca da Aliança

 

UM BAÚ DE OURO... AS TÁBUAS DA LEI INSCRITAS POR D’US... A ARCA DA ALIANÇA...

Você Sabia que a Arca da Aliança, a sagrada relíquia do Povo Judeu, assim como a tela A Última Ceia de Leonardo da Vinci, foi retratada muitas e muitas vezes na Arte, por mais de dois mil anos?

Por isso, todas as imagens dela neste Você Sabia? são versões imaginadas…

A Arca era o símbolo da presença de D’us entre os israelitas.

E onde está ela agora? Eis aí um grande mistério da História.



E o que sabemos desta arca? Onde ela repousa?

Nas profundezas das câmaras obscuras do Templo de Salomão, um baú de ouro continha as próprias tábuas nas quais D’us inscreveu os Dez Mandamentos. A Arca da Aliança, a relíquia mais sagrada da humanidade, desapareceu da história há mais de 2.500 anos, deixando para trás apenas sussurros, lendas e um rastro interminável de pesquisadores que arriscaram tudo para encontrá-la.

 

Este artefato religioso era também descrito como uma arma de poder divino que poderia nivelar exércitos, dividir rios e derrubar aqueles que ousassem se aproximar dele indignamente. Os relatos bíblicos falam de suas incríveis habilidades: paredes de Jericó desmoronando em sua presença, deuses filisteus caindo em sua sombra e até servos fiéis morrendo instantaneamente por tocar sua superfície sagrada. No entanto, em algum lugar entre a conquista babilônica de Jerusalém em 586 AC e hoje, esse tesouro mais precioso do antigo Israel simplesmente desapareceu.”


Replica of the Ark of the Covenant in George Washington Masonic National Memorial


A Arca da Aliança, A Arca do Testemunho ou A Arca de D’us, era um baú de armazenamento religioso e é a lembrança mais sagrada pelos israelitas.

Segundo a tradição religiosa era um baú de madeira decorado em ouro maciço acompanhado por uma tampa ornamental conhecida como Assento da Misericórdia. De acordo com o Livro do Êxodo e o Primeiro Livro dos Reis na Bíblia Hebraica e no Antigo Testamento, a Arca continha as Tábuas da Lei, pelas quais D’us entregou os Dez Mandamentos a Moisés no Monte Sinai. De acordo com o Livro do Êxodo, o Livro dos Números, e a Epístola aos Hebreus no Novo Testamento, ela também continha a vara de Arão e um pote de maná.

O relato bíblico relata que aproximadamente um ano após o êxodo dos israelitas do Egito, a Arca foi criada de acordo com o padrão que D’us deu a Moisés quando os israelitas estavam acampados no sopé do Monte Sinai.  


Église Saint-Roch, Paris


O Livro do Êxodo fornece instruções detalhadas sobre como a Arca deveria ser construída.

Deve ser 2+1 ⁄ 2 côvados de comprimento, 1+1 ⁄ 2 côvados de largura e 1+1 ⁄ 2 côvados de altura (aproximadamente 131 × 79 × 79 cm ou 52 × 31 × 31 pol.) de madeira de acácia.

Em seguida, deve ser inteiramente dourada, e uma coroa ou moldura de ouro deve ser colocada ao redor dela. Quatro argolas de ouro devem ser fixadas em seus quatro cantos, duas de cada lado — e através dessas argolas devem ser inseridos varais de madeira de acácia revestidos de ouro para transportar a Arca; e estas não devem ser removidas.

Depois disso, as varas do baú de acácia folheado a ouro eram levantadas e carregadas pelos levitas aproximadamente 2.000 côvados (800 metros ou 2.600 pés) à frente do povo enquanto marchavam.

Após sua criação a Arca foi carregada pelos israelitas durante seus 40 anos de peregrinação no deserto.

Sempre que os hebreus acampavam, a Arca era colocada na tenda da congregação, dentro do Tabernáculo.

Depois da construção da arca, os hebreus desenvolveram o Tabernáculo, um local sagrado. O interior do local em que ficava a arca poderia, inicialmente, ser visitado por Moisés e Arão e, posteriormente, só pelos sumo sacerdotes. A tribo dos levitas era a responsável por fazer o transporte da arca. Eles não poderiam encostar diretamente na arca, mas, sim, nas hastes que eram usadas para erguê-la.

Eles eram obrigados a carregar a arca nos ombros, nunca deveriam usar um carro de bois e poderiam ser punidos caso não fizessem isso.

Os hebreus usavam a arca da aliança em suas guerras, e a presença da arca no campo de batalha fazia com que eles vencessem rapidamente o conflito, segundo a narrativa bíblica. Quando os hebreus precisaram atravessar o rio Jordão transportando a arca, este se abriu para que o povo pudesse passar junto dela.



A busca pela Arca cativou exploradores, arqueólogos, caçadores de tesouros e teóricos da conspiração por milênios. Dos Cavaleiros Templários a Indiana Jones, de estudiosos bíblicos sérios a aventureiros modernos com detectores de metais, a busca continua.

Cada teoria é tão convincente quanto controversa, cada descoberta reivindicada tão tentadora quanto contestada.



Surgiram várias suposições: estaria este patrimônio escondido em uma câmara secreta sob o Monte do Templo? Levado para as terras altas da Etiópia, onde supostamente repousa hoje? Apreendido pelos conquistadores babilônicos e perdido para a história? Ou está enterrado em alguma caverna esquecida, esperando o momento certo - ou a pessoa certa - para trazê-lo de volta à luz?


Moisés e Josué de joelhos em frente à Arca


Este realmente é um mistério que permanece através dos milênios.

É um assunto instigante que nos leva a explorar a História do mundo e a tentar decifrar o segredo da desaparição da Arca.

Eu, pessoalmente, não acredito que ela tenha simplesmente desparecido. Um artefato tão poderoso, um objeto responsável por feitos sobrenaturais, a origem de milagres...

De acordo com a Igreja Ortodoxa Etíope, a Arca da Aliança está atualmente alojada em um santuário em Axum, antiga capital do império Aksumite e uma cidade sagrada etíope. Esta Arca foi substituída por uma falsificação em Jerusalém e transportada, com assistência divina, para o santuário no século 10 pelo primeiro rei da dinastia salomônica da Etiópia.

Assim como esta afirmativa acima, encontrei várias outras assegurando o local onde encontra-se escondida esta relíquia do Povo Judeu.

Mas acredito que, milagrosamente, em um lugar sagrado e abençoado, Ela espera o momento certo ou a pessoa certa, para oferecê-la de volta a nós, à Luz, ao povo da Terra.    

 

A arca passa sobre o rio Jordão carregada pelos levitas, aquarela de James Tissot,  1896-1902.


FONTES:

https://en.wikipedia.org/wiki/Ark_of_the_Covenant#Whereabouts

https://www.historiadomundo.com.br/hebreus/arca-da-alianca.htm

https://www.nationalgeographic.com/history/article/ark-covena

 https://www.britannica.com/story/where-is-the-ark-of-the-covenant

costumesbiblicos.com/2018/03/a-historia-da-arca-da-alianca.html

https://ensinarhistoria.com.br/arca-da-alianca-uma-busca-de-2500-anos/

 

Historic Mysteries <historicmysteries@substack.com>

Subject: Great Relic of the Israelites: Where is the Ark of the Covenant?


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Solilóquio do Esperançar

 

Solilóquio do Esperançar!




E não é que a flor desabrochou e trouxe Luz para onde antes as trevas pareciam dominar? Aquela flor, sublime, suave e muito frágil... Uma flor de Esperança! Com o klezmer, esse nosso lamento vira dança!

É a vida que insiste, é a Beleza sempre triunfa! Uma flor semeada por quem menos se esperava... Quem, em sã consciência, poderia imaginar? Eu, jamais! Mas rio, danço e celebro!

Olho para meu relógio de algibeira — hoje chamamos de telefone celular, um tal telefone que serve pra tudo, mas que, ironicamente, quase nunca usamos para ligar. Perto das seis da manhã. O sol pinta o céu. Laranja, azul e branco!

É a Luz na janela, na alma... Vejo na tevê a multidão nas ruas, do outro lado do mundo. E a Memória, tal qual a flor, também desabrocha. Era com o cheiro e o som de um tempo alegre, feliz.

Tempo de Esperança! Tempo da Esperança!

2002, rua no centro de Jacareí. Brasil pentacampeão! Cheiro de asfalto e cerveja! Uma celebração popular, espontânea! Canto, abraços em irmãos anônimos! Manhã de domingo e a Esperança era verde e amarela, pintada no rosto.

A gente sentia o Futuro chegando... E não chegou? Ah, quanta coisa mudou. O mundo girou. A gente mudou!

Hoje, a festa é deles. O povo nas ruas lá! O Futuro é deles. Um telão na Hebraica para ver o retorno daqueles que nunca deveriam ter ido, filhos de uma violência inexplicável! O choro vira dança. A saudade vira abraço. Se fosse aqui, o Galvão ia chamar o Pelô!

A Timbalada faria o chão tremer. E os bonecões de Olinda? Seria a mesma festa. A mesma lágrima!

Já pensaram que ninguém quer saber da ideologia deles. Será que votavam no Likud, no Shas, no Hadash? Qual a orientação sexual? O time de futebol? Maccabi? Hapoel? O passado, a ficha corrida, a posição social? Usavam drogas? Moravam na Cracolândia?

Nada. Tudo se desfaz. Tudo que antes parecia sólido se desmancha no ar! É um instante sagrado em que nossa alma fica na pele, e a gente só enxerga a HUMANIDADE. As máscaras se apagam e só fica o brilho de dentro. O SER HUMANO.

Já reparou que nesses momentos de descuido, quando a felicidade nos pega de surpresa, a gente ri à toa? A gente se abraça? Compartilha o pão, o canto, a vitória... Sempre! É a nossa natureza, a nossa essência mais funda: a partilha, a ausência de muros.

Essa é a nossa PUREZA!

E ela é igual à Esperança: é uma decisão! É uma escolha diária, uma teimosia! Quase uma Chutzpá! Para ser puro, a gente precisa decidir, precisa escolher varrer o mofo do cinismo que se acumula desde o berço...

A gente precisa estar DECIDIDO, ESCOLHIDO! E pra ter Esperança também! Não é sentar e esperar. É construir juntos. É verbo, não substantivo. É ESPERANÇAR. É lutar por cada tiquinho de dignidade, em cada sorriso, em cada olhar...

A Pureza Humana, a verdadeira Santidade, eu sinto, está nisso.

Em abraçar nossas próprias contradições, nossas sombras e nossa Luz e escolher novos caminhos...  É na coragem de se reconhecer incompleto que a gente se consegue trabalhar para ser inteiro.

E, acima de tudo, é escolher, a cada amanhecer, a cada rosto, a cada linha escrita... escolher enxergar a HUMANIDADE! Ela tá lá! Naquele que sofre, naquele que luta e, também, naquele que celebra.

É essa escolha que faz a flor, mesmo na laranjeira mais improvável, desabrochar.

E essa é a única Luz que realmente importa.

 

 

·         André Naves, Defensor Público Federal especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.

·         www.andrenaves.com.br

·       contato@andrenaves.com


Acontece: A Alegria da Torá

A Alegria da Torá - Simchat (simrrat) Torá - 5786 - 2025

Por Regina P. Markus

Erev Simchat Torá - Dois anos que mudaram o mundo



Estamos em 5786 (ה'תשפ"ו). Escrevo no dia 15 de Tishrei, o dia da Lua Cheia, quando começa Simchat Torá. Esta semana Israel recebeu os 20 reféns que ainda estavam vivos, depois de 738 dias de cativeiro. As imagens da chegada são tocantes; muitos choravam e muitos sorriam. Um estado de êxtase percorreu os 5 rincões do planeta. Falar sobre as reações e as ações é necessário porque esta semana não apenas será lembrada por Am Israel, mas também por toda a humanidade. Nomes como o do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e do presidente do Egito, Abdel Fattah El-Sissi, entre os muitos que citaremos, marcam a história. E quero deixar aqui registradas falas de pessoas comuns que, a partir de países árabes parcialmente libertos do jugo "horror", abrem o véu dos que apoiam Israel. Atitude corajosa, que revela a grande vontade de viver em um país que respeita a individualidade, que pode gerar conflitos, mas se une de forma magnífica quando é chamado.

Olhando os números. Muito é falado sobre guematriot, a forma como a Cabalá lê os números.  5786 (ה'תשפ"וé um número especial. 

  • ת (Tav): 400ש (Shin): 300, פ (Pei): 80, ו (Vav): 6. 
  • Somando 400+300+80+6 = 786. 
  • 'ה (Hei') seguido de apóstrofe é 5000. 786+5000 = 5786
  • Portanto, a soma das letras corresponde ao numeral do ano! 
  • Ao longo dos séculos, este número foi mencionado por muitos estudiosos e curiosos. Este era considerado um ano da virada. Um ano em que muito poderia acontecer. O ano mal começou e nós vivemos acontecimentos inesquecíveis. Tenho dificuldade de classificar como mais importante um ou outro fato. Tem uns que completam um ciclo e outros que abrem perspectivas. Os pontos positivos se sobressaem a ponto de nossos jornais terem dedicado suas primeiras páginas a relatar a libertação dos reféns.

Ao redor do mundo, a grande corrente de esperança estava unida. Atrasos e contrariedades cercaram aqueles momentos. A liberação  foi gota a gota, imagens do momento de transferência foram ocultadas, mas finalmente vimos o encontro com amigos e familiares. Emocionante!!! Os membros do Hamas e da Jihad Islâmica filmaram a morte de famílias gazanenses no próprio local de entrega de reféns. A novidade é que, desta vez, a imprensa deu mais foco à libertação e ao encontro. 

A chegada dos irmãos Cunio provocou uma sensação de incredulidade. Em segundos, um dos irmãos abraça e levanta a esposa. Todos ficamos estupefatos com a força de homens que, há dias, estavam esqueléticos e cavando a própria cova. Evyatar David, após ser obrigado a cavar sua própria cova, chega a Israel. São imagens que não podem ser negadas, e aí vem a pergunta: como? 





Vamos juntos mergulhar no aqui e agora e no lado místico e eterno do judaísmo. Há relatos talmúdicos repetidos por vários rabinos nesta noite de Erev (véspera). A Simchat Torá conta que muitas pessoas idosas ou doentes, ao longo da história, homens e mulheres, carregavam e dançavam com um Sefer Torá para comemorar o final da leitura anual, seguido do início da leitura anual. Quando eram perguntados qual o motivo deste milagre, a resposta ao longo dos séculos era sempre muito parecida e dizia que naquele dia letras da Torá se despregavam e subiam aos céus. Não apenas as letras subiam, mas pessoas podiam ser energizadas também. 

A chamada "energia sobrehumana" também encontra explicações na fisiologia. Ao entrar em condições mentais especiais, o corpo responde como um todo, transferindo energia que seria consumida para as mais diferentes funções para exercer algo que é relevante no momento. E os músculos ganham a força sobrehumana.

Foram momentos muito especiais em que a bênção do Aqui e Agora pavimentando o Amanhã ganha um sabor todo especial. "Bendito sejas Tu, Adonai nosso Rei, que nos criou, nos sustentou e nos fez chegar a este momento." Os comentários gerais eram que nunca esta bênção pareceu tão significativa. E minha experiência pessoal foi acrescida do encontro com o sobrevivente do Holocausto, Joshua Strul, conhecido por muitas aparições e por um trabalho excepcional com jovens brasileiros. Ele comentou: nós rezamos juntos a mesma bênção ao sairmos do Campo de Concentração Nazista. Repetindo o que todos falam e que traduz a verdade do momento, quando os judeus foram liberados dos campos de concentração nazistas, não tinham para onde voltar. Hoje voltam para sua pátria, para Eretz Israel, que lutou em sete frentes e derrotou os movimentos terroristas. 

Há algumas semanas escrevíamos sobre Trump e os movimentos para transformar as forças e riquezas dos países árabes e de Israel em um polo de negociação. Negócios e não diplomacia. Comprar e vender. Valorar e precificar. O valor absoluto é relativizado para que o bem ou o conhecimento possam ser compartilhados por muitos. Não impedir a apropriação por ideologismos ou por vontade de dominar.

O que vimos foi a reunião de Sharm el-Sheikh no Egito. Foi tudo perfeito? Óbvio que não. Uma das decepções que tive foi, após acompanhar a visita de Trump a Jerusalém e ver o esforço feito para que o primeiro-ministro de Israel estivesse presente em Sharm el-Sheik, notar a sua ausência. Em um jantar de família, no dia 13 de outubro, comentei sobre o convite em cima da hora, mas no dia seguinte vi que tal fato não aconteceu. Os jornais mostraram que o presidente da Turquia soube do fato quando já estava voando para o Egito. Após informar que deixaria de aparecer, foi solicitado ao primeiro-ministro de Israel que não comparecesse.

Problemas existem e devem ser solucionados. A reunião geral e as reuniões paralelas foram muito interessantes e trouxeram um hiato de esperança. Neste mesmo dia encontramos alguns relatos surpreendentes. 

E chegou o dia de Simchat Tora! Uma comemoração incrível no local onde foi o festival NOVA em 7 de outubro de 2023. Danças e cantos e muita alegria unindo o fim da leitura da Torá com o seu início. Unindo o passado ao futuro.

Algo não cala. A força dos números! Foram 738 dias entre aquele ataque hediondo e a libertação dos reféns. 7+3+8 = 18!!! VIDA!!! 

AM ISRAEL CHAI (RAI) VEKAIAM - O POVO DE ISRAEL VIVE E VIVERÁ! 

Aroveitemos estes dias de alegria e criemos um futuro baseado na ESPERANÇA.

Regina
15/10/2025